OPINIÃO
Viva o Chacha! E ele vive enquanto o recordarmos como deleite - o Gaitán desse tempo - dos nossos Pais Benfiquistas dos anos 10 |
AVISO: Texto longo acerca da história do "Glorioso" em 1910/11. Quem não gostar de história é melhor esperar por outro dia!
ÁLVARO
GASPAR
Nascimento: 10 de
Maio de 1889
Primeiro jogo:
Desconhecido (por enquanto)
Primeiro jogo referenciado (3.ª categoria): 20 de Dezembro de 1908 (19
anos)
Primeiro jogo na 2.ª categoria: 24 de Outubro de 1909 (20 anos)
Estreia na 1.ª categoria: 25 de Setembro de 1910 (21 anos)
Último jogo na 1.ª categoria: 1 de Março de 1914 (24 anos)
Último jogo na 1.ª categoria: 1 de Março de 1914 (24 anos)
Último jogo com o
"Manto Sagrado": 11 de Abril de 1915 (25 anos)
Falecimento: 3 de
Setembro de 1915 (26 anos)
Funeral: 5 de
Setembro de 1915 (para o Cemitério da Ajuda)
Tal como referi em 1
e 5 de Março as informações acerca do futebolista Álvaro Gaspar concentram-se
entre 1910/11 e 1913/14.
1910/1911
(21 anos)
Em que
época começou a jogar?
Pela Ficha de
Inscrição que deve ter sido preenchida no início de 1912/13, quando Álvaro
Gaspar tinha 23 anos, ele escreveu que jogava há sete anos sempre no SL Bemfica
(ainda e até 1945 com mê) sem interrupções. Deve ter sido preenchida antes do
início da época, pois segundo Rogério Jonet essa era a prática no Clube. Todos
a preenchiam até o Capitão-Geral (treinador e organizador das equipas) Cosme
Damião. Se jogava há sete anos e ininterruptamente, começou em 1905/06 ou
1906/07.
1910/11 - Uma
nova organização
A temporada de
1910/11 teve outra entidade a organizar o campeonato regional, a Associação de
Futebol de Lisboa, fundada em 23 de Setembro de 1910. E ficou marcada pela Implantação
da República em 5 de Outubro. Até os símbolos do SLB sofreriam alteração após a
aprovação da nova bandeira nacional, em 19 de Junho de 1911. Deixemos isso para
a época de 1911/12!
Quanto ao
futebol, em 1910/11, os clubes que se inscrevessem no campeonato regional
teriam de apresentar três equipas, uma para cada categoria. foram organizadas competições para três
categorias. A 4.º categoria do Clube continuou pela segunda temporada em actividade,
ainda que jogando em encontros frente a categorias de clubes não inscritos no
Regional ou com 4.ªas categorias de clubes inscritos. Desses sete clubes apenas
o SLB conseguiu movimentar futebolistas em quantidade que permitia organizar
uma quarta equipa.
PARTICIPAÇÃO NO CAMPEONATO REGIONAL
Clubes
|
1.ª cat
|
2.ª cat
|
3.ª cat
|
SL BENFICA
|
2.º
|
V
|
V
|
Internacional/ CIF
|
V
|
4.º
|
4.º
|
Sporting CP
|
3.º
|
2.º
|
2.º
|
FG Campo de Ourique
|
4.º
|
3.º
|
3.º
|
SC Império
|
5.º
|
5.º
|
6.º
|
Lisboa FC
|
6.º
|
6.º
|
5.º
|
Sport União Belenense *
|
7.º
|
7.º
|
7.º
|
NOTA: * Desistiu e dissolveu-se. Em Belém
só no ano de 1919 haveria de surgir um outro clube (CF "Os
Belenenses")
Eclectismo e
dedicações (que não se podem esquecer... mesmo cem anos depois)
O
"Glorioso" era já muito mais que um clube de futebol, mesmo em termos
desportivos. Com o "Manto Sagrado" corria um dos melhores ciclistas
portugueses (Alberto de Albuquerque) e o melhor fundista português (Francisco
Lázaro). Um clube que nascera tão "desorganizado" (em termos de
dirigismo) era aquele que se apresentava com o futuro mais risonho. E com
grandes dedicações. Os associados mais abonados (Conde do Restelo e dr. Meireles,
respectivamente, proprietário da Farmácia Franco (em Belém) e médico que dava
consultas na Farmácia) pagavam os bilhetes de comboio e alojamento (hotel) a
futebolistas que por motivos profissionais foram para longe de Lisboa
trabalhar. Leopoldo Mocho colocado em Portalegre viajou muitos sábados,
chegando ao Rossio pela meia-noite e meia e saindo domingo às oito da noite,
para estar segunda-feira de manhã nos correios de Portalegre (e depois em
Arronches)! Mas como eram importantes para Cosme Damião...
Álvaro Gaspar titular na 2.ª categoria e uns "pézinhos" na
1.ª equipa
A
equipa de 1.ª categoria cometeu erros elementares mas que a impediram de
renovar o título. A 2.ª e 3.ª categoria conquistaram os respectivos
campeonatos: a 2.ª invicta (dois empates em 12 jornadas) e a 3.ª categoria (uma
derrota e onze vitórias). Álvaro Gaspar foi um dos pilares da 2.ª categoria. A sua "folha de serviço
oficial no Clube" regista onze (em 12) jogos no Regional, pois numa
jornada foi averbada falta de comparência ao SC Império. Mas participou em
outros jogos particulares da 2.ª categoria, principalmente, frente aos ingleses
do Carcavellos Club, que alegando incompatibilidades de datas (os portugueses
não podiam jogar ao sábado e eles não queriam jogar ao domingo) deixaram de
inscrever-se no campeonato. Mas os jogos com eles continuavam a ser os mais
apetecidos.
Em 2010/11: sete jogos em 1910 e 14 em 1911
Logo a abrir a temporada (a pré-época
desses tempos de antanho) estreou-se na 1.ª categoria, que foi mais um misto
ainda que com maioria de futebolistas habituais da 1.ª categoria). Entre
aqueles que certamente eram os seus ídolos, jogou em terreno alheio (Sítio das
Mouras, no Lumiar) a avançado-centro e marcou um golo ao Sporting CP (D 4-5) em
25 de Setembro
de 1910. Ainda reinava D. Manuel II! Em 23 de Outubro outro misto (com mais jogadores da
1.ª que da 2.ª) num empate sem golos frente ao SU Belenense. Em 6 de Novembro
a glória. Depois de na semana anterior ( 30 de Outubro) o Benfica ter feito o
que não se deve fazer - jogar incompleto com nove futebolistas - ... em
Carcavelos e averbar a maior derrota da Gloriosa História (0-8) a 2.ª categoria
vai à Quinta Nova, derrotar igual categoria dos ingleses de Carcavelos por 1-0.
Com golo de Álvaro Gaspar após solicitação (a assistência da época assim
designada para não haver confusão com espectadores) de Alberto Rio.
Novembro e Dezembro de 1910
Entretanto iniciou-se o campeonato. Em 20 de Novembro,
na Feiteira, jogou a avançado-meia-direita, numa vitória por 4-1 frente ao SU
Belenense. Em 4 de Dezembro a 2.ª
jornada, frente ao Internacional, da 2.ª categoria, foi adiado por falta de
condições do campo. E a 11 de Dezembro vitória por falta de comparência do
SC Império do seu campo, embora por empréstimo, no Sítio das Mouras. Duas
jornadas, duas vitórias. Com o campeonato a "passo de caracol" o
Benfica aceitava, com agrado e reconhecimento, o desejo dos ingleses receberem
o "Sempre Glorioso" na Quinta Nova. Álvaro Gaspar em 18 de Dezembro
até jogou... dois encontros. Na 2.ª categoria
- só com dez futebolistas - jogou num "quarteto" de avançados,
empatando a um golo. Seguiu-se o jogo da 1.ª categoria, com guarda-redes de
improviso, como avançado-centro marcou o golo na derrota por 1-3. Finalmente
Álvaro Gaspar atingia o topo. E ele tanto porfiou para que isso fosse possível.
Entretanto chegou o Natal - 25 de Dezembro foi no domingo - e o Ano Novo,
também a um domingo como é evidente!
O Chacha - 3.º a contar da da direita - em 1910/11? Talvez (fotografia retirada da História do SL Benfica, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; página 159; I volume) |
A Vida do Benfica em Benfica
O início do ano de 1911 foi muito bom
para Álvaro Gaspar. Sucesso na 2.ª categoria e estreia oficial no 1.º grupo num
dia com dois jogos oficiais. Após 1 de Janeiro ser feriado ao domingo - não
houve jogos porque houve clubes, como o Sporting CP, que se recusaram a jogar e
a ceder o seu campo - o que causou irritação... O Benfica começou a ocupar as novas instalações da Sede que alugara a partir de 1 de Janeiro. Daqui só para a Baixa em 1912!
Janeiro de 1911
O campeonato reiniciou-se em 8 de Janeiro. Álvaro Gaspar jogou a
4.ª jornada por duas vezes frente ao FG Campo de Ourique. Primeiro como
extremo-direito na vitória por 7-0 e a seguir na 1.ª categoria como
avançado-meia-direita na vitória por 3-0. Esta posição (avançado-meia-direita)
corresponde mais tarde ao interior-direito (quando os treinadores começaram a
recuar os dois avançados-meia-ponta para o meio-campo na famosa táctica WM,
criada em meados dos anos 20 por Herbert Chapman treinador do Arsenal FC). De
"regresso a Álvaro Gaspar" em 15 de Janeiro, na meia-direita, da 2.ª categoria
realiza-se a 5.ª jornada com o Lisboa FC, numa vitória por 4-0. Em 22 de Janeiro,
sem jogos para o Regional o "Glorioso" as duas categorias foram à
Quinta Nova, com Álvaro Gaspar na 1.ª como avançado-centro a marcar o golo (D
1-2) e na 2.ª como avançado-meia-direita a contribuir para uma vitória por 2-1.
Não voltaria, em 1910/11 a jogar na 1.ª categoria.
Em 29 de Janeiro, um dia de Glória (um de muitos) frente ao Sporting
CP no seu campo
À 6.ª jornada (última da 1.ª volta)
atingia-se uma jornada considerada por Cosme Damião decisiva para conquistar,
pela 2.ª vez consecutiva, os três títulos. A 2.ª e 3.º categoria seguiam na
liderança com o Sporting CP. A 1.ª categoria "corria atrás dos
pontos" depois de uma impensável derrota, por 2-3, na 1.ª jornada frente
ao SU Belenense e na 2.ª jornada, um empate, sem golos, na Feiteira frente ao
líder Internacional. Num dia de intempérie com muita chuva e vento, no Sítio
das Mouras, no Lumiar, a 3.ª categoria vence por 5-1. Segue-se a 2.ª categoria,
com Álvaro Gaspar (meia-direita) a contribuir para o empate sem golos. A 1.ª
categoria repetiu a 3.ª e aplicou 5-1 ao Sporting CP, "beneficiando" do
facto de alguns futebolistas do Sporting CP estarem preocupados com
constipações e febres devido à intempérie!
Fevereiro de 1911
Em 5 de Fevereiro não há notícia de
jogos. O campeonato cumpriu a 7.ª jornada, primeira da segunda volta, no
domingo seguinte, em 12 de Fevereiro. A 2.ª categoria com Álvaro Gaspar
(meia-direita) dizimou, por 9-0, o Sport União Belenense. Em 19 de Fevereiro
o Benfica regressou a Carcavelos para uma jornada de Glória. A 2.ª categoria
venceu por 2-1 com o tento da vitória obtido aos 89 minutos. Seguiu-se a 1.ª
categoria. Um jogo estrondoso permitiu a 3.ª vitória sobre os "mestres
ingleses do Cabo Submarino". Por 1-0! Depois de 10 de Fevereiro de 1907 (V
2-1 na Quinta Nova) e 23 de Janeiro de 1910 (V 1-0 na Quinta da Feiteira) a
terceira vitória. Com o SLB a ser o único clube, em Portugal, a vencê-los. Não
uma mas três vezes, as duas primeiras em jornadas do campeonato regional e a
terceira num jogo combinado com os ingleses em 22 de Janeiro. Temos,
pois, que a jornada de Carcavelos foi brilhante e gloriosa para o Benfica. Para
marcar bem o efeito da dupla vitória, contra os “mestres ingleses” de
Carcavelos, e do reflexo que ela teve, as opiniões expressas nos jornais de
maior projecção nacional, levaram o feito a todo o país. O Benfica
engrandecia-se já por todo o Portugal. Foi a segunda vitória na Quinta Nova,
depois de 1907! Em 26 de Fevereiro não houve jogos por ser Domingo Gordo, com o
dia de Carnaval em 28 de Fevereiro, dia do Glorioso 7.º aniversário. Sete anos!
Apenas! E já tão gigante o SLB.
Março e Abril de 1911
A 8.ª jornada realizou-se em 5 de Março,
num confronto com o Internacional, importante para as decisões finais no
campeonato regional. Álvaro Gaspar na meia-direita foi decisivo - marcou um
golo, o primeiro - no empate a dois golos. Em 12 de Março não se realizaram
jogos, mas no domingo seguinte (19 de Março) na 9.ª jornada, frente ao SC Império,
a 2.ª categoria com Álvaro Gaspar na meia-direita aplicou 8-0. Mesmo com chuva
intensa durante os 90 minutos. Infelizmente ainda não descobri quantos golos
marcou o "Chacha". O 26 de Março foi dia eleitoral no clube, com a
eleição dos órgãos sociais que tomaram posse em 2 de Abril. E a 2.ª categoria
venceu o FG Campo de Ourique, com Álvaro Gaspar como avançado-centro, nesta
10.ª jornada. Em 2 de Abril não encontrei jogos da 2.ª categoria, mas o 9 de Abril
deu que falar. Na Feiteira, jogou-se a 11.ª jornada com recepção ao Lisboa FC,
com três vitórias em três jogos, num total de 36-0 em golos: 3.ª categoria (V
6-0), 2.ª categoria (V 15-0) e 1.ª categoria (V 15-0). A "terceira do
Glorioso" portou-se "mal" : Faltaram mais nove golos para o
"quinjeazero"! Álvaro Gaspar jogou pela 2.ª categoria, estreando-se
na "meia-esqueda" e deve ter marcado uma meia-dúzia. Os jornais da
época escrevem que o Benfica fez o 16.º golo mas o árbitro tinha pressa de
acabar com o jogo e alegou que já tinha dado o jogo por terminado quando a 16.ª
entrou na baliza do Lisboa FC. Seguiu-se a 12.ª jornada, em 16 de Abril,
domingo de Páscoa, com vitória por 1-0 com o Sporting CP. Álvaro Gaspar
continuou na meia-esquerda num encontro realizado no campo do Lisboa FC, na
Quinta dos Castelos, no Campo Grande que depois seria 28 de Maio (quando por lá
jogou o Sporting CP) e Estância de Madeiras (quando o Benfica o utilizou entre
1941 e 1952 e chegou a ter uma placa de mármore com a figura de Álvaro Gaspar
em bronze)! Seguiu-se um interregno de jogos, para a 2.ª categoria, apesar de
estar em atraso a 2.ª jornada que deveria ter sido disputado em 4 de Dezembro
de 1910. E assim continuava por atribuir o título regional para a 2.ª
categoria.
Bicampeão Regional
Finalmente em 14 de Maio a 2.ª categoria na
Feiteira vence, por 1-0, o Internacional e sagra-se campeã regional renovando o
título conquistado na temporada anterior. Álvaro Gaspar alinhou como
avançado-meia-esquerda, apesar de ser difícil de afirmar que fosse esta a sua
posição visto o Benfica ter alinhado com nove futebolistas, jogando com dois médios
e quatro avançados, em vez dos "normais" três médios e cinco
avançados.
O que diz
Mário de Oliveira de Álvaro Gaspar na temporada de 1910/11?
Algumas referências
importantes. Na página 147: «Em 6 de Novembro, tivemos uma ligeira compensação em
Carcavelos - o nosso segundo grupo bateu igual categoria dos ingleses, por 1-0.
O ponto foi marcado por Álvaro Gaspar, ao aproveitar uma bola deixada para
remate por Alberto Rio, com um acerto digno de elogio». E na página 157: «Seguiu-se, pois, o dia 29
de Janeiro, com nova série de desafios entre as nossas equipas e as do
Sporting. Em segundas categorias, o desafio mereceu a classificação de um dos
melhores da época no respectivo campeonato. Lutou-se com valentia e entusiasmo,
e a exibição atingiu bom nível, se tivermos em conta o estado em que o campo se
encontrava. Os avançados benfiquistas esforçaram-se grandemente por alcançar a
vitória, principalmente David da Fonseca e Álvaro Gaspar. A despeito de todos
os esforços, não houve maneira de bater a defesa "leonina"».
Terminada a
época 2010/11 para Álvaro Gaspar chegava a consagração em 2011/12. Fica para
amanhã!
Alberto Miguéns
NOTA FINAL: Por dificuldades técnicas - impossibilidade por
excesso de informação - para que resulte com eficácia (publicar fotografias e
documentos a ilustrar os textos) "A Vida Desportiva de Álvaro Gaspar Numa
Dúzia de Datas"
está programada para os seguintes dias (coincidindo com efemérides relativas à
relação d Álvaro Gaspar com o Clube):
PUBLICADO
1. 01.Mar.2014 O
Último Jogo;
2. 05.Mar.2014 O Debutante;
3. 16.Mar.2014 O Crescimento;
4. 30.Mar.2014 A Resistência;
5. 09.Abr.2014 O Triunfo;
6. 10.Abr.2014 O Reservista;
7. 29.Abr.2014 A Titularidade;
A PUBLICAR
8. 30.Abr.2014 A Ficha;
9. 05.Mai.2014 O Brasil;
10. 10.Mai.2014 A Derradeira Glória;
11. 03.Set.2014 A Última Época;
12. 05.Set.2014 O Legado
uma maravilha este texto.
ResponderEliminarobrigado alberto.
Foi um caminho gradual e de grande preserverança. A ficha de Álvaro Gasar revela bem a fibra deste homem. Trágico destino que matou o homem e extingiu o jogador quando um ano antes estaria na plenitude das suas capacidades.
ResponderEliminarMas nota-se em outros detalhes e jogadores como era duro chegar à primeira categoria. O caso de David da Fonseca um notabilissimo jogador das primeiras equipas de 1904 a 1907 é exemplar. Eu pensava que pela idade (que naquela época teria outro peso dadas as condições de vida) ou pelo trabalho, ele não teria tido mais possibilidade de ir aos treinos e por isso jogar. Cosme era pelo que percebi um ferveroso apologista das virtudes de treino para o aprimoramento individual e colectivo (o seu livro terá sido o primeiro em Portugal quanto à metodologia de treino e as exigências aos futebolistas). Mas voltando a David da Fonseca, afinal não. Afinal jogou bastante na segunda categoria. Humildemente presumo eu, por amor à camisola... literalmente. Fantástico esse detalhe que não lhe escapou, Alberto. Todo o artigo mostra como naqueles primeiros anos a mística era intensa. Como tudo o que aconteceu e no contexto da época em que múltiplos clubes apareceram e extinguiram-se (Império, Ajudense, Sport União Belenense, Gilman, Cruz Quebrada, Campo Ourique, Cruz Negra) o mais certo era o Sport Lisboa também soçobrar.
Mas não! Só a fibra dos homens, a intensa mística que cresceu a partir de vivências intensas, de enormes amizades, de competição cerrada, ambição desportiva e paixão pelo jogo, pode explicar a sobrevivência. Com vizinhos ricos e invejosos, Cosme e companheiros resitiram e fizeram florescer este maravilhoso clube a que tanto me envaidece pertencer. E Álvaro Gaspar pelo talento e pelo trágico destino foi um verdadeiro prícipe. Honra e memória a este jogador. Notável o que o Alberto está a fazer para dar a conhecer o lugar que este homem e jogador tiveram no coração dos Benfiquistas.
Todo o artigo é um prazer enorme de leitura e uma excelente lição da história Benfiquista.
Deixo também uma nota para a fotografia da Farmácia Franco, que era conhecida por uma minoria mas que recentemente foi possível obter numa qualidade bem melhor. É a mais antiga fotografia desse lugar mítico que eu conheço. Mas não só. Tal como o Alberto indica tem o detalhe único, precioso, de provavelmente ter imoortalizado os dois sócios beneméritos do Sport Lisboa. A fotografia tradicionalmente usada tem agora uma muito melhor sucessora, mais antiga, mais bonita, aberta e provavelmente com duas figuras Benfiquistas notáveis representadas.
Um bem-haja por este excelente artigo!
Saudações Benfiquistas
VJ