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18 outubro 2021

João Persónio 142

18 outubro 2021 3 Comentários

COMPLETAM-SE 142 ANOS DO NASCIMENTO DE PERSÓNIO.


O guarda-redes Persónio junto do capitão-geral Cosme Damião

Um dos pioneiros do Benfiquismo que ajudou a fazer do Clube o maior de Portugal e um dos melhores do Mundo.

 

Com uma infância atribulada João Carvalho Persónio

Nasceu em Torres Vedras, há 142 anos, em 18 de Outubro de 1879, baptizado um mês depois (17 de Novembro). 

 


Frequentou a Real Casa Pia de Lisboa

Onde se fez homem. Órfão de pai e mãe foi uma tia paterna que conseguiu a sua admissão na Casa Pia, em 1 de Março de 1888, aos nove anos e quatro meses. Em 1895, matriculou-se no curso da taquigrafia na Câmara dos Deputados. Deixou a nobre Instituição, por proposta de poder ser independente, em 27 de Outubro de 1900, com 21 anos e nove dias.




Uma vida com uma ocupação de grande destreza

Foi taquígrafo nas Cortes (actual Assembleia da República) única forma com "gatafunhos" (simbologia) de registar os discursos dos Deputados. Eis uma prova da sua sapiência retirada do livro de homenagem ao ilustre provedor casapiano, Francisco Margiochi.

 


Fundação

Podia ter sido um dos Fundadores, mas os casapianos tiveram mais dificuldade em frequentar Belém com assiduidade pois já tinham vida familiar e profissional. Por isso os 24 Fundadores, moradores no bairro, eram mais novos e viviam perto. O «Glorioso» não tinha instalações próprias. Era complexo para homens já com "vida feita ou iniciada" longe de Belém deslocarem-se para se equiparem, desequiparem atrás de árvores e muros ou levarem num poço. 




João Persónio exemplifica, na perfeição, com dados biográficos porque não foi esta geração experiente (por isso mais velha) fundadores do Clube. Foram 24 mas podiam ter sido 48 ou quase. João Persónio em 28 de Fevereiro de 1904, tinha 21 anos e quatro meses estando casado desde 16 de Janeiro de 1904, há dois anos, já taquígrafo, talvez com filhos e empregado, provavelmente, nas Cortes, em São Bento, perto deste local vivia, na "velhinha" rua de Caetano Palha, então (deficientes transportes, a não ser comboio ou o «americano», talvez nos primeiros carros eléctricos, desde 1901) bem longe de Belém.



1904/05

Da mesma geração (1879) de António Couto (1874), Félix Bermudes (1874), Pedro Guedes (1874), Emílio Carvalho (1875), José Neto (1875), Silvestre Silva (1876), Januário Barreto (1877), Francisco Santos (1878), Daniel Queirós dos Santos (1879) ou José Cruz Viegas (1881), mas mais velho seis anos que Cosme Damião (1885) não se cruzando a "Geração Margiochi" com a de Cosme Damião. 

 

Fotografia digitalizada da página 25, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva

1905/06

Com jogos na segunda categoria revela-se um guarda-redes seguro mas sem possibilidades de "tirar o lugar" na primeira categoria ao fabuloso Manuel Móra.

A 2.ª categoria em 1905/06 com um misto de ex-1.ª categoria de 1904/05 e novos futebolistas. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Alinhadas com a táctica do jogo. Em cima, os três médios: Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança; Ao meio, os cinco avançados: Félix Bermudes (cap.), Eduardo Corga, Henrique Teixeira, António Meireles e Carlos França; À frente, os defesas e guarda-redes: José Rosa Rodrigues, João Carvalho Persónio e José Netto. Álvaro Gaspar não aparece como futebolista, apenas como associado. Fotografia digitalizada da página 73, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva


1906/07

Continua como guarda-redes de uma segunda categoria cada vez com mais categoria que vai "trazer" para o «Glorioso» o primeiro troféu conquistado no terreno do Football Cruz Negra, no Largo da Luz, actualmente o Jardim do largo da Luz (clicar), em 21 de Abril de 1907, último jogo de muito pela segunda categoria.


A 2.ª categoria em 1906/07. Uma equipa fortíssima. Será fundamental para responder à deserção para o SCP em Maio de 1907. Foi inscrita como 1.ª categoria em 1907/08. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Alinhados com a táctica do jogo. Em cima, os dois defesas e o guarda-redes: Henrique Teixeira, João Persónio e José Netto; Ao meio, os cinco avançados: Félix Bermudes (cap.), Eduardo Corga, Leopoldo Mocho, António Meireles e Carlos França; Na frente, os três médios: Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança. Fotografia (colorida à posteriori) digitalizada da página 51, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva


Verão de 1907

Com a debandada da primeira categoria - oito só para o Sporting CP - mas ainda mais quatro saídas (David José da Fonseca para o Football Cruz Negra, Marcial e Costa para Moçambique, Manuel Móra para a Argentina e Fortunato Levy, para Cabo Verde) restou o solitário Carlos França. E Manuel Gourlade, dedicado tesoureiro e "treinador" nos primórdios. Só estes? Não! E a segunda categoria que se inscreveria no campeonato para a primeira categoria, em 1907/08.



1907/08

Com dez jogos foi totalista, sofrendo dezassete golos para catorze marcados: três vitórias, dois empates e cinco derrotas. No campeonato Regional, organizado pela Liga Portugueza de Futebol, o Benfica classificou-se em terceiro lugar, atrás dos ingleses do Carcavellos Club e do Sporting CP, ou seja a ex-categoria do «Glorioso» com oito em onze futebolistas.

 

A 1.ª categoria (antiga 2.ª categoria) do Sport Lisboa em 1907/08. Os futebolistas tiravam as fotografias pelas posições que tinham em campo. Da esquerda para a direita. Em cima (avançados): Félix Bermudes (capitão), António Costa, António Alves, Eduardo Corga e António Meireles; Ao centro (médios): Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança; Em baixo (defesa à direita, guarda-redes e defesa à esquerda): Leopoldo Mocho, João Carvalho Persónio e Alfredo Machado Fotografia digitalizada da página 55, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva

1908/09

Continuou totalista, com doze golos sofridos para 27 marcados, em dez jogos: sete vitórias, um empate e duas derrotas. Um progresso pois o ex-Benfica (Sporting CP) já se classificou em terceiro lugar. À frente do Benfica apenas o TRIcampeão Regional, mestres ingleses do Cabo Submarino em Carcavelos.  


A Primeira Categoria em 1908/09. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Eduardo Corga, Luís Vieira, Henrique Costa, Cosme Damião, António Meireles e Artur José Pereira; António Bernardino Costa, Alberto Alves, João Persónio, Leopoldo Mocho e Carlos França. Félix Bermudes está "equipado" à ciclista. Não podendo jogar estava presente. Equipa que derrotou, por 4-0, para o campeonato regional, o SU Belenense, no campo do Sítio das Mouras (Lumiar), do Sporting CP, em 6 de Dezembro de 1908, na 4.ª jornada. Imagem retirada da página 10, da revista "Tiro e Sport" n.º 406 (10 de Janeiro de 1909). Fotografia publicada da página 141, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva


1909/10

Com João Persónio afastado e veterano - 30 anos - para um Clube tão exigente o guarda-redes foi Alfredo Machado. E o Benfica conquistou o título - primeiro - como Campeão Nacional. 

 

Equipa de 1907/08 e 1908/09. Da esquerda para a direita. De cima para baixo. Henrique Costa, Luís Vieira, João Persónio, Cosme Damião (capitão-geral, ou seja, também "treinador"), Leopoldo Mocho e Artur José Pereira, mais Gastão Pinto Basto (árbitro do jogo); António Costa, Eduardo Corga, David Fonseca, António Meireles e Carlos França Fotografia colorida digitalizada de uma separata, entre as páginas 64/65, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva

1910/11

Numa temporada complexa, o Internacional (CIF), seria campeão regional, o Benfica utilizou quatro guarda-redes: Alfredo Machado (dez jogos), Mário Monteiro (três jogos), João Persónio (três jogos/dois golos sofridos) e Jorge Rosa Rodrigues (dois jogos). Último jogo com o «Manto Sagrado» em 22 de Janeiro de 1911.


O taquígrafo João Carvalho Persónio com outro ganso, o virtuoso escultor José Netto. A escola da taquigrafia adquiriu prestígio em virtude Clemente José dos Santos (Barão de São Clemente) avô do professor Reynaldo dos Santos e bisavô do gravador e pintor Bartolomeu Cid dos Santos, cuja obra pode ser admirada na Estação de Metropolitano de Entrecampos, em Lisboa 


Dirigente

Foi dirigente do Clube, eleito anualmente, entre 1911 e 1923, como primeiro secretário da Mesa da Assembleia Geral.



Falecimento

Consta que faleceu nos Anos 20 o que terá de ser confirmado. A «Gloriosa História» é uma história ininterrupta...


Obrigado, Persónio!

 

Alberto Miguéns


NOTA: Agradecimento ao dedicado leitor deste blogue, Victor João Carocha, sem o qual não haveria as ilustrações que «Honram os Ases Que Nos Honraram o Passado»


OUTRA NOTA: Durante este dia de homenagem a João Persónio poderá ainda ser inserido um "capítulo" acerca dele como casapiano agradecendo desde já à Instituição o apoio para que Persónio tenha a melhor homenagem possível

3 comentários
  1. João Carvalho Persónio foi um nome grande nos primórdios do nosso Clube. O texto do Alberto faz-lhe plena justiça, salientando que poderia ter sido um dos fundadores.

    Foi igualmente relevante, mais tarde, na sobrevivência do Clube depois da crise de maio de 1907. Deve ser relevada a sua ação durante os tempos que levaram à junção com o Grupo Sport Benfica.

    Terá tido uma vida demasiado curta para ver as gloriosas décadas de 30 em diante.

    Obrigado, João Carvalho Persónio.

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  2. Boas sr.Alberto,que jogo foi esse a 22 de Janeiro de 1911??
    Contra que adversário e qual o resultado?
    OBRIGADO!!!!SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!
    VIVA O BENFICA!!!!!!

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