Gostava de fazer um livro (ou um texto)
sobre Carlos Martins, mas tenho dúvidas quanto aos valores correctos, pois
deparei-me com valores diferentes, no Record e em A Bola, acerca da sua
presença na equipa do Benfica na época actual. Qual é o jornal que está
correcto? (Leitor identificado)
RESPOSTA
Como
se vai demonstrar a seguir, as estatísticas publicadas nos jornais não são de
fiar, por que contêm inúmeros erros que vão aumentando à medida que a temporada
vai avançando. Resta a quem quiser ter informações correctas fazê-las – é
penoso porque interfere com a emoção das ocorrências e imprevisibilidade -
durante os jogos ou gravá-los – custa perder hora e meia a ver um jogo que já
foi visto - e depois fazer as respectivas anotações.
A Bola
É
difícil compreender como é possível acertar nos minutos de futebolistas como André
Almeida e Bruno César, mas retirar-lhes um jogo. E quanto aos cartões? Se os
contabilizam sejam mais criteriosos e rigorosos.
NOTAS: Bruno César tem 13 jogos: 6 na Liga ZON Sagres,
5 na Liga dos Campeões e 2 na Taça de Portugal;
André
Almeida tem 10 jogos: 4 na Liga ZON Sagres, 4 na Liga dos Campeões e 2 na Taça
de Portugal;
Garay tem 2 cartões amarelos:
aos 68’ da 4.ª jornada da Liga ZON Sagres (Ass. Académica Coimbra vs Benfica) e
aos 56’ da 6.ª jornada da Liga dos Campeões (FC Barcelona vs Benfica);
Melgarejo tem 2 cartões
amarelos: aos 55’ da 4.ª jornada da Liga ZON Sagres (Ass. Académica Coimbra vs
Benfica) e aos 77’ da 5.ª jornada da Liga dos Campeões (Benfica vs Celtic FC);
Gaitán tem 1 cartão amarelo: aos
90’ + 4’ da 5.ª jornada da Liga ZON Sagres (FC Paços Ferreira vs Benfica)
Record
Os
valores apresentados por este diário desportivo são inacreditáveis, em falta de
rigor e desleixo. Entre tantos erros, todos inadmissíveis, há dois sem perdão: menos
2 jogos para Carlos Martins; e Witsel com três jogos completos nunca pode ter
jogado “apenas” 224 minutos, só pode ter 270 minutos (3 x 90 = 270).
NOTA:
Os valores apresentados são um chorrilho de disparates. Para um jornal que é o
melhor em Portugal no destaque dado às modalidades (fornece a pontuação no Voleibol
e é o único a indicar qual o sete inicial no Andebol), muito superior ao jornal
A Bola, peca (e muito) na informação rigorosa no futebol, modalidade onde A Bola é claramente melhor, como comprovam os erros (quantidade e "tamanho").
Estatística não é um monte de
números e cifras
Não
ser criterioso na contabilização de jogos, golos, minutos, cartões e expulsões
anula a veracidade dos valores e essa adulteração torna injusta a análise à
actividade dos atletas. Respeita-se o seu trabalho colocando os valores
correctos e mantendo o mesmo critério para todos.
Precisa-se de rigor para
haver certezas
Alberto Miguéns
NOTA1: Qualquer dos jornais retira um golo a Matic
no jogo da Taça de Portugal frente ao Moreirense FC. Mas o golo, aos 58
minutos, só pode ser de Matic.
Se a bola for rematada por um futebolista em
direcção da baliza, para a linha de golo, não é por um adversário mudar-lhe a
trajectória que o golo não deve ser atribuído a quem tem a intenção de marcá-lo.
Negar um golo ao rematador, porque um adversário tenta (mas não consegue…)
impedi-lo, e atribuir a este essa infelicidade, é não perceber o jogo e
amarfanhar o espírito do futebol.
NOTA2: Há desfasamentos na contabilidade dos
minutos jogados, e pelo “desvio” percebe-se que não utilizam sempre o mesmo
critério. Por exemplo, em A Bola: Salvio e André Almeida têm mais 5 minutos e
Gaitán tem menos 4 minutos.
O meu – para os minutos dos golos e tempo das substituições
- mantém-se uniforme há muitos anos: arredondamentos por defeito até aos 29
segundos (para o minuto que vigora) e por excesso depois dos 30 segundos (para
o minuto seguinte).