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10 agosto 2022

Chalana 1982/83: o Tenor em Orquestra Afinada

10 agosto 2022 0 Comentários
«DOBRADINHA» EM BANHO-MARIA. 


Além da competição que foi objecto de recordação na primeira parte (ontem) – o campeonato nacional – o Benfica esteve excelente nas outras duas competições, ambas a eliminar: Taça UEFA (a duas mãos incluindo a final) e Taça de Portugal (disputada, na íntegra, a uma mão).


Taça UEFA e Taça de Portugal (considerações gerais)
O «Glorioso» regressou a uma final europeia, embora da Taça UEFA (então denominada pela confederação europeia como C3) o que já não ocorria desde 1967/68, embora na C1: Taça dos Clubes Campeões Europeus. E só não disputou a final da Taça de Portugal porque esta foi adiada para o início da temporada seguinte, mas para os “devidos” efeitos é contabilizada em 1982/83. Em termos históricos é que terá de ficar para 1983/84 pois o plantel disponível para a final não foi o mesmo. Oliveira que foi eliminado enquanto futebolista do CS Marítimo, logo nos 32-avos-de-final, no estádio dos Barreiros (Funchal) pelo GD Riopele, 11.º classificado da zona Norte da II Divisão, ao perder por 1-2, averba no seu currículo a conquista do troféu. Por outro lado, Alves, Frederico e César, que “contribuíram” para apurar o Clube para a final já não a puderam jogar, pois faziam parte, em 1983/84, de outros plantéis, respectivamente, Boavista FC (Alves e Frederico) e Grêmio TB Porto Alegrense.

Toni (adjunto), Eriksson (treinador) e Delgado (suplente)

Ainda Eriksson
Não fez qualquer distinção entre competições. Eram todas para conquistar, por isso praticamente jogaram sempre os mesmos, nas três competições, com a titularidade a depender da capacidade física, desgaste e cumprir suspensões, com as substituições a serem feitas por questões tácticas, de fadiga ou compatibilidade. Esta boa percepção da grandeza do Benfica – jogar para conquistar – resultou quase (ficou a Taça UEFA por conquistar) e a presença assegurada na final da Taça de Portugal. Além disso geriu muito bem (pelo menos…) três situações: Stromberg, Alves e Diamantino, embora Alves tenha mais que se lhe diga… Stromberg foi contratado pois Eriksson percebeu que o Benfica necessitava de um futebolista com cultura táctica e personalidade de excelência, visto ser ex-futebolista treinado por ele no IFK Gotemburgo. Mas “geriu com pinças” a sua integração. Percebia que faltava “força” para libertar a criatividade de Carlos Manuel, Chalana e Diamantino, mas principalmente de Alves. Como a equipa ia superando os obstáculos preferiu- principalmente pela notável capacidade táctica de Sheu – manter Stromberg como elemento suplente – 18 sem ser utilizado, oito a titular e um a entrar ao intervalo. Diamantino foi o único totalista (30 jogos) no campeonato nacional, na Taça UEFA (12 jogos) e na Taça de Portugal (seis jogos), mas nos 48 jogos, em 16 como suplente utilizado, jogando nas quatro posições no meio campo e fazendo par com Néné ou com Filipovic, na linha avançada. Diamantino foi titular em 20 jornadas do campeonato e dez como suplente utilizado. Na Taça UEFA, em doze jogos, sete a titular e cinco como suplente utilizado. Na Taça de Portugal, em seis jogos, cinco a titular e um como suplente utilizado, entrando ao intervalo para sair César. Alves foi mais complicado de gerir. Primeiro teve que ir alterando o seu modo de jogar, sendo substituído com frequência, depois há a estória da segunda mão da final em que muitos críticos de Eriksson afirmam que deveria ser titular.    

TITULARES NOS 18 JOGOS DAS DUAS COMPETIÇÕES A ELIMINAR: TAÇA UEFA (12 jogos) E TAÇA DE PORTUGAL (seis jogos)

Mais Chalana
Tal como no campeonato nacional as suas exibições nas duas competições a eliminar foram de excelência, beneficiando da qualidade táctica de Sheu ou da presença de Stromberg. Nos 18 jogos da Taça UEFA/Taça de Portugal fez onze deles completos, sendo substituído em seis, aos oito minutos, 88, 69, 67, 85 e 51 minutos. Só seis futebolistas fizeram mais jogos completos e apenas dois (Bento Humberto Coelho) fizeram mais um jogo que Chalana. Em minutos, foi o sexto futebolista mais utilizado e apenas Carlos Manuel, entre os centrocampistas, jogou mais minutos, mais 137! 

FUTEBOLISTAS UTILIZADOS NA TAÇA UEFA (12 JOGOS) E TAÇA DE PORTUGAL (6 JOGOS) NUM TOTAL DE 18 JOGOS (1620 MINUTOS)

Futebolistas

JOGOS NA TAÇA U.E.F.A. E TAÇA DE PORTUGAL

Completos
Titular
Totais
Minutos
Bento
17
18
18
1 575 (1.º)
Humberto Coelho
17
18
18
1 575 (1.º)
Pietra
17
17
17
1 530 (3.º)
António Bastos Lopes
16
17
17
1 509 (4.º)
Carlos Manuel
15
17
17
1 495 (5.º)
Néné
12
14
17
1 316 (7.º)
CHALANA
11
17
17
1 358 (6.º)
Sheu
10
13
16
1 128 (10.º)
Diamantino
9
12
18
1 178 (9.º)
Filipovic
9
15
16
1 284 (8.º)
Veloso
9
10
10
872 (12.º)
Alves
8
12
14
1 082 (11.º)
Álvaro
7
7
8
640 (13.º)
Alberto Bastos Lopes
2
3
6
299 (14.º)
Stromberg
2
3
3
249 (16.º)
José Luís
1
2
7
273 (15.º)
Carlos Pereira
1
1
2
135 (17.º)
César
-
1
7
129 (18.º)
Frederico
-
1
3
105 (19.º)
Delgado
-
-
1
45 (20.º)
Padinha
-
-
1
28 (21.º)
NOTAS: 1. Foram utilizados 21 futebolistas, mas dois nunca foram titulares nos 18 jogos; 2. Os minutos totalizam 17 805 em vez de 17 820 (18 jogos x 11 futebolistas x 90 minutos) ou seja, menos 15 devido à expulsão de José Luís aos 75 minutos

Chalana nas meias-finais da Taça UEFA, frente ao FC Universitatea Craiova

Taça UEFA e Taça de Portugal (considerações particulares)
1. Na Taça UEFA, o Benfica fez um percurso de grande nível, eliminando aquele que era, talvez, o melhor plantel da competição, o do clube transalpino, AS Roma. Foram dois dos melhores jogos europeus do Benfica nos Anos 80. Na final, houve imprudência. Na primeira mão, José Luís foi imprudente pois tendo sido já admoestado com cartão amarelo devia ter sido mais prudente para não ser expulso, enfraquecendo a equipa que procurava o empate no jogo e o plantel para o encontro da segunda mão. Nesta, depois de Sheu ter igualado a eliminatória a um golo, o Benfica nunca deveria ter permitido ao adversário fazer um contra-ataque mortífero, resultando no segundo golo. Havia que fazer contenção até ao intervalo, para depois Eriksson fazer as alterações que possibilitassem marcar o segundo golo na segunda parte. Mas agora é fácil ter esta opinião de treinador de bancada.
2. Na Taça de Portugal, o Benfica conseguiu responder bem à golpada e conluio entre o FC Porto e a FPF. Nesta destacou-se o Benfiquista Romão Martins (há quem não perceba que não há ninguém eterno, por isso ficará para sempre ligado a esta vergonha contra o Clube de que era adepto, ou seja, serviu-se mais do Benfica do que o serviu, pelo menos, bem. Já desapareceu deste Mundo!) – que foi candidato a presidente derrotado, em 1969, quando foi eleito Borges Coutinho e depois criou as condições para, como Chefe do Departamento de Futebol, permitir a saída de Artur para o Sporting CP e o não regresso de Jordão que queria voltar do Real Saragoça ao Benfica e depois acabou no Sporting CP. Pois Romão Martins, como presidente da FPF, aceitou disputar a final da Taça de Portugal fora do Estádio Nacional. Primeiro “inventando” ser jogada em Coimbra que mais não era um expediente para o FC Porto a poder jogar no seu estádio como ocorreria. Os dirigentes do «Glorioso» estiveram muito bem e Eriksson deu uma ajuda. O Benfica tinha mais oito jogos na Taça UEFA que o FC Porto que foi eliminado, por 0-4 (20 de Outubro de 1982), frente ao adversário da final, o RSC Anderlecht, logo na segunda eliminatória. No final da temporada esses 720 minutos de jogos intensos “pesavam”. Era preferível disputar a final na temporada seguinte, mesmo que fosse no terreno do adversário. De decisão em decisão e de recurso em recurso foi isso que acabou por ocorrer.

Se 1982/83 foi bom?! O melhor estava para vir…

Alberto Miguéns

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