FIQUEI A SABER HÁ POUCOS MINUTOS QUE FALECEU O ATLETA, JORNALISTA E BENFIQUISTA ARONS DE CARVALHO.
Ainda há cerca de dois meses - mais ou menos o tempo em que ia contactando com ele - tinha tido uma breve conversa pelo telemóvel.
Tinha 75 anos, nove meses e dois dias. Gostaria de saber as horas, minutos, segundos e até décimos ou décimas de segundo. Isto porque ele especializou-se em "Estatísticas do Atletismo" deixando um portal de grande qualidade (clicar).
Galardoado com o prémio "Centenário" instituído pela FPA - Federação Portuguesa de Atletismo |
Entrou para associado do Clube, em 23 de Abril de 1960, ou seja, pouco mais de um mês depois de completar 13 anos.
Fez atletismo no «Glorioso» - bons resultados no meio-fundo, em particular nos 800 metros - enveredando depois pelo jornalismo, creio que se estreando no extinto "Mundo Desportivo". Mas foi no jornal «Record» que exerceu a profissão durante tempo - uns 35 anos dos 55 no jornalismo desportivo/atletismo - e foi lá que se reformou.
Distinguido, em final de 2013 (21 de Dezembro, há nove anos), com a medalha "Record de Ouro" do jornal diário desportivo «Record» |
Foi ainda jornalista em "O Benfica" onde o conheci por me ter feito uma entrevista de duas páginas (6 e 7) publicada, em 22 de Dezembro de 1993, "O Benfica" n.º 2671, depois do presidente Jorge Brito me ter convidado a colaborar, obsequiosamente, com o Clube "tentando aproveitar a História do Clube para conseguir algumas verbas de modo a aligeirar os problemas financeiros".
Depois fomos contactando, sempre com alguma regularidade (1993/2022), até há dois meses.
Colaborador regular no jornal «O Benfica» deixou de o fazer quando foi censurado pelo director (José Nuno Martins) e pelo seu bobby (Pedro Guerra) que não publicaram um texto onde justificava que a Taça de Portugal era a continuação do Campeonato de Portugal (1921/22 a 1937/38). A curiosidade - que ilustra a sua personalidade - foi que ele disse sempre quando lhe pediam um novo texto, afirmando: «têm lá um para publicar, não farei outro, estando esse para ser publicado». Isto deve ter sido em 2014 ou 2015.
Prestou inexcedíveis serviços, mas não me posso esquecer o modo enérgico - ele que até era pouco de fazer roturas - como reagiu quando quiseram alterar a data e o modo de fundação do Clube - escrevendo três cartas - uma para cada um dos presidentes dos três Órgãos Sociais - indignando-se com o revisionismo histórico que estava escrito no portal do Clube, da responsabilidade de três estarolas (Ricardo Serrado, Luís Lapão e António Ferreira) e que era este:
Até Sempre, Arons!
Alberto Miguéns
Faleceu um Benfiquista de valor. Deixou obra a múltiplos níveis, dentro e fora do Clube.
ResponderEliminarE, como o Alberto deixou evidente, tinha carácter e princípios dos quais não abdicava.
É muito triste ver partir um dos nossos.
Condolências para a família e amigos enlutados.
Que descanse em paz.
paz á sua alma.
ResponderEliminarJá lá vão 29 anos mas lembro-me bem dessa entrevista no jornal do Benfica.
ResponderEliminarCaro Sr. Alberto Miguéns...Mais um grande benfiquista que nos deixa, neste caso o Sr. Manuel Arons de Carvalho...Devido ao meu pai ser uma pessoa ligada ao Atletismo, conhecia a obra do Sr. Arons relativa a este desporto que sempre acarinhou...Os meus sentimentos à sua família...
ResponderEliminarConheci o Arons desde que me lembro de mim. Foi grande amigo do meu pai, que em 1970 o convidou a estrear-se nas lides jornalísticas. Tinha uma série enorme de qualidades raríssimas: dedicação ilimitada às suas duas paixões - o Benfica e o Atletismo -, enorme capacidade de trabalho, competência exercida com total sobriedade e discrição e desinteresse dos valores materiais e de qualquer forma de gratificação. Isto é: fazia o que a sua consciência de benfiquista e jornalista lhe ditava. Assim era o Arons. Não vai haver outro como ele.
ResponderEliminarLembro-me do Arons desde que me lembro de mim próprio, desde que o meu pai começou a levar-me ao atletismo, onde estava o Arons a correr os seus 800 metros - onde foi recordista de juniores com 1.54,7, como sempre me lembrava, a sorrir, o meu pai. E foi o meu pai, que por ele tinha enorme amizade e admiração, que o convidou em 1970 a substituí-lo na Capital, onde assegurava a rubrica de atletismo. Dedicou-se sem limites as suas duas grandes paixões: o Benfica e o Atletismo. Ambos beneficiaram das suas excepcionais qualidades: capacidade de trabalho, competência, luta pelas suas convicções, tudo conjugado com uma atitude discreta, sóbria e totalmente alheia aos interesses materiais. No Benfica e no Atletismo - onde o seu trabalho como estatístico será infelizmente descontinuado - não teremos pessoa igual. Ficam a sua memória e o seu exemplo excepcional. Amanhã lá estarei no funeral para uma última homenagem, como o estarão tantas e tantas pessoas do nosso atletismo.
ResponderEliminarNotícia muito triste. Partiu um enorme Benfiquista. O Clube e o Atletismo do Clube (se não estou em erro, a nossa segunda modalidade mais antiga) devem-lhe muito. Felizmente conseguiu assitir ao inédito feito nacional: a conquista do 12º Campeonato Nacional consecutivo. Obrigado, caros Alberto Miguéns e Francisco Sequeira Andrade, pelas vossas palavras.
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