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10 fevereiro 2016

Gloriosíssimo

10 fevereiro 2016 5 Comentários
HÁ 109 ANOS O BENFICA TORNA-SE GLORIOSO.



Com uma impensável vitória, por 2-1, sobre os mestres ingleses invencíveis do Cabo Submarino. Com uma Gloriosa Vitória obtida em terreno adversário, na Quinta Nova, em Carcavelos. Num jogo frente a um clube que tinha a equipa invencível desde 1898, quando um grupo de indomáveis casapianos, em 22 de Janeiro, lhes aplicou uma derrota por 2-0!

Eis que há nove anos (1898-1907) a separar essas duas vitórias
Os jogos na Quinta Nova provocavam sempre muita ansiedade. Podiam ser de goleada (a favor dos ingleses) mas um dia trariam a glória suprema ao clube que conseguisse derrotar quem estava invencível. Com a passagem dos anos tudo isto subia exponencialmente. Alguma vez eles teriam de perder. E só o Grupo Sport Lisboa tinha potencial, mesmo em exclusivo com futebolistas portugueses, para o conseguir. Deixemos para quem viveu este dia memorável, há precisamente 109 anos, a primazia. Os autores deste blogue oferecem-lhe o espaço e o tempo para dissertarem acerca do jogo: um espectador e um futebolista. Ambos são gloriosos. O espectador é Daniel Santos Brito, um dos 24 fundadores, secretário do Clube e tanto quanto se sabe balconista na Farmácia Franco. O futebolista é um dos 24 fundadores que viveu essa jornada inesquecível a pelejar pelo Clube. Ambos passaram a Gloriosos. O dirigente por ver a vitória, o futebolista por consegui-la. E assim se transformou um clube igual a todos os outros em Glorioso. Para sempre! Em 1907. Há 109 anos.

Tanta ansiedade
A vontade de chegar ao jogo na Quinta Nova foi tanta que o comboio para Paço de Arcos até lhes pareceu o que seguia para Carcavelos. E seriam localidades bem diferentes. Talvez em 1907 fossem mais semelhantes do que hoje. Pelo menos as praias!


Jogar como nunca, vencer como sempre
Vitória retumbante. Única. Imprevisível. Expectável? Afirmativa. Viva o Gloriosíssimo!


Com três futebolistas a serem Bi
Venceram, em 1898, no GCP (Grupo da Casa Pia) e renovaram a vitória, em 1907, pelo Grupo Sport Lisboa (SL). Neste jogo, em 10 de Fevereiro de 1907, às onze e meia da manhã, há precisamente 109 anos jogaram, pelo "Glorioso", quatro casapianos que já tinham representado, em 22 de Janeiro de 1898, há 118 anos, a equipa da Real Casa Pia de Lisboa: Emílio de Carvalho, António Couto, Daniel Queirós dos Santos e David José Fonseca. Ambos os jogos na Quinta Nova, em Carcavelos, frente ao Carcavellos Foot-Ball and Cricket Club e com duas vitórias, separadas por nove anos e quase um mês. À Benfica! Gloriosíssimo!

História do SL Benfica 1904 - 1954; Volume I; página 47; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; edição dos autores; Lisboa; Março de 1954
Legendagem feita com a ajuda do inexcedível Victor João Carocha. Por isso completamente fiável. Obrigado
1º nível (atrás), esquerda para a direita: David da Fonseca, Emílio de Carvalho, Cândido Rosa Rodrigues, Marcial Freitas e Costa, Fortunato Levy e, atrás, Carlos França;
2º nível: Manuel Mora;
3º nível: Daniel Queiroz dos Santos, Albano dos Santos, António Couto e José da Cruz Viegas;
4º nível (à frente): Manuel Gourlade;
Arbitro ou adepto: desconhecido. 
Um ano e meio depois, em 1908, aquando da junção a 13 de Setembro
Esta vitória de há 109 anos “pesou” (e de que maneira) para o Sport Lisboa e Benfica “herdar” do Grupo Sport Lisboa, a simbologia - base do emblema: escudo e Águia, divisa latina (Todos Por Um) e cores do equipamento: camisolas vermelhas e calções brancos - bem como a origem: 28 de Fevereiro de 1904.


Eis os relatos da imprensa da época
Não nos pouparam nos elogios. 109 anos depois só temos que agradecer. Pelos de 1907 e por nós, os do século XXI, que assim podemos saber “como foi”! Contem-nos lá!


Não há uma sem duas

Jornal "Os Sports" n.º 158; Primeira página; 14 de Fevereiro de 1907

Gloriosíssimo. 109 vezes. Gloriosíssimo!


Alberto Miguéns


NOTA: Há quem debite ideias em doses industriais! Não sei é se o fazem tendo em conta o conhecimento global dos assuntos. Se dominam, a liberdade de interpretação é legitima. Porque é por opção. O lema "E Pluribus Unum" pode ter como boa tradução “De Todos, Um” mas o que os nossos fundadores queriam que significasse era “Todos Por Um”. Eu prefiro uma tradução mal feita, com boa e certeira intenção, dos nossos fundadores, que a escolheram em 1904, que uma "boa latinada" dos azeiteiros do século XXI que a descobriram em 2016 e arredores. Félix Bermudes que sempre se disse ser fundamental na definição do emblema e adopção da divisa não deixa margem para dúvidas quando fez a letra do Hino para as Bodas de Prata, em 1929, do Gloriosíssimo. «"Todos Por Um" – eis a divisa do velho Clube Campeão». Em final dos anos 20 do século XX, com praticamente todos os 24 fundadores ainda activos neste nosso Planeta!


"Todos por um!" eis a divisa,
Do velho Clube Campeão,
Que um nobre esforço imortaliza,
Em gloriosa tradição.

Olhando altivo o seu passado,
Pode ter fé no seu futuro.
Pois conservou imaculado
Um ideal sincero e puro.

REFRÃO
Avante, avante p'lo Benfica,
Que uma aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram o passado!

Olhemos fitos essa Águia altiva,
Essa Águia heráldica e suprema,
Padrão da raça ardente e viva,
Erguendo ao alto o nosso emblema!

Com sacrifício e devoção
Com decisão serena e calma,
Dêmos-lhe o nosso coração!
Dêmos-lhe a fé, a alma!


Letra: Félix Bermudes
Música: Alves Coelho
Interpretação do Orfeão Sport Lisboa e Benfica
5 comentários
  1. Para mim ficou escrito na pedra.

    Ainda há dias comentava sobre isso:

    "Um por todos e todos por Um"
    "De todos, Um"
    "De todos, por Um"

    Pois a sua argumentação é para mim conclusiva.

    Para mim passa a ser: "Todos por Um".

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  2. Esta questão da tradução de E PLURIBUS UNUM é mais uma daquelas necessidades de alguns pseudo autores em reinventarem o que já foi inventado...
    Independentemente da tradução correta, se um dos nossos fundadores diz que a divisa é TODOS POR UM !, então esse é o significado atribuído a divisa E PLURIBUS UNUM do nosso glorioso emblema !!!

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  3. Boa tarde, Excelente artigo.

    Eu adoro a historia, se bem que tenha ido para as literaturas adoro história... Boa história claro correcta, concisa e forte. Claro que já conhecia a história do jogo contra os ingleses mas é bom ler o bom português de outros tempos, o cuidado na escolha das palavras o companheirismo da semântica. Bons tempos.

    Vou guardar as fotos claro. Não me posso fiar na durabilidade da internet ;)

    PS: SIM, assumo a minha culpa neste cartório. Nos anos 90 pensava eu que E Pluribus Unum estava relacionado com o tal lema dos 3 mosqueteiros (riam-se...). Depois, claro, vieram as ditas traduções mas lá no blogue só escrevo E Pluribus UNUM! Vou tenatr não falhar mas a partir de hoje: E Pluribus UNUM - Todos Por UM

    Saudações Gloriosas

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  4. Novamente um belíssimo texto complementado com excertos da época para conferir rigor ao que escreve. Mais uma vez obrigado e não me canso de lhe agradecer, pois quando pensamos que sabemos coisas sobre a nossa Gloriosa história abrimos este blog e ficamos a saber outros dados que não sabíamos. E acredite quando lhe digo que a cada artigo que leio fico mais orgulhoso da nossa Gloriosa história.
    Nunca tinha imaginado que "Glorioso" fosse algo já desde a nossa fundação (sempre pensei que tivesse a ver com os anos 60) nem que a nossa divisa tivesse outra leitura que não "De Todos, Um". Tal como o Félix Bermudes, o Alberto Minguéns e o leitor VictorJ dizem, para mim passa a "Todos por Um!"
    Cumprimentos
    Rui Ferreira

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    Respostas
    1. Caro Rui Ferreira,

      Não tem que agradecer.

      O Benfiquismo também é partilhar. Com os Benfiquistas. Foi assim que o Clube se fez grande. Sem ter medo de partilhar os conhecimentos pensando que se os outros souberem menos eu sei mais. Isso não é Benfica!

      Uma das razões da existência deste blogue é mostrar a grandeza do Clube. Claro que não é um blogue perfeito. Nada é perfeito. O mais próximo que eu conheço da perfeição é o próprio Benfica, enquanto clube.

      Gloriosíssimas Saudações Benfiquistas

      Alberto Miguéns

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