PARA RESPONDER A UM LEITOR DECIDI FAZER ESTE TEXTO "INTERMÉDIO" POIS ESTÁ PROMETIDO O TEXTO A EXPLICAR TODO O PROCESSO.
Desde a ideia original para fazer a Cidade Desportiva do Benfica, em final dos Anos 40, até às negociações com o Ministério das Obras Públicas, a Câmara Municipal de Lisboa, envolvendo a permuta de terrenos com a cedência pelo Clube da Sede na avenida Gomes Pereira (actual edifício da "minha" J. F. Benfica) e depois a delapidação dos hectares como se pode constatar. Com documentação de várias entidades com destaque para as informações que os associados foram tendo por estarem descritos as dimensões, os custos, pagamentos e projectos nos Relatórios do Clube até à década de 90. Depois houve um "apagão".
2002 - 2020
|
Respondendo ao leitor (e aos que têm questionado o que é a «pera»)?
Esse terreno chamado a «pera» resultou numa "ilha" com pouco mais de um hectare que sendo propriedade do Clube ficou descontinuado do restante espaço com a construção da avenida Lusíada - o Benfica quando recebeu os terrenos já sabia que seria construída uma avenida, só não sabia quando - daí ter sido fácil adquirir pois a CML não queria construções junto a vias rápidas, preferindo espaços verdes e desportivos. Depois o dinheiro tem peso suficiente para tudo mudar. Ocorreu o mesmo com a construção da Segunda Circular. A Direcção do Benfica na Assembleia Geral, em 11 de Junho de 2014, indicou (Nuno Gaioso) que não tendo utilidade para o Clube devido ao isolamento e reduzida dimensão seria entregue ao Município.
Só que...
Há notícias que houve contrapartidas. É isso que estou a tentar averiguar. Ao que parece - e quem me garantiu tem credibilidade suficiente para que acredite, mas há que saber com documentos - que em troca a CML concedeu ao Benfica a possibilidade de fazer um lote urbanizável no lado poente da avenida Machado Santos, ou seja, onde se encontra o campo sintético e as entradas para o estacionamento exterior do estádio. Com projecto de arquitectura de um conhecido arquitecto já entregue.
O Benfica foi pioneiro e vanguardista
O que foi inicialmente projectado pelo arquitecto João Simões. Antigo futebolista do Clube e sogro do ex-Director-Geral da Saúde, Francisco George.
E onde se conseguiu chegar
As alterações justificaram-se pela evolução, do território e das necessidades desportivas. No projecto inicial estava prevista a construção de uma piscina olímpica (50 metros) - em 1982, passou para lá o pavilhão polivalente n.º 2, depois do pavilhão no interior do estádio, inaugurado em 1965 - pois não havia necessidade de ter pavilhões. As modalidades jogavam em recintos ao "ar livre" com pisos de cimento: hóquei jogava em rinques sem cobertura, o basquetebol em campos com telheiros, o voleibol em rinques ou campos de basquetebol adaptados e o andebol de sete só teve expressão em Portugal a meio da década de 50, dominando o Andebol de Onze em campos de futebol pelados. Os oito "courts" de ténis tiveram que ser deslocados para nascente pois a sul o terreno ficou reservado para uma futura avenida que seria a Lusíada. Mas fizeram-se onze e mantinha-se um "court" central com espaço para montar bancadas amovíveis. Ainda vi lá o Benfica conquistar dois campeonatos nacionais por equipas (1989 e 1990) numa equipa capitaneada por João Cunha e Silva.
Foi bom enquanto durou!
Alberto
Miguéns
NOTA: O Benfica foi sempre pioneiro. Já nas instalações do Campo Grande tinha dois campos - Futebol e modalidades (Andebol de Onze, Hóquei em Campo e Râguebi) com pista de atletismo em cinza. Ao topo o campo de voleibol (depois passou a treinar e jogar no ginásio do Liceu Gil Vicente/bairro da Graça) e a sul o de basquetebol (embora só para treinar). O Hóquei em Patins jogava no rinque da Sede, na avenida Gomes Pereira. O Benfica sempre foi assim...criterioso e generoso. Marca Cosme Damião/Félix Bermudes
Caro Alberto,
ResponderEliminarAntes de mais obrigado pelo esclarecimento em relação ao terreno da "Pera".
Também tenho conhecimento da vontade em alterar o atual loteamento de modo a construir a um edifício de uso misto na zona do relvado sintético, constituído por um embasamento com unidades comerciais, com entrada pelo lado da avenida e pelo estádio, e habitação nos pisos superiores.
Esta ocupação do relvado sintético e do parque de estacionamento, preocupa-me porque condicionara uma futura evolução do Estádio, quando daqui a 15/20/25 anos for necessário construir um novo Estádio, não haverá espaço, será necessário demolir o atual para construir um novo, e durante esse período de 2 a 3 anos o Benfica, passará a ser Seixal, Oeiras, ou qualquer outro sítio...
Os sócios que se opuserem ao processo podem-se manifestar de duas formas:
- No Período de discussão pública, promovido pela CM Lisboa, durante o qual os interessados poderão apresentar as suas reclamações, observações ou sugestões.
- E numa AG, onde eventualmente o assunto seja apresentado aos sócios, se o for...
No site da CM Lisboa, são colocados todos os loteamentos, novos ou alterados, no início do periodo de discussão, neste link:
https://www.lisboa.pt/cidade/urbanismo/gestao-urbanistica/loteamentos
Curiosamente o último que lá foi colocado, é referente ao terreno quadrado no Alto dos Moinhos, em frente ao convento de São Domingos:
http://cidadania.lisboa.pt/consulta-publica/detalhe/1496/discussao-publica-alteracao-ao-loteamento-
Temos de estar atentos...
Um abraço glorioso,
Pedro Freire
Caro Pedro Freire
EliminarAgradeço. Espero que consiga a sua preciosa colaboração sempre que houver, pelo menos, aqui no blogue assuntos deste tipo e preocupação.
Domina o assunto muito melhor que eu.
Obrigado
Saudações Gloriosas
Alberto Miguéns
NOTA: É muito importante essa posição de não permitir mais construção pois o espaço existente ainda permite fazer um estádio novo, até maior que o actual. E a evolução demográfica portuguesa não permite estabelecer que a Área Metropolitana de Lisboa cresça em demografia/habitação nos próximos 50 anos como cresceu nos últimos 50. O Benfica não vai ter que deslocar o estádio para nenhum Município contíguo a Lisboa. Tem é de salvaguardar espaço no local onde está desde 1951 quando comprou os primeiros quatro hectares.
AM