Ontem (hoje de madrugada) só consegui ver vinte minutos da final do Campeonato Sul-americano de Selecções. Desliguei a televisão e pensei. Como é que futebolistas desta dimensão - Messi, Dí Maria, Gaitán - se sujeitam a um dia terminarem a carreira num destes jogos em que vale tudo. Por vezes menos jogar futebol. Então Messi é um saco para dar porrada. O que o vai safando é que simula sempre que alguém vem destrambelhado em sentido contrário e isso faz com que tenham receio de entrar mais "duro" pois sujeitam-se à marcação de livres directos ou expulsões. Mesmo que nem existam motivos. Mas é uma forma de ainda ir jogando pele selecção da Argentina em torneios daquele continente.
Hoje fui informado - pois pelo que pensei de madrugada - não se pode dizer que fiquei surpreendido que ele renunciou a jogar pela selecção da Argentina. Surpreendido andava eu dele continuar a ir jogar à América do Sul (desta vez também no Norte, mas como se fosse no Sul).
Em minha opinião ele devia ter renunciado à Selecção aquando do Mundial do Brasil, em 2014. Melhor para ele e para a Argentina que só terá sucesso nas competições sul-americanas se jogar «à Chile». Porrada! Se passar a bola não passa o homem. A Argentina pretende jogar à europeia mas isso jamais lhe trará sucesso num futebol de brutamontes.
Agora a parte relacionada comigo
Para mim Messi é o melhor futebolista que vi jogar, acompanhando a carreira de início ou quase. O primeiro grande futebolista que acompanhei foi Maradona. O "puto" é nove dias mais novo do que eu. Eu nasci a 21 e ele a 30 de Outubro. Se Futélia, a deusa da habilidade no futebol tem passado pela aldeia de Montalvão nove dias antes em vez de rondar por um bairro de Lanús, em Buenos Aires, o Benfica tinha tido muita sorte. Mas não foi assim!
Agora a parte relacionada com o Benfica
Para mim Messi é o futebolista que mais se parece com Eusébio (no modo de jogar). Constituições físicas díspares, realidades sociais, políticas e económicas completamente distintas, mas modo semelhante de jogar. Um mais fazendo da potência habilidade (Eusébio) outro fazendo da habilidade potência (Messi). Mas iguais em fazer a equipa jogar à sua volta sem a "parasitar". Colocar o dom individual ao serviço do colectivo. Ao contrário do que se pensa Eusébio, a maior parte da sua vida de futebolista, não foi avançado-centro nem quando esta posição terminou foi ponta-de-lança. Só em final de carreira quando os joelhos já não lhe permitiam ter a mobilidade e resistência exibida na maior parte da carreira jogou mais fixo na grande-área contrária. Eusébio vinha buscar jogo ao meio-campo do Benfica e marcava os pontapés-de-canto. Por vezes até os lançamentos laterais (como no video do filme a cores ao minuto 31:07), pois conseguia colocar a bola na pequena-área do guarda-redes adversário. E claro os livres-directos e as grandes-penalidades, embora num tempo em que marcar «bolas paradas» era muito mais fácil do que na actualidade pois os guarda-redes sabiam lá como é que os marcadores...marcavam. Não havia imagens nem estudos ao pormenor de cada lance. Nem treinadores de guarda-redes com vastas videotecas! Sabiam é que Eusébio tinha fama. O resto era esperar para ver se havia confirmação da Lenda.
Messi fez evoluir o futebol de Eusébio como ninguém
Vem buscar jogo, distribui. Eusébio fez, pelas minhas contas, mais assistências para outros marcarem (José Águas, José Torres, Artur Jorge, Rui Jordão ou Vítor Baptista, por exemplo. Até José Augusto como mostra o vídeo - último - do jogo frente ao FC Porto) do que os golos que marcou. Messi deve ter feito o mesmo. Aliás ainda fez mais, porque com Messi deviam ser contabilizadas as assistências perfeitas que faz para quem se desmarcar assistir depois quem vai marcar golo (e que pode ser ou não ser Messi). Nunca vi um futebolista assistir tanto quem assiste o goleador! Nisto é único na História do Futebol Mundial. Tal como Eusébio foi o primeiro goleador a fazer assistências para outros marcarem, ao contrário de outros enormes goleadores como Pelé que eram mais egoístas, embora tremendamente eficazes.
Vejam o que era Eusébio
Um centro-campista goleador que vinha buscar jogo ao meio-campo do Benfica. Nunca no futebol se vira tal. O paradigma - como agora se gosta de dizer - do futebol de Eusébio na maior parte do tempo de jogo - 90, 120 ou os minutos que estivesse em campo - era o que se vê a partir do minuto 38:14.
Vejam o que era Eusébio
Um centro-campista goleador que vinha buscar jogo ao meio-campo do Benfica. Nunca no futebol se vira tal. O paradigma - como agora se gosta de dizer - do futebol de Eusébio na maior parte do tempo de jogo - 90, 120 ou os minutos que estivesse em campo - era o que se vê a partir do minuto 38:14.
A História de importância de Eusébio no futebol está muito por desenvolver. Há muito mais para lá do que se fala e escreve. Comecei com Messi acabo com Eusébio. Para mim o "pai" do futebol de Messi!
Finalmente Messi. Tiveste juízo. Joga na Europa. Deixa-te de sulamericanadas! De lá só tens o local onde nasceste!
Alberto Miguéns
Interessante, essa comparação entre o estilo de jogar do Messi e do Eusébio. Realmente agora que penso nisso vejo muitas semelhanças, na forma como trazia as jogadas com ele desde o meio campo, carregando sobre os adversários, e construindo o jogo à sua volta.
ResponderEliminarPena de não ter visto mais do Eusébio!
Di Stefano tambem nao fazia o nesmo?
ResponderEliminarCaro RedAtheist
EliminarPelo que li Di Stefano foi o primeiro avançado-centro (por isso jogava com o 9) a surgir por vezes junto dos dois interiores (o direito, n.º 8 e o esquerdo, n.º 10) tabelando com eles, em vez de esperar na grande-área como era tradição que os interiores ou os extremos lhe cruzassem a bola. Nisso foi um inovador. Por exemplo o nosso José Águas seu contemporâneo (quatro anos mais novo que Di Stefano) era muito mais fixo. Mas sim, de certo modo, ainda que jogasse nos últimos 20/25 metros - Eusébio e Messi (jogava e joga) em 60 metros - foi o primeiro "nove" a ser «tecnicista como um centrocampista» tal como se dizia e fez fama nos anos 50. Não é por acaso que para Eusébio foi a inspiração. Mas Eusébio conseguiu desenvolver o futebol de Di Stefano. Recuava mais, assistia mais e marcava golos em quantidade como Di Stefano. Quem beneficiou da genialidade - técnica e táctica de Di Stefano foi Puskás, que jogava na posição de Eusébio (era o n.º 10) embora não tivesse a capacidade de Eusébio para vir muito atrás buscar jogo. Também nunca se sabe que influência têm os treinadores. Foi Guttmann que percebeu que ter Eusébio era jogar com 12, porque era centrocampista e avançado em simultâneo.
Saudações
Alberto Miguéns
Verdade, confesso que nunca fiz essa análise mas agora faz sentido eu apreciar mais o Messi do que o Ronaldo... É uma questão de configuração pré-determinada: Eusébio - Messi!
ResponderEliminarSaudações TRIGloriosas.