O futebol é um jogo coletivo. A vida é um conjunto
de coletivos (ou pelo menos deveria sê-lo).Assim sendo, gosto pouco de
individualizar êxitos de uma equipa. Mas há um rapaz que chegou há cerca de um
ano, vindo do Pireu, para os lados do mar Egeu, que merece a minha atenção:
chama-se Andreas Samaris.
Os
gregos deram ao mundo ocidental aquilo que eu costumo chamar de “as muletas
civilizacionais” – e apenas falar do alfabeto, de proximidades em algumas
palavras, do próprio conceito de democracia e mesmo aquilo que comemos, acaba
por ser pouco. Os elogios teriam de se estender a uma gama muito mais variada,
que seria agora extensiva explicitar aqui; enquadrando-se mais numa tese
universitária, ou num artigo de uma revista da especialidade. Enfim. Todos
devemos algo à nação helénica. Aliás, os gregos chamavam-se a si próprios
Helenos por se julgarem descendentes de Helén, filho de Deucalião e Pirra,
únicos sobreviventes de um dilúvio universal. O nome Gregos apenas lhes foi
dado mais tarde, pelos irmãos latinos. Etimologias e mitologias. Mas o Sport
Lisboa e Benfica também deve alguma coisa a estes senhores.
Se
Machairidis foi mais discreto, apenas fazendo uma temporada num tempo em que o
Benfica estava de “vacas magras”, o mesmo não se pode dizer de Fyssas. O campeão
europeu de seleções, em 2004, foi decisivo na conquista da Taça de Portugal (no
mesmo ano, alguns dias antes do europeu). Não só jogou como ainda fez um belo
golo de canhota, ajudando o Glorioso a conquistar o troféu. No ano seguinte, a
sua regularidade também se mostrou muito convidativa ao título que finalmente chegava.
Bom, depois vieram mais dois campeões europeus, chamados Konstantinos
Katsouranis e Giorgios Karagounis. Não lograram vencer o título, mas ambos eram
belos jogadores e fora de campo tinham um fino trato. Agora também temos
Mitroglou, que há-de escrever a sua história. Bonita (e com títulos), espero.
Legenda: Andreas Samaris é um grande benfiquista
Fotografia retirada de desporto.sapo.pt
Só que
Samaris caiu-me no goto (desculpem a expressão). Herdou a pesada camisa 7, com
muita responsabilidade no Clube. Faz levantar o terceiro anel. Pode não ser o
craque de que o Benfica precisa. E no início do ano passado as suas prestações
em campo eram muito criticadas pelo “tribunal da Luz”, não só porque o jogador
teimava em se afirmar na posição 6 (é um 8 de raíz), mas porque também as
performances do grego não condiziam com a quantia que o Benfica tinha pago por
ele: 10 milhões de euros. Todavia, logo depois os benfiquistas começaram a
perceber o real valor de Samaris. E não tenho dúvidas de que o atleta helénico
foi preponderante no título conquistado a temporada passada – e espero que o seja
em mais títulos para o nosso Benfica. Mais a mais, é de uma cordialidade
extrema: a facilidade com que aprendeu português – fala-o de maneira
corretíssima - e o à vontade que mostra em fazê-lo sempre que fala para vários
microfones e câmaras, sem vergonha. Dá a cara. Muitas vezes é substituído, mas
sai com sorriso no rosto e alegria de dever cumprido. Festeja os golos dos
colegas com muita intensidade, estando a jogar ou no banco. Sofre pelo Benfica.
Precisamos de jogadores assim. Foi por isso que fiquei muito contente por
Samaris ter feito o primeiro tento com o manto sagrado vestido. Ao fim de
exatamente 40 jogos. Ele já merecia. Ainda por cima um golo de reviravolta. O
Estádio da Luz veio abaixo.
Para
todos os jogadores do Benfica, mas em especial para o Andreas Samaris. Tinha de
escrever este texto sobre ele. É que ainda por cima é parecido com o meu irmão
como tudo. Devemos ter familiares helénicos. Lá para trás. Quando num forte
dilúvio apenas sobreviveu um rapaz de nome Hélen, o mítico filho de um homem
chamado Deucalião e de uma mulher chamada Pirra.
Assinado:
Palmerston
È mais um dos nossos Titans...
ResponderEliminarUm jogador à Benfica... e tem tudo para ser futuro Capitão.
ResponderEliminarmas que enorme jogador este ! forçaaaaaaaaaaaaaa samarissssss
ResponderEliminarmais uma aguia que voa alto no nosso glorioso , parabéns também ao Assinado: Palmerston pelo otimo txt
ResponderEliminarE chamavam-lhes gregos por ser um termo depreciativo!
ResponderEliminarElogio merecidíssimo! Foi o melhor em campo, está em todo o lado, joga e faz jogar. Espero ainda o ver com a gloriosa braçadeira.
Obrigado pelo ensinamento!
EliminarSaudações Gloriosas!
Machairidis foi mais discreto, mas seria porventura o melhor de todos. Teve problemas com uma filha que morreu pouco tempo depois de ter chegado a Portugal. Entrou em depressão e acabou a carreira aos 27 anos...
ResponderEliminarÉ verdade, caríssimo, estive a ver a carreira dele e, de facto, depois de sair do Glorioso pouco mais tempo jogou. Não sabia que tinha sido por um motivo tão triste. São coisas difíceis de esquecer...
EliminarSaudações Gloriosas!
Não retiro uma vírgula ao que foi dito mas também temos de criticá-lo quando as coisas não lhe saem bem. E nesta fase da época não considero que esteja assim tão bem. Tem falhado muitos passes em zonas proibitivas e para trinco tem-se distraído no auxílio imediato à defesa para retardar as rápidas transições ofensivas dos adversários - vide os imensos contra-ataques perigosos que têm acontecido.
ResponderEliminarCumprimentos e carrega Benfica!
Obrigado pela opinião, caríssimo. Sim, é verdade que as coisas não têm corrido tão bem ao Andreas neste início de temporada. Mas nem ao Andreas nem quase a ninguém. Mas as coisas vão melhorar. Vamos acreditar.
EliminarUm abraço e Saudações Gloriosas!