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12 maio 2020

1912: Conquista do Campeonato Regional

12 maio 2020 0 Comentários
COM A VITÓRIA NA ÚLTIMA JORNADA, HÁ 108 ANOS, O «GLORIOSO» CONQUISTAVA O CAMPEONATO REGIONAL.

Um "onze" semelhante ao que jogou há 108 anos. Da esquerda para a direita. De pé: Francisco Belas, Henrique Costa, Paiva Simões, Cosme Damião (cap.) e Alberto Rio; Ao centro: Luís Vieira e Francisco Pereira; Em baixo: Germano Vasconcelos, Francisco Viegas, Álvaro Gaspar e José Domingos Fernandes

Seria o primeiro de uma série de três consecutivos - 1911/12, 1912/13 e 1913/14 - recuperando o título de Campeão de Lisboa, perdido em 1910/11 para o Internacional/CIF. O primeiro título do clube datava de 1909/10, assim este foi o segundo, em termos cronológicos.


«Meio Século de Futebol (1888/1938» de Júlio de Araújo; página 111; edição de exemplar único manuscrito e dactilografado com colagem de recortes de Imprensa pelo autor. Os resultados a vermelho foram acrescentados, ontem, pois Júlio de Araújo não os inscreveu na tabela

Foi apenas uma confirmação nesta última jornada
O Benfica seguia isolado - e "matematicamente" - já era campeão há duas jornadas, tal a superioridade. Desde 10 de Março de 1912, ao vencer na segunda volta o Sporting CP. Com dez pontos e dois por disputar, o «Glorioso» tinha mais quatro que o Internacional/ CIF. Numa edição "muito curta" - apenas seis jornadas (quatro clubes) - o «Glorioso» fez o pleno: seis vitórias em outros tantos jogos com 21 golos marcados, para quatro sofridos. 


O adversário era muito débil - uma vitória para cinco derrotas
Iam "longe" os tempos do SC Império como clube bem estruturado e orientado apesar de ter o melhor campo de Lisboa, o de Palhavã onde o Benfica fazia os seus jogos frente a equipas de clubes estrangeiros em digressão por Portugal.



O jogo dos "seis-a-dois"
Infelizmente não é possível colocar a digitalização da deliciosa crónica acerca do jogo publicada no jornal "Os Sports Illustrados" pelos motivos que todos sabemos e não vou estar sempre a repetir isso. Escreveu-se que ambos os clubes introduziram mudanças nas habituais equipas titulares. Quanto ao adversário não sei. O Benfica fez três "alterações" que não posso justificar pois não sei quais e quantas foram por escolha ou por necessidade. Mas, por acaso ou não, houve "critério": 50 por cento da defesa (um em dois); 33 por cento no meio-campo (um em três); e 20 por cento na linha avançada (um em cinco)! Respectivamente: Carlos Costa em vez de Francisco Belas; Álvaro Vivaldo em vez de Carlos Homem de Figueiredo; e Boaventura Silva em vez de João dos Reis. O Benfica chegou a 4-0 (Luís Vieira (2), Álvaro Gaspar e Alberto Rio) e a 6-1 (Alberto Rio e Álvaro Gaspar). Uma "limpeza"!


Imagem do encontro da primeira volta, em 7 de Janeiro de 1912, na vitória por 2-0. O campo é o do adversário, em Palhavã. O Benfica entre a saída da Quinta da Feiteira (Benfica) e a inauguração do novo espaço na Quinta Nova (Sete Rios) disputava os jogos "em casa" no terreno dos adversários

Albano dos Santos
Foi um dos pioneiros, no século XX, do futebol português. Era um futebolista muito resistente a nível físico que "durava o jogo todo" e sabia todos os "segredos que um bom futebolista tem que saber", ou seja, entre outras "coisas", sabia colocar-se em campo de modo a ajudar a defesa e apoiar o ataque. Um pilar do meio-campo (ou meia-defesa, como se escrevia/dizia na época: "half-back") das equipas em que jogou e nos clubes por onde passou. Há notícias dele no primeiro adversário do «Glorioso», o Grupo do Campo de Ourique. Depois vem reforçar, ainda em 1904/05 o meio-campo do Clube substituindo César de Mello, a médio-centro, como comprova, em baixo, a fotografia ao centro, entre Fortunato Levy (médio-direito) e António do Couto (médio-esquerdo). É dos futebolistas que abandona o Clube, no Verão de 1907, ingressando no Sporting CP, para ser titular absolutíssimo, em 1907/08. Em 1911/12 jogava no SC Império, ainda como médio-centro. Teve um percurso descendente abrupto. Não sei (ainda não sei) o motivo! Falta uma referência fundamental. Dos pioneiros do Clube é dos poucos que (ainda) não sei a data de nascimento. Já seria veterano? Um dia se saberá!



O eléctrico a passar
Na fotografia que retrata uma jogada no campo de Palhavã vislumbra-se um eléctrico a passar na, então, Estrada de Palhavã, actualmente rua Professor Doutor Edmundo Lima Basto (médico prestigiado, durante o mandato de 1964, eleito presidente da Mesa da Assembleia Geral do S.L.B., na gerência cujo presidente da Direcção foi Adolfo Vieira de Brito), como escrevi, vê-se o tejadilho de um eléctrico (a bola caprichosamente localiza-o). Quando vejo esta fotografia lembro-me sempre do malogrado maratonista Francisco Lázaro que "treinava" morando no Casal do Tojal, em Benfica, correndo entre a avenida Grão Vasco/Igreja de Benfica e o Rossio (trabalhava numa oficina no Bairro Alto) tentando ultrapassar o maior número de eléctricos possível, nesta carreira n.º 1, então entre a Igreja de Benfica e o Rossio, entre este e a igreja de Benfica. Já há história para escrever, aqui no blogue, em 15 de Julho, quando se completam os 108 anos, do seu falecimento, durante a Maratona Olímpica, em Estocolmo. Em 12 de Maio de 1912, mesmo a um domingo, estaria Francisco Lázaro a ver o jogo, a correr atrás dos eléctricos ou noutro sítio qualquer?



Assim se foi fazendo gigante um clube que nasceu com 24.

Alberto Miguéns

NOTA: Quando for possível será colocada a digitalização da crónica do jogo, de um dos jornais da época, retirando o "cromo" do adversário, pois o Master Groove anda sempre a "embirrar" repetindo à exaustão que o blogue tem imagens com peso a mais. Pouco exercício devido às circunstâncias mas é também por isso que ficou a faltar a dita digitalização.

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