OLA JOHN |
1) A inexactidão de não
considerar as 17 edições do campeonato de Portugal como antecessora da Taça de
Portugal;
2) O sucesso do Benfica
nas competições nacionais, a eliminar;
3) A vigarice em 1960/61
que impediu o “Glorioso” de conquistar três títulos na mesma temporada.
Uma decisão
que não está a ser cumprida
O Congresso da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 1938
decidiu reorganizar as competições. Para não descontinuar as competições que se
disputavam desde 1922 (campeonato de Portugal) e 1935 (campeonato da I e II
Liga) o Relatório da FPF de 1938/39 consagrou a continuidade das duas
competições, com outras designações, respectivamente, Taça de Portugal (prova a
eliminar, tal como o campeonato de Portugal) e Campeonato Nacional da I e II
Divisão (provas a pontuar, tal como os campeonatos da I e II Liga).
Ponto VI do Relatório da FPF em 1938/39 |
O troféu da Taça de Portugal data de 1921/22 então
denominado campeonato de Portugal, como mostram as placas com o nome dos
vencedores que são colocadas todas as temporadas.
Base do troféu com as placas dos vencedores por época. Estão lá todas, incluindo a do campeonato de Portugal (1934/35), bem como das Taças de Portugal (por exemplo a de 1961/62) |
Em
competições a eliminar os melhores têm mais jogos
O Benfica é o clube com mais jogos disputados na Taça de
Portugal, incluindo as épocas em que o troféu teve a designação inicial de
campeonato de Portugal. A estrutura competitiva do futebol português tem
variado muito. A primeira competição nacional, indevidamente designada
campeonato, não era a pontuar, mas a eliminar. Iniciou-se em 1921/22 colocando
em confronto o campeão regional do Porto (FC Porto) e o campeão regional de
Lisboa (Sporting CP). Nas temporadas seguintes, foram entrando mais campeões
regionais, até que na 6.ª edição – 1926/27 – a participação foi alargada aos
melhores classificados dos principais campeonatos regionais continuando os
campeões regionais a entrarem na competição. O “Glorioso” estreou-se após o 5.º
lugar no Regional de Lisboa. Se a 5.ª edição foi disputada por 12 clubes a
edição de 1926/27 teve 31 clubes em confronto. Depois seguiram-se temporadas em
que os apuramentos para a Taça de Portugal foram sendo alargados, permitindo a
inscrição de clubes de vários escalões, até os 2.ºs melhores classificados dos
campeonatos distritais puderam (e podem) participar na edição seguinte da Taça
de Portugal.
ESTRUTURA
DO FUTEBOL PORTUGUÊS
(com
possibilidade de apuramento para a Taça de Portugal)
Épocas
|
1.º Escalão
|
2.º Escalão
|
3.º Escalão
|
4.º Escalão
|
5.º Escalão
|
34/35-46/47
|
I
Liga/ I Divisão
|
II
Liga/
II Divisão |
|||
47/48 - 67/78
|
I
Divisão
|
II
Divisão
|
III
Divisão
|
||
68/69 - 89/90
|
I
Divisão
|
II
Divisão
|
III
Divisão
|
I
Divisão
Distrital
|
|
90/91 - 12/13
|
I
Liga
|
II
Liga
|
II
Divisão B
|
III
Divisão
|
I
Divisão
Distrital
|
13/14 - ?
|
I
Liga
|
II
Liga
|
CNS
|
I
Divisão
Distrital
|
NOTAS: (1) Entre 1934/35 e 1946/47 os clubes apuravam-se
para a I Liga/ Divisão e II Liga/ Divisão através das classificações obtidas
nos campeonatos regionais;
(2) A I e II Divisões só tiveram quadro fixo de clubes (com
despromoções e promoções) depois de 1946/47;
(3) A III Divisão só passou a ter quadro fixo de clubes (com
despromoções e promoções) depois de 1968/69. Entre 1947/48 e 1968/69 os clubes
apuravam-se para a III Divisão através das classificações obtidas nos
campeonatos distritais, mas houve várias alterações durante os anos 50 para
permitir que os clubes finalistas para apurar o campeão da III Divisão pudessem
ascender à II Divisão na época seguinte;
(4) CNS - Campeonato Nacional de Seniores
Eliminatória
n.º 366 (com finais) e n.º 328 (sem finais)
Até
serem organizados os primeiros (e verdadeiros) campeonatos em 1934/35, com o
nome de I Liga e II Liga não é possível definir o escalão dos clubes pois
apuravam-se todos pelos respectivos campeonatos regionais. Depois de 1933/34
passou a ser possível saber qual o escalão de cada clube. Para o “Glorioso” a
eliminatória com o CD Cinfães foi a 366.ª incluindo nestas as 38 finais (27
conquistadas e onze perdidas) ou a 328.ª se excluirmos as finais. Como seria de
prever a maior parte das eliminatórias (com ou sem finais) foi frente a equipas
de clubes do 1.º escalão: 164 (em 126 ultrapassadas e em 38 eliminado)
contabilizando mais 33 finais (22 conquistas e onze perdidas).Como o CD Cinfães
compete no Campeonato Nacional de Seniores, foi a 34.ª vez que o Benfica
defrontou um clube deste escalão: 19quando a III Divisão era o 3.º escalão e 14
da II Divisão B, incluindo o único insucesso frente a uma equipa de um clube do
3.º escalão (Gondomar SC, 8.º classificado, na zona norte, da temporada de
2002/03).
TAÇA DE PORTUGAL
ELIMINATÓRIAS
E FINAIS
Escalão
|
Eliminatórias
|
FINAIS
|
TOTAIS
|
||
Sucesso
|
Insucesso
|
Conquistas
|
Perdidas
|
||
Indefinido
26/27
- 33/34
|
22 + 1
(isento)
|
6
|
2
|
-
|
30
|
1.º
escalão
|
126
|
38
|
22
|
11
|
197
|
2.º
escalão
|
80
|
2
|
3
|
-
|
85
|
3.º
escalão
|
33
|
1
|
-
|
-
|
34
|
4.º
escalão
|
4
|
-
|
-
|
-
|
4
|
5.º
escalão
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Campeões
(1)
|
9
|
-
|
-
|
-
|
9
|
Isento
|
5
|
-
|
-
|
-
|
6 (3)
|
Desistência
(2)
|
1
|
-
|
-
|
-
|
1
|
TOTAIS
|
281
|
47
|
27
|
11
|
366
|
328
|
38
|
NOTAS: (1) Campeões da
Madeira (4x), Angola (3x), Moçambique (1x) e Açores(1x); (2) Desistência do
adversário; (3) Seis vezes isento (incluindo os 16-avos-de-final em 1926/27)
Quatro eliminatórias frente a
clubes do 4.º escalão
Frente a clubes do
4.º escalão registam-se quatro jogos, sendo num deles, em 1988/89, que o
Benfica regista o melhor resultado nos 485 jogos que já disputou em 86 edições
da competição.
AS
ELIMINATÓRIAS COM CLUBES DO 4.º ESCALÃO
ÉPOCAS
|
FASES
|
ADVERSÁRIOS
|
1985/86
|
1/64
|
FC Alverca
(F) V 2-0
Distrital Lisboa
|
1988/89
|
1/16
|
CA Riachense (1)
(C) V 14-1
Distrital Santarém
|
1996/97
|
1/4
|
SC Dragões Sandinenses
(C) V 5-1
III Divisão/ série B
|
2004/05
|
1/16
|
AD Oliveirense
(C) V 4-1
III Divisão/ série A
|
NOTA: (1) Maior
goleada do Benfica na Taça de Portugal
Muitos
jogos, várias goleadas
O Benfica não é o
clube que detém as maiores goleadas em cada competição, mas regista valores
impressionantes.
Maiores
goleadas do SLBENFICA (em competições com troféus equivalentes a títulos)
Competição
|
Época
|
Res
|
Estádio
|
Adversário
|
Campeonato Regional
(sem Benfica desde
47/48)
|
10/11
|
15-0
|
Feiteira
|
Lisboa FC
|
Campeonato Nacional
|
46/47
|
13-1
|
C.º Grande
|
AD Sanjoanense
|
Liga dos Campeões
(1)
|
65/66
|
10-0
|
Luz
|
Stade Dudelange
(LUX)
|
Liga Europa/ Taça UEFA
|
92/93
|
5-0
|
Izola
|
NK Izola
(Eslovénia)
|
09/10
|
5-0
|
SLB
|
Everton FC
(ING)
|
|
Taça de Portugal
|
88/89
|
14-1
|
Luz
|
CA Riachense
|
Taça dos Vencedores
das Taças
(extinta)
|
70/71
|
8-1
|
Luz
|
NK Olimpija
Ljubljana (JUG)
|
Particulares
|
73/74
|
18-1
|
Fajã Cima
|
Selecção de
Ponta Delgada
|
NOTA: (1) Ainda na
fase em que se designava Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Benfica regista o
melhor “resultado acumulado” em toda a história da principal competição para
clubes organizadas pela UEFA: 18-0, com 8-0 (fora) e 10-0 (na Luz)
Benfica,
vítima de uma vigarice em 1960/61
Numa das decisões
mais vergonhosas que houve no futebol português, obrigaram o Benfica a jogar,
em 1 de Junho de 1961, desfalcado de 15 futebolistas que estavam a viajar de
avião desde Berna, onde no dia anterior – 31 de Maio - conquistaram a Primeira
Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE). Impediram o “Glorioso” de conquistar
campeonato nacional, TCCE e Taça de Portugal na mesma época.
Havia datas disponíveis
Não
foi por falta de datas que o Vitória FC de Setúbal e a FPF não consentiram que
o jogo previsto para 1 de Junho de 1961 passasse para uma data em que fosse
possível ao Benfica apresentar os melhores jogadores. E o poder político
através da Direcção Geral dos Desportos (DGD ou como os Benfiquistas diziam:
DGS - Direcção Geral do Sporting! Com os campeonatos nacionais a terminarem em
28 de Maio de 1961 e a 1.ª mão dos quartos-de-final agendada para 10 de Junho
havia muito por onde escolher! Quiseram foi aproveitar o facto do “Glorioso”
estar em Berna com 15 futebolistas e defrontar desfalcado, na 2.ª mão (depois
da vitória, por 3-1, do Benfica, na Luz) o Vitória FC Setúbal. Assim foi mais
fácil para o Vitória setubalense eliminar o Benfica, vencendo por 4-1, anulando
por um golo a desvantagem da 1.ª mão. É que para além dos "Onze
Gloriosos" que derrotaram o FC Barcelona, estavam em Berna mais quatro
futebolistas que não foram escolhidos por Béla Guttmann para o jogo da final:
Barroca (guarda-redes), Artur Santos (defesa), Saraiva (médio) e Mendes (avançado).
Isto num tempo em que não havia substituições, mas havia jogadores suplentes
(ou que ficavam suplentes)!
E o Benfica era o "Clube
do Regime!!!
Se
o ridículo pagasse imposto!
Jornal O Benfica |
E ainda
ridicularizaram o Campeão Europeu
Aos vitorianos de
Setúbal não lhes chegou o expediente de defrontarem o Benfica desfalcado.
Despediram-se com lenços brancos (num adeus que os devia envergonhar) e há
crónicas, em jornais, que assinalam algumas frases dos seus adeptos, do tipo “Se
eliminámos o Campeão Europeu o que é que somos?!”
Jornal O Benfica |
O que se
seguiu…
O Vitória FC seguiu
para os quartos-de-final sendo “presa fácil” do Sporting CP (D 1-4 e V 1-0, em
Setúbal). Este sucumbiu nas meias-finais frente ao FC Porto. O Leixões SC foi o
outro finalista. O FCP conseguiu levar a final para o seu estádio. Nas Antas, o
Leixões SC venceu… por 2-0. De pouco serviu ao Vitória FC e à FPF impedirem o
“Glorioso” de conquistar o troféu. Mas impediram o Benfica de conquistar Taça
dos Clubes Campeões Europeus, Campeonato Nacional e Taça de Portugal na mesma
temporada.
Sorteio em 24 de Outubro de 2013 (Quinta-feira)
pelas 12:00 horas
Os 31 adversários nos
16-avos-de-final da Taça de Portugal por ordem da classificação nos respectivos
campeonatos (13 do 1.º escalão; 10 do 2.º escalão; e oito do 3.º escalão)
FC Porto
|
1.º
LZS
|
Sporting CP
|
2.º
LZS
|
SC Braga
|
5.º
LZS
|
GD Estoril Praia
|
6.º
LZS
|
Gil Vicente FC
|
7.º
LZS
|
Rio Ave FC
|
8.º
LZS
|
Vitória SC Guimarães
|
10.º
LZS
|
FC Arouca
|
11.º
LZS
|
CS Marítimo
|
12.º
LZS
|
SC Olhanense
|
13.º
LZS
|
Vitória FC Setúbal
|
14.º
LZS
|
As. Académica Coimbra
|
15.º
LZS
|
FC Paços Ferreira
|
16.º
LZS
|
SC Covilhã
|
5.º
SL
|
FC Penafiel
|
6.º
SL
|
CD Tondela
|
8.º
SL
|
Leixões SC
|
11.º
SL
|
CD Aves
|
12.º
SL
|
GD Chaves
|
15.º
SL
|
Atlético CP
|
16.º
SL
|
CD Feirense
|
17.º
SL
|
SC Beira Mar
|
19.º
SL
|
Académico Viseu FC
|
21.º
SL
|
FC Famalicão
|
2.º
s.B
|
AD Fafe
|
3.º
s.A
|
AD Camacha
|
3.º
s.C
|
CD Cova Piedade
|
3.º
s.H
|
Sertanense FC
|
5.º
s.E
|
Santa Maria FC
|
6.º
s.A
|
GD Ribeirão
|
8.º
s.B
|
AD Oliveirense
|
9.º
s.B
|
NOTAS: (1) Liga Zon Sagres (LZS; 1.º escalão);
Liga 2 Cabovisão (SL; 2.º escalão); Campeonato Nacional de Seniores (CNS; oito
séries de A a H; 3.º escalão)
Quinta-feira
“anda à roda” o próximo jogo
Alberto Miguéns
NOTA1: Ainda há uma outra vigarice na
Taça de Portugal, embora não esteja relacionada com o Benfica. Constou na época
de 1963/64, em 22 de Junho de 1964, O
campeão açoriano Lusitânia SC desistiu nas meias-finais "trocando", a
pedido do FC Porto, o jogo a disputar com o FC Porto por um encontro amigável
em Angra do Heroísmo com receita a reverter para o emblema da ilha Terceira.
Jogo em Angra do Heroísmo que nunca se realizou. Em 2014 passam 50 anos de uma
dívida de um clube que não sabe honrar o que promete!
NOTA2 (previsões):
Próximos textos no EDB
Pela meia-noite de 23 para 24: O
Benfica frente a clubes gregos
Pela meia-noite de 24 para 25: Dez
Anos Na Catedral
Pela meia-noite de 25 para 26: Era
Uma Vez... o Futebol
Pela meia-noite de 27 para 28: O
Benfica e o Nacional da Madeira
Já conhecia as histórias. Estão contadas nos livros dos 50 anos do Jornal ”A Bola” e Jornal “Record”. Aconselho a leitura, passe a publicidade.
ResponderEliminarE ainda há certos “ilusionistas” que falam e escrevem sobre o clube do regime. Quem era o clube do regime? Haja paciência para tanta lata.
Saudações Benfiquistas.
Jorge Gomes
VITÓRIA sempre! Já sofremos mais do que vocês upa upa...
ResponderEliminarMas cada adepto defende o seu clube, não o do outro, é normal
Caro Marco Palmeiro
EliminarGrande lata.
Se eu fosse vitoriano tinha vergonha do que se passou. Lia (e se fosse verdade) calava-me.
Como é verdade ficava mesmo calado.
Moral da história: Há Clubes que de pequenos se fizeram grandes. E outros que nunca vão passar da mediocridade.
Saudações (e envergonhe-se)
Alberto Miguéns