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03 fevereiro 2015

O Golo Perdido de Eusébio

03 fevereiro 2015 7 Comentários
A RECONSTITUIÇÃO POSSÍVEL DE UM DOS MELHORES GOLOS DE SEMPRE DO FUTEBOL ASSOCIATION! OBRA DE EUSÉBIO.


No dia do aniversário do Glorioso Eusébio escrevi acerca de um golo de bola parada que deve ser o melhor de sempre na história do futebol. E a história do futebol caminha para os 152 anos (em 26 de Outubro de 1863/2015).

Não havendo imagens (os tontos da RAI - Radiotelevisão italiana) apagaram o que havia
Resta recolher o que se disse na Imprensa da época. Por agora a portuguesa. Ficará para mais tarde (quem sabe na efeméride dos 47 anos, em 15 de Maio de 2015) o que se escreveu em Itália.


Dois enormes capitães dos anos 60: Mário Coluna (para mim o Melhor Jogador de Sempre do Benfica, embora Eusébio seja o Melhor Jogador de Sempre de Portugal) e Gianfranco Leoncini. A foto em baixo e o bilhete do jogo foram disponibilizados por Victor João Carocha, especialista em encontrar uma agulha num palheiro. Sim! Com ele é possível!

Mundo Desportivo
Excelente reportagem - páginas 1, 4, 5 e 9 - de um jornalista que o tempo fez esquecer (Manuel Mota), com o rigor que caracterizava o jornal desportivo mais antigo do País em 1968, o "Mundo Desportivo" que nasceu baptizado "Os Sports" em 6 de Abril de 1919 ligado ao "Diário de Notícias". Em 6 de Abril de 1945 - devido ao sucesso crescente de A Bola - alterou o nome para "Mundo Desportivo". Trissemanário (segundas, quartas e sextas-feiras), na edição de 17 de Maio de 1968 (sexta-feira) publicou crónicas de qualidade (as melhores) mas já desactualizadas. É que "A Bola" saíra na quinta-feira: na manhã seguinte ao jogo um dia antes do "Mundo Desportivo". Foi este desfasamento que "matou" o jornal em 1980 (30 de Maio).



Apesar do rigor dois erros "graves". O treinador já não era (desde 10 de Abril de 1968) Fernando Cabrita, mas sim Otto Glória. O golo foi aos 68 minutos para a maioria dos jornais da época. Aos 69 minutos para a UEFA. Certamente a "cebola" de Manuel Mota era do tipo Inocêncio Calabote!



A Bola
Reportagem dividida por duas edições (quinta-feira e sábado, 16 e 18 de Maio, respectivamente). Páginas 1, 4, 5 e 9 na quinta-feira, 1 e 4 no sábado. Jornal de jornalistas gerido por jornalistas compensava o rigor com textos fabulosos, verdadeiras peças de literatura. Foi assim com esta reportagem de Alfredo Farinha em Turim. "A Bola" teve o primeiro número nas bancas e tabacarias em 29 de Janeiro de 1945. Inicialmente bissemanal - segundas e sextas-feiras - em 8 de Março de 1945 passou a sair às segundas e quintas-feiras. Foi o "golpe de mestre" para ser o jornal com maior venda e leitura, depois ampliada como trissemanário (segunda-feira, quinta-feira e sábado) em 10 de Junho de 1950. Alfredo Farinha como habitual (e foi assim toda a vida) esforçava-se por assumir o contrário de todos os outros. Só ele e o treinador da Juventus FC dizem ser "frango" de Anzolin. Então é porque não foi!





Record
Apelidado jocosamente, pelos "outros dois", de tablóide (A Bola agora também é! "Bem feita") surgiu em 26 de Novembro de 1949, aos sábados. Em 9 de Abril de 1953 passou a bissemanário (terças-feiras e sábados). Apenas em 20 de Abril de 1972 sairia três vezes por semana (terças, quintas e sábados, depois domingos). Jornal ligeiro, fez uma boa reportagem com Artur Agostinho (ex-actor e apresentador de televisão) a destacar o principal em detrimento do acessório, nas páginas 1, 2, 3, 4 e 12, em 18 de Maio de 1965 (sábado).





O Benfica
Actualmente o jornal desportivo mais antigo de Portugal (o semanário "Sporting" não foi jornal até 23 de Abril de 1949) saiu para o colo dos Benfiquistas em 28 de Novembro de 1942, aos sábados. Em 1968 publicava-se às terças-feiras. Actualmente às sextas-feiras. Em sete dias da semana apenas nunca saiu, com regularidade, aos domingos e segundas-feiras!


O tifosi do adversário
Já contei a história em Eusébio 73. Entretanto consegui descobrir os apontamentos desse encontro. Para a baliza Norte do lado direito do ataque do Benfica, a cerca de dezassete passos de um metro da linha de meio-campo e vinte passos da linha lateral. Eusébio chutou em arco (mais pela velocidade da bola que pelo efeito propositado) com um pontapé violento que fez chegar a bola rapidamente junto do poste do lado esquerdo (direito do guarda-redes). O guarda-redes tentou chegar à bola mas não conseguiu defender. A barreira estava pouco ordenada mas nenhum jogador da Juventus FC pensou que Eusébio chutasse, dali, directamente à baliza. A bola seguiu veloz para a baliza. Poucos segundos (dois!) com uma bola rematada em potência para ter velocidade, trajectória e colocação. Uma bala em forma de bola de futebol.



À margem, mas não sem margem
Durante muito tempo era questão de honra quando o futebol do Benfica se deslocava a Turim rumar a Superga no dia anterior aos jogos (ou no dia seguinte como em 1968). Depois perdeu-se esse gesto nobre. Em 2013/14 aquando do jogo da segunda mão, nas meias-finais, da Liga Europa, o "Glorioso" regressou à fatídica colina com a Basílica. Em minha opinião o Benfica deveria, seja em que modalidade e escalão for, sempre que vá a Turim, rumar a Superga. E fazê-lo preferencialmente sem publicidade. Em recolhimento! Em respeito profundo!   






Obrigado Eusébio!

Alberto Miguéns

PLANO PARA AS EDIÇÕES DESTA SEMANA
(provisório como é evidente)
4 de Fevereiro a 10 de Fevereiro de 2015 (Sempre à meia-noite)
Quarta-Feira (de 3 para 4): A Parábola de Ser Português;
Quinta-Feira (de 4 para 5): Mentiras Oficializadas by SLB;
Sexta-Feira (de 5 para 6): O Mais Belo e Inigualável 138;
Sábado (de 6 para 7): Mais um Sábado a Benficar... e Muito;
Domingo (de 7 para 8): Lagarto Pintado Quem Te Pintou!;
Segunda-feira (de 8 para 9): O harmónio de Alvalade;
Terça-feira (de 9 para 10): Pólo Aquático: Olímpico e Categórico
7 comentários
  1. Excelente trabalho,grande abraço!

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  2. Fantástico artigo!

    É quase um crime que a RAI tenha apagado este registo. Infelizmente era prática corrente por exemplo na BBC e isso até meados da década de 70. Apagar a história deveria ser crime mesmo considerando que os tempos eram diferentes naquele tempo também havia inteligência. E afinal não se apaga, nunca se deveria apagar uma obra prima.

    Num jornal Italiano dizia-se:
    "Un fuoriclasse modesto (e gentile).
    I complimenti di Eusebio a Barcelino ed a Roveta"

    Ou seja "Um fora de série modesto e (gentil). Os elogios de Eusébio a Barcellino e a Roveta. Eusébio sabia bem da maldade que tinha feito aquela equipa Italiana mas como os grandes foi gentil. Não andou ao soco nem à chapada. Não insultou nem desdenhou. Soube ganhar e soube reconhecer méritos alheios. Eusébio foi - perdão Eusébio é grande porque foi também um ser humano modesto e gentil Os Italianos perceberam quem era este Homem e Atleta.

    É um golo quase mitológico. O treinador Italiano dizia quando lhe perguntava se o remate que deu golo era ou não defensável: Para Eusébio a distância conta pouco. Trinta ou quarenta metros para ele não têm grande importância". Ora pois. E adiantava dizer outra coisa.

    Orgulho imenso que em 1968 e agora em 2014 o Sport Lisboa e Benfica tenha prestado a homenagem a um clube e aos mortos daquela tragédia. O destino foi cruel. O grande clube de Turim nunca mais foi o mesmo. Mas - e isso é uma opinião pessoal - ainda é o maior clube de Turim. Aquele porque eu sempre torcerei em Itália. Aquele por quem eu torcerei menos quando voltar a jogar contra o Benfica.

    Viva o Torino, Viva Eusébio e Viva o Benfica!

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  3. Caro AM,

    Este jogo deu na RTP. Recordo-me muito bem do lance do golo. Era catraínho e estava a ver o jogo em casa. Ainda era de dia quando o jogo começou. Tinha na altura - Maio/1968 - 13 anos e já acompanhava o Benfica na Europa desde a nossa primeira final europeia em Berna que também tive o privilégio de ver com o meu pai, num café mítico de Viseu dos anos sessenta - o Café-Restaurante Rossio.

    Neste jogo no Comunale, Eusébio apanhou um balanço incrível e o livre foi a mais de trinta e cinco metros, descaído sobre direita. Que me lembre, não houve barreira própriamente dita. O guarda-redes italiano achou que aquilo era uma fantasia, bem como os adeptos da Juve que esboçaram muito sorrisos de incredulidade quando viram que o Eusébio iria marcar directo e de tão longe.

    Foi um MÍSSIL!
    A bola seguiu, a uma velocidade incrível e o Anzolin quando se lançou já tinha sido tarde.

    Pode muito bem acontecer que a RTP tenha esse jogo em arquivo, como tem outros desses tempos.
    E que tempos!

    Cmpts e saudações gloriosas.

    GRÃO VASCO

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  4. Muito bom artigo.

    Realmente é um perda o facto de nem a rai ter imagens do golo...

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    Respostas
    1. O jogo foi transmitido na RTP, pode ser que tenham o golo arquivado

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  5. esse golo é considerado pelo próprio Eusébio ao Afonso Melo num livro que ele escreveu como o que «mais gozo lhe deu na vida»
    ele até fala na risota que provocou no estádio quando tomou balanço
    acho que é no Viagem em Redor do Planeta Eusébio, mas vou investigar
    e recomendo uma emenda - tifosi, ao contrário do que toda a gente escreve, não tem letras repetidas
    cumprimentos
    Luis C

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  6. Grande trabalho! Obrigado.
    Via O Benfica e Forza Toro!!
    Ciao dall'Italia.
    Roberto

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