Mas um jogo de futebol não é um combate para humilhar. É apenas o mais importante daquilo que não é importante. Importante é a vida profissional (onde um ser humano para não ser predador do Planeta troca trabalho por salário para sobreviver) e a vida familiar das pessoas onde se estabelecem os laços amorosos e afectivos que justificam a sobrevivência.
Esta linguagem agressiva está a fazer do Futebol aquilo que nunca foi nem poderá ser. E é actualmente porque há demasiadas pessoas a viver do dinheiro que gera. Milhões de milhões.
Quando o Benfica vence, por 10-0, não considero que tenha humilhado a equipa do clube adversário nem quando o Benfica perde por 0-8 (máximo resultado sofrido e por duas vezes) considero que fui humilhado. Esta linguagem agressiva de humilha agora para se vingarem depois é desnecessária. Um vexame ao espírito do jogo.
Considero mais humilhante poder marcar golos e atirar propositadamente ao lado, chegar à baliza contrária e voltar para trás ou trocar a bola no meio-campo depois de já ter 3 ou 4 golos de vantagem para passar o tempo.
Os media deviam ter mais cuidado pois acicatam os ânimos. Guardem lá as luvas de pugilista que daqui a pouco o que se vai passar na «Catedral" é um jogo, apenas mais um jogo, mas de Futebol.
E paguem direitos ao Roy Lichtenstein. Eu é que não sei desenhar pois utilizava esta gravura lichtensteiniana mas com os dedos numa outra posição para o sangue que vocês gostam de ver correr.
Andem à porrada com o "Record" num quintal dos subúrbios para não fazer poluição sonora.
Alberto Miguéns
