OPINIÃO
«É necessário repetir muitas vezes uma mentira que acosse o inimigo para que ela se torne verdade» Citação atribuída ao Ministro da Propaganda Nazi, Josef Goebbels (1897 – 1945)
A pretensa ligação do Benfica ao Estado Novo/ Antigo Regime faz parte da propaganda andróide (secundada, como noutros assuntos, pelos sapóides) tendo um dupla intenção: denegrir o Benfica (conotando-o com um regime político nefasto) e justificar porque é, na actualidade, o Benfica o maior clube português (o “Glorioso” só é o clube mais popular em Portugal, prestigiado no estrangeiro e com mais títulos conquistados, porque foi apoiado durante os 48 anos do Estado Novo). O azar dos aldrabões é que «apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo» (ou deficiente motor, utilizando o politicamente correcto tão do agrado dos bem-pensantes do mundo ocidental). É isso que vamos mostrar, ilustrar e demonstrar em cinco penadas, publicando-se, hoje, a terceira.
PRIMEIRA PARTE
Caça-democratas e caça-situacionistas durante o Estado Novo
Tendo em conta apenas dirigentes que foram presidentes das Direcções nos três clubes e que também tiveram cargos de responsabilidade – ou seja ficam de fora os “apenas simpatizantes” (por ser de difícil definição) no aparelho corporativo e repressivo do Estado Novo, temos:
FC Porto:
Democratas 0 – Situacionistas 5
5-0
Urgel Horta
Ângelo César
Augusto Pires de Lima
Cesário Bonito
Júlio Ribeiro Campos
Sporting CP:
Democratas 0 – Situacionistas 7
7-0
Salazar Carreira
Joaquim Oliveira Duarte
Ribeiro Ferreira
Góis Mota
Cazal Ribeiro
Viana Rebelo
Brás Medeiros
SL Benfica:
Democratas 4 – Situacionistas 1
Manuel Conceição Afonso
Júlio Ribeiro da Costa
João Tamagnini Barbosa
Duarte Borges Coutinho
Mário Madeira
SEGUNDA PARTE
Uma descrição, o mais exacta possível
FC Porto:
Situacionistas 5 - Democratas 0
Urgel Horta
Ângelo César
Augusto Pires de Lima
Cesário Bonito
Júlio Ribeiro Campos
ZERO
Em 1928, o presidente da Direcção do FC Porto era o inefável fascista Abílio Urgel Horta. Nascido em 17 de Junho de 1896, em Felgar, uma freguesia de Torre de Moncorvo, cedo rumou para a cidade do Porto, onde se formou em medicina. Aos 32 anos, sendo presidente do FCP e tendo feito amizades, com alguns dos militares que implantaram (28 de Maio de 1926) em Portugal a Ditadura Nacional que estaria na origem, em 1933, do Estado Novo, consegue com uma “cunha de tamanho fascista” que o Presidente da República Óscar Carmona, Manuel Rodrigues Júnior (Ministro das Finanças) e José Alfredo Mendes de Magalhães (Ministro da Instrução Pública) assinem o Decreto-Lei que fez do FC Porto, em Portugal, no territíorio do continente europeu o pioneiro (e único durante 32 anos e seis meses) detentor do estatuto de Utilidade Pública. Este médico fascizóide regressaria à presidência da Direcção portista, entre 1951 e 1953, para “sacar do Poder Autoritário e Repressivo Português” o Estádio das Antas, inaugurado pomposamente em 28 de Maio de 1952, o Dia das Comemorações Fascistas, integrando a inauguração do estádio nas comemorações dos 26 anos da implantação do Regime. O médico fascizóide foi deputado da União Nacional, em diversas legislaturas, mostrando-se particularmente activo, na VI (1953-1957), VII (1957-1961) e VIII (1961-1965). Infelizmente, já não viu a Implantação da Democracia. Como ele, certamente, se indignaria com o poder actual do FC Porto ao conotar o Benfica com o Regime que sempre defendeu, e com o qual o seu clube (FC Porto) tanto beneficiou. Ingratidão “pintodacostista”.
O fascista Dr. Ângelo César Machado nasceu em 1900 numa pequena freguesia de Viseu, denominada... Andrade. Andrade à nascença, Andrade e fascista toda uma vida. Ângelo César cruzou-se com Salazar (nascido no Vimieiro... Viseu, em 1889) na Universidade de Direito de Coimbra, onde Salazar foi seu professor. Estabeleceu-se entre eles uma grande amizade – formou-se em 1924 – com ambos a integrarem o Centro Católico. O fascista Ângelo César esteve na fundação da Milícia Lusitana, que depois de 1926 integrou a “Liga Nacional 28 de Maio”, génese da Legião Portuguesa (os delatores do Regime, popularmente designados por “Bufaria”). Ângelo César foi destacado deputado na Assembleia Nacional, fazendo a apologia de Salazar não só como militante do partido único União Nacional, mas com artigos panegíricos a Salazar e ao Fascismo publicados num dos jornais patrocinados pelo Estado Novo, o “Diário da Manhã” órgão de imprensa em que os tipógrafos por vezes se “esqueciam” de colocar o “til” porque entendiam classificar melhor as notícias “Diário da Manha”. Enquanto deputado da fascista União Nacional foi presidente da Direcção do FC Porto, entre 1938 e 1939, se bem que o inefável medíocre nosso contemporâneo Bernardino Barros, palrador na Rádio Renascença e Porto Canal, tenha tentado branquear a sua acção - mentindo - para fazer passá-lo por um oposicionista do salazarismo (ver imagem). Têm cá uma lata, estes andróides.
O Dr. Cesário Bonito nasceu em Peso da Régua, a 1 de Agosto de 1909. Formou-se em medicina sendo discípulo de Ângelo César Machado (uma década mais velho). No FCP ocupou vários cargos directivos fazendo parte do grupo, com Urgel Horta, Ângelo César e Júlio Ribeiro Campos, entre outros, que foi dirigindo o clube portista durante os anos 40 até à década de 60, com Cesário Bonito a assumir por três vezes a presidência da Direcção: 1945/48, 1955/57 e 1965/67. Amigo de Urgel Horta que pertenceu à “Bufa portuense”, a Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal. Divulgador da União Nacional e do espírito do Estado Novo na cidade do Porto foi uma figura temida por democratas e oposicionistas. Felizmente, aos 65 anos, quando viu a liberdade ser restaurada, refugiou-se no anonimato, só “surgindo ressuscitado” pelo poder portista na sua morte. Faleceu no Porto, aos 78 anos, em 4 de Setembro de 1987.
Em pesquisa:
António Augusto Pires de Lima (Governador civil do Porto)
Júlio Ribeiro Campos (Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal)
Sporting CP:
Situacionistas 7 - Democratas 0
Salazar Carreira
Oliveira Duarte
Ribeiro Ferreira
Góis Mota
Cazal Ribeiro
Viana Rebelo
Brás Medeiros
ZERO
Um dos maiores apoiantes no desporto do salazarismo foi José Salazar Carreira presidente do SCP em 1925/26. Nasceu em Lisboa, a 2 de Novembro de 1894. Foi com a implantação do Estado Novo, depois da II Guerra Mundial que se torna um dos melhores ideólogos do aparelho do Regime, exercendo “com mestria” o cargo de Inspector Geral dos Desportos, até 1964, afastando-se por limite de idade (60 anos). A famigerada DGD que os Benfiquistas denominavam por DGS (DG do Sporting) tal a celeridade com que resolvia os problemas do SCP e as dificuldades do SLB e a morosidade colocada para os problemas do SLB e as dificuldades do SCP. O chamado “caso Eusébio” (Dezembro de 1960/Maio de 1961) é um bom exemplo. Salazar Carreira como principal responsável na DGD tinha, também, grande poder de influência no SNI (Secretariado Nacional de Informação) que controlava jornais e jornalistas. Salazar Carreira idealizava uma comunicação em jornais, rádios e depois na televisão controlada por sportinguistas - com qualidade profissional, mas do SCP - que depois reproduzissem o sportinguismo nos media, dando prioridade à pesquisa e contratação de jovens sportinguistas. Fernando Correia é um bom exemplo desta “política”, como o próprio – por ser competente, excelente profissional e íntegro – já reconheceu. Nunca acharam estranho haver tantos sapóides nos media? Depois de muitos e brilhantes serviços prestados ao Estado Novo e ao SCP, em simultâneo e com promiscuidade, faleceu, aos 80 anos, em 7 de Dezembro de 1974.
Em 16 de Março de 1914 nasceu em Lisboa Francisco de Moncada do Cazal Ribeiro de Carvalho. A sua carreira no dirigismo sportinguista e no Regime totalitário não podem ser dissociados. Ou seja, coerência e promiscuidade entre clube e política. Uma constante, por exemplo, ao contrário do FCP, onde há muito “interesseirismo”. No SCP fascismo/sportinguismo estão relacionados e estão intimamente ligados. Cazal Ribeiro ascendeu no aparelho político do Regime dentro do partido único (União Nacional), vereador na Câmara Municipal de Lisboa, Comandante de Batalhão da Legião Portuguesa (Bufaria) e deputado pelo Círculo de Lisboa, na Assembleia Nacional, na IX (1965-69), X (1969-1973) e XI (1973-1974) Legislatura, esta interrompida em 25 de Abril de 1974. Teve vários cargos nos órgãos directivos do SCP. Assumia-se como dedicado sportinguista e admirador de Salazar. Com verdade, não por interesse. Ninguém lhe pode apontar intenções. Servia o Regime porque acreditava ser o melhor para Portugal e portugueses. Faleceu em 30 de Dezembro de 1995. Uma entrevista (de que publicamos um excerto) ao jornal “Expresso” não deixa dúvidas quanto à sua ideologia:
Esta entrevista a Francisco Cazal Ribeiro realizou-se em 1993 e foi publicada no Expresso.
Francisco Cazal-Ribeiro foi uma das figuras mais conhecidas do salazarismo.
Vou transcrever as partes mais interessantes da entrevista, começando pela introdução:
“Diz, peremptório: «Eu era tão salazarista que nunca poderia ser marcelista.» Mas continuou deputado no tempo de Marcello porque quis «ficar atento à evolução para cuidar da continuidade». Foi preso a seguir ao 25 de Abril, saiu do país a conselho de Galvão de Melo, e regressou em 1983. Tem agora 79 anos, mas não mudou com a idade. Assume que nunca se converterá à democracia e considera que o 25 de Abril foi «uma traição».”
EXP. - O senhor era um «ultra» do salazarismo e um deputado conhecido pelas suas posições irredutíveis...
C.R. - Sim, era um símbolo do salazarismo que era preciso abater. Assim como o Tenreiro era o símbolo da corrupção, que era preciso castigar. A mim não me abateram e ao pobre do Tenreiro, que ainda é vivo, não descobriram nada de menos lícito ou ilegal.
EXP. - Ainda hoje assume essa condição de salazarista?
C.R. - Inteiramente. Basta entrar em minha casa, como vê: desde o meu quarto, onde tenho um autógrafo de Salazar que muito me envaidece - «Ao Cazal Ribeiro, com muita estima e a maior consideração» -, escrito nas costas de uma fotografia em que ele está a apertar a mão a Paulo VI.
EXP. - ... e defende um Estado autoritário porquê?
C.R. - Quando penso assim, penso como português e como latino. Se eu fosse sueco, era muito possível que fosse democrata.
EXP. - Porquê essa distinção? Os latinos são menos capazes do que os nórdicos?
C.R. - Eu respondo-lhe com uma pergunta: acha que a democracia é possível para estas décadas mais próximas em África?
O Dr. Carlos Cecílio Nunes Góis Mota foi uma das figuras mais odiosas do Regime, sendo durante muitos anos Comandante da Legião Portuguesa. Góis Mota além de desprezado entre muitos desportistas, também era citado entre intelectuais e militares, em Portugal ou nas Colónias. Muito há a dizer sobre ele… mas nem vale a pena, aqui no EDB. Faleceu em 25 de Janeiro de 1973. Dois exemplos de textos em que é citado:
Por Carlos Mário Alexandrino da Silva (estudos africanos)
Os Serviços de Informação da Legião Portuguesa chefiados pelo inspector de educação aposentado Parente de Figueiredo e dos quais fazia parte também o "misterioso" e ganancioso jornalista Luís Lupi, por iniciativa do Dr. Carlos Cecílio Nunes Góis Mota, Secretário-Geral daquela Organização paramilitar, que em 1961 recrutara uma companhia (na LP denominada "TERÇO") de voluntários para guarnecer e proteger as instalações da Companhia Angolana de Agricultura -dos Espírito Santo Silva- no Cuanza Sul, tinham contratado, para ser agente especial em Angola, um ex-colono europeu que havia falido como comerciante no Huambo - Nova Lisboa-: Fernando da Conceição Araújo.
Araújo, demonstrara ser íntimo de militantes e conhecedor das actividades da FUA, prontificando-se a retornar àquela região como agente especial, à revelia da PIDE. O incansável e dinâmico Dr. Góis Mota, homem da confiança de Salazar, queria mostrar que era capaz de superar a PIDE...
Fernando Araújo enviara, algumas semanas antes da sua morte, um relatório secreto que fora encaminhado ao GNP pelo Dr. Góis Mota, que supervisionava a actividade daquele agente especial da LP em Angola. Nesse Relatório Imediato ele denunciava a existência nas cidades de Sá da Bandeira (Lubango), Moçâmedes, Lobito, Benguela e Nova Lisboa (Huambo) de pessoas "socialmente bem colocadas" que eram adeptos da FUA.
E outro de José Saramago:
Memórias de 1934
Encontro na Caminho algumas cartas de leitores que ainda não conhecem o meu endereço... Uma delas traz no remetente um apelido que me é familiar desde há mais de sessenta anos, desde 1934 precisamente, quando, tendo deixado o Liceu de Gil Vicente, comecei a frequentar a Escola Industrial de Afonso Domingues, donde sairia com o curso de serralheiro mecânico. Durante o tempo que ali andei, foi meu professor de Mecânica e de Matemática o engenheiro Jorge O’Neill, que, catorze anos mais tarde, viria a dar-me emprego na Companhia Previdente (de que era administrador-delegado), quando, na sequência da campanha presidencial de Norton de Matos, me demiti, antes que fosse demitido, da Caixa de Previdência onde trabalhava. Um certo Dr. Góis Mota, ajudante da Procuradoria-Geral da República, comandante da Brigada Naval da Legião Portuguesa e «fiscal» do comportamento político dos empregados da Caixa, de que era assessor jurídico, instaurou-nos, a mim e a outro colega, uma caricatura de processo disciplinar, durante o qual me disse (sic) que se os meus camaradas tivessem ganho ele estaria pendurado num candeeiro da Avenida... A minha culpa visível tinha sido, simplesmente, a de não acatar a ordem de que todo o pessoal deveria concentrar-se, no dia da eleição, à porta da secção de voto do Liceu de Camões, porque ele, Góis Mota, segundo dizia, requerera e tinha em seu poder as certidões de eleitor de todos nós, de modo a que pudéssemos ir votar a uma secção que não fosse a nossa. O legionário Góis Mota, ajudante do Procurador da República, estava a mentir: votei na Graça, como devia, e ninguém me disse que, por ter sido passada certidão de eleitor, não podia votar ali. (Na eleição seguinte o meu nome deixaria de constar dos cadernos eleitorais...)
in "Cadernos de Lanzarote - volume IV, 28 de maio de 1996
Em falta:
A publicar em 21 de Junho de 2012
Oliveira Duarte
Ribeiro Ferreira
Viana Rebelo
Brás Medeiros
SL Benfica:
Situacionistas 1 - Democratas 4
Mário Madeira
Manuel Conceição Afonso
Júlio Ribeiro da Costa
João Tamagnini Barbosa
Duarte Borges Coutinho
A publicar em 21 de Junho de 2012
Qual é, qual é o que tem mais figuras do Regime?!
Qual é, qual é o que tem mais oposicionistas!?
Pois…pois... Cuidem-se…
Alberto Miguéns
NOTA: Plano de publicação (previsão). Alterado devido aos jogos de hóquei em patins – Taça de Portugal – e futsal (último jogo da final)
PUBLICADO
13 de Junho/ Sem jogos da Selecção Nacional
14 de Junho/ Datas das inaugurações dos Estádios
19 de Junho/ Início/ Dirigentes (e responsáveis) democratas
A PUBLICAR
21 de Junho/ Final/ Dirigentes (e responsáveis) democratas
22 de Junho/ Eleições (e Assembleias Gerais) democráticas
26 de Junho/ Sem finais de competições oficiais “em casa”
Lindo como se aprende história neste blog ! Uma referÊncia para todos os BENFIQUISTAS !
ResponderEliminarGrande trabalho Alberto!
ResponderEliminarObrigado e muita força para continuar.
Muito bom, caro Alberto!
ResponderEliminar