Na actualidade fala-se muito dos futebolistas (e
treinadores) a actuar no estrangeiro mas com pouco critério. Há que distinguir
os que saem de Portugal e vão de "burro para cavalo" (excepções) e os
que vão de "cavalo para burro" (quase todos). Pois o Benfica em três
períodos distintos do século XX - primeira década, anos 10 e anos 40 - teve
três futebolistas que foram jogar para "melhores futebóis": Itália
(SS Lazio) e Brasil (Botafogo FR). Não é para todos. Em Portugal para quase
ninguém!
Francisco Santos
O primeiro a sair foi Francisco Santos. Logo em 1906. Para
Roma jogando nas temporadas 1906/07, 1907/08 e 1908/09 na histórica SS Lazio, fundada em 1900. NOTA: A AS Roma apenas surgiu em 1927 como resultado de uma união forçada pelos autarcas fascistas da cidade de Roma, numa fusão complexa - tentativa de unificar por toda a Itália os clubes populares num por cidade - mas da qual a SS Lazio conseguiu "safar-se" por ter "um dirigente fascista mais fascista" que aquele que forçou a união que deu origem à AS Roma!
Nasceu em Paiões (Rio de Mouro/ Sintra), arredores de Lisboa, em 22 de Outubro de 1878. Começou a jogar, ainda no século XIX, na equipa da Real Casa Pia e depois da fundação do "Glorioso" seguiria o rumo dos restantes: jogar no Sport Lisboa. Entretanto estudou em Paris, entre 1903 e o início de 1906. No Sport Lisboa participou em cinco jogos na 2.ª categoria mas na 1.ª categoria apenas em 4 de Novembro de 1906 como
avançado na meia-esquerda frente aos ingleses no Carcavellos Club (D 1-3) na
Quinta Nova, em Carcavelos.
Nasceu em Paiões (Rio de Mouro/ Sintra), arredores de Lisboa, em 22 de Outubro de 1878. Começou a jogar, ainda no século XIX, na equipa da Real Casa Pia e depois da fundação do "Glorioso" seguiria o rumo dos restantes: jogar no Sport Lisboa. Entretanto estudou em Paris, entre 1903 e o início de 1906. No Sport Lisboa participou em cinco jogos na 2.ª categoria
Entretanto para desenvolver a sua aprendizagem em escultura
foi, no final de 1906, para Roma aproveitando para jogar na SS Lazio enquanto
por lá andou.
Quando regressou a Portugal, em 1909, os seus amigos tinham deixado o Clube, em Maio de 1907, para irem formar a 1.ª categoria do Sporting CP, que embora existisse não conseguia ter bons futebolistas. Foi para lá, mas jogou pouco. Tal como os seus amigos casapianos: António Couto, José Neto, Daniel Queirós dos Santos e Emílio Carvalho. Daniel Queirós dos Santos chegou a presidente do Conselho Directivo, o quinto por ordem cronológica, entre 16 de Novembro de 1914 e 18 de Abril de 1918. Francisco Santos viu muitas das suas obras serem elogiadas, escolhidas e ornamentarem espaços públicos. Faleceu em 27 de Abril de 1930, aos 51 anos, quando trabalhava no Monumento ao Marquês de Pombal erigido na Rotunda.
Pela envergadura física não é difícil descobrir: Onde está o Francisco Santos ou Dos Santos como era conhecido em Roma?
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Quando regressou a Portugal, em 1909, os seus amigos tinham deixado o Clube, em Maio de 1907, para irem formar a 1.ª categoria do Sporting CP, que embora existisse não conseguia ter bons futebolistas. Foi para lá, mas jogou pouco. Tal como os seus amigos casapianos: António Couto, José Neto, Daniel Queirós dos Santos e Emílio Carvalho. Daniel Queirós dos Santos chegou a presidente do Conselho Directivo, o quinto por ordem cronológica, entre 16 de Novembro de 1914 e 18 de Abril de 1918. Francisco Santos viu muitas das suas obras serem elogiadas, escolhidas e ornamentarem espaços públicos. Faleceu em 27 de Abril de 1930, aos 51 anos, quando trabalhava no Monumento ao Marquês de Pombal erigido na Rotunda.
Luís Vieira
O segundo a sair foi Luís Vieira. Ou melhor... ficou lá! Em
1913. No Rio de Janeiro jogando no Botafogo FR entre 1913 e 1916. Luís
Vieira integrou os plantéis do Benfica logo após a fundação. Em 1906/07 fazia
parte da 2.ª categoria ascendendo à primeira na temporada seguinte quando a
"primeira de 1906/07 desertou para o Sporting CP".
Regressou para (re)estrear-se em 3 de Dezembro de 1916 - o
último encontro com o "Manto Sagrado" datava de 24 de Junho de 1913.
Muito desgastado pela idade e pela estadia no Brasil jogou pouco. Fez 13 jogos (e sete
golos) em 1916/17 e três encontros (e um golo) em 1917/18, o último jogo em 3
de Fevereiro de 1918. Tentou reaparecer um ano depois, em 16 de Fevereiro de
1919, mas com dificuldades físicas abandonou o jogo ao intervalo. Não voltaria
a vestir o "Manto Sagrado".
Rogério Lantres de Carvalho
O terceiro a sair foi Rogério Carvalho. Em 1947. Para o Rio
de Janeiro jogando no Botafogo FR em 1947 e 1948.
Nascido em 7 de Dezembro de 1922 e criado no bairro da Madre
de Deus em Chelas, chegou ao Benfica vindo do Chelas FC no início de 1942/43
fixando-se como extremo-direito numa época história com a primeira
"dobradinha" do Benfica: Bicampeão nacional e vitória na final da
Taça de Portugal frente ao Vitória FC Setúbal, com 5-1 e um golo de Rogério. No final da primeira temporada jogava onde fez "mais história": extremo-esquerdo. Na
temporada seguinte - 1943/44 - segunda conquista consecutiva na Taça de
Portugal com Rogério a marcar cinco golos na vitória, por 8-0, frente ao GD Estoril
Praia.
Depois de cinco temporadas a jogar no Benfica - 1942/43 a
1946/47 - foi contactado por um representante do clube brasileiro Botafogo FR
no sentido de jogar no popular clube do Rio de Janeiro. O Brasil preparava-se para
organizar a fase final do Campeonato do Mundo de 1950 e os brasileiros do
Botafogo FR queriam um futebolista português. Depois de observarem jogos em
Lisboa - SL Benfica, Sporting CP, Atlético CP e CF "Os Belenenses" - decidiram-se
pelo "mais brasileiro dos futebolistas portugueses": tecnicista, ambidextro
e rematador certeiro. E ainda conseguia ser veloz! Apresentaram-lhe uma proposta
financeira irrecusável. Devido à urgência não terminou a temporada em 1946/47
(último jogo em 18 de Maio de 1947). Até breve Rogério!
Esteve quase um ano no Brasil, entre Junho de 1947 e
Fevereiro de 1948. A adaptação dele e da família - casou e foi fazer a
lua-de-mel em Copacabana - não foi fácil até porque a sua linda e amada esposa queria que o filho nascesse
em Lisboa.
Para gáudio dos Benfiquistas (re)estreou-se em 28 de Março
de 1948 na 18.ª jornada (em 26) do campeonato nacional da I Divisão, no Estádio do Campo
Grande, numa vitória por 3-0 frente ao Vitória FC Setúbal. Ainda a tempo de
jogar a temporada de 1947/48. Afinal jogara no Brasil mas em termos de épocas
no Benfica não interrompera a carreira, ainda que a ida para o Botafogo FR o tenha impedido
fazer mais jogos e marcar mais golos com o "Manto Sagrado".
Regressou em boa-hora. Campeão nacional e latino em 1949/50,
antes vencera a Taça de Portugal, em 1948/49. Na finalíssima da Taça Latina
devido à impossibilidade do capitão Jacinto Marques subir à tribuna do Estádio
Nacional foi através dele que a Taça Latina passou para o "Glorioso".
No anos 50 participou (e de que maneira) na conquista das
Taças de Portugal em 1951, 1952 e 1953, ou seja, na histórica série de quatro
consecutivas - 1949 a 1953 - pois em 1950 não se realizou. Com 15
golos marcados em finais é o recordista da competição, mas com vários recordes:
1. Maior número de golos - 15 - marcados em
finais (1-5-1-4-3-1);
2. Maior número de golos - cinco - numa final (V 8-0; 1943/44);
3. Maior número de golos - 4 - em menos tempo - 26 minutos - entre os 60 e os 86 minutos, dos 5-0 aos 8-0 em 1943/44;
2. Maior número de golos - cinco - numa final (V 8-0; 1943/44);
3. Maior número de golos - 4 - em menos tempo - 26 minutos - entre os 60 e os 86 minutos, dos 5-0 aos 8-0 em 1943/44;
4. Seis finais com
golos em todas as finais (1-5-1-4-3-1);
5. Quatro finais
consecutivas - 1949 a 1953 - com nove golos (1-4-3-1);
6. Golo decisivo
mais tardio em toda a história da competição, entre 1921/22 e 2013/14 (aos 90' fez o 5-4 frente ao Sporting CP em 1951/52)
O Benfica organizou um grandiosa Festa de Homenagem e
Despedida, em 5 de Setembro de 1954, no Estádio Nacional, frente ao FC Porto,
onde estrearam o "Manto Sagrado"... Costa Pereira, Coluna, Naldo e
Alfredo. Um quarteto de luxo e um duo que seria Bicampeão Europeu!
Com 91 anos - completará 92 anos em 7 de Dezembro deste ano
- é um prazer falar com ele do Benfica, de antes dele e de agora. "Antes
dele" porque nos anos 30 já era do Benfica e com o irmão - futebolista no
Chelas FC que o pai fundara em 1912 - acompanhava como Benfiquista o Clube, extasiado
com o "Manto Sagrado" e os pontapés fulminantes do extremo-esquerdo
Valadas que ele substituiria em 1942/43. Como o Mundo é pequeno! Actualmente é o Decano dos Gloriosos Futebolistas
(completam-se 72 anos em 4 de Outubro) e dos Internacionais de Portugal (completaram-se
68 anos em 14 de Abril). Estive com ele há pouco e não vai demorar muito a
voltar a passar uma tarde com ele. Está-se sempre, segundo-a-segundo, a Benficar com o Rogério!
Três casos, dois clubes, países e
desfechos
Foram do "Glorioso" os primeiros futebolistas a
emigrar para Brasil (dois) e Itália (um). O primeiro foi para Itália e quando
regressou foi para o Sporting CP. Os dois seguintes para o Brasil, para o
mesmo clube (Botafogo FR) e ambos regressaram ao Benfica.
Há ir e voltar. E há Benfica. Sempre Benfica!
Alberto Miguéns
Plano para Agosto
(Previsão sempre à
meia-noite)
De 08 para 09:
Centenário da Gloriosa Natação (parte III);
De 09 para 10:
Supertaça: A competição do Sistema;
De 10 para 11: Era
uma vez um jogo com o Rio Ave FC;
De 11 para 12: Três
Dias do Voleibol (Última década);
De 12 para 13: Três
Dias do Voleibol (2013/14);
De 13 para 14: Três
Dias do Voleibol (Todos os campeões);
De 14 para 15: Cancella de Abreu, Obrigado!;
De 14 para 15: Cancella de Abreu, Obrigado!;
De 15 para 16: Eu
Benfiquista no Museu do FCP by BMG (parte II);
De 16 para 17: O
Glorioso na Primeira Jornada;
De 17 para 18: Era uma vez um jogo com o FC Paços Ferreira;
De 18 para 19: Mil e Cem de Cem em Cem (parte II)
Outro artigo de inegável qualidade. Gostaria apenas de deixar aqui o meu apreço pelo Campeão Latino. É graças a ele, entre outros, que o SL Benfica trm o prestígio que tem e é conhecido mundialmente. Um exemplo para os mais jovens diria eu.
ResponderEliminarÉ uma honra ter como Decano Rogério Pipi. Desejo-lhe ainda muitos anos de boa saúde.