Como Clube cumpridor o "Glorioso" aceitou a decisão da FPF, em 1938, e considerou que os três campeonatos da I Liga equivaliam a campeonatos nacionais e os três campeonatos de Portugal passaram a denominar-se Taça de Portugal. Deixo duas digitalizações como exemplo.
(clicar em cima das imagens para obter melhor visualização)
Extracto da página 5 do "Relatório" aprovado pelos Gloriosos Associados em assembleia geral realizada a 31 de Agosto de 1940 |
Utilizando uma listagem percebe-se melhor a redacção criteriosa (À Benfica) no Glorioso Relatório. Depois de duas presenças inglórias - 1937/38 (para o Sporting CP) e 1938/39 (para a equipa da Associação Académica de Coimbra) - a conquista na terceira final consecutiva, em 1939/40 (frente ao CF "Os Belenenses").
Nem se respeita a opinião de um excelso Benfiquista (António Ribeiro dos Reis: treinador e presidente da Mesa da Assembleia Geral do SLB) que enquanto jornalista "lutou" para que a competição alterasse o nome daquilo que não era (Campeonato) para aquilo que era (Taça). Que está disponível na internet (clicar).
Depois o jornal perdeu qualidade, tal como os dirigentes. Assim o Benfica passou a ser do tipo...Maria vai com as outras. Copiava o que os outros, em particular "A Bola", escrevia!
Houve até um director do jornal (José Oliveira Santos) que considerava que a "versão do jornal Record" (os campeonatos da I Liga não eram nacionais) é que estava correcta. Como sempre, nesta situações...desconfiei de tamanha "atrocidade". Depois vim a saber o motivo que era mesquinho, embora pessoalmente tivesse e tenha muita consideração por José Oliveira Santos, um pioneiro Benfiquista a dar importância à estatística do Glorioso Futebol. Mas nunca misturo questões pessoais com rigor Benfiquista. Como ele adorava Eusébio, não contando a I Liga (os golos de Peyroteo em 1937/38) o melhor futebolista português de sempre passava a ser o melhor marcador do campeonato nacional. Contando a quarta edição do campeonato da I Liga, Eusébio é o segundo melhor atrás de Peyroteo.
Durante anos - embora não se percebesse pois o Benfica entre 2004/05 e 2012/13, durante nove temporadas consecutivas, não conquistou nenhuma Taça de Portugal - conseguiu-se que o Jornal deixasse de ser revisionista e do tipo "Maria vai com as outras". Que assumisse ser o jornal desportivo mais antigo de Portugal (28 de Novembro de 1942) e respeitasse não só o seu passado e legado, como o Benfiquista António Ribeiro dos Reis (que sempre se "bateu", enquanto jornalista em "Os Sports" e depois fundador de "A Bola" - 29 de Janeiro de 1945 - pela reavaliação correcta dos nomes adaptados às características das duas competições) mas também a legalidade e a lógica. Se o Benfica assumia juntar a I Liga com o Nacional da I Divisão tinha de assumir - pois o documento é o mesmo - que a Taça de Portugal começou por denominar-se Campeonato de Portugal. Não é cumprir metade do articulado e deixar outra metade por cumprir:
Mas...eis a lagartização* do Benfica
Quando foram feitas as inscrições que há no estádio com os títulos percebeu-se que não se agregam «campeonato de Portugal» e «Taça de Portugal» ao contrário do que ocorre com o «campeonato da I Liga» e o «Campeonato Nacional da I Divisão». É que nem sequer há separação - e já era falta de rigor - entre as duas competições a eliminar. Os três campeonatos de Portugal são ostracizados. Desapareceram! Nem aparecem junto às outras conquistas. Ou seja, ignoram-se os plantéis vencedores, os treinadores e os adeptos que os viveram e saudaram como conquistas. Depois descobriu-se porquê! Inacreditável. A explicação foi do tipo: essa competição está esquecida. Se lhe dermos destaque, o FC Porto e o Sporting CP têm mais um (quatro) que o Benfica (três)! Se os juntarmos como Taça de Portugal esses clubes "aproximam-se" com mais uma das Taças de Portugal conquistadas pelo Benfica! Regresso da mesquinhez.
Lagartização*
Inventar expedientes para aumentar/prolongar as conquistas ou diminuir/esconder os insucessos
Fiquei espantado e incrédulo
Uma idiotice que não honra o passado do Clube. Nem que os adversários tivessem conquistado vinte cada um e o "Glorioso"...nenhum! Ganhámos os que conseguimos conquistar. Temos de assumir o passado. Não é ignorá-lo ou pensar que se consegue enganar a História. É não ter noção do efémero e que todos nós estamos de passagem. Só o Benfica é eterno.
Aliás quando o Benfica, em 1937/38, foi à final com o Sporting CP ambos contabilizavam três conquistas. Os dirigentes da época cometeram um erro. Permitiram que a final se realizasse no estádio do Lumiar/José Alvalade (versão em alvenaria antes do anterior em betão que datava de 1956). Em vez de jogar no estádio do CF "Os Belenenses" (Salésias) o Benfica permitiu-se jogar uma final no terreno do adversário. Perdeu por 1-3. Em campo neutro também podia ter perdido, mas nunca se saberia...
Uma coisa é certa. Venha lá, no domingo, a conquista da Taça de Portugal, seja a 29.ª real ou a 26.ª surreal. Este blogue - ao contrário do Clube - não se esquecerá dos Gloriosos que nos honraram o passado em 1929/30, 1930/31 e 1934/35.
Alberto Miguéns
NOTA: As 28 Taças de Portugal (as três iniciais como campeonatos de Portugal) tanto existem que este blogue fará, lá para o meio-dia de hoje, uma homenagem a esses três plantéis de 1929/30, 1930/31 e 1934/35. Foram bem reais, para os futebolistas, treinadores, dirigentes e adeptos. Para o "Glorioso". E noticiados para todo o Mundo pela Imprensa contemporânea dessas conquistas.
E consideram a Taça Latina, para muitos uma competição não oficial...
ResponderEliminarCaro
EliminarNeste texto pode ler uma entrevista a Jules Rimet (presidente da FIFA) em que as dúvidas quanto à Taça Latina deixam de existir. A FIFA responsabilizava-se pela competição.
Veja em 8 de Setembro de 2016:
http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/2016/09/no-dia-em-que-passei-por-jules-rimet.html
TETRAsaudações Gloriosas
Alberto Miguéns
Exelente artigo Alberto, muito obrigado.
ResponderEliminar"Uma idiotice que não honra o passado do Clube. Nem que os adversários tivessem conquistado vinte cada um e o "Glorioso"...nenhum! Ganhámos os que conseguimos conquistar."
Não teria dito melhor. Era só o que faltava, não valorizar essas vitórias tão importantes na década de 1930. Afinal qual é o mal nessas vitórias? Foram essas vitórias que levaram o meu bisavô e o meu avô a irem ver o Benfica ao vivo muitas vezes! Quantos de nós não seríamos hoje benfiquistas sem essas conquistas? Onde estariam os apoiantes da década de 50 e 60 sem as vitórias da década de 30?
As vitórias dos nossos bisavós também são nossas, e as nossas hoje também são deles. Não faz sentido desrespeitar conquistas só porque já passou muito tempo.