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11 novembro 2017

Há 100 Anos, Terceiro Campo de Jogos

11 novembro 2017 4 Comentários
HOJE FAZ PRECISAMENTE CEM ANOS, ÀS 15 HORAS, QUE O BENFICA INAUGUROU O CAMPO DE BENFICA.


Depois de um espaço público das Terras do Desembargador, nas Salésias de Belém (1904-1908), da Feiteira (1908-1911), de Sete Rios (1913-1917) eis o Benfica de regresso a Benfica, para um espaço nas traseiras da Sede, na avenida Gomes Pereira.


Requalificar o espaço desportivo
O campo localizado na Quinta de Marrocos já existia pois esse espaço foi organizado pelo "Desportos de Benfica" mas este clube sem expressão no Futebol (ao contrário do Hóquei em Patins) deu-lhe pouca utilização. A maior parte dos jogos eram por aluguer do campo. Foi assim que o "Glorioso" fez três jogos: dois em 1914 e um em 1915, em 21 de Fevereiro, envolvendo sempre o GS Cruz Quebrada. Foram necessárias muitas obras de melhoramento mas para os Benfiquistas não existem impossíveis.


Adeus a Sete Rios
O "Glorioso" abandonou a Quinta Nova, em Sete Rios, exactamente nas mesmas circunstâncias em que deixou a Quinta da Feiteira. Os senhorios apercebendo-se da grandeza e popularidade do Clube decidiram um aumento exorbitante do arrendamento. E os dirigentes recusaram procurando um espaço alternativo a Sete Rios (clicar). Foi decidido reactivar o campo de Benfica, na Quinta de Marrocos, num terreno expropriado pelo Estado (Ministério da Instrução) e administrado pela Escola Normal Primária de Lisboa (ENPL). Um dia destes aqui no blogue será feito um texto acerca da curiosa parceria entre as duas instituições, em que o SLB cedeu temporariamente as suas instalações para aulas da ENPL entre outras "benesses". Um clube sempre interessado em promover a Cultura com pessoas de grande classe, de Félix Bermudes (irmão do arquitecto Arnaldo Adães Bermudes que fez o projecto do edifício para transferir a ENPL do Largo do Calvário para Benfica) a Borges Coutinho. Faz impressão como o Benfica regrediu nas últimas décadas. Fazendo um "resumo resumido" deixemos quem sabe (Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) contar a História, sendo também uma forma de homenageá-los e impedir que sejam esquecidos. Estes sim! Fizeram o que outros há pouco disseram fazer e não fizeram: «Após ter realizado uma intensa investigação sem precedentes podemos afirmar o seguinte...»


História do Sport Lisboa e Benfica 1904/1954; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; Volume I; Página 376/377; Publicada em fascículos mensais; Lisboa; Edição dos autores; 1954

Com a casa às costas
Cada vez que o Clube mudava de localização pensava-se que seria para sempre, excepto no Campo Grande que era provisório e até ameaçou tornar-se definitivo. As mudanças foram por variados motivos mas obrigaram a encontrar solução, por vezes, bem longe do local que ficava para trás passando a fazer parte da Gloriosa Memória e História. Dois campos depois, o terceiro em Benfica e ainda ficariam quatro para mudar de local: Benfica (não renovação do arrendamento), Amoreiras (expropriação), Campo Grande (provisório) e Luz (para fazer "o negócio imobiliário do século XXI" em Lisboa). É justo referir que se todas as escolhas dos locais dependeram dos dirigentes há duas que foram tomadas ou sugestionadas por terceiros, pelo Ministério das Obras Públicas: arrendar à CM de Lisboa o Campo Grande devido à expropriação das Amoreiras (por Duarte Pacheco); e à procura de uma solução definitiva que sucedesse ao Campo Grande: "O Benfica é de Benfica e logicamente é para Benfica que ele deve voltar" (Augusto Cancela de Abreu em 17 de Maio de 1946).

(para melhor visualização clicar sobre a imagem)



Construção do terceiro campo
Percebendo que o segundo campo (Sete Rios) estava condenado fez com que os Benfiquistas "não cruzassem os braços". A Imprensa da época noticiou o que estava o mais popular clube português a desenvolver na Quinta de Marrocos, nas traseiras da Sede. Eu tive o privilégio de visitar - em meados dos anos 90 do século XX - o local com um dos que meteram "mãos à obra": Rogério Jonet que era o associado n.º 1. Ele explicava, ao pormenor, onde estava tudo e episódios ocorridos naquele campo. quer como espectador, quer como jogador (foi guarda-redes na 4.ª categoria). Em pouco tempo - menos de seis meses - o SLB conseguiu reabilitar um espaço que estava abandonado há dois anos!



Entre a estreia frente ao GS Cruz Quebrada num misto com o Internacional/CIF ainda com o campo arrendado pelo "Desportos de Benfica" e a inauguração com o Sporting CP, em 11 de Novembro de 1917, há cem anos a completar pelas três da tarde
  

Ainda não vai ficar por aqui
Não se ficou por lá muito tempo. Se o jogo de estreia ocorreu em 11 de Novembro de 1917,  o último encontro (o 27.º naquele campo ou 30.º se contabilizarmos os três iniciais ainda como espaço desportivo do "Desportos de Benfica") foi disputado em 11 de Março de 1923. Foram onze vitórias, seis empates e dez derrotas com 56/45 em golos. O contrato de arrendamento não foi renovado, para o segundo semestre de 1923, pois a Escola Normal pretendia construir uma rua que ligasse o estabelecimento à estrada de Benfica e não apenas a que tinha de serventia no topo da avenida Gomes Pereira junto ao largo da Estação Ferroviária de Benfica, na linha de Sintra. Quando fui viver para Benfica (a cem/150 metros do local) em 1987 ainda não havia sinais de qualquer rua. Lá para meados dos anos 90 apareceu a rua! Setenta anos depois! E em 1923 lá foi o Benfica em busca de estabilidade. O quarto campo seria definitivo, para todo o sempre, nas Amoreiras, pois o terreno foi comprado pelo Clube. Ninguém adivinhava é que havia de passar por lá uma auto-estrada a ligar a Praça Marquês de Pombal ao Estádio Nacional.



Uma fotografia já no tempo em que se sabia ser de despedida do campo. Atrás a bancada central (dos bilhetes a dez tostões para Jogos Grandes, segundo Rogério Jonet) paralela ao rinque que ainda existe e resiste! Alguns dos presentes identificados por Victor Carocha. Obrigado!

O torneio de inauguração
Foi com brilho mas com pacatez (À Benfica) que o "Glorioso" organizou a «Festa de Inauguração». Ao troféu foi dado o nome do grande impulsionador do Clube desde a deserção de oito futebolistas e mais uns tantos associados para o Sporting CP, no Verão de 1907. COSME DAMIÃO. A Imprensa da época fez boas descrições do que se foi passando. Mário de Oliveira e Rebelo da Silva também descrevem na perfeição todo o programa de jogos e envolvimento social/associativo, bem como a aversão de Cosme Damião pelo facto do troféu ter o seu nome. Eis o que se disse na Imprensa: 



O jogo de inauguração
Foi um jogo perdido, por 0-1, a escassos segundos do seu final com um golo marcado por Artur José Pereira que se transferiu do Benfica para o Sporting CP, no final da temporada de 1913/14. Tal como Boaventura Silva (médio-esquerdo) e Paiva Simões (guarda-redes que não jogou). Consta que Artur José Pereira foi receber 36 escudos por mês e nomeado capitão para poder ser o primeiro a tomar banho quente no único tanque ao dispor de um clube. Mais azar tiveram Paiva Simões e Boaventura que por serem benjamins tomavam banho depois de os outros nove por lá terem passado!



Foi-se (e é tão bonito)
O SL Benfica não só perdeu o primeiro jogo como consentiu, escandalosamente, uma vitória ao Império LC. Dois jogos duas derrotas por 1-0. Eliminado. Depois o Sporting CP "tratou da saúde" ao Império LC. Em 18 de Novembro (V 4-1) e em 25 do mesmo mês (V 2-0). E levaram aquela magnifica peça de arte. Para mim ainda o mais belo troféu em mais de dez mil daqueles que o CP conquistou! Pelo menos nos que estão expostos no Museu, é! Aquela «Águia Prateada» é um holograma inventado antes do tempo!



E não se pode viajar ao passado para fazer Artur José Pereira marcar um auto-golo? Por 37 escudos?

Alberto Miguéns

NOTA1: O Sporting CP vai pagar com juros os 14 euros que "sacou" a um Benfiquista. Se há dinheiro que choro é dar capital a clubes alheios. Tenho de fazer uns textos, uns 14, um a cada mês, a mostrar como nos andam a "roubar" desde o Verão de 1907! Se não foi antes. Não percebo como podem existir "Benfiquistas" que pagam quotas ao Sporting CP para lhes dar condições de poderem ter mais possibilidades em vencer o "Glorioso". Tontice para ser simpático. Eu só "dar 14 euros" fiquei "doente"!


NOTA2: A actual "Catedral" foi o sétimo espaço desportivo. Mas está longe de ser o último. Os meus filhos ainda hão-de ver o oitavo e os meus netos assistir à inauguração do nono! Mais depressa do que pensamos (clicar).

4 comentários
  1. Triste sina essa a de perder troféus em inaugurações. Mas há outros que para além de os perder ainda por cima levaram cabazadas monumentais. Mas perder com golo de AJP. Ao menos que tivesse sido outro.

    Gabo-lhe a capacidade de visitar terra alheia, ou dito de outra forma os Museus dos "CPs". Primeiros o Museu do FCP agora o SCP. 14 aéreos? É isso faça-os render com colher de pau. Força neles.

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  2. Não sei se se poderá chamar museu à exibição de troféus do SCP. A mim parece-me tão só uma sala de troféus.
    O Benfica tem, sim, um Museu. Embora aquém do que gostaria para o nosso clube.

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    Respostas
    1. Caro

      Mas está muito melhor que antes da intervenção de Ricardo Serrado. Agora está mais condizente com a grandeza do Sporting CP. Ricardo Serrado parece que andou a asneirar no SLB mas o SCP bem pode agradecer-lhe ter dado volta a tanta confusão e feito um trabalho "escorreito"!

      O Museu do SLB podia ser muito melhor. Mas isso é outro assunto. E agora veja o que seria se fosse na porta 18 como eles teimavam que devia ser. Veja/leia em 28 de Outubro de 2011:

      http://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2011/10/e-sempre-bom-saber-ouvir-os-outros.html

      O Museu só foi inaugurado em 26 de Julho de 2014.

      Gloriosíssimas Saudações

      Alberto Miguéns

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  3. Magnífico texto, Alberto, como lhe disse. A fotografia em que aparece o Félix Bermudes é magnífica, tendo como pano de fundo a Fábrica Simões. Abraço e saudações (não podem é ser gloriosas :))

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