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03 setembro 2015

Pérola Helénica

03 setembro 2015 10 Comentários
            O futebol é um jogo coletivo. A vida é um conjunto de coletivos (ou pelo menos deveria sê-lo).Assim sendo, gosto pouco de individualizar êxitos de uma equipa. Mas há um rapaz que chegou há cerca de um ano, vindo do Pireu, para os lados do mar Egeu, que merece a minha atenção: chama-se Andreas Samaris.
            Os gregos deram ao mundo ocidental aquilo que eu costumo chamar de “as muletas civilizacionais” – e apenas falar do alfabeto, de proximidades em algumas palavras, do próprio conceito de democracia e mesmo aquilo que comemos, acaba por ser pouco. Os elogios teriam de se estender a uma gama muito mais variada, que seria agora extensiva explicitar aqui; enquadrando-se mais numa tese universitária, ou num artigo de uma revista da especialidade. Enfim. Todos devemos algo à nação helénica. Aliás, os gregos chamavam-se a si próprios Helenos por se julgarem descendentes de Helén, filho de Deucalião e Pirra, únicos sobreviventes de um dilúvio universal. O nome Gregos apenas lhes foi dado mais tarde, pelos irmãos latinos. Etimologias e mitologias. Mas o Sport Lisboa e Benfica também deve alguma coisa a estes senhores.
            Se Machairidis foi mais discreto, apenas fazendo uma temporada num tempo em que o Benfica estava de “vacas magras”, o mesmo não se pode dizer de Fyssas. O campeão europeu de seleções, em 2004, foi decisivo na conquista da Taça de Portugal (no mesmo ano, alguns dias antes do europeu). Não só jogou como ainda fez um belo golo de canhota, ajudando o Glorioso a conquistar o troféu. No ano seguinte, a sua regularidade também se mostrou muito convidativa ao título que finalmente chegava. Bom, depois vieram mais dois campeões europeus, chamados Konstantinos Katsouranis e Giorgios Karagounis. Não lograram vencer o título, mas ambos eram belos jogadores e fora de campo tinham um fino trato. Agora também temos Mitroglou, que há-de escrever a sua história. Bonita (e com títulos), espero.


Legenda: Andreas Samaris é um grande benfiquista

Fotografia retirada de desporto.sapo.pt

            Só que Samaris caiu-me no goto (desculpem a expressão). Herdou a pesada camisa 7, com muita responsabilidade no Clube. Faz levantar o terceiro anel. Pode não ser o craque de que o Benfica precisa. E no início do ano passado as suas prestações em campo eram muito criticadas pelo “tribunal da Luz”, não só porque o jogador teimava em se afirmar na posição 6 (é um 8 de raíz), mas porque também as performances do grego não condiziam com a quantia que o Benfica tinha pago por ele: 10 milhões de euros. Todavia, logo depois os benfiquistas começaram a perceber o real valor de Samaris. E não tenho dúvidas de que o atleta helénico foi preponderante no título conquistado a temporada passada – e espero que o seja em mais títulos para o nosso Benfica. Mais a mais, é de uma cordialidade extrema: a facilidade com que aprendeu português – fala-o de maneira corretíssima - e o à vontade que mostra em fazê-lo sempre que fala para vários microfones e câmaras, sem vergonha. Dá a cara. Muitas vezes é substituído, mas sai com sorriso no rosto e alegria de dever cumprido. Festeja os golos dos colegas com muita intensidade, estando a jogar ou no banco. Sofre pelo Benfica. Precisamos de jogadores assim. Foi por isso que fiquei muito contente por Samaris ter feito o primeiro tento com o manto sagrado vestido. Ao fim de exatamente 40 jogos. Ele já merecia. Ainda por cima um golo de reviravolta. O Estádio da Luz veio abaixo.

            Para todos os jogadores do Benfica, mas em especial para o Andreas Samaris. Tinha de escrever este texto sobre ele. É que ainda por cima é parecido com o meu irmão como tudo. Devemos ter familiares helénicos. Lá para trás. Quando num forte dilúvio apenas sobreviveu um rapaz de nome Hélen, o mítico filho de um homem chamado Deucalião e de uma mulher chamada Pirra.



Assinado: Palmerston
10 comentários
  1. Um jogador à Benfica... e tem tudo para ser futuro Capitão.

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  2. mas que enorme jogador este ! forçaaaaaaaaaaaaaa samarissssss

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  3. mais uma aguia que voa alto no nosso glorioso , parabéns também ao Assinado: Palmerston pelo otimo txt


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  4. E chamavam-lhes gregos por ser um termo depreciativo!

    Elogio merecidíssimo! Foi o melhor em campo, está em todo o lado, joga e faz jogar. Espero ainda o ver com a gloriosa braçadeira.

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  5. Machairidis foi mais discreto, mas seria porventura o melhor de todos. Teve problemas com uma filha que morreu pouco tempo depois de ter chegado a Portugal. Entrou em depressão e acabou a carreira aos 27 anos...

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    1. É verdade, caríssimo, estive a ver a carreira dele e, de facto, depois de sair do Glorioso pouco mais tempo jogou. Não sabia que tinha sido por um motivo tão triste. São coisas difíceis de esquecer...
      Saudações Gloriosas!

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  6. Não retiro uma vírgula ao que foi dito mas também temos de criticá-lo quando as coisas não lhe saem bem. E nesta fase da época não considero que esteja assim tão bem. Tem falhado muitos passes em zonas proibitivas e para trinco tem-se distraído no auxílio imediato à defesa para retardar as rápidas transições ofensivas dos adversários - vide os imensos contra-ataques perigosos que têm acontecido.

    Cumprimentos e carrega Benfica!

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    1. Obrigado pela opinião, caríssimo. Sim, é verdade que as coisas não têm corrido tão bem ao Andreas neste início de temporada. Mas nem ao Andreas nem quase a ninguém. Mas as coisas vão melhorar. Vamos acreditar.
      Um abraço e Saudações Gloriosas!

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