OPINIÃO
CONFESSO: Ainda
tenho aquele empate “atravessado”
Não
vou definir o que é a mística, por que até pelo valor sentimental do conceito
cada um define, para si e por si, o que um sentimento significa. E ainda para
mais estar esta, a mística, relacionada com o Benfica. Vou apenas, e só dar a
minha opinião. E acrescentar – aliás primeiro até vou descrever – o que alguns
dos futebolistas dos anos 20/30 diziam ser ou como eles entendiam o que era a
Mística.
Mística pelos que a criaram
Já
não consegui falar com muitos dos futebolistas do “Glorioso” que jogaram no
tempo em que na Imprensa se começou a escrever que o “Benfica jogava com
Mística”. E estes escritos aparecem no início dos anos 30, principalmente após
o inesperado sucesso no Campeonato de Lisboa, em 1932/33, dado como perdido,
que a equipa conseguiu levar para uma finalíssima, derrotando por 2-1, o CF “Os
Belenenses” depois de 1-0 (Augusto Dinis, aos 35’), 1-1, aos 56’ e 2-1 (Vítor
Silva, aos 57’). O nosso adversário era favorito. É que nas últimas 5 épocas
(1927/28 a 1931/32), o CF “Os Belenenses” tinha conquistado 4 (quatro!)
campeonatos de Lisboa, incluindo 1931/32, ou seja defendia o título em 1932/33.
O Benfica há 12 temporadas (desde 1919/20) que não era campeão regional. Em
1932/33, o Benfica tinha um internacional português, Vítor Silva. O CF “Os
Belenenses” tinha… quatro: o capitão de Portugal (Augusto Silva), César, João
Belo e José Luís. Durante a 1.ª fase do Regional o Benfica ao perder muitos
pontos, o título foi dado como “impossível, mais uma vez, há 13 anos”. Depois
recuperou, terminou em igualdade com o CF “Os Belenenses” forçando uma final.
Que contra a opinião alheia (menos a dos Benfiquistas) o “Glorioso” venceu,
conquistando o título mais importante desse tempo (não havia campeonato
nacional), algo que fugia ao Benfica desde 1919/20. De referir que na
competição seguinte, que fechava as épocas, o Campeonato de Portugal (depois
alterou o nome para Taça de Portugal) o Benfica foi eliminado pelo FC Porto
(quartos-de-final) e o vencedor foi o… CF “Os Belenenses” (V 3-1, ao Sporting
CP).
Xavier, Albino e Cardoso
Do
plantel dessa época falei com três Glórias: Luís Xavier (1907-1986), Francisco
Albino (1912-1993) e Fernando Cardoso (1915-1996). Mas os que se seguiram, nos
anos 30, e com os quais consegui falar: Valadas, Espírito Santo, João Correia e
Macarrão diziam o mesmo. Eles relacionavam a mística com a vontade que toda a
equipa tinha em vencer. Acreditavam que se todos estivessem imbuídos do mesmo
sentimento, necessidade e crença em vencer esta ficava mais fácil de obter.
Acreditavam e jogavam, até ao apito final, para conseguir o melhor para a
equipa. Por que tinham consciência que a equipa estava a representar não apenas
cada um deles que estavam a jogar, mas os que estavam de fora (por castigo,
lesão, doença ou “baixa de forma”), mesmo todo o clube, todos os adeptos. Havia
que fazer tudo, o melhor de tudo, para conseguir vencer. Ou o melhor resultado.
Todos. A Mística.
Mística para mim
É a
capacidade em acreditar que é possível vencer. Se a equipa acreditar (e jogar
com atitude positiva e solidária) pode mais facilmente atingir a vitória ou
conquistar títulos. Não é só ter atitude, porque isso qualquer boa equipa tem.
É transcender-se em defesa de um emblema, de um Ideal, que se considera
merecedor dessa entrega.
Se o Benfica é Mística, o
valor será sempre o de todos e nunca o de alguns utilizarem todos
Alberto Miguéns
NOTA: Tudo isto porque não consigo “digerir” o
empate (com sabor a derrota) do Benfica em Barcelona. Já perdemos com o FC
Barcelona porque o clube catalão foi-nos superior (até muito superior em jogo e
classe) ou porque o jogo não correu bem, nem para nós nem para os árbitros… Mas
perder assim, por falta de crença e jogo solidário. Não consigo, nem “digerir”,
nem entender o que se passou no Camp Nou, sendo o Benfica… a Mística! Não dá
para entender! Não quero entender!
OS 20 JOGOS DO
GLORIOSO” COM FC BARCELONA
GLORIOSO” COM FC BARCELONA
Época
|
Cmp
|
Res.
|
Cidade
|
S
|
Estádio
|
1921/22
|
Par
|
D 0-5
|
Barcelona
|
F
|
Calle Indústria
|
D 2-5
|
|||||
1930/31
|
Par
|
D 1-5
|
Barcelona
|
F
|
Les Corts
|
1931/32
|
Par
|
D 2-5
|
Lisboa
|
C
|
Amoreiras
|
1940/41
|
Par
|
D 2-4
|
Barcelona
|
F
|
Les Corts
|
1957/58
|
Par
|
V 4-0
|
Lisboa
|
N
|
Restelo
|
1960/61
|
TCE/F
|
V 3-2
|
Berna
|
N
|
Wankdorf
|
1961/62
|
Par
|
E 1-1
|
Barcelona
|
F
|
Camp Nou
|
1963/64
|
TRC/mf
|
V 3-2
|
Cádis
|
N
|
Ramon Carranza
|
1966/67
|
Par
|
E 1-1
|
Barcelona
|
F
|
Camp Nou
|
V 1-0
|
Lisboa
|
C
|
Luz
|
||
1990/91
|
TTH
|
D 0-2
|
Corunha
|
N
|
Riazor (Teresa Herrera)
|
1991/92
|
LC
|
E 0-0
|
Lisboa
|
C
|
Luz
|
D 1-2
|
Barcelona
|
F
|
Camp Nou
|
||
1993/94
|
TPC
|
V 2-1
|
Lisboa
|
C
|
Luz
|
2002/03
|
Par
|
D 0-1
|
Lisboa
|
C
|
Luz
|
2005/06
|
LC1/4
|
E 0-0
|
Lisboa
|
C
|
Luz
|
D 0-2
|
Barcelona
|
F
|
Camp Nou
|
||
2012/13
|
LC:2
|
D 0-2
|
Barcelona
|
C
|
SLB
|
LC:6
|
E 0-0
|
Barcelona
|
F
|
Camp Nou
|
NOTAS: TRC - Troféu Ramon de Carranza; TTH - Troféu Tereza Herrera;
TPC - Taça Pepsi Cola
TPC - Taça Pepsi Cola