HÁ 90 ANOS. O DIA EM QUE COSME DAMIÃO FOI AFASTADO (AFASTOU-SE) DO CLUBE. DEPOIS DE MAIS DE 22 ANOS A BENFICAR DIARIAMENTE! NEM COSME DAMIÃO ESTAVA ACIMA DO CLUBE.
Em meados da década de 20 do século XX sentia-se alguma
angústia entre os associados e alguma preocupação nos associados mais activos,
que não viam o Clube apenas como uma equipa de futebol que jogava aos domingos.
Mas o respeito pelos dirigentes, em particular por Cosme Damião, fazia diluir
tudo isso e camuflar muito do que se pensava.
Dois tipos de preocupações
Havia um grupo (com destaque para Ribeiro dos Reis) que
estava essencialmente preocupado com o declínio do poder futebolístico do
Clube. Outro grupo (onde se destacava Ferreira Bogalho) que temia o
endividamento bancário por má previsão com a construção do estádio nas
Amoreiras. Mas os dois “grupos” estavam ambos preocupados com o futuro do
Clube, que sentiam afectado pelas decisões menos ajustadas à realidade do
Futebol e do País dos dirigentes que teimavam em não inflectir o rumo.
O Benfica deixara de dominar o futebol
A matriz do Benfica implantada por Cosme Damião logo nos
primeiros anos, refinada na década de 10 do século XX deixara de funcionar sem
que ele se apercebesse. Pelo menos da dimensão. Para perceber o domínio pode
ser lido um texto de 15 de Fevereiro de 2014 publicado neste blogue (clicar). A
fundação do Casa Pia AC, em 3 de Julho de 1920, retirara muitos futebolistas ao Clube nas
várias categorias. A base do Casa Pia AC campeão regional em 1920/21 era o
Benfica de 1919/20, ou seja, o Benfica tinha tudo para conquistar um Bicampeonato
(pelo menos…). Um ano antes tinha sido fundado o CF “Os Belenenses” (23 de Setembro de 1919) mas
não causara mossa de imediato (o SLB nessa temporada até retirou o título ao
Sporting CP que foi mais afectado pela fundação do emblema da Cruz de Cristo).
Mas a curto prazo, juntando-se aos efeitos da criação do Casa Pia AC foi devastador. O SLB
perdera os dois locais tradicionais de rejuvenescimento e fortalecimento do
Glorioso Futebol. A Casa Pia de Lisboa e o bairro de Belém.
CAMPEÕES REGIONAIS DE LISBOA (1906/07 - 1919/20)
Época
|
1.ª categoria
|
2.ª categoria
|
3.ª categoria
|
4.ª categoria
|
||||
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
|
1906/07
|
Carcavellos
|
2.º
|
-----------
|
-----------
|
-----------
|
|||
1907/08
|
Carcavellos
|
3.º
|
-----------
|
-----------
|
-----------
|
|||
1908/09
|
Carcavellos
|
2.º
|
Internacional
|
3.º
|
CS
Império
|
3.º
|
-----------
|
|
1909/10
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
-----------
|
||||
1910/11
|
Internacional
|
2.º
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
-----------
|
|||
1911/12
|
SL
Benfica
|
GS Cruz
Quebrada
|
3.º
|
SL
Benfica
|
Sporting
CP
|
4.º
|
||
1912/13
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
Sporting
CP
|
3.º
|
|||
1913/14
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
||||
1914/15
|
Sporting
CP
|
2.º
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
|||
1915/16
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
||||
1916/17
|
SL
Benfica
|
Vitória
FC Setúbal
|
2.º
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
|||
1917/18
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
GD
Fábrica Seixas
|
2.º
|
GF
Benfica
|
2.º
|
||
1918/19
|
Sporting
CP
|
2.º
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
|||
1919/20
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
União F Lisboa
|
2.º
|
GF
Benfica
|
3.º
|
||
TOTAIS
|
8 em 14
57 %
|
9 em 12
75 %
|
9 em 12
75 %
|
5 em 9
56 %
|
NOTAS: Em
1908/09 o campeonato da 3.ª categoria foi organizado pelo SC Império com
autorização da Liga Portugueza de Futebol; Em 1917/18 e 1919/20 na 3.ª categoria o SLB
classificou-se em 2.º lugar na série 1 e não foi apurado para a final entre os
vencedores das séries 1 e 2; Em 1919/20 o SLB na 4.ª categoria classificou-se
em 3.º lugar na série 1 e não disputou a final entre os vencedores das séries 1
e 2
Três épocas
inéditas: 1909/10, 1913/14 e 1915/16
O SL
Benfica foi o único clube, entre 1908/09 e 1947/48, ou seja durante 40
temporadas (23 com quatro categorias - 1911/12 a 1933/34 - e as restantes 17
com três categorias) que conquistou a totalidade dos títulos: 1909/10 (três
títulos de campeão regional) e 1913/14 e 1915/16 (ambas com quatro títulos de
campeão regional). O Sporting CP viria a obter uma proeza idêntica, mas já com
a competição reduzida a três categorias, em 1934/35. Inolvidável e inigualável
"Glorioso". Três vezes a fazer o pleno!
CAMPEÕES
REGIONAIS DE LISBOA (1920/21 - 1925/26)
Época
|
1.ª categoria
|
2.ª categoria
|
3.ª categoria
|
4.ª categoria
|
||||
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
Campeão
|
SLB
|
|
1920/21
|
Casa
Pia AC
|
4.º
|
SL
Benfica
|
SL
Benfica
|
GF
Benfica
|
2.º
|
||
1921/22
|
Sporting
CP
|
2.º
|
Vitória
FC Setúbal
|
2.º
|
SL
Benfica
|
Carcavelinhos
FC
|
2.º
|
|
1922/23
|
Sporting
CP
|
3.º
|
CF
"Os Belenenses
|
4.º
|
União F
Lisboa
|
2.º
|
SL
Benfica
|
|
1923/24
|
Vitória
FC Setúbal
|
3.º
|
Carcavelinhos
FC
|
2.º
|
Sporting
CP
|
3.º
|
CF "Os Belenenses"
|
2.º
|
1924/25
|
Sporting
CP
|
3.º
|
Carcavelinhos
FC
|
2.º
|
Império
LC
|
3.º
|
SL
Benfica
|
|
1925/26
|
CF
"Os Belenenses"
|
5.º
|
Vitória
FC Setúbal
|
2.º
|
SL
Benfica
|
Carcavelinhos
FC
|
2.º
|
|
TOTAIS
|
0 em 6
0 %
|
1 em 6
17 %
|
3 em 6
50 %
|
2 em 6
33 %
|
NOTAS: Em
1921/22 o SLB, na 1.ª categoria, classificou-se em 2.º lugar na Divisão e não
disputou o título de campeão; Em 1923/24 na 3.ª e 4.ª categoria o Benfica não
se classificou em primeiro lugar na sua série por isso não disputou a final frente
ao vencedor da outra série
Dificuldades
inegáveis
Comparando
antes e depois de 1919/20 as diferenças são enormes. Era isto que preocupava os
Benfiquistas, mas que Cosme Damião parecia alheado como se fosse uma crise
passageira, ou seja, conjuntural em vez de estrutural. Lembro-me de ter falado
com Rogério Jonet (clicar em 4 de Março de 2014) (e em 7 de Setembro de 2015) acerca deste período. Dizia ele que
havia quem temesse que sucedesse ao Benfica o que ocorrera com o Internacional
(CIF) em 1922/23. Que de grande rival do Benfica (o primeiro dérbi de Lisboa
foi o Sport Lisboa/Internacional) deixou de competir nos campeonatos regionais,
por haver quem pensasse que o semi-amadorismo seria passageiro levando à
falência os clubes que cedessem à pressão financeira dos futebolistas. Além
disso (e entretanto, até parecendo deliberado) com o enfraquecimento
futebolístico do “Glorioso” começara a ser disputada a primeira competição de
âmbito nacional, ainda que mal designada, por ser a eliminar, o Campeonato de
Portugal. Com acesso limitado aos campeões regionais o Benfica “teimava” em
terminar as épocas com os Regionais não disputando a competição nacional que ia
tendo cada vez mais impacte.
REPRESENTANTES (CAMPEÕES REGIONAIS) DAS
ASSOCIAÇÕES REGIONAIS NO CAMPEONATO DE PORTUGAL
A.F. de
|
1921/22
|
1922/23
|
1923/24
|
1924/25
|
1925/26
|
Lisboa
|
Sporting CP
|
Sporting
CP
|
Vitória FC
Setúbal
|
Sporting CP
|
CF “Os Belenenses”
|
Porto
|
FC
Porto
|
FC Porto
|
FC Porto
|
FC
Porto
|
FC Porto
|
Coimbra
|
As. Ac. Coimbra
|
As. Ac. Coimbra
|
As. Ac. Coimbra
|
União Futebol
Coimbra
|
|
Braga
|
SC Braga
|
SC Braga
|
SC Braga
|
SC Braga
|
|
Algarve
|
Lusitano FC (VRSA)
|
SC
Olhanense
|
SC Olhanense
|
SC Olhanense
|
|
Madeira
|
CS Marítimo
|
CS Marítimo
|
CS Marítimo
|
CS
Marítimo
|
|
V. Castelo
|
SC Vianense
|
SC Vianense
|
SC Vianense
|
||
Portalegre
|
Selecção
|
Alentejo FC
|
CF Estrela Portalegre
|
||
Santarém
|
SC Tomar
|
Selecção
|
SGS “Os Leões” Santarém
|
||
Aveiro
|
SC Espinho
|
SC Espinho
|
|||
Beja
|
Luso SC Beja
|
||||
Vila Real
|
SC Vila Real
|
«O Benfica
é Glorioso» reafirmava Cosme Damião
Rogério
Jonet disse-me que não sendo frequente, por Cosme Damião ser inquestionável aos
olhos dos Benfiquistas, por vezes era questionado acerca dos insucessos e de
como os combater. Dava duas respostas.
Não fomos
campeões? Não digam isso! Porque não é verdade. Fomos campeões regionais.
Conquistámos o campeonato regional da categoria X. Não conseguimos foi o da
1.ª. Para o ano é nosso
Contactar
o jogador X? Nem pensar. O Benfica é um clube glorioso. Não anda atrás de
jogadores. Os jogadores é que devem andar atrás de nós!
As gotas
que fizeram transbordar o copo
Em
1923/24 registou-se uma inédita temporada de “mãos vazias”. O Benfica em quatro
categorias não conquistara um único título revelando até dificuldades na 3.ª e
4.ª categoria competindo em séries consideradas acessíveis. Um escândalo.
Em 1925/26
outro escândalo. Um 5.º lugar (a pior classificação de sempre) entre oito clubes
no campeonato da 1.ª categoria. Em 20 edições (desde 1906/07) que nunca tal
fora visto!
O Benfica
há seis temporadas que deixara de ser campeão regional, mantendo os oito
títulos conquistados entre 1909/10 e 1919/20. O Sporting CP que tinha dois - em 1919/20 - já somara mais três, estando –
com cinco - a outros três de igualar o “Glorioso”. Além disso já conquistara um
Campeonato de Portugal enquanto o Benfica nem se estreara ainda nessa
competição. E a ficar em “quintos lugares” dificilmente lá chegaria. As
eleições em 8 de Agosto de 1926 iam aquecer. Mesmo que não fosse Verão!
O financiamento da construção do estádio estava a ficar desastroso
Quando foi decidido o Benfica ter um “estádio definitivo”
Cosme Damião conseguiu terrenos nas Amoreiras através da Casa Palmela. Depois
os temas foram discutidos em reuniões da Direcção e nas assembleias gerais do
Clube. Foi implementada uma iniciativa no sentido do financiamento ser feito com a compra de lugares no futuro estádio através de senhas pagas
mensalmente ou ao ritmo de cada um. Talvez seja melhor dizer ao ritmo da
capacidade financeira de cada um. Isso provocou desde logo celeuma porque o
Benfiquismo não estava habituado a ter associados de primeira e de segunda.
Quem tivesse os Títulos de Propriedade teria lugar assegurado no estádio e os restantes
associados faziam o que era habitual no Benfica. Quem chegasse mais cedo
escolhia os lugares. Os últimos a chegar ficavam onde havia lugar.
Previsões muito acima da realidade
Em relação à construção do campo do SLB, nas Amoreiras, e às
dificuldades da Direcção o relatório apresentado aos associados era
esclarecedor. Para uma previsão de 2 500 sócios titulares, a que
corresponderia a quotização anual de 150 contos (150 000 escudos) apenas
existiam, à data do fecho do Relatório, 1 423 sócios nessas condições. O
aumento do número de obrigações ficou muito aquém do esperado. Deste modo, a
Direcção foi obrigada a fazer outro empréstimo na Caixa Geral de Depósitos, com
um reforço de cem contos (100 000$00). Assim o valor dos empréstimos subiu,
em dois anos para, 300 contos (300 000 escudos) em 25 de Abril de 1926,
com o mesmo juro de 10 por cento, igual ao que a Direcção estava autorizada
pelos associados a oferecer aos subscritores das obrigações hipotecárias. Pelo
mesmo motivo, a Direcção não pode fazer o pagamento de juros correspondentes às
obrigações. Estava em falta o que era gravíssimo porque desautorizava decisões
tomadas em assembleia geral. Algo nunca visto no “Glorioso”. Assim, para acudir
a várias dificuldades financeiras que iam surgindo, a Direcção foi obrigada a fazer
alguns suprimentos. Alguns temiam que se estivesse a entrar numa fase de não
retorno, por isso incontrolável. Cosme Damião mantinha-se inflexível mas cada
vez mais isolado. Parecia que só ele acreditava que tudo corria sob controle.
As assembleias gerais
Tinham em regra dois pontos. A de 8 de Agosto de 1926, domingo, pelas 14:10 horas (em 2.ª convocatória após a primeira pelas 13 horas), realizada no salão da Sede na avenida Gomes Pereira, não fugiu
à regra.
1. Apresentação
do Relatório e Contas da Direcção e Parecer do Conselho Fiscal;
2.
Eleição
dos novos Corpos Gerentes para 1926/27.
Consenso impossibilitado
Em vésperas da assembleia geral, o enorme respeito que todos
tinham por Cosme Damião fez com que tentassem convencê-lo a rodear-se de outros
associados conhecedores dos assuntos (futebol e controle das contas). Mas Cosme
Damião recusava. Não tinha interesse em ser contrariado. Todos aqueles que mais
temiam pelo futuro do “Glorioso” – pelo menos tão grandioso nos anos seguintes
como o fora até 1926 – sentiam-se angustiados. Por um lado deviam tudo a Cosme
Damião. Alguns até tinham sido propostos para associados por ele. Outros foram
por ele aconselhados a representarem o Benfica. Foi com ele com todos cresceram
como futebolistas, que chegaram a capitães, que se fizeram homens. Foi com
Cosme Damião, com o seu exemplo e dedicação, que se tornaram Benfiquistas. Havia
uma dualidade de sensações. Reconheciam Cosme Damião como o pai do Benfiquismo
mas entendiam que a atitude autista dele estava a atrasar o desenvolvimento do
Clube. Até a colocá-lo em causa. Por muito que custasse havia que agir. Um
grupo de associados criou uma Comissão que se encontrou com Cosme Damião no
sentido de demovê-lo. O nosso pai do Benfiquismo mostrava-se irredutível.
Justificava que comprometera-se em reeleger a Direcção anterior. Que todos
estavam solidários e conscientes das dificuldades, mas também sabiam como
resolvê-las. A Direcção propor-se-ia à reeleição na assembleia geral. Foram
feitas tentativas no sentido de percepcionar em que lugar Cosme Damião
aceitaria fazer parte de uma lista de consenso. A Comissão de associados fazia
questão de dois nomes, exactamente em pelouros que debelassem a situação porque
passava o Clube: António Ribeiro dos Reis como vice-presidente (desde 1908 o
cargo que correspondia à gestão do Futebol – ver NOTA FINAL) e Joaquim Ferreira
Bogalho (tesoureiro ou noutro cargo que superintendesse este). Ainda se falou
em Cosme Damião para vogal – embora preferissem tê-lo como presidente – mas Cosme
Damião argumentava que nunca trairia Bento Mântua, presidente da Direcção desde
1917.
Cosme Damião a presidente da Direcção
Formaram-se duas listas. Uma da situação (para ser reeleita)
e outra da oposição (para a renovação). Os Estatutos de 1923 permitiam a
inclusão dos mesmos associados em listas diferentes. Assim Cosme Damião, o
centro de tudo, surgiu como vice-presidente na lista da Situação e como
presidente na lista da Oposição. Mas pelas conversas que já tinham existido
Cosme Damião fora peremptório. Cosme Damião disse que se fosse eleito
presidente não aceitaria, por isso, não tomaria posse e até pediria a demissão
de associado. Durante algum tempo – durante as conversações - ainda manteve em
suspenso a possibilidade de ser vogal, vindo depois a recusar tal cargo. Ou a
Direcção era reeleita ou deixaria o Clube. Tudo ou nada!
Eleições
Como se esperava a lista da Oposição venceu o acto eleitoral.
Cosme Damião foi eleito como presidente da Direcção e derrotado como
vice-presidente (e na prática, capitão-geral para o Futebol). A opinião dos
associados não deixava margem para qualquer dúvida. Queriam mudanças, mesmo que
isso implicasse a saída (impensável) de Cosme Damião, não só de dirigente como
do Benfica! A corrente “oposicionista” era tão forte e estava de acordo com os
anseios dos associados Benfiquistas que além dos nomes indicados ainda deixou
essa grande figura do Benfica (e do Benfiquismo) de reserva na vice-presidência da mesa da assembleia geral: Manuel da
Conceição Afonso (que teve um discurso fluente e irrepreensível na assembleia
geral como era seu timbre). Findo o acto eleitoral Cosme Damião declarou que
não aceitava a sua eleição. Ou seja, recusava a opinião e vontade dos
associados. Isso ia contra tudo o que era “Ser Benfica”, daí ter de pedir a
demissão de associado.
Em 25 de Agosto de 1926
Consumada a não tomada de posse do presidente escolhido pelos
associados, bem como o seu pedido de demissão, dezessete dias depois foi eleito
para presidente da Direcção do “Glorioso”, Alfredo da Silveira Ávila de Melo
(cunhado por estar casado com a sua irmã, de António Ribeiro dos Reis). Como o
secretário eleito, Eduardo Martins Pereira também não tomou posse, foi Vítor Gonçalves
– outro dos indefectíveis de Cosme Damião, embora também preocupado com os
destinos do Clube – a candidatar-se ao cargo. Eleitos suplentes na eleição
realizada há precisamente 90 anos foram depois eleitos para cargos efectivos. E
que cargos! Ávila de Melo com 583 votos e Vítor Gonçalves com 573 votantes. As
suas vagas como suplentes foram ocupadas por Luís Salvador Marques e João
Ferreira Branco, respectivamente, com 603 e 597 votos.
Eis o Benfica! Uma Direcção forjada na luta
Para resolver tantos problemas. A falta de capacidade
competitiva do futebol e os encargos que pareciam insolúveis com a construção
do Estádio do Sport Lisboa e Benfica, nas Amoreiras.
Este
dia (8 de Agosto) há 90 anos (1926) por
tudo o que envolveu, pelo desfecho final, marcou para sempre o Benfiquismo. O
Benfica nunca mais teria medo do Benfica, como afirmou Borges Coutinho em 1967.
Provavelmente sem saber ao pormenor o que se tinha passado nem relacionando o
que disse com este acontecimento. Mas nós podemos relacioná-los. Borges Coutinho
percebia e sentia o Benfiquismo por isso chegava-lhe o sentimento para perceber
o Clube. Em 1967 ou em 1904! No Benfica tudo é sempre possível. Mesmo tomar
decisões extremas. 8 de Agosto de 1926.
Dia da Coragem Benfiquista
Alberto Miguéns
NOTA1: Este assunto já foi abordado em 8 de Agosto de 2013 (há três anos) embora com outro enquadramento. Para quem o quiser ler na integra, embora o texto de hoje tenha independência para poder ser entendido de forma isolada, o de 2013 complementa o de hoje (clicar)
NOTA2: (às 11:30) A tarde/noite de trabalho vai afastar-me dos computadores por isso só poderei publicar comentários (se os houver) a partir das 22:00 horas. Obrigado.
NOTA2: (às 11:30) A tarde/noite de trabalho vai afastar-me dos computadores por isso só poderei publicar comentários (se os houver) a partir das 22:00 horas. Obrigado.
É muita história e da Gloriosa!
ResponderEliminarO melhor é o Miguens pensar em pôr isto tudo em livro.
Maravilhoso!
ResponderEliminarUma lição imortal de benfiquismo!
Muito obrigado
ResponderEliminarCaro Alberto, depois de ler os seus post's mais recentes a remeter para o desta noite, estava ansioso por pedir à minha mulher os meus habituais 30 minutos nocturnos sagrados para Benficar, antes de me deitar.
ResponderEliminarE não me defraudou (como nunca o faz ou fez) as expectativas. Aliás estas minhas expectativas, diga-se são perfeitamente legítimas, atendendo ao excelente "mau hábito" a que nos vem habituando desde há muito!!!
Esta passagem da nossa gloriosa história colectiva é verdadeiramente especial... E como se vêem ali traços de certa coisas que têm alguma aplicabilidade nos dias de hoje...
Só que hoje, estranhamente (porque até estamos numa fase relativamente agradável em termos de resultados desportivos), é pior... Há claramente menos Benfiquismo... É doloroso ter que admitir isto, mas é o que penso sinceramente...
Enfim, não me quero adiantar muito mais por agora, porque os 30 minutos já lá vão, mas vou deixar apenas um pensamento que me surge com uma força enorme depois da leitura:
NINGUÉM ESTÁ ACIMA DO BENFICA!!!!!
Nem em 1926, nem hoje!
Viva o Glorioso do Nosso Coração!
Novamente e como sempre, muito obrigado Grande Alberto!
Caro PM
EliminarAgradeço as simpáticas e cordiais palavras.
Não me canso de dizer. Não há nada melhor que sermos reconhecidos entre os nossos iguais porque sabemos que é com sinceridade. Eu nada lhe posso dar materialmente. Também nada posso querer materialmente. Por isso o reconhecimento entre iguais é um bem supremo.
Elevado ao exponencial máximo porque se trata de Benfiquismo. Entre dois pares Benfiquistas. Ainda tem mais valor.
Espero nunca o desiludir. Quando isso ocorrer chame-me à atenção.
Viva o Glorioso do Nosso Coração!
Muito obrigado mais uma vez.
Alberto Miguéns
Ora quando é q foi fundado o clube de bairro SLB? Pesquise melhor que está quase a lá chegar...Uma dica: não foi em 1904...
ResponderEliminarCaro Anónimo
EliminarEssa é fácil. Nem preciso da ajuda de casa, do público ou de 50/50. Em 13 de Setembro de 1908 foi decidido que seria do o clube, não só mais antigo, mas o gloriosíssimo, o único que tinha derrotado os ingleses do Cabo Submarinho em 1907. Pode ver um excerto dessa acta em 14 de Julho de 2016 (parte final):
http://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2016/07/acto-1-obrigado-felix-bermudes.html
Alberto Miguéns
Textos destes enchem a nossa alma Benfiquista! Obrigado.
ResponderEliminarSr.Alberto,COSME DAMIÃO alguma vez deixou de ser sócio do BENFICA??????
ResponderEliminarSAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!
Caro Benfiquista Amaral
EliminarNão. Disse que ia deixar de ser em Agosto de 1926, mas nunca o fez. Aliás em 6 de Setembro de 1931 foi eleito presidente da Mesa da Assembleia Geral sendo reeleito, anualmente, em 7 de Agosto de 1932, 20 de Agosto de 1933, 4 de Setembro de 1934 e em 15 de Outubro de 1935 foi o 7.º associado, então com o número 6 a receber o galardão máximo «Águia de Ouro» por decisão dos restantes associados nessa AG.
Gloriosas Saudações
Alberto Miguéns