António do Couto 150

UM DOS PIONEIROS DO CLUBE, TALVEZ O MAIS IMPORTANTE CASAPIANO NA AFIRMAÇÃO INICIAL DO «GLORIOSO» NASCEU HÁ 150 ANOS, EM 8 DE MARÇO DE 1874.

Em 1904, Cosme Damião (18 anos) era um debutante. António Couto (30 anos) era um dos futebolistas portugueses mais respeitados, talvez, o mais respeitado. Depois arquitecto famoso e importante (clicar).

Primeiro dar-lhe a palavra nesta notável entrevista. Depois algumas considerações acerca da sua importância no Clube.

1. 22 de Janeiro de 1898. Faz parte da célebre equipa escolar, jogando a "meio-defesa-esquerdo" mais tarde médio-esquerdo, que foi à Quinta Nova, em Carcavelos, derrotar os ingleses do Cabo Submarino.

A equipa da Real Casa Pia de Lisboa em 1897. Da esquerda para a direita. Em cima: ANTÓNIO COUTO (2.º), Emílio Carvalho (3.º), Silvestre Silva (5.º), Januário Barreto (6.º), José Neto (7.º) e Francisco Santos (8.º); Em baixo, no centro: Pedro Guedes, capitão (por isso é o "dono da bola"). Estes sete jogaram no "Glorioso". Depois temos ainda. Em cima: João Cambraia (1.º) e Raul Carapinha (4.º). Em baixo: João Pedro (1.º) e Bruno do Carmo (3.º)

2. 13 de Dezembro de 1903. Pode ter sido um dos casapianos, mas já ex-aluno da Instituição, integrando a "Associação do Bem" que reforçou o "Grupo dos Catataus" (miúdos do bairro de Belém) que venceram no jogo de desforra o "Grupo dos Pinto Basto" no campo das Terras do Desembargador, às Salésias. Foi no almoço que se seguiu ao encontro, no Café do Gonçalves (em frente à Farmácia Franco), em euforia devido ao excelente resultado, que surgiu a ideia «com estes elementos - mesmo só portugueses - fazia-se um excelente "team" (clube)». E assim foi!

3. 1 de Janeiro de 1905. Sendo um dos futebolistas mais conhecidos e com reconhecida capacidade e experiência foi escolhido para capitanear o Clube no seu primeiro jogo frente ao Grupo do Campo de Ourique. Jogou a médio-esquerdo ou meio-defesa-esquerdo (half-back).

4. 19 de Fevereiro de 1905. Ao terceiro jogo, marca pela primeira vez com as "flanelas vermelhas" na vitória, por 3-0, frente ao Gilman SC, futebolistas das fábricas de Braço de Prata e Sacavém. O jogo realizou-se nas Terras do Desembargador, às Salésias.

5. 23 de Abril de 1905. Ao sexto jogo, a primeira goleada do Clube, numa vitória, por 6-0, com o Grupo Football Estephania, nas Terras do Desembargador, às Salésias. Marca um golo.

6. 28 de Janeiro de 1906. Ao oitavo jogo, estreia-se a médio-centro, ou como, se designava à época, meio-defesa (half-back). Jogo frente ao Internacional (CIF) numa vitória, por 2-1, nas Terras do Desembargador, às Salésias.

 Da esquerda para a direita. De cima para baixo: José da Cruz Viegas, Manuel Móra, Fortunato Levy, Albano Santos, ANTÓNIO COUTO e Emílio Carvalho; Cândido Rosa Rodrigues, Silvestre Silva, António Rosa Rodrigues, José Rosa Rodrigues e Carlos França 

7. 17 de Março de 1906. Ao 10.º jogo, "apadrinha" a estreia de Cosme Damião na primeira categoria, no torneio "Troféu Viúva Alexandre Senna". Jogo frente ao Lisbon Cricket Club (ingleses da Linha) numa derrota, por 0-1, no terreno do adversário, na Cruz Quebrada, atrás da estação de comboios da Linha de Cascais. Couto joga a «médio-centro» (Half-back) e Cosme Damião a defesa-direito (Back).

8. 22 de Janeiro de 1907. Ao 13.º jogo, está na equipa que afirma, inequivocamente, o Clube como o melhor depois dos ingleses. Joga a «médio-centro» (half-back) na vitória, por 1-0, sobre o Internacional (CIF), no campo da Quinta Nova em Carcavelos. Foi a terceira vitória consecutiva sobre o Internacional que era o clube, quando ainda era designado "Grupo dos Pinto Basto" que tinha mais fama como o "melhor depois dos ingleses" antes da fundação do «Glorioso». E que, aliás, leva à fundação do Clube, em 28 de Fevereiro de 1904. 

9. 10 de Fevereiro de 1907. Ao 14.º jogo, faz parte - jogando a "meio-defesa-central" depois médio-centro - da célebre equipa do Clube que venceu, após nove anos (desde 22 de Janeiro de 1898) os ingleses do Cabo Submarino que estavam invencíveis desde essa data em que ele também jogou. Depois deste jogo o Clube passou a ser conhecido por «Gloriosíssimo».

Uma equipa com dez dos onze heróis do 10 de Fevereiro. Da esquerda para a direita. 1.º nível (atrás): David Fonseca, Emílio Carvalho, Cândido Rosa Rodrigues, Marcial Costa, Fortunato Levy e, atrás, Carlos França; 2.º nível: Manuel Mora; 3.º nível: Queirós Santos, Albano Santos, ANTÓNIO COUTO e Cruz Viegas; 4.º nível (à frente): Manuel Gourlade; Arbitro ou adepto: desconhecido.  Em Carcavelos, em vez de Cruz Viegas jogou Henrique Costa.

10. 16 de Fevereiro de 1907. Ao 15.º jogo, estreia-se a médio-esquerdo, ou como, se designava à época, meio-defesa (half-back). Jogo frente ao Lisbon Cricket Club (ingleses da Linha) numa derrota, por 0-1, no terreno do adversário, na Cruz Quebrada, atrás da estação de comboios da Linha de Cascais.

11. 3 de Maio de 1907. Último jogo, como «médio-centro», pelo «Glorioso», ao partir a perna, num encontro com o Internacional (CIF) no Campo da Quinta Nova, em Carcavelos. Vitória por 1-0. Foi o 16.º jogo do «Glorioso» e o seu 16.º jogo. Era totalista.

Depois...

Alberto Miguéns

NOTA: a ida no Verão de 1907 para o Sporting CP permitindo a este clube, fundado em 8 de Maio de 1906, ter finalmente uma equipa de primeira categoria para se inscrever no campeonato de 1907/08 depois de falhar, por não ter futebolistas de qualidade, o campeonato de 1906/07 não tem um impacte tão negativo como pareceu ter aquando da "deserção". Como o Clube resistiu e não acabou, a saída de oito futebolistas da primeira categoria permitiu rejuvenescer (por obrigação) a primeira categoria do «Glorioso». Destes oito futebolistas, seis (as excepções foram os dois irmãos Rosa Rodrigues: Cândido e António) poucos jogos fizeram no Sporting CP e nada conquistaram, pois já eram veteranos. Seria o «Glorioso» a conquistar quatro títulos (1909/10, 1911/12, 1912/13 e 1913/14) antes do Sporting CP se estrear a conquistar o Campeonato Regional, em 1914/15. E aqui, sim, porque três dos melhores futebolistas do Clube, em 1913/14, passaram a jogar pelo SCP em 1914/15, principalmente o melhor futebolista português de sempre (Artur José Pereira; médio-centro) até meados dos Anos 20, quando surgiu Vítor Silva (avançado-centro do «Glorioso»)