Apesar da evocação, neste blogue, em 26 de Junho de 2012 nos "Benfiquistas de Sempre" (clicar) nunca poderia ficar no esquecimento a sua morte. Isto porque faleceu há 30 anos aos 30 anos de idade! Tal como ficou escrito:
Faleceu, aos 30 anos, num violento acidente de viação, pelas 14.30 horas, em 26 de Agosto de 1988, na Ponte de Amieira, próximo de Rio Maior, quando se dirigia para Leiria, a caminho de mais um dos muitos espectáculos de que o Agosto português é fértil.
Com 30 anos
Fez para ele e para os outros - era um artista prolifero e benemérito - cerca de 200 temas. Nenhum medíocre, muitos geniais. Que ninguém se intimide. Basta colocar a ouvir um dos 200 temas que nunca é tempo perdido. Se agora tivesse 60 anos quantos teria feito? Uns mil. E desses dado uns 400 a outros! E não plagiava!
Pouco "convivi" com ele. Será melhor...poucas vezes o vi!
Talvez Carlos Paião tivesse colaborado numa dezena de eventos do Benfica. Penso que essencialmente nos aniversários do jornal O Benfica". Que me lembre falei com ele escassos minutos em dois ou três desses eventos. Grande nome da musica popular portuguesa era mesmo uma personalidade que só podia ser do Benfica: pacato, criativo, produtivo, alegre, despretensioso, eficiente, desprendido e popular.Pacato
Não se pode dizer que o Benfica seja humilde. Humildade pode ser subserviência e servidão. Humildade pode ser falsa modéstia. O Benfica de Sempre é simples. Descomplica. Luta pela Liberdade e não há Águia com grilhetas. Assume a sua condição e luta por fazer bem, conseguir triunfar mesmo com poucos meios. Carlos Paião também.
Criativo
O Benfica sempre se reinventou. Passou por períodos onde não se estava a cumprir mas conseguiu saber tomar atitudes e mudar o que estava a barrar a sua grandeza. Por vezes teve que inovar e colocar-se na vanguarda do desporto português. Fez malabarismos e usou da imaginação para continuar a ser Benfica! Carlos Paião também.
Produtivo
Nunca recusou enfrentar os mais poderosos, respeitou os mais fracos e assumiu que mais um jogo é sempre mais uma possibilidade de vencer e de aprender. Acumulou jogos, vitórias e golos. Juntou muito tudo parecendo pouco. Carlos Paião também.
Alegre
O Benfica não escolheu o vermelho por acaso. Foi por ser uma cor que significava alegria e vivacidade para quem jogava e trocava entre eles a bola. Também por se fixar na retina de quem passava nos espaços públicos e via as flanelas vermelhas num campo de jogo. Depois o vermelho tem o significado que todos lhe reconhecem: Luta, Vanguarda, Calor ou Solidariedade. Carlos Paião também.
Despretensioso
O Benfica nunca se preocupou muito com o que dele pensavam e diziam. A menos que ultrapassassem a marca do razoável e o limite do aceitável. Aí a resposta era demolidora. Mas não se punha a jeito. Dava-se ao respeito e era respeitado. Carlos Paião também.Eficiente
Desprendido
Muitos jogos fez o Benfica de solidariedade desde a favor dos mutilados de guerra, à inauguração dos campos de outros clubes, a favor das vítimas de naufrágios de pescadores que sempre foram pobres - os pescadores, não os armadores - até parando em pequenas localidades à segunda-feira (e jogando) depois de um jogo em Braga, Porto, Aveiro, Covilhã, Coimbra, Évora ou Olhão, para o campeonato nacional da I Divisão. De borla. Carlos Paião também.
Popular
O Benfica sendo popular nunca foi pimba. Os dirigentes eram do mais alto gabarito. Desde um anarco-sindicalista como Manuel da Conceição Afonso ao Marquês da Praia e Fronteira, Duarte Borges Coutinho. Não consta que Bogalho tivesse "canudo" mas sabia como poucos falar, de improviso, tocando o coração e o cérebro dos Benfiquistas. Não tinham medo de ser populares sabendo ter dignidade não insultando mesmo quando ridicularizados por quem se julgava superior. Carlos Paião também.
Impressiona
Como em Portugal quando as pessoas morrem se diga que o País ficou mais pobre e depois quem tem responsabilidades políticas e culturais, além de dominar o media (não deixando ninguém concorrer) se esquecem depressa de quem merece ser recordado SEMPRE!
Talvez o melhor de sempre na música ligeira, como Amália Rodrigues (no Fado), José Afonso (música popular), Banda do Casaco/Brigada Victor Jara (música tradicional), António Variações (na fusão entre tradição e modernidade), Chutos e Pontapés (na rocalhada), Lopes Graça (na música coral) e Carlos Seixas (na música clássica).
Obrigado Carlos Paião
Alberto
Miguéns
NOTA: De férias-mini até à tarde do dia do jogo em Salonica ficam programados uns textos acerca de questões e indignações que espero apareçam a cada meia-noite ou 00:00 horas de segunda-feira (Salonica), terça-feira (Toumpas) e quarta-feira (Em Salonica Para Mostrar o Que é Ser Mítico). Onde estou, apesar de ainda ser Portugal, há mais Espanha Hi-Fi que Portugal.
Se o saudoso ainda fosse vivo e na sequência dos últimos jogos, provavelmente em vez do Zero a Zero faria o Um a Um em homenagem ao nosso professor de ginástica e treinador Rui Empate.
ResponderEliminarNão quer desenvolver esses jogos de segunda feira? Parece me fantástico.
ResponderEliminarPedro Paiva
P.S.: porque descreve o Benfica no pretérito imperfeito? Já não tem essas qualidades?
Carlos Paião. Permanece a memória.
ResponderEliminarMuitos temas da banda sonora da nossa juventude.
Senti-se o seu génio mesmo quando se pensava que iria estar cá muitos anos.
Quantas canções ficaram por escrever e quão boas seriam?
Só podia Ser Benfiquista.
Deixou-nos um legado de paixão e genialidade e frescura de ser eternamente jovem.
Que descanse em Paz.
E que Viva o Benfica!
Magnífico post, Sr. Miguéns, como constrói valores em cima de valores maiores. Lido de aqui de onde sou, e vejo Espanha, também.
ResponderEliminarAmanhã, Ganhar!