ESTA SAUDAÇÃO DOS GLORIOSOS JOGADORES AOS ADEPTOS TEM UMA HISTÓRIA COM 46 ANOS.
Foi depois da primeira digressão ao Extremo Oriente (Japão e Coreia do Sul) que o Benfica quando se estreou em Portugal fez a “Primeira Vénia”. Depois desta seguiram-se milhares…
A Expo'70 e o Benfica
O "Glorioso", em 24 de Agosto de 1970, que foi o dia dedicado a Portugal na Exposição Tecnológica Mundial (Expo'70), em Osaka, esteve no Pavilhão de Portugal a representar o país. Foi surpreendente para a comitiva perceber - estamos a falar de 1970 - que o Benfica era tão conhecido (e respeitado) no Oriente como na Europa. Aliás esta primeira ida ao Extremo Oriente é um dos capítulos mais brilhantes (e dos mais ignorados) da Gloriosa História. Impressionante. Merece que este blogue lhe dedique mais atenção. Talvez dia 24 de Agosto de 2016. Foi brilhante a digressão do SLB a Macau (dois jogos: um frente à selecção de Macau e outro com a de Hong-Kong), Japão (Kobe e Tóquio) e Coreia do Sul (Seul).
Digressão ao Extremo Oriente
O Glorioso Futebol iniciou a temporada de 1970/71 - actualmente seria designada como pré-época - em Angola (dois jogos em Luanda) e Moçambique (um jogo em Lourenço Marques), seguindo para Macau (dois jogos neste território sob administração portuguesa), Japão (três jogos) e Coreia do Sul (dois jogos). Foi um êxito total, muito para além do aspecto desportivo, pois desde há mais de cem anos - 1912 - que nunca se pode reduzir o “Glorioso” no estrangeiro, a simplesmente jogar ou "ir fazer mais um jogo"!
Estreia em Portugal
Em 13 de Setembro de 1970, o Benfica cumpria o 8.º jogo de castigo devido à invasão na temporada anterior – 1969/70 - da “Saudosa Catedral” durante um Benfica frente ao CF “Os Belenenses”, na 16.ª jornada do campeonato nacional, realizada em 25 de Janeiro de 1970. A 1.ª jornada do campeonato nacional realizou-se no Estádio Nacional, frente ao GD CUF do Barreiro. Foi a estreia da vénia trazida da digressão ao Extremo Oriente.
O que significam as mais importantes saudações japonesas?
Tradicionais desde o século VIII, os cumprimentos são usados de acordo com a ocasião. Como boa parte da etiqueta japonesa, esse tipo de saudação tem origem nos ensinamentos do pensador chinês Confúcio (551 a.C.-479 a.C.). Chegou ao Japão no século IV da nossa era, mas só ganhou força 400 anos depois, já no século VIII, quando a cultura chinesa começou a influenciar fortemente o país.
Existem vários tipos de saudação, que variam conforme a circunstância. Mas, para todas elas, alguns gestos são constantes: deve-se dobrar o corpo a partir da cintura, cuidando para manter a cabeça recta. A mulher coloca as mãos juntas, com as palmas sobre as coxas, enquanto o homem mantém os braços ao longo do corpo. E o olhar acompanha a curvatura. Para os japoneses, encarar outra pessoa directamente é uma séria agressão à intimidade alheia. E o contacto corporal (beijo, abraço ou aperto de mão) é inexistente em contexto social e público.
Inclinar o corpo é a forma de cumprimento mais tradicional do Japão desde o século VIII. Pode parecer simples, mas o acto de curvar-se em reverência, chamado de ojigi, está repleto de significados. Dependendo de como é feito, pode apontar o grau de importância tanto de quem é cumprimentado quanto de quem cumprimenta. Também é necessário trocar palavras apropriadas durante a saudação, e por isso não é raro que dois japoneses, ao encontrarem-se, façam cinco ou seis reverências enquanto falam. Essa demonstração de respeito é tão importante que os nipónicos também se curvam mesmo quando conversam pelo telefone.
Eis as cinco principais (as mais utilizadas no dia-a-dia)
Saikeirei
Feita como prova de respeito à hierarquia, exige uma inclinação de 75 graus. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, era utilizada para louvar o imperador. Fazia-se a reverência até para quadros com imagens do monarca. É esta a vénia que os Gloriosos Atletas fazem perante os Benfiquistas. A de maior reverência entre as três que não implicam humilhação (ficar de joelhos).
Feita como prova de respeito à hierarquia, exige uma inclinação de 75 graus. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, era utilizada para louvar o imperador. Fazia-se a reverência até para quadros com imagens do monarca. É esta a vénia que os Gloriosos Atletas fazem perante os Benfiquistas. A de maior reverência entre as três que não implicam humilhação (ficar de joelhos).
Keirei
Esta é a saudação padrão, usada para cumprimentar os amigos e familiares. Ao encontrarem-se ou despedirem-se, as pessoas inclinam sempre o tronco em 45 graus. Corresponderá ao abraço ou ao beijo, embora no ocidente haja culturas em que os homens entre si não se beijam, como é o caso de Portugal.
Keirei
Esta é a saudação padrão, usada para cumprimentar os amigos e familiares. Ao encontrarem-se ou despedirem-se, as pessoas inclinam sempre o tronco em 45 graus. Corresponderá ao abraço ou ao beijo, embora no ocidente haja culturas em que os homens entre si não se beijam, como é o caso de Portugal.
Eshaku
Tem inclinação de 15 graus e é praticada com frequência. Não é uma demonstração de respeito ou afeição, mas apenas de cordialidade. Serve, por exemplo, para agradecer ao sair de um restaurante. Pode dizer-se que corresponde ao aperto de mão ocidental.
Eshaku
Tem inclinação de 15 graus e é praticada com frequência. Não é uma demonstração de respeito ou afeição, mas apenas de cordialidade. Serve, por exemplo, para agradecer ao sair de um restaurante. Pode dizer-se que corresponde ao aperto de mão ocidental.
Kirei
Muito utilizada no passado, caiu em desuso nas últimas décadas. A saudação, adoptada tanto em ambientes internos quanto na rua, era realizada a partir de uma postura chamada kiza, em que a pessoa fica de joelhos.
Kirei
Muito utilizada no passado, caiu em desuso nas últimas décadas. A saudação, adoptada tanto em ambientes internos quanto na rua, era realizada a partir de uma postura chamada kiza, em que a pessoa fica de joelhos.
Dogeza
Reverência muito usada no Japão feudal. Quando encontrava o senhorio, o homem comum tinha que ajoelhar-se e fazer uma saudação profunda, tocando a testa no chão. Hoje em dia, só é utilizada para pedir perdão por uma falta grave.
Dogeza
Reverência muito usada no Japão feudal. Quando encontrava o senhorio, o homem comum tinha que ajoelhar-se e fazer uma saudação profunda, tocando a testa no chão. Hoje em dia, só é utilizada para pedir perdão por uma falta grave.
A Gloriosa Vénia. Vénia única
Alberto Miguéns
NOTA1: agradecimento à embaixada do Japão, por aconselhamento do professor de Natação Benfiquista (Shintaro Yokochi), muito atenciosos e diligentes, além de pacientes, na explicações que solicitei;
NOTA2 (pela 1:45): Estive a reler o texto e as legendas no sentido de o melhorar e fiquei mais algum tempo a admirar a foto dos onze futebolistas com o presidente e os dois herdeiros. Impressionante a classe destas três pessoas. Deixo os que têm o Manto Sagrado de lado pois admiro-os "mais" quando jogam. E não é o caso. Preparam-se para jogar. Os dois príncipes japoneses são isso mesmo príncipes. Que postura. Fidalguia. E eu não sou monárquico mas reconheço nobreza. E também no nosso presidente: Duarte António Borges Coutinho, 4.º Marquês da Praia e de Monforte. Que Clube é este que já teve um presidente com título nobiliárquico e outro - Manuel da Conceição Afonso - que foi anarco-sindicalista e era operário linotipista (colocava as letras de chumbo nos linótipos) em tipografias?
Bom dia Alberto, já tinha escrito sobre a tourné desse ano por comparação com a que o Benfica fez a época passada. Simplesmente achei o cerimonial fantástica... Quase que se pode afirmar que os deuses vieram à terra para tirar uma fotografia como o BENFICA!
ResponderEliminarhttp://aminhachama.blogspot.pt/2015/08/o-benfica-e-as-pre-epocas-longinquas.html
Vou colocar este artigo "linkado" à secção da vénia.
Saudações TRIGloriosas
Caro Alberto,
ResponderEliminarCrónica espectacular, desconhecia por completo a origem da vénia no Benfica.
Muito provavelmente pelas minhas primeiras recordações de jogos no Estádio da Luz coincidirem no tempo com a introdução desta saudação.
Em tempos mais recentes os jogadores do Benfica passaram a dar as mãos no momento da vénia, o que desvirtua um pouco a saudação original. Sinceramente não gostei quando passou a ser feita dessa forma.
Já agora, com o devido respeito pelo(s) autor(es) do blogue em questão, coloco link remetendo para um magnífico registo fotográfico dessa digressão do Benfica em 1970.
http://aminhachama.blogspot.pt/2015/08/o-benfica-e-as-pre-epocas-longinquas.html
Melhores cumprimentos
José Durão
Obrigado pelo texto, imensos benfiquistas mais novos desconhecem por completo a origem deste gesto.
ResponderEliminarDa mesma forma que se recuperou a história do Torino para novas gerações de benfiquistas, esta tradição também devia ser recuperada e enquadrada no seu contexto histórico, passando a vénia a ser feita de forma correcta, e os benfiquistas informados sobre a sua origem.
Neste momento parece uma vénia das que se fazem após o final de uma peça de teatro, o que elimina o seu simbolismo (Benfica como clube global, antes da globalização). Se mandasse, até ia mais longe, entrando em contacto com a embaixada de um dos países que inspirou esta tradição para providenciar alguém para ensinar a vénia aos jogadores.
Se é para fazer que se faça correctamente! Quem tiver contacto com pessoas dentro do clube que faça a sugestão, e ajude a reforçar a mística, que nunca é demais.
Cumprimentos.