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22 janeiro 2024

Vive Bem o Que Resta Dos Dias Que Passam

22 janeiro 2024 9 Comentários

É UMA DAS GRANDES FIGURAS DO CLUBE QUE ASSEGURARÁ A SUA IMORTALIDADE.



Sven-Göran Eriksson nasceu em Sunne (Suécia) em 5 de Fevereiro de 1948. Tem 75 anos, a caminho dos 76 (faltam 15 dias).

Eriksson ou Ériquexe (como pronunciava Fernando Martins quase como em sueco: Êriquesôm), Fernando Martins (presidente da Direcção) e Júlio Borges (secretário para o Futebol Profissional da Direcção), em 4 de Junho de 1982


Assinou contrato como treinador do «Glorioso» em 4 de Junho de 1982, ou seja, com 34 anos e quatro meses.




1. Como a comunicação social indicou que tinha 33 anos causou espanto pois era um ano mais novo que Bento (25 de Junho de 1948). E "quase" da mesma idade de Néné (20 de Novembro de 1949) e Humberto Coelho (20 de Abril de 1950) que faziam parte do plantel. 



2. Com o início da época de 1982/83 quem tinha dúvidas depressa as desfez. Com futebol de excelente qualidade o Benfica consegue vinte vitórias consecutivas (incluindo os cinco encontros na pré-temporada) e 28 encontros invicto - 26 vitórias e dois empates - com a derrota ao 29.º jogo.



3. Com o final da temporada por ano civil na Suécia o Benfica não contrata um avançado, mas um centrocampista... Stromberg - 4.º estrangeiro no Clube e primeiro não "ponta-de-lança" (depois de Jorge Gomes, César e Filipovic). Como justificou Eriksson, para quê ter bons avançados se falta capacidade física ao meio-campo para colocar a bola durante grande parte dos 90 minutos na frente! Além disso, Stromberg apesar de mostrar muita qualidade não foi logo titular. Eriksson foi inteligente pois mostrou que não protegia um seu conterrâneo. Foi mais pela insistência dos media e adeptos que o catapultaram para titularidade indiscutível em 1983/84.



4. Com 28 jogos invicto, quando surge a primeira derrota, em 1982/83 - e foi na 14.ª jornada do campeonato nacional (seria a única) - já o Benfica com 12 vitórias e um empate estava com avanço de quatro pontos para o FC Porto e seis para o Sporting CP, numa edição com 30 jornadas e dois pontos por vitória.  




Um trio que se completava na perfeição - Eriksson (treinador), Toni (adjunto) e Fernando Martins (presidente da Direcção) - na primeira metade dos Anos 80.


5. Quando surge a polémica do FC Porto querer disputar a final da Taça de Portugal de 1982/83 no seu estádio das Antas, Eriksson não se opõe afirmando que o Benfica ia lá conquistar o troféu. E foi. Pedroto queixou-se. Perdemos porque a final já foi no início de 1983/84... se tem sido no final de 1982/83 o Benfica (12 jogos da Taça UEFA) estava cansado (mais oito jogos na Taça UEFA que o FC Porto (4), afastado de goleada (D 0-4) pelo RSC Anderlecht) e era nossa. Esperto, mais esperto não havia que Pedroto, mas Eriksson deu-lhe uma lição.



Eriksson, Jorge Castelo (pioneiro como analista dos jogos) e Eusébio no relvado da «Saudosa Catedral»

6. Com duas temporadas deslumbrantes, em 1982/83 e 1983/84, com destaque para o Bicampeonato Nacional, partiu para Itália mas nunca se esqueceu do Benfica e o Benfica muito menos se esqueceu dele. Haveria de regressar.




Um treinador que fez Escola. Entre a primeira e a segunda passagem deixou-os melhores futebolistas e encontrou-os noutras funções. Entre todos... Sheu que tem uma admiração (quase) ilimitada por Eriksson.




SEGUNDA PASSAGEM

Toni (adjunto), Eriksson (treinador), João Santos (presidente da Direcção), Jorge Brito (vice-presidente da Direcção para a gestão desportiva) e Gaspar Ramos (vice-presidente da Direcção para o Futebol)



7. Regressou no início de 1989/90 para ficar até final de 1991/92. Mais um título de campeão nacional (1990/91) e uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, logo em 1989/90.


Thern que ingressa no «Glorioso» no regresso de Eriksson em 1989/90


Uma amizade para a vida. Toni foi treinador adjunto de Eriksson, em 1982/83 e 1983/84. Depois continuou como adjunto dos que se seguiram. Em 1987/88 (a 28 de Novembro de 1987) assume o cargo interinamente passando a treinador principal com o Benfica a jogar a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Em 1988/89, com Toni, o Benfica é Campeão Nacional e Toni aceita voltar a adjunto de Eriksson com o regresso deste em 1989/90. Não sei se haverá semelhante, quanto mais igual, no Mundo e desde que o futebol foi inventado (26 de Outubro de 1863). 





8. "Respeito-o muito senhor Eriksson, mas guerra é guerra"! 28 de Abril de 1991. 34.ª jornada em 38. Estádio das Antas. O autocarro do Benfica é apedrejado perante a conivência das autoridades, obrigam o Benfica a passar entre adeptos portistas para serem insultados. Chegam ao balneário e está fechado a cadeado. Só há autorização para ser aberto uma hora antes do início do jogo. Quando abrem o balneário os primeiros a entrar saem rapidamente e avisam os outros que o cheiro é nauseabundo - litros e litros de creolina que um dia rimaria com Carolina - obrigando os futebolistas a equipar-se no corredor do túnel de acesso ao relvado. Entretanto, surge na risota o presidente do FC Porto. O senhor elegante e educado Eriksson e o traste nojento Pinto da Costa cruzam-se e este faladra: "Respeito-o muito senhor Eriksson, mas guerra é guerra"! No final do jogo o resultado foi de 2-0 a favor do «Glorioso», com dois golos do suplente utilizado... César Brito (felizmente) próximos do final do jogo, aos 82 e 85 minutos, pois se fossem no início havia formas habilidosas de passar de 2-0 para 2-3. Benfica, praticamente, campeão nacional devido ao avanço pontual de um - se o FC Porto vencesse passava a ter um ponto de vantagem - para três pontos.




Duas personalidades do Benfica e do Mundo do Futebol: um dos melhores treinadores mundiais da modalidade (Eriksson) e Eusébio, o melhor futebolista português de sempre: além de fazer assistências (sua principal função) para os avançados-centro, depois pontas-de-lança - José Águas, José Torres, Artur Jorge, Victor Batista e Jordão, entre outros que foram várias vezes os melhores marcadores das competições em que o Benfica participava - "ainda" era goleador. Notável.


Eriksson, Eusébio e Toni: que trio glorioso! O Benfica tinha mais espectadores, em muitos dos treinos no campo n.º 3, que alguns clubes da I Divisão nos seus jogos!

9. Eriksson na segunda passagem já tinha que defrontar outro tipo de adversário e adversidades. Em junho de 1982, Pinto da Costa tinha sido eleito e tomado posse como presidente da Direcção há dois meses. Em Junho de 1989 levava sete anos de impunidade e manipulação de muitas pessoas e instituições. O sucesso nunca poderia ser o mesmo pois os adversários sabia ele vencer, mas as adversidades não lhe competiam a ele eliminar... 




10. A empatia entre Eriksson e os adeptos tal como com os futebolistas era fantástica. Sabia muito bem o que queria e como conseguir lá chegar.


Álvaro e Sheu elevam o seu treinador como se fosse uma Águia


11. Eriksson é um dos melhores treinadores na «Gloriosa História» emparceirando com Cosme Damião, Janos Biri, Otto Glória, Béla Guttmann ou Jimmy Hagan, entre outros (que tiveram muita qualidade, mas só ficaram uma temporada, mesmo vencendo "dobradinhas"). Pessoalmente foi o melhor futebol que vi o Clube jogar e o treinador com mais classe que alguma vez vi no trato com elegância e distinção, pois mesmo de Jimmy Hagan ainda era muito novo, para perceber. 


Toni (ajdunto), Palhinhas (massagista), Eriksson (treinador) e Diamantino Ferreira (guarda-redes suplente) em "teste" de pré-temporada


Que o tempo passe lento e os médicos também se enganam...

Alberto Miguéns


NOTA: agradecimento ao dedicado leitor Victor João Carocha que permitiu compor o texto com imagens sugestivas que ilustram bem a passagem que ficará para a eternidade de Sven-Göran Eriksson pelo «Glorioso»


9 comentários
  1. Quando vai ser disputada uma final da Taça de Portugal no Estádio da Luz? Já foi nas Antas e em Alvalade. O Benfica, que "controla isto tudo", não tem também direito a ter uma final no seu estádio?

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    1. Desculpe caro Miguel, eu como Benfiquista, não quero os favores de que andrades e lagartos usufruem. Deve haver igualdade e equidade no desporto. Se as finais da Taça são, tradicionalmente e, por usucapião eh eh, no Estadio Nacional, é lá que devem ser jogadas, doa a quem doer!
      Abraço.

      Viva o Benfica!

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  2. Este, Senhor Alberto Miguéns, é de outro tempo. Um tempo do Benfica à Benfica. Temo não voltar a ver dias desses no nosso Clube.
    Eriksson é um homem fora de órbitra da mesquinhez e indigência moral do futebol luso. Elegante como poucos, educado como só alguns, competente como nenhum outro ao tempo em Portugal. Para quem teve a sorte de assistir - eu tive! - um regalo de pessoa e um treinador de mão-cheia. Será sempre um dos nossos, apesar de sueco, onde quer que esteja, nesta dimensão ou na outra. Quando falecer, e oxalá seja daqui a muito tempo, irá para o Quarto Anel, para junto daqueles que fizeram a glória do Benfica, ele, que contribuiu para ela e conquistou o direito a lá estar.

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  3. Que o tempo passe muuuuito lennnto para que possamos ter o Mister o maximo de tempo connosco.
    Uma frase de Erikson que se aplica tanto ao momento actual, "para que serve ter muito bons avancados se nao houver forca fisica no meio-campo?".
    Nao consigo perceber que Aursnes continue a jogar na defesa quando faz tanta falta no meio. E que nao se contrate um lateral-direito.
    Com Bah e Alvaro Carreras nas laterais e meio-campo com Joao Neves, Kokcu e Aursnes, e Marcos Leonardo, Rafa e DiMaria corriamos o risco de ganharmos tudo.

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  4. O caro Alberto referiu Jimmy Hagan, que conheceu menos bem pessoalmente, porque era muito novo.
    Como, infelizmente para mim, sou mais velho, posso dizer que ambos eram grandes Senhores (refiro-me a Hagan e Erikson), mas eram diferentes em duas vertentes:
    1º: Hagan, gentleman, mas de poucos (ou nenhum) sorrisos, cortante nas conferências de imprensa, com o seu "no comments" e pouco maleável tacticamente.
    2º: Erikson, gentleman, sempre afável mesmo com os pés-de-microfone, mandando-os àquela parte com um sorriso, que eles de tão burros agradeciam. Mais versátil durante os jogos, com mudanças estratégicas e táticas que surpreendiam o adversário (vide entrada de César Brito, na pocilga de Contumil, que arrumou com eles apesar da creolina e do resto - eu assisti na bancada norte).
    Enfim tenho saudades de ambos!

    Viva o Benfica!

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  5. É um dos nomes grandes da nossa História de entre a lista dos treinadores da nossa equipa principal de futebol masculino. Foi um inovador, um cavalheiro, competente, focado e estimado. Foi campeão sempre com equipas praticando um excelente futebol. Os seus últimos anos no Benfica foram marcados pelo início da sujidade azul, conforme o Alberto lembra no seu texto. Só assim se explica porque não foi sempre campeão nas cinco temporadas que nos orientou. Montou sempre equipas competentes, focadas no futebol, virtuosas do ponto de vista técnico e cada vez mais capazes no ponto de vista físico.

    Deixou saudades, quer nos que trabalharam com ele, quer nos adeptos. De um ponto de vista pessoal, agradeço-lhe as alegrias dos meus primeiros anos - felizes - da meninice Benfiquista. Empolgantes, com estilo, com classe, com educação, com competência. Com brilho intenso.

    É um dos nomes grandes do nosso Clube. Merece ser prestigiado, especialmente agora no momento em que teve a coragem de revelar a situação desesperada em que se encontra. Não sei se é possível, se existem condições, ou até vontade por parte de Eriksson, mas sei que é dever do Sport Lisboa e Benfica tentar que o grande treinador sueco possa ser recebido e acarinhado no mesmo local onde é amado, onde é lembrado, e onde nunca será esquecido.

    Muito obrigado, Sven-Goran Eriksson! Que Deus te dê conforto e que possas ainda sentir o carinho de tantos e tantos que sempre estarão agradecidos por honrares os ases do passado. Agora que é um ás que nos honrou o passado, cá estaremos sempre para te honrar.

    Muito obrigado, Sven-Goran Eriksson!

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    1. Em adição ao que disse, falou-me agradecer o texto ao Alberto. Notável, pois faz-me transportar aqueles anos tão felizes do Benfiquismo. Tudo acerca de Eriksson evoca-nos para a alegria. Foram anos de brilho intenso e o Alberto retratou isso muito bem. Obrigado.

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  6. Caro Sr. Alberto Miguéns....Já tinha comentado este assunto num anterior post seu, mas volto a reafirmar que a Direcção do Benfica deve fazer uma homenagem a esse treinador que mudou o paradigma do treino e da forma de jogar do Glorioso quando veio em 1982, como afirmam diversos jogadores que faziam parte desse plantel...As homenagens fazem-se em vida e não depois do falecimento da pessoa...E acho que este homem merece ser homenageado no nosso Estádio e com direito à chamada "Volta olímpica", pelo que fez no nosso amado clube... Um Abraço Glorioso e de solidariedade ao Mister Eriksson e as suas melhoras...

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  7. Lembro-me muito bem de Eriksson, na segunda passagem.
    Tenho muita curiosidade acerca da sua primeira passagem, vou lendo e procurando coisas para ter uma melhor ideia, sobretudo acerca daquela final com o Anderlecht. Já ouvi de João Alves que o Benfiva teria sido campeão se ele tivesse sido titular nesse jogo, ou que o Shéu sonhou que ia fazer golo.

    Da segunda passagem é ele que elimina o Arsenal em Highbury (1-3) com 2 meninos a central: Rui Bento e Paulo Madeira. Também acho que foi o melhor futebol que vi do nosso Benfica (embora alguns períodos de Jesus e essencialmente o Benfica 22/23 (entre Julho e Novembro) possam entrar nessa discussão.

    Não recordo polémicas com Eriksson mas sim a tristeza por ele sair para Itália. Isto depois daquela final da Champions com o super AC Milan de Sacchi. O Samuel no lugar do castigado Veloso, o Hernâni a parar com o som de um apito ou o Valdo a trocar os olhos a um jovem Paolo Maldini. O Rodrigo Guedes de Carvalho fazia a narração. Tudo memórias ligadas a Eriksson.

    Um dos nossos e sem dúvida com o nome escrito a letras de ouro.

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