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25 abril 2025

Benfiquistas em Abril

25 abril 2025 9 Comentários

UMA REFERÊNCIA DO 25 DE ABRIL DE 1974: SALGUEIRO MAIA.


Daniela (por ela mesma) entrega um cravo vermelho ao seu avô Salgueiro Maia (representado pelo actor Tomás Alves) no filme "Salgueiro Maia - O implicado" realizado por Sérgio Graciano, em 2022. Daniela nasceu em 2003, filha de Catarina Salgueiro Maia que tinha seis anos - 16 de Julho de 1985 - quando Salgueiro Maia faleceu, em 4 de Abril de 1992, aos 47 anos.








Catarina e Daniela



Quanto mais nos afastamos de 1974, em 2025 já passaram 51 anos, mais nos apercebemos da grandiosidade de Salgueiro Maia. Muitos que ram tão falados e referenciados em textos escritos já deixaram de o ser. Salgueiro Maia continua tão presente em 2025 como em 1974. E ficará assim. Como escreveu Camões: o que fez em vida libertou-o da morte.






Não é herói quem quer, mas sim quem é reconhecido pelos outros, muitos que nem o conheceram, que nem o viram fazer o que fez, mas vão ouvindo e lendo o que conseguiu fazer.



Poesia do Benfiquista Manuel Alegre (País de Abril: uma Antologia)



O Benfiquista Salgueiro Maia acabaria por ser um Herói para todos, pelo que fez - e duas vezes, no dia 25 de Abril de 1974 - e pelo que fez e não quis fazer a seguir, numa vida que ficaria curta.



O que é extraordinário é que Salgueiro Maia e a sua acção há 51 anos tem muito do que era o Benfica do presidente Borges Coutinho. Este aquando de uma semana de um jogo decisivo - contou-me o Sheu - era lapidar. Assistia ao primeiro treino, renovando a habitual mensagem: treinar bem, para chegar ao jogo, cumprimentar os adversários, jogar no limite máximo para ganhar, aceitar o resultado obtido, cumprimentar os adversários à despedida, sair de cabeça sempre levantada, com a certeza de dever cumprido (fosse qual fosse o resultado) e deixar o estádio com orgulho, honrando o Benfica. Salgueiro fez o mesmo em 25 de Abril de 1974 e nos anos seguintes até falecer precocemente.


Em primeiro plano os poderosos M.47 e ao fundo os "simpáticos" Panhard EBR - 75. Numa das torres do M.47 o Benfiquista cabo apontador José Alves Costa, então com 23 anos! A desobedecer às ordens do bigadeiro que comandava a coluna de tanques M.47



Página 171; Os Rapazes dos Tanques; Alfredo Cunha e Adelino Gomes; Porto Editora; Março de 2014



Herói I: um homem com H
O MFA (Movimento das Forças Armadas) deu-lhe a principal missão: ocupar o Terreiro do Paço onde se esperava que as forças leais ao Regime tentassem derrotar o Golpe Militar. Pois com a sua coragem, abnegação, capacidade militar e denodo conseguiu enfrentar uma força muito superior (em poder de fogo) e encaminhar o MFA para a vitória.


Fotografia do Benfiquista Alfredo Cunha (pormenor)





Herói II: os Mais Belos Olhos da Liberdade
Entre a competência e o Destino. Resolvido de manhã o problema da neutralização das principais forças afectas ao Estado Novo quis o Destino que surgisse a oportunidade de continuar a ser Herói. Algumas das principais figuras, com destaque para o então Presidente do Conselho (primeiro-ministro) Marcelo Caetana se refugiasse no quartel da GNR, no Largo do Carmo. Estando a coluna de Salgueiro Maia já liberta do que lhe tinha sido pedido era quem estava mais perto do Largo do Carmo. Se Marcelo Caetano se tivesse refugiado noutro local, Salgueiro Maia e os seus homens poderia ter continuado no Terreiro do Paço ou receberem ordem para regressar a Santarém, mas não... A sua acção continuou de tarde.

Fotografia do Benfiquista Eduardo Gageiro 



Porfiou até conseguir a rendição de Marcelo Caetano e de quem o acompanhava. Soube ser diligente, persuasivo, determinado e destemido.



Herói III: despendido, conscencioso e com bom-senso
Realizada com sucesso a sua missão - que até foram duas - regressou ao quartel (Escola Prática de Cavalaria) e a casa (Santarém). Nunca quis ser protagonista («Não sou o heróis do 25 d'Abril! Heróis fomos todos nós!»). Nunca aceitou ficar na Ribalta como muitos outros («A ordem era ir a Lisboa, derrubar o Regime e entregar o País aos civis»). Recusou sempre participar nas inúmeras intentonas, entre Setembro de 1974 e Novembro de 1975, não por falta de coragem - nunca lhe faltou - mas por decência, sentido de serviço e bom-senso («Os militares serviram para mudar o Regime, não para o governar. Para isso havia quem estivesse mais habilitado»). Nem mesmo quem era a favor do Regime deposta em 25 de Abril de 1974 deixou de reconhecer em Salgueiro Maia um exemplo do que é saber ser e saber estar. 





Obrigado, Capitão Maia!


Alberto Miguéns





9 comentários
  1. Que post tão bonito! Obrigado e parabéns! Viva o 25 de Abril e Viva o Benfica!

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  2. Bom dia, Sr. Alberto Miguéns...Neste dia que todos nós, portugueses, recordamos como o dia que Portugal nasceu de novo, após 48 anos de obscuridade de um país fechado e retrógrado, saúdo a sua volta ao seu espaço de comentários e opiniões...e nada melhor que este seu artigo de o único herói que nada lucrou, posteriormente, com aquilo com que ajudou a criar....o dia da nossa liberdade....e que tinha de ser BENFIQUISTA...Mas como dizia o grande poeta brasileiro Cazuza..."os meus heróis morreram de overdose e os meus inimigos estão no poder"...Não será isso que aconteceu ao Portugal de hoje????....Mas 25 DE ABRIL SEMPRE e SALGUEIRO MAIA, seu HERÓI, para todos o SEMPRE...Um Abraço Glorioso.

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  3. Muito obrigado, caro Alberto, por esta lindíssima evocação de Salgueiro Maia. E pelas fotos que a acompanham. Hoje tenho dois pensamentos (porque não consegui comprar dois cravos): um para o meu pai, que teve no 25 de Abril um dos dias mais felizes da sua vida, e outro para Salgueiro Maia, que lhe (nos) deu essa felicidade. Saudações Benfiquistas.

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  4. Benfica é Liberdade!
    Salgueiro Maia só poderia ter sido do Benfica!
    Viva o Benfica, viva o 25 de Abril, viva a Liberdade!

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  5. Caro Alberto Miguéns,
    Antes de mais uma saudação ao seu tão necessário regresso às publicações, ainda que não deixe de sublinhar a sua revolta, principalmente de pessoas tão conhecedoras do Estado a que chegamos no País e no Benfica.

    Está muito dito de um País que teima em não querer ser um Estado laico e progressista, quando precisamente é anunciada no 25 de Abril por um membro de uma organização com origem religiosa, como a Maçonaria, a mistura da religião Católica com a celebração de um evento civil.

    Regressando à revolta com o Estado a que chegamos no País e no Benfica, sou absolutamente e convictamente solidário com todos os que não deixam adormecer-se perante este País de cobardes e ignorantes, mais concretamente com todos os que denunciam todo o tipo de esquemas mafiosos e manhosos para perpetuar-se no poder.

    Por último, apenas para saber, se souber dizer-me, onde se localiza o mural da frase do Salgueiro Maia nesta publicação.

    Obrigado.

    Abraço Vermelho,
    Rui Fernandes.

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  6. Boa tarde Sr. Miguéns
    Só para lhe agradecer o seu blog.
    Sou do Benfica, sempre fui, apesar de ser de Aveiro e ter uma única vez ido ao estádio novo ver o Benfica. Francamente não gostei, senti-me no meio dos vendilhões do templo e o meu benfiquismo desvaneceu um pouco.
    Mas enfim.
    Muito obrigado porque sei que o seu benfiquismo é com B, generoso, abnegado e sem nada pedir em troca.
    O Salgueiro Maia é um dos nosso maiores e assim continuará a ser...para a eternidade! Porque foi íntegro, vertical, limpo. Como diz, não se torna herói quem quer e heróis há muitíssimo poucos.
    Abraço e ficarei a aguardar com expectativa a retoma do seu blog.

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  7. Boa Noite, Sr. Alberto Miguéns....Hoje foram só meia dúzia....Exibição à Benfica!!!!Assim, sim!!!!!Parece que a equipa está confiante para ganhar este campeonato.....Será????? Se formos competentes até ao fim o 39 não escapará...Agora tem de ser jogo a jogo....Agora é ganhar na Amoreira ao Estoril ...Um Abraço Glorioso...

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  8. Caro Alberto Miguens,
    Que post lindo e inspirador.
    Sempre achei que ha pessoas que so poderiam ser do Benfica.
    E raramente me engano.
    Salgueiro Maia e uma dessas pessoas.
    Benfica e Liberdade.
    Viva o Benfica.
    Viva a Liberdade.

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  9. Boa Noite, Sr. Alberto Miguéns....Complicámos um jogo que estava controlado....Não gostei nada da nossa segunda parte, parece que já estavam a pensar no jogo com os tarecos, não pode ser!!!!! Enfim venha o jogo decisivo deste campeonato, em que só temos um resultado no nosso pensamento....GANHAR aos tarecos....Um Abraço Glorioso.

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