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12 abril 2014

Muito Mais Que Um Presidente

12 abril 2014 5 Comentários
O Nosso Mundo Nunca Mais Foi O Mesmo



Passam hoje 45 anos, referentes a 12 de Abril de 1969, da primeira eleição de Duarte Borges Coutinho para presidente da Direcção do Sport Lisboa e Benfica.

Muito mais que um dirigente ganhador
Borges Coutinho é falado, infelizmente cada vez menos, como se o seu principal contributo fosse para o enriquecimento do palmarés desportivo do "Glorioso"! Mas... o presidente eleito - pela 1.ª vez - há 45 anos foi muito mais do que isso. Embora também seja grande por isso! É que Borges Coutinho "revolucionou" por completo o conceito da presidência de um clube de futebol. Há um antes e um depois de Borges Coutinho como presidente de um clube desportivo.



Antes de Borges Coutinho
Os associados eleitos para presidentes de clubes considerados Grandes, ou seja, com elevado interesse social e muita importância desportiva em Portugal eram geralmente pessoas com disponibilidade profissional e familiar que pudessem arranjar tempo das suas atarefadas vidas para presidir a clubes desportivos. Mas em termos sociais eram actividades quase clandestinas. Eram considerados "malucos da bola" que conseguiam gastar tempo a dirigir instituições com pouca expressão cultural, vocacionadas para proporcionar bem estar aos futebolistas, conseguindo contratá-los e mantê-los, ao pagar salários muito acima daquilo que deveriam ganhar face às suas habilitações e competências intelectuais. Tudo para gáudio dos simpatizantes e para proporcionar satisfação aos adeptos do seu clube. Isto queria dizer que muitos dos emblemas acabavam por estar repletos de dificuldades financeiras e esperava-se que esses presidentes conseguissem suprir esse afogo financeiro permanente, com disponibilidade própria (de fortuna privada ou familiar) ou com conhecimentos para ter ajuda de terceiros. Muitas vezes apetecia aos presidentes "quase ocultar esses cargos" perante os seus pares sociais, do tipo - "meti-me agora nisto, mas tanto me pediram que não consegui fugir. Vamos lá ver no que vai dar!" -, que só provocavam gastos de tempo e esbanjamento de dinheiro.



Depois de Borges Coutinho
Os dirigentes (em particular os presidentes) passaram a ser vistos como personagens importantes na sua comunidade. No caso dos clubes Grandes, com impacte e implantação a nível nacional, passaram a ser figuras públicas com o mesmo estatuto das personalidades mais importantes do País, a nível político, financeiro e social. O que dizem, fazem, insinuam ou querem passou a ter um tratamento mediático sem paralelo com aquilo que se passava antes da gerência de oito anos (quatro mandatos bienais) de Borges Coutinho. Tudo isto porque representam forças associativas (clubes) com milhares de associados e milhões de simpatizantes residentes em Portugal e na diáspora portuguesa. Tudo por causa da existência de um presidente do Benfica chamado Borges Coutinho que elevou a fasquia da presidência de um clube desportivo a um nível nunca visto, nem sequer imaginado antes da sua chegada ao Poder Benfiquista, através de eleições democráticas, com três listas em confronto, em 12 de Abril de 1969, há 45 anos!


Percurso no dirigismo Benfiquista
Em 12 de Abril de 1969 os 2 839 associados do Benfica detentores de 44 810 votos elegeram como presidente da Direcção o Dr. Borges Coutinho (lista A) com 58 por cento dos votos, cabendo aos dois outros indigitados para igual cargo, Fernando Martins (lista B) e Romão Martins (lista C) respectivamente 31 e 17 por cento dos votos. Para presidente da Mesa da Assembleia Geral foi escolhido Justino Pinheiro Machado com 26 093 votos e para presidente do Conselho Fiscal, o Dr. António José de Melo com 25 971 votos.



Duarte António Borges Coutinho nasceu em Lisboa, a 18 de Novembro de 1921, frequentando em criança o nosso Estádio das Amoreiras onde se fez benfiquista, mas seria em Inglaterra que teria educação esmerada, estudando engenharia. Quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial estava a estudar no Reino Unido. Depois do regresso a Portugal formou-se em “Económicas e Financeiras” ingressando como associado do “Glorioso”, aos 37 anos, em 19 de Maio de 1959. Menos de cinco anos depois foi eleito a 26 de Março de 1964 como director dos Assuntos Administrativos e das Instalações Sociais sob a presidência de Adolfo Vieira de Brito. Depois de concorrer como director em duas listas derrotadas nas eleições de 8 de Maio de 1965 (com Fernando Lourenço indigitado para presidente da Direcção) e 17 de Junho de 1966 (com o General João Caeiro Carrasco indigitado para presidente da Direcção), concorre aos 47 anos a presidente da Direcção conseguindo ser eleito pelos associados do Clube, cargo onde se manteve durante quatro biénios consecutivos. O modo como exerceu a presidência, com eficácia mas também com naturalidade, permitia ter a ideia que “Borges Coutinho nascera para ser presidente do Benfica!”. A gerência brilhante de 1969/70 possibilitou a sua reeleição para mais três mandatos consecutivos, sempre sem oposição – a 3 de Julho de 1971 eleito com 8 805 votos de 507 associados, a 31 de Março de 1973 eleito com 11 153 votos de 629 sócios e a 24 de Junho de 1975 com 5 294 votos de 306 associados. Entretanto a 14 de Março de 1973 foi eleito com a distinção suprema do Clube, a “Águia de Ouro”.



Um estratego na dimensão social e desportiva
O facto de durante o terceiro triénio terem ocorrido mudanças políticas profundas na sociedade portuguesa com o 25 de Abril de 1974 que introduziu alterações sociais e económicas radicais em Portugal, afectou em elevado grau a gestão do Benfica, isto porque se numa primeira fase houve que responder aos custos administrativos e mudanças de legislação laboral que ocorreram entre 1974/75, houve também nos anos subsequentes um decréscimo do interesse das pessoas pelo futebol (e demais desportos) devido às lutas ideológicas que trespassaram a sociedade portuguesa. Havia mais predisposição para a mobilização política e menos para o futebol e para os clubes, até porque surgiram correntes de opinião que afirmavam o amadorismo total para os clubes em Portugal e a prevalência do “fazer desporto” sobre o “presenciar desporto”.O Benfica também se ressentiu de tudo o que eclodiu no pós-25 d’Abril. A 31 de Dezembro de 1969 eram 37 104 os associados do Benfica atingindo três anos depois, em 1972 o valor de 44 575 para decrescerem até aos 34 605 sócios em 31 de Dezembro de 1975, um número que o “Glorioso” ultrapassara em 1958, ou seja 17 anos antes! Apesar de tudo as receitas provenientes da quotização associativa cresceram sempre: de 9 158 126$00 (45 680 euros) em 31 de Dezembro de 1969 para 15 064 470$00 (75 141 euros) a 31 de Dezembro de 1976. Em 1972, um ano importante na história financeira do “Glorioso”, as quotizações ultrapassaram pela primeira vez na nossa história a “marca” dos dez mil contos, com 10 573 307$00 (52 739 euros) registados a 31 de Dezembro de 1972. Com a independência das colónias portuguesas em África diminuiu drasticamente o número de filiais benfiquistas: em 31 de Dezembro de 1974 existiam 40 Filiais, oito Delegações e sete Casas do Benfica, mas dois anos depois registávamos apenas 20 Filiais e seis Delegações, mantendo-se o número de Casas do Benfica! 



Muitas vitórias (e títulos) no Futebol Benfiquista
Foram nove temporadas de elevada qualidade com a hegemonia nacional no futebol, conquistando-se sete títulos e dois segundos lugares (incluindo três tricampeonatos) e três Taças de Portugal (incluindo duas consecutivas) com duas “dobradinhas” em 1968/69 e 1971/72. Houve ainda a conquista de cinco Taças de Honra de Lisboa. O Benfica no campeonato nacional de 1972/73, treinado por Jimmy Hagan conseguiu ainda a proeza de o conquistar sem ser derrotado. Nas 30 jornadas cedeu apenas dois empates, na 24.ª jornada (E 2-2) e na 29.ª jornada (E 0-0) em ambas como visitante, ou seja obtivemos 23 vitórias consecutivas! A nível internacional realizaram-se grandes encontros nas competições da UEFA, com destaque para a época de 1971/72, quando o Benfica na Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE) atingiu as meias-finais da competição, sendo eliminado pelo futuro campeão europeu!



A Equipa
A necessidade de financiamento do futebol benfiquista com “Receitas Extraordinárias”, pois o futebol consumia vastos recursos, “obrigava” o Benfica a aceitar durante as temporadas, convites de vários países do Mundo para o “Glorioso” realizar jogos particulares ou torneios oficiosos, permitindo a obtenção de inúmeras e “saborosas” conquistas: Troféu Ibérico de Badajoz (1968/69 e 1972/73), Torneio Ramon de Carranza, em Cádis (1971/72), Torneio de San José, em Salamanca (1972/73), Torneio João Havelange, em Los Angeles (1972/73) e Torneio Vinho do Porto (1972/73).

O FUTEBOL PROFISSIONAL
Épocas
Camp.º
Nacional
Taça de
Portugal
Competições
UEFA
Taça de
Honra
Outros
1968/69
17.º
16.ª
TCCE
1/4
7.ª
TIB
1969/70
2.º
17.ª
TCCE
1/8.ma
2.º.pc

1970/71
18.º
2.º
TVT
1/8
4.º

1971/72
19.º
18.ª
TCCE
1/2
8.ª
TRC
1972/73
20.º
1/8
TCCE
1/8
9.ª
TIB
1973/74
2.º
2.º
TCCE
1/8
10.ª

1974/75
21.º
2.º
TVT
1/4
11.ª

1975/76
22.º
1/16
TCCE
1/4
2.º

1976/77
23.º
1/8
TCCE
1/16
-

NOTA1: Em 21 de Abril de 1969 - data da tomada de posse - o futebol do Benfica (treinado por Otto Glória) estava: em 1.º lugar (seria campeão nacional duas jornadas depois); apurado para os oitavos-de-final da Taça de Portugal; conquistado a Taça de Honra de Lisboa; eliminado da Taça dos Clubes Campeões Europeus nos quartos-de-final, após 3.º jogo para desempate com o AFC Ajax; TIB - Torneio Ibério de Badajoz (28 de Junho de 1969 e 30 de Junho de 1973); ma - Eliminado por "moeda ao ar"; pc - Derrota por menos pontapés de canto a favor; TRC  - Troféu Ramon Carranza (29 de Agosto de 1971)
NOTA2: Em 26 de Maio de 1977  - data das eleições a que não concorreu para ser reeleito - o futebol do Benfica (treinado por John Mortimore) estava: em 1.º lugar (sagrou-se campeão nacional em 8 de Maio de 1977, quatro jornadas do final); eliminado nos oitavos-de-final da Taça de Portugal; eliminado da Taça dos Clubes Campeões Europeus nos 16-avos-de-final.



A Escola de Futebol
O facto do Benfica ter uma política desportiva de aproveitamento dos jovens formados na magnífica “Escola de Futebol” benfiquista, bem como a contratação dos melhores futebolistas portugueses, transferindo-os dos seus clubes para o “Glorioso”, permitiu dispor de um vasto conjunto de jogadores que permitiram (com facilidade) formar duas grandes equipas em simultâneo. Como reflexo desse valor, a nossa categoria da Reserva conquistou seis campeonatos distritais. A aposta na formação de jogadores possibilitou dominar também o futebol jovem com os Juniores a conquistarem quatro Distritais e quatro Nacionais, e os Juvenis com sete Distritais consecutivos e três Nacionais! O Benfica exercia domínio efectivo e espectacular no futebol português entre o final da década de 60 e o início dos anos 70. Mas notava-se já a dificuldade em formar equipas competitivas para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, pelo facto de continuarmos a não contratar futebolistas estrangeiros, facto agravado em 1974 com a independência das colónias africanas!   

O FUTEBOL FORMAÇÃO
Épocas
RES
ERVA
JUNIORES
JUVENIS
INICIADOS
INFANTIS
Dis
Nac
Dis
Nac
Dis
Nac
1968/69
2.º
2.º
Eli
2.º
3.º
-
-
-
1969/70
26.º
18.º
13.º
2.º
Eli
-
-
-
1970/71
27.º
19.º
2.º
9.º
Eli
-
-
-
1971/72
28.º
20.º
14.º
10.º
2.º
-
-
-
1972/73
3.º
21.º
2.º
11.º
2.º
2.º
-
-
1973/74
2.º
2.º
2.º
12.º
4.º
2.º
-
-
1974/75
29.º
-
15.º
13.º
5.º
Eli
Eli
NP
1975/76
30.º
-
16.º
14.º
Eli
Eli
Eli
NP
1976/77
31.º
-
2.º
15.º
Eli
3.º
Eli
NP
NOTAS: Eli - Eliminados; NP - Não participámos; - Não se realizou;
Na categoria Reserva e Infantil os títulos são Regionais/Distritais



Muitos títulos (e vitórias) no Eclectismo Benfiquista
Ainda durante os anos 60 o Benfica reduziu para 25 as modalidades praticadas, com a suspensão do Pugilismo (1968) e do Tiro à Bala (1969), mantendo-se no entanto a prática feminina em dez desportos. Há a registar em 1972/73 a introdução da equipa feminina sénior de Andebol. O “Glorioso” apesar dos custos cada vez mais elevados, continuou a apresentar equipas e atletas de elevada capacidade, tendo como suporte a eficiente formação desportiva que era exercida no Clube, permitindo renovar as equipas seniores. Continuámos por isso a dominar vários desportos em Portugal, nestes oito anos de gerência: no Atletismo, o campeonato nacional de corta-mato feminino, por equipas e individual através de Manuela Simões (5.ºs títulos consecutivos em 1971); no Badminton, seis campeonatos nacionais (12.º título consecutivo em 1973) e um título para a equipa sénior feminina (1976/77); no Basquetebol, dois Nacionais e cinco Taças de Portugal, das quais três consecutivas, e para a equipa sénior feminina, dois títulos consecutivos na II Divisão em 1972 e 1973; no bilhar, três títulos de campeão nacional às três tabelas, por equipas; no ciclismo, as vitórias de Fernando Mendes e Firmino Bernardino nas “Voltas a Portugal”, respectivamente em 1974 (também por equipas) e 1976; no Hóquei em Patins, três títulos de campeão nacional; no Râguebi, dois campeonatos nacionais, três Taças de Portugal e ainda a Taça Ibérica, em 1971; no Ténis (de campo), campeão nacional por equipas, em 1971; no Ténis de Mesa (equipa sénior masculina), seis campeonatos nacionais (5.º título consecutivo em 1975) e quatro Taças de Portugal, com três “dobradinhas” e no sector feminino, um campeonato nacional (1974) e duas Taças de Portugal; no Voleibol (equipa sénior feminina), sete campeonatos nacionais (9.º título consecutivo em 1975) e duas Taças de Portugal consecutivas, em 1973 e 1974 (duas "dobradinhas") e no sector masculino, três Taças de Portugal, entre 1974 e 1976; e no Xadrez, com cinco campeonatos nacionais de “partidas rápidas”. Mas também conquistámos o bicampeonato nacional por equipas, no Halterofilismo, em 1969; o campeonato nacional de Actividades Subaquáticas, em 1971; e o campeonato nacional de Andebol, em 1975. Houve no entanto uma remodelação importante após 1974, sendo impossível suportar os custos elevados que eram necessários para continuar a manter alguns atletas mais exigentes! Borges Coutinho soube visionar o problema não tendo quaisquer problemas em fazer um ajuste real dos custos face às realidades sociopolíticas portuguesas e às necessidades do Clube, na última gerência em 1975/76, com a consequente redução do número de títulos conquistados.

MODALIDADES (I)
Épocas
HP
BAS
AND
VOL
RAG
CN
TP
CN
TP
CN
TP
CN
TP
CN
TP
1968/69
NA
-
NA
9.º
3.º
-
3.º
1/2


1969/70
11.º
-
10.º
10.º
II D
-
3.º
2.º
4.º
4.º
1970/71
NA
-
NA
1/4
2.º
-
2.º
1/4


1971/72
12.º
-
NA
11.º
4.º
1/8
5.º
2.º

5.º
1972/73
2.º
-
2.º
12.º
4.º
1/4
4.º
1/4

2.º
1973/74
13.º
-
3.º
13.º
2.º
2.º
3.º
2.ª

2.º
1974/75
NA
-
11.º
2.º
2.º
2.º
2.º
3.ª

6.º
1975/76
7.º
1/32
NA
1/8
2.º
1/4
2.º
4.ª
5.º

1976/77
6.º
1/16
7.º
1/2
NA
1/16
2.º
1/2


NOTAS: NA - Não apurados; NP - Não participámos; - Não se realizou

MODALIDADES (II)
Épocas
ATL
BAD
BIL
Ténis
T. Mesa
CNP
CM
CN
TP
CN
TP
CN
TP
CN
TP
1968/69
2.º
NC
8.º
-
1.º
-

-
16.º
1/8
1969/70
2.º
2.º
9.º
-

-

-
2.º
11.ª
1970/71
2.º
2.º
10.º
-
2.º
-
11.º
-
17.º
NC
1971/72
2.º
2.º
11.º
-

-

-
18.º
12.ª
1972/73
2.º
2.º
12.º
-

-

-
18.º
13.ª
1973/74
2.º
2.º

-

-

-
20.º
14.ª
1974/75
2.º
17.º

-

-

-
21.º
NC
1975/76
2.º
2.º

-

-

-
3.º
1/2
1976/77
2.º
2.º
13.º
-
3.º
-

-
3.º
1/4
NOTAS: CNP - Campeonato Nacional de Atletismo (ar livre); CM - Campeonato Nacional de Corta-Mato; NC - Não nos classificámos; NA - Não apurados; NP - Não participámos; - Não se realizou

MODALIDADES (EQUIPAS SENIORES FEMININAS)
Épocas
ATL
BAD
BAS
T. Mesa
VOL
CNP
CM
CN
TP
CN
TP
CN
TP
CN
TP
1968/69

3.º






3.º

1969/70

4.º





7.ª
4.º

1970/71

5.º






5.º

1971/72




1.º
IID


6

1972/73




2.º
IID

8.ª
7.º
1.ª
1973/74






10.º

8.º
2.ª
1974/75








9.º

1975/76










1976/77
1.º

1.º







NOTAS: CNP - Campeonato Nacional de Atletismo (ar livre); CM - Campeonato Nacional de Corta-Mato; NC - Não nos classificámos; NA - Não apurados; NP - Não participámos; - Não se realizou


Início da Cidade Desportiva na Luz
O Benfica conseguiu finalmente em 21 de Outubro de 1969 após quase duas décadas de “luta” perante os “organismos oficiais” adquirir por 6 900 contos (34 500 euros) os 170 mil metros quadrados que possibilitariam a construção da nossa “Cidade Desportiva”: em 1973 foi construído o campo 3 (pelado); em 1974 foi construída uma pista sintética (tartan) no campo 2 - onde actualmente está construída a "Catedral" - que tal como o campo 3 foi beneficiado com o arrelvamento sendo construído mais um campo, o n.º 4 (pelado); em 1975 foram construídos oito campos de ténis. Estava em marcha a concretização do projecto de 1952, ou seja a implantação de um verdadeiro Complexo Desportivo, junto ao nosso Estádio.



Adeus a um ímpar
Depois de quatro biénios consecutivos, Borges Coutinho não concorreu às eleições de 26 de Maio de 1977, mas a sua extraordinária acção prolongou-se muito para além da sua gerência, permitindo ao “Glorioso” conquistar ainda títulos e prestígio nas décadas seguintes, apesar dos erros que seriam cometidos sucessivamente pelos benfiquistas (associados) – dirigentes ou apenas sócios! Borges Coutinho teve também o mérito (e não foi pequeno…) de com as suas gerências bem sucedidas, equilibradas e o seu carisma, apaziguar alguma desunião associativa que se começava a esboçar entre os benfiquistas durante a segunda metade dos anos 60, mas que (infelizmente…) recrudesceria depois do seu afastamento em 1977! Após 2 967 dias como presidente da Direcção, sendo o terceiro Benfiquista com mais tempo no cargo, Borges Coutinho aos 55 anos afastou-se do dirigismo desportivo. Terminava uma das melhores gerências da nossa gloriosa história, incomparável a qualquer presidente de clubes adversários – passados ou actuais, até porque teve por substrato a delicadeza e finos propósitos de educação!


Faleceu tão novo!
Figura grande da sociedade portuguesa, 4.º Marquês da Praia e de Monforte amava fervorosamente o Benfica, jamais lhe regateando dedicação e sacrifícios, nos bons e maus momentos sempre com uma dignidade ímpar, modelando e inspirando, no mesmo sentido e com o seu exemplo os sentimentos e acções dos seus pares, sempre no desejo de elevar bem alto o nome do Benfica e não o seu (porque ele não precisava do nome do Benfica para ser grande). Faleceu aos 59 anos, em Londres, onde se encontrava a fazer exames médicos, em 18 de Maio de 1981.


Borges Coutinho podia ter sido Presidente da República Portuguesa
A personalidade de Borges Coutinho, a sua vida e vivência social fizeram de Borges Coutinho um dos mais ilustres portugueses do seu tempo. E tinha características que faziam dele um cidadão que tinha todas as condições para ser, por exemplo, Presidente da República.  Além de culto, muito culto, com fina educação, era tolerante, assertivo, cavalheiro, com percepção para saber escolher as pessoas certas para os lugares certos. Diplomata sabia o que fazer e como fazer. Era um exemplo de dedicação a causas, temerário perante as adversidades e corajoso para enfrentar dificuldades. Um grande português. Do seu tempo e de todos os tempos.

Porque é que não foi? Entre muitas possibilidades, até a de pessoalmente não querer ser, Borges Coutinho como Presidente da República era uma impossibilidade! Porque Portugal não era uma Democracia e Borges Coutinho era um Democrata. Um democrata em tempo(s) de ditadura(s) e verdugos!

Alberto Miguéns

NOTA BIOGRÁFICA:



5 comentários
  1. Muito obrigado por esta grande lição de história.

    Saudações benfiquistas!

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  2. Não tenho idade para me lembrar do Dr. Borges Coutinho.
    O meu pai dizia-me que era "O Presidente do Benfica".
    Cada um em seu tempo, foi juntamente com Ferreira Bogalho um presidente de memória grata, inesquecível para os Benfiquistas.
    Teve desafios tremendos a nível interno e externo. Entre outros: renovar a equipa mais vitoriosa da nossa história, desenvolver a cidade desportiva, internacionalizar mais ainda o nome e prestígio do Benfica colhendo frutos das vitórias europeias obtendo proveitos financeiros. Fez isto ganhando títulos atrás de títulos. Faltou apenas um título europeu.
    O Alberto dá-nos uma lição de história e deixa uma imagem da qualidade, prestígio, classe e assertividade com que este grande Senhor conduziu o nosso clube. Foi trágica a sua perda quando era tão novo e quando ainda podia ter dado tanto ao Benfica e como disse eventualmente ao nosso país.
    Lembrar o Dr. Borges Coutinho e transmitir às gerações futuras é um acto de justiça e de enorme Benfiquismo.
    Saudações Benfiquistas
    Victor João

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  3. Um grande trabalho sobre um grande presidente do Glorioso!
    Ironia do destino, o quarto descendente, D. Isabel Borges Coutinho casou com o Filipe Soares Franco, ex. presidente do Sporting. Conta Filipe SF que tiveram 4 filhos e que os 3 mais mais velhos são do Benfica!
    Saudações Benfiquistas

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  4. Fantástico. Posso dizer que também vi o episódio do Vitórias e Património sobre Borges Coutinho e ficamos logo com a sensação que foi um Presidente ímpar na história do Clube.

    O meu Pai sempre me disse que foi um Presidente de uma categoria inigualável. A cultura, educação cavalheirismo, etc tudo o tornava num homem único e reconhecido por todos. Deixou saudades e nunca será esquecido pelos benfiquistas, tenho a certeza, pois cá estaremos para divulgar a sua grande obra ao serviço do Glorioso

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  5. que maravilha! serviço público de benfiquismo

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