Simplesmente Néné. Néné é sinónimo de 474 Golo-riosos. Só contabilizando a chamada "Equipa de Honra". E tudo começou, logo com o primeiro e segundo, em 5 de Agosto de 1970. Há 48 anos.
Ao segundo jogo de uma digressão inédita
O Benfica a estrear o treinador Jimmy Hagan iniciou, em África, uma digressão que levou o Benfica a Angola (2), Moçambique (1), Macau (2), Japão (3) e Coreia do Sul (2) entre 2 de Agosto e 5 de Setembro, com passagem pela Exposição Mundial'1970 em Osaka.
MELHORES MARCADORES DE “MANTO SAGRADO” POR COMPETIÇÃO (EXCEPTO TAÇA DA LIGA, INEXISTENTE AQUANDO DA CARREIRA DE NÉNÉ)
NO | JOGOS TOTAIS | JG. CMP. OFICIAIS | CAMP. NACIONAL | TAÇA PORTUGAL | COMP. UEFA | LIGA CAMPEÕES | LIGA EUROPA | TAÇA VEN. TAÇAS | SUPER TAÇA |
1.º | Eusébio 638 | Eusébio 482 | Eusébio 317 | Eusébio 98 | Eusébio 57 | Eusébio 46 | Cardozo 22 | Eusébio 7 | Néné 3 |
2.º | J. Águas 483 | J. Águas 378 | J. Águas 289 | J. Águas 70 | Cardozo 34 | J. Augusto 24 | N.Gomes 12 | Néné 7 | Manniche 2 |
3.º | Néné 474 | Néné 371 | Néné 264 | Néné 67 | Néné 28 | J. Torres 19 | Simão 9 | João Pinto 5 | Diamantino 2 |
4.º | Arsénio 350 | J. Torres 240 | Arsénio 152 | J. Torres 57 | J. Augusto 25 | J. Águas 18 | Filipovic 8 | H. Coelho 4 | Jonas 2 |
5.º | Rogério 287 | Arsénio 233 | Julinho 152 | Arsénio 54 | N. Gomes 23 | Néné 15 | Saviola 7 | Jordão 4 | C. Manuel 1 |
6.º | J. Torres 284 | Rogério 208 | J. Torres 152 | Rogério 51 | J. Torres 20 | Cardozo 12 | Néné 6 | Rui Costa 4 | César 1 |
7.º | Julinho 272 | Julinho 203 | Rogério 127 | V. Silva 39 | J. Águas 18 | Coluna 11 | Di María 6 | Rui Águas 3 | Vital 1 |
8.º | Valadas 218 | J. Augusto 177 | N. Gomes 125 | J. Augusto 36 | Isaías 13 | N. Gomes 11 | Isaías 5 | Chalana 2 | J. Gomes 1 |
9.º | J. Augusto 207 | Cardozo 172 | J. Augusto 113 | Valadas 35 | J. Pinto 12 | Simões 8 | Luisão 5 | César 2 | Rui Pedro 1 |
10.º | V. Silva 202 | N. Gomes 166 | Cardozo 112 | Julinho 25 | Simão 12 | Santana 7 | Lima 5 | C. Manuel 2 | Dito 1 |
11.º | E. Santo 199 | Valadas 162 | Jonas 99 | Coluna 25 | Coluna 11 | Yuran 7 | Rodrigo 5 | Diamantino 2 | Vata 1 |
12.º | Cardozo 198 | E. Santo 155 | Valadas 89 | A. Jorge 24 | Luisão 11 | Gaitán 7 | Salvio 5 | Manniche 2 | Lima I 1 |
13.º | N. Gomes 183 | Coluna 129 | Coluna 88 | Manniche 23 | Jordão 10 | Jordão 6 | Eusébio 4 | Isaías 2 | Magnusson 1 |
14.º | A. Jorge 152 | Jonas 122 | E. Santo 78 | Diamantino 21 | Filipovic 10 | C. Brito 6 | V. Paneira 4 | Kulkov 2 | Iúran 1 |
15.º | Coluna 150 | V. Silva 120 | Cavém 78 | Cavém 20 | Iúran 10 | Isaías 6 | Pacheco 4 | Donizete 2 | William 1 |
16.º | J. Teixeira 142 | J. Teixeira 119 | Rui Águas 77 | Cardozo 19 | Jordão 10 | Luisão 6 | Zahovic 4 | Valdo 2 | Iúran 1 |
17.º | Jonas 126 | Cavém 105 | Simão 75 | Rogério Sousa 18 | Salvio 9 | Serafim 5 | Chalana 3 | Zeca 1 | Cervi 1 |
18.º | Rog. Sousa 125 | Rui Águas 104 | Artur Jorge 74 | Santana 18 | Rui Águas 8 | Rui Águas 5 | Valdo 3 | Artur Jorge 1 | Pizzi 1 |
19.º | Cavém 125 | Artur Jorge 103 | Magnusson 64 | Simões 18 | Simões 8 | Magnusson 5 | Tiago 3 | Jaime Graça 1 | Seferovic 1 |
20.º | Rui Águas 123 | Rog. Sousa 102 | João Pinto 64 | Luís Xavier 17 | Santana 7 | João Pinto 5 | Gaitán 3 | Diamantino 1 | Raúl 1 |
Do Japão viria uma inovação para a eternidade...
A curiosa história da infância de Néné
O pai Tamagnini Clemente Néné nasceu em Vila Real de Santo António tal como o irmão e pai de Cavém (este também nasceu, a 21 de Dezembro de 1932, em Vila Real de Santo António). Ao contrário do irmão mais velho (pai de Cavém) Tamagnini Clemente Néné que era especialista em mosaicos rumou a Leça da Palmeira, para equipar uma fábrica, com a esposa (Adelina Gomes Baptista Néné) onde nasceram os dois filhos, entre eles Tamagnini Manuel Gomes Baptista Néné, em 20 de Novembro de 1949. Aos dois anos regressou a Vila Real de Santo António e aos seis anos (por volta de 1955 ou 1956) partiram para a cidade da Beira, na colónia africana de Moçambique. Por lá ficaria até 4 de Fevereiro de 1967, tinha 17 anos, dois meses e 15 dias.
A ascensão rápida de um futebolista em Moçambique
Com épocas a coincidirem com os anos civis em 1966, como médio-centro do Clube Ferroviário da Manga (Beira) foi considerado o melhor futebolista júnior de Moçambique. Entretanto o pai ia informando o irmão (e o sobrinho Cavém) das proezas do filho. Depressa o Benfica se interessou pelo jovem leceiro a viver em Moçambique. Em 5 de Fevereiro de 1967 chegava, de avião, a Lisboa pela madrugada (seis ou sete da matina). Chegava um dos melhores Gloriosos Futebolistas. E excelso goleador.
A gloriosa vinda para o Benfica
Ainda fez o resto da temporada de 1966/67 na categoria júnior bem como a de 1967/68 sagrando-se campeão nacional, em Leiria, a 23 de Junho de 1968, jogando como extremo-esquerdo, marcando o primeiro golo dos dois-a-zero à equipa da Associação Académica de Coimbra. Foi o treinador Ângelo Martins que decidiu fazer passá-lo de médio-centro (n.º 6 ou 8) para n.º 11.
A sabedoria de saber esperar (parte I)
Em 1968/69 passou para a categoria de Reserva, estreando-se na equipa de Honra, em 29 de Agosto e 4 de Setembro de 1968 com a conquista da Taça de Honra de Lisboa, enquanto o plantel de Honra fazia mais uma digressão triunfal pelo continente americano: Brasil (um jogo, com estreia de Humberto Coelho, Toni e Praia), Argentina (quatro jogos), Venezuela (um jogo), Colômbia (um jogo) e EUA (um jogo). Em 1968/69 com o treinador Otto Glória e 1969/70 (Otto Glória, depois José Augusto) foi aposta esporádica.
NOTA * (minutos jogados); ** consecutivos; THL - Taça de Honra de Lisboa; CNID - Campeonato Nacional da I Divisão; Part. - Particular, TP - Taça de Portugal; TUL - Troféu "Taça Ultramar"
A sabedoria de saber esperar (parte II)
No início de 1970/71 com a chegada de Jimmy Hagan quando soube da digressão a África com passagem por Moçambique conversou com o treinador inglês que gostaria de voltar a ver os pais, pois nunca mais regressara a Moçambique. Jimmy Hagan concordou e chegou da digressão como titular a extremo-direito. Para Jimmy Hagan cada número tinha que ter a lógica do futebol. Se era extremo-direito era o n.º 7. E numero sete ficou. Mesmo quando Mário Wilson, em 1975/76, ficou sem ponta-de-lança sendo obrigado a «adaptá-lo» a avançado. O mais famoso (e produtivo) Glorioso Número Sete!
NÉNÉ NOS PRIMEIROS JOGOS COM O «MANTO SAGRADO»
Época | Comp | Res | Adversário | Cidade | Substituiu (min*) |
1968/ 1969 | THL | V 2-1 | CF "Os Belenenses" | Restelo (Lx) | (90) Médio-esquerdo |
THL | V 3-0 | Sporting CP | Restelo (Lx) | (90) Médio-esquerdo | |
CNID | E 0-0 | Vitória SC (Guimarães) | Luz (Lx) | (18) Raul Águas | |
CNID** | V 1-0 | GD CUF (Barreiro) | Luz (Lx) | (48) Coluna | |
CNID** | V 2-0 | Ass. Acad. Coimbra | Coimbra | (26) Toni | |
Part.** | D 1-2 | Internacional PA | Porto Alegre | (45) Praia | |
Part.** | D 1-2 | Grémio F PA | Porto Alegre | (90) Médio-direito | |
CNID | V 1-0 | AD Sanjoanense | S. J. Madeira | (11) Praia | |
1969/ 1970 | THL | E 1-1 | CF "Os Belenenses" | Restelo (Lx) | (45) Diamantino Costa |
CNID | V 6-0 | União CI Tomar | Luz (Lx) | (05) Simões | |
Part. | E 1-1 | NK Hajduk Split | Split | (27) Eusébio | |
TP ** | V 3-2 | Boavista FC | Bessa (Porto) | (17) José Torres | |
TP ** | D 0-2 | Vitória SC (Guimarães) | Guimarães | (45) Zeca | |
70/71 | TUL | V 2-1 | Vitória SC (Setúbal) | Setúbal | (50) Jaime Graça |
14 jogos // três completos // 11 suplente utilizado// Total: 607 minutos |
A sabedoria de saber esperar (parte II)
No início de 1970/71 com a chegada de Jimmy Hagan quando soube da digressão a África com passagem por Moçambique conversou com o treinador inglês que gostaria de voltar a ver os pais, pois nunca mais regressara a Moçambique. Jimmy Hagan concordou e chegou da digressão como titular a extremo-direito. Para Jimmy Hagan cada número tinha que ter a lógica do futebol. Se era extremo-direito era o n.º 7. E numero sete ficou. Mesmo quando Mário Wilson, em 1975/76, ficou sem ponta-de-lança sendo obrigado a «adaptá-lo» a avançado. O mais famoso (e produtivo) Glorioso Número Sete!
Que prazer escrever acerca de Néné! Sabe sempre a pouco!