Uma das últimas acções públicas de João Rocha foi a
forma atenta e corajosa como lutou contra o "Projecto Roquette".
Sportinguista sportinguista (não é erro, é a dobrar) lutou contra, praticamente
todo o Conselho Leonino (CL) e assembleia geral (AG) do Clube. Quando faleceu
muitos do que o criticaram no CL e AG elogiaram-no. Gente sem vergonha!
E tudo começou…
Com o Projecto Roquette (PR). Pinto da Costa soube
(num estudo de mercado) que a diferença entre FCP e SLB era tão grande – em
número de simpatizantes e amor aos clubes - que não seria possível ultrapassar
o Benfica mesmo com o FCP “mais organizado”. A solução seria manter o Benfica
desorganizado para vencer mais competições que o Benfica. José Roquette soube
(numa sondagem) que a dimensão do Benfica era incomparável e mesmo com o
Sporting CP a ter maiores percentagens (mesmo assim minoritários) entre adeptos
nas classes mais altas (daí a célebre frase – os
sportinguistas têm mais Mercedes e BMW’s - por isso mais
dinheiro) não seria possível competir de igual com o SLB.
Cortina de fumo azul-e-verde
Com a cortina de fumo “Encontros Para Aproveitar
Sinergias na Construção dos Novos Estádios”, Roquette e Pinto da Costa,
estabeleceram um plano para o futebol e modalidades. O Sporting CP aceitava que
o FC Porto era o clube mais importante de Portugal e o FCP tudo faria para
proteger o SCP a fim deste conseguir na zona centro-sul rivalizar com o
Benfica. O FCP e SCP não se digladiariam publicamente, trocariam jogadores e
actuariam de forma concertada de modo a desgastar o Benfica. Na prática o FCP
seria mais vezes campeão nacional (em anos de infortúnio, com tudo a correr mal
e bem ao SCP, o SCP poderia ser campeão nacional), mas o SCP garantiria o 2.º
lugar, pois tentariam isolar o Benfica de modo a dificultar o acesso deste aos
lugares (1.º e/ou 2.º) de qualificação para a Liga dos Campeões, onde haveria o
“perigo” de fazer dinheiro e tornar-se “perigoso”.
O último combate
Foram poucos os sportinguistas que se insurgiram no
Conselho Leonino contra esta subserviência do SCP ao FCP. Um dos poucos foi
João Rocha, como deu conta numa entrevista ao “Record”, meia dúzia de anos
depois, mas da qual os “jornalistas” portugueses não ligaram, por medo, desprezo
ou incompetência. Por que estaria João Rocha indignado se Roquette conseguira
colocar sempre (com o FCP) o SCP na Liga dos Campeões? Isto era "mau"
para o SCP?
Jornal "Record" 15 de Fevereiro de 2006 |
Porquê da indignação
João Rocha mostrou-se indignado, não pelo facto do
pacto permitir ao SCP superiorizar-se ao Benfica, mas sim por quatro motivos:
1. A falta de ética do Projecto Roquette, ao
estabelecer um plano maquiavélico, unindo dois clubes (FCP + SCP) para afastar
outro (SLB) de competições desportivas, numa estratégia político-económica,
extra competência desportiva;
2. A subserviência do SCP ao FCP, admitindo que este
era superior, num tempo (finais dos anos 90) quando as sondagens acerca das
simpatias clubísticas davam emparelhamento entre os dois clubes (cerca de 21
por cento);
3. O "beijo da morte dos portistas aos
sportinguistas", condenando para sempre (pelo menos a longo prazo) o SCP,
pois o FCP iria crescer desmesuradamente à custa do enfraquecimento do SCP. O
definhamento do SLB seria sempre uma incógnita face à certeza anterior. NOTA DO EDB: João Rocha aos 70 anos (2000) continuava lúcido,
como aos 50 anos (1980);
4. O rebaixamento dos dirigentes do SCP perante os do
FCP, quando ele passara o seu mandato a "combater as estratégias
intriguistas e ilegais de Pinto da Costa". E foi por isso - por perceber
que não conseguia derrotar Pinto da Costa, que entretanto - em meados dos anos
80 - estabelecera boas relações com o presidente do SLB, Fernando Martins, que
João Rocha decidiu abandonar o SCP (1986) por não encontrar meios para fazer do SCP uma
potência do futebol, virando-se para as modalidades;
Como eles gostam de meias-palavras
Os "jornalistas portugueses" são um caso à
parte. Hilariante! Pensam eles que podem usar "prosa redonda" para
falar do acessório sem falar do essencial, porque os pacóvios que lhes pagam
diariamente os comes-e-bebes + alojamento não atingem o Olímpo onde se
refastelam.
Jornal Record. Página 44. 9 de Março de 2013 (sábado) |
Pois! Eu vou falar de João Rocha, mas do que me
interessa. Não do que interessa à Opinião Pública. Vou lá, agora, dizer o
essencial. Assim, tenho poder. Sei, sempre, mais do que eles.
Julgando-se imortais guardam para eles as informações
que lhes garantem poder entre os mortais. O azar é que os imortais também
morrem. Lá se vai o poder (afinal efémero) e as informações que julgavam ter em
exclusivo. Tristeza não tem dó!
João Rocha? Um senhor! Sempre de cabeça levantada! Teve uma vida e viveu-a
com dignidade
Alberto Miguéns
gostei :)
ResponderEliminarSou sportiguista ferrenho, para que conste ...