FICARÁ COMO UM EXEMPLO DE UMA PRESIDÊNCIA QUE SE SABE COMO COMEÇOU MAS NÃO SE SABE COMO VAI ACABAR.
A assembleia geral ordinária (AGO) para apreciar e votar o relatório de gestão e as contas do exercício da Direcção de 2018/19, bem como o relatório e parecer do Concelho Fiscal foi muito mais, muitíssimo mais, que o que se passou já próximo do final. E se ficar reduzida ao acto (aliás dois) do presidente da Direcção é de lastimar pois foi uma das melhores assembleias gerais dos mandatos do actual presidente da Direcção.
Vou fazer uma resenha - que sendo pessoal procurará ser o mais rigoroso que conseguir - mas dividida em duas partes para que os 10 por cento final (uma da manhã até uma e meia) não contaminem os 80 por cento iniciais (vinte e uma horas até à uma da manhã).
Com cerca de cem assembleias gerais (ordinárias e extraordinárias) no "pêlo" desde 1979 (quando entrei para associado) ganhei dois vícios. Olhar para os presidentes da Direcção quando são anunciados pela Mesa da assembleia geral resultados de votações de propostas feitas pela Direcção e olhar para os presidentes da Mesa das assembleias gerais quando os oradores - numa assembleia geral, tirando a Mesa (pois conduz a assembleia) são todos associados em pé de igualdade, sejam dirigentes ou não, funcionários do Clube ou não. Um vício que fui tendo para entender as reacções e comportamentos desses dois presidentes - e sublinho que o faço desde os anos 80 - pois muitas vezes acabam por ter consequências no desenrolar da que se vai passar a seguir na assembleia geral.
A assembleia (AGO) começou de forma habitual com uma excelente intervenção do vice-presidente da Direcção, Nuno Gaioso Ribeiro, que sendo o porta-voz dos outros oito elementos da Direcção esteve uma hora e dez minutos a explicar o documento em análise acrescentando ainda gráficos e informações respeitantes a todo o "Universo Empresarial do Benfica" com comparativos dos últimos anos.
Seguiu-se o habitual tempo das intervenções para apreciar o documento e depois a intervenção do vice-presidente Nuno Gaioso Ribeiro a esclarecer as dúvidas. Aqui como é habitual nunca está bem. Dominando só os aspectos financeiros ignora o resto. E depois não há nenhum outro vice-presidente que venha explicar e responder a questões referentes a assuntos mais específicos. O que não era usual no Benfica. Muitas vezes os directores (depois designados vice-presidentes) falavam à assembleia (AGO) explicavam a tomada de decisões. Tinham pelouros - finanças, futebol, modalidades, instalações desportivas, cultura, "marquetingue", etecetra, e respeitavam os associados que os elegiam, falando-lhes. Isso terminou em 2003. Foi escolhido um porta-voz (começou por ser Rui Cunha mas a doença-motora deste impossibilitou-o) passando a "pasta" para Nuno Gaioso Ribeiro.
PRIMEIRA NOTA PESSOAL: Com este modelo - os vice presidentes não falarem de assuntos relacionados com as suas competências mesmo quando questionados, por vezes em algumas AGO's nem o presidente - deveria haver três AG's - a do Orçamento (Junho), uma de Esclarecimento/Provedoria do Sócio (início de Setembro) e outra do Relatório e Contas (final de Setembro). Essa assembleia intermédia extraordinária pois não está prevista nos Estatutos serviria para reduzir as intervenções finais nas outras duas.
(acabou de sair a convocatória para o encontro da 7.ª jornada, pois são 12:29 horas. Vamos ao mais importante - saber quem vai a jogo logo pelas sete da tarde - e deixar este texto a meio para depois)
Continuação...
Seguiu-se a votação pelas onze horas da noite com os resultados a serem comunicados à assembleia geral:
Como tenho esse hábito - atrás explicado - quando a Mesa da assembleia geral estava a anunciar os resultados olhei para o presidente da Direcção e percebi que ficara incomodado e irritado. Não percebi pois o documento foi aprovado com quase 80 por cento dos votos mas... mais tarde tudo "encaixou", na sua intervenção final, o presidente da Direcção disse que estava indignado pois «até com um Relatório e Contas nunca antes tão bem conseguido desde sempre no Benfica ainda houve 13 por cento que votaram contra!»
Como é habitual foram abertas as inscrições para as intervenções finais para discutir, numa hora, assuntos que os associados entendam ser do interesse do Clube. Inscreveram-se, cito de memória, pois estupidamente não apontei - também nunca imaginaria o que iria suceder - 23 associados.
Sucederam-se as críticas constantes dos associados. Tirando uma intervenção - que começou por elogiar a Direcção mas terminou a criticar a disfuncionalidade da assinatura digital de "O Benfica" - a tom foi de criticar algumas opções estratégicas da Direcção e acontecimentos recentes na vida do Clube (apoio do Clube a Paulo Gonçalves indiciado por vários crimes, esvaziamento dos pavilhões por desinvestimento orçamental e aumento dos ingressos, política do betão, obsessão com a formação com consequente desprezo pela capacidade competitiva do plantel principal, questionar a influência do empresário Jorge Mendes, utilização da comunicação do Clube para fazer propaganda dos dirigentes e funcionários em vez de promover o Clube e muito mais).
Mas foram intervenções quase todas brilhantes, coerentes, muitas construtivas dando sugestões e entregando trabalho feito em casa - como uma proposta para trazer mais adeptos aos jogos das modalidades - percebendo-se que os associados do Benfica continuam a ser o que sempre foram: mais do que ter bilhetes mais baratos para "ver a bola" alguém que se preocupa com o Clube. Que quer um clube sempre maior e melhor. Até podem não ter razão - só o tempo provará - mas mostram interesse e vontade em que o Benfica seja cada vez mais importante em Portugal e no Mundo. Que melhor pode querer um clube?
As intervenções foram excelentes - há anos que não assistia a intervenções globalmente, com tanta qualidade - baseadas na ironia, por vezes no humor (como a do tomate Guloso), algumas vezes no limite da sensatez mas nunca resvalando para o insulto. Tanto que o presidente da Mesa da assembleia geral nunca teve necessidade de intervir e tem essa obrigação se existirem insultos ou insinuações graves. Nunca o fez. Só duas ou três vezes pediu para terminarem as intervenções por já terem excedido o tempo e estarem a repetir a argumentação. Intervenções claras, muitas delas concisas, coerentes, construtivas, abordando preocupações legítimas e fundamentadas, apontando aquilo que consideram erros e apontando outros caminhos. Intervenções com conteúdo, ditas com urbanidade - por vezes no limite do aceitável em termos de civilidade, mas nunca excedendo - de quem esteve horas a preparar. E se esteve horas, se estiveram horas, é porque sente(m) e quer(em) o melhor para o Clube independentemente de se concordar ou não, parcialmente ou na totalidade.
Eis que surge a intervenção n.º 15 (talvez) que foi de uma jovem associada (uns vinte e poucos anos) que foi do melhor que se ouviu na assembleia geral. E a que mais perto esteve do limite da linha que separa a crítica do gozo. Mas sempre dentro da decência. Olhando para o presidente da Direcção percebeu-se que estava muito incomodado até pelo gesto de mau gosto e grosseria que foi fazendo. Mas era uma rapariga. Que foi ovacionada pelos restantes associados. O presidente da Direcção ficou com o "copo cheio" mas não se atreveu a invectivar a associada talvez por ser uma rapariga. Pois... mas (sem se perceber) alguém iria pagar "as favas". Foi o 20.º (talvez) a intervir que nem sequer foi muito incisivo - quando comparado com outras intervenções anteriores nesta AGO ou noutras num passado mais ou menos recente - mas foi sarcástico. E muito!
Depois chegou a 20.ª intervenção - a que "incendiou" a AGO - mas o texto para essa tem de ser bem pensado para conseguir ser o mais rigoroso possível e não prejudicar a imagem do Clube, até porque as actuais assembleias gerais do Benfica não são públicas. Além disso estar a escrever acerca das últimas quatro intervenções e da intervenção final do presidente da Direcção acabava por encobrir o que de bom teve a assembleia geral ordinária realizada em 27 de Setembro de 2019. Mas tem de ser dito - depois de reflectir e anotar ocorrências - como uma segunda parte, ainda que tenha ocupado uns dez por cento da AGO. Fica para amanhã!
Viva o Benfica!
Alberto Miguéns
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28 setembro 2019
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Ó Alberto, com todo o respeito, mas ficam a faltar 10% à Assembleia Geral....
ResponderEliminarCaro benfiquista Jorge
EliminarMas ficam à faltar temporariamente. Vou pensar como e depois fazer o texto desses dez por cento e tenciono publicá-lo amanhã. Não vão ficar sem dar a minha opinião. por muito rigor que se queira ter há sempre uma dose de opinião. Vão ser publicados esses dez por cento. Só que agora sinto-me incapaz pois penso mais no jogo das 19 horas que no que se passou pela uma da manhã. Prefiro estar à vontade (e calmo) para fazer o texto sem estar a pensar no Vitória FC.
Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Obrigado Dr. Miguéns pela explicação. Até parece que estive lá.
ResponderEliminarFico a aguardar os tais 10%. A julgar pelo que já li, foram muito quentinhos...
Admiro muito a sua sensatez e Benfiquismo. É uma referência para mim. Abraço Alberto
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