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19 janeiro 2013

Mais uma Estrela no 4.º Anel

19 janeiro 2013 2 Comentários
OPINIÃO


Fotografia de Roland de Oliveira 1947-2013: Até Sempre, CAMPEÃO

O popular Praia, nome que imortalizou na história do futebol português o matosinhense Clemente Rodrigues Crista faleceu na madrugada do passado dia 16 de Janeiro, aos 65 anos. Foi no clube mais popular da sua terra, o Leixões SC que se fez notar, ainda com a idade de juvenil, aos 16 anos, na época de 1962/63. De pequena estatura mas veloz, tecnicista e com decisão fácil frente à baliza, joga a extremo, à esquerda ou à direita. Na segunda temporada (1967/68) ao serviço dos leixonenses é um dos pilares (totalista, com 4 golos em 26 jornadas) da equipa que consegue o 8.º lugar entre 14 clubes. No final desta temporada é transferido para o Benfica.

Um dos "bébés" leixonenses fabricados no Campo Santana, em Matosinhos
 Rejuvenescer com portugueses
Sob a orientação técnica de Otto Glória o “Glorioso” procurou renovar (e rejuvenescer) o plantel com a contratação de jovens promessas do futebol português, num tempo em que a tradição impedia a contratação de futebolistas estrangeiros: Humberto Coelho (18 anos), Nené (18 anos), Pavão (19 anos) e Raul Águas (19 anos), ex-juniores; Praia (20 anos, ex-Leixões SC), Toni (21 anos, ex-Académica de Coimbra), Manuel José (22 anos, ex-reserva e júnior), Abel (22 anos, ex-reserva e júnior) e Zeca (25 anos, ex-reserva e júnior).

Uma imagem "À Benfica" durante décadas: a empatia entre vencedores e torcedores
Dois campeonatos e duas Taças de Portugal
Em três temporadas com o “Manto Sagrado” conquistou quatro troféus: uma dobradinha, em 1968/69 (773 minutos em 13 jogos como extremo-direito/ 2 golos no campeonato nacional e 77 minutos em três jogos como suplente utilizado e um golo na Taça de Portugal); Taça de Portugal (90 minutos num jogo a médio-direito) em 1969/70; e campeonato nacional (54 minutos como suplente utilizado em 2 jogos) na época de 1970/71.

No Vitória FC, em Setúbal, na temporada de 1971/72. Em baixo, o primeiro a contar da esquerda
Cedido para Vítor Baptista jogar no "Glorioso"
No final da temporada de 1971/72 foi envolvido (empréstimo) com José Torres e Matine, no negócio da vinda para o “Glorioso” de Vítor Baptista, avançado do Vitória FC, de Setúbal. Após duas temporadas – 1971/72 e 1972/73 - em Setúbal (onde faleceu e foi sepultado) regressou ao Benfica (1973/74) jogando apenas na equipa reservista. Era dificílimo – impossível - conseguir tirar a titularidade ao melhor trio de “quatro” avançados portugueses: Nené, Eusébio, Vítor Baptista e Artur Jorge (até um deles ficava de fora, sabendo-se que Eusébio era indiscutível).

No Varzim SC, em 1975/76. Em baixo, à direita
Seguiu-se uma carreira de futebolista a norte (Boavista FC (1974/75 e 1976/77) e Varzim SC (1975/76). Aos 28 anos regressou ao distrito de Setúbal: CD Montijo (1977/78), FC Barreirense (1978/79) e CD Montijo (três épocas: 1979/80 a 1981/82). Aos 35 anos, abandonou o futebol.

No CD Montijo, em 1979/80. Em baixo, à direita

Internacional Esperança
No II Portugal-Inglaterra, na categoria de esperanças, actuando a extremo-direito, marcou o golo do empate a um tento (1-1) num encontro realizado no Funchal, em 28 de Maio de 1969.

25 de Abril de 1971, em Borba, Praia marcou... sete golos ao SC Borbense na vitória por 16-2
  
Reservista de luxo
Praia jogou pouco na equipa de Honra mas revelou-se um enorme futebolista na Reserva do "Glorioso". Nas quatro temporadas no Benfica (1968/69 a 1070/71 e 1973/74) disputou 132 jogos e marcou 81 golos com o "Manto Sagrado" contribuindo para conquistas de valor supremo: três campeonatos distritais e uma Taça "Ribeiro dos Reis", este torneio homenageando um nome grande do enorme SLB. Na equipa principal participou em 39 jogos, com quatro golos, num total de 1981 minutos.

Praia no jornal "O Benfica". Esta sim, a verdadeira Bíblia do "Glorioso", desde 1942

Obrigado, Praia
Praia foi um futebolista que soube honrar, sempre, os símbolos do Clube: dedicava-se ao jogo e à equipa quando convocado e aceitava que a sua limitação (marcava poucos golos) dificilmente o poderia guindar à titularidade face aos seus colegas para o mesmo lugar e função. 

Também Praia, em 1969 (???) sentiu o "jogar À Porto". Caceteiros!
Desde 16 de Janeiro de 2013 é mais uma estrela que brilha no firmamento do “Quarto Anel”!

Alberto Miguéns
2 comentários
  1. Praia, um nome indelével na memória dos Benfiquistas. Obrigado. Descansa em paz.

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  2. Já lá vão uns bons anos.
    Jogava com amigos no estádio 1º Maio na INATEL quando no final um espectador, homem já com alguma idade, meteu conversa. Falou de uma questão técnica, se bem me lembro acerca de como rematar. Depois apresentou-se dizendo que tinha jogado com Eusébio. Perguntamos-lhe como se chamava e respondeu: Praia.

    A juventude e a sua ignorância... Não ficamos muito impressionados. E a conversa terminou pouco depois. O que terá pensado Praia?

    Enfim. Hoje teria muitas, muitas perguntas para lhe fazer. Alegra-te ó jovem na tua juventude. Sim mas que raiva tantas vezes ela estar carregada de ignorância e falta de humildade.

    Já lá vão muitos meses desde que nos deixou mas fica aqui hoje o meu desejo que descanse em Paz.

    VJC

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