HÁ PRECISAMENTE 84 ANOS O BENFICA
CONQUISTOU O PRIMEIRO TÍTULO NA CIDADE DE COIMBRA.
Que foi o segundo, a nível nacional, na Gloriosa História. O Bi no Campeonato de Portugal - depois da conquista em 1930 - que em 1938/39 a FPF decidiu passar a designar por Taça de Portugal.
AVISO: Texto longo acerca da Gloriosa
História. Quem não gosta é melhor esperar por amanhã.
O porquê desta efeméride?
Geralmente não se assinalam datas destas com algarismos
terminados em 4, apenas em 0 (zero) ou 5 (cinco). Mas aquando da ida a
Coimbra, apoiar o Benfica, na final da Taça da Liga fui questionado por um
grupo de Benfiquistas coimbrões (ou a viver na cidade) que procuravam saber se
o "Glorioso" conquistara o terceiro troféu na cidade, correspondentes às
três finais vencidas na Taça da Liga. Disse-lhes que não. Era o quinto. Expliquei
e prometi que daí a um mês (estávamos em 29 de Maio) publicaria a resenha dos
"Cinco de Coimbra" neste blogue. E as promessas cumprem-se. Entre
todos vou dar destaque a este primeiro (1930/31) e ao segundo (1942/43). Os restantes três - 2010/11, 2011/12 e 2014/15 - são
contemporâneos.
PRIMEIRO
Campeonato de Portugal em 1931
Foi como titular da competição conquistada em
1930, numa final frente ao FC Barreirense, realizada no Campo Grande (do
Sporting CP) que iniciámos a edição de 1930/31. Na primeira
eliminatória deslocámo-nos a Portalegre vencendo, por 8-3, o clube
local, o SC Estrela, no campo da Fontedeira, com o nosso avançado-centro Vítor
Silva a conseguir quatro golos incluindo um “hat trick” perfeito (três golos consecutivos). Nos oitavos-de-final previa-se uma eliminatória
equilibrada com o sempre difícil representante algarvio, o SC Olhanense. Na
primeira mão no nosso campo das Amoreiras vencemos, por 5-1, mas na segunda mão
no campo Padinha, em Olhão saímos derrotados por 0-2. Para desempatar a
eliminatória houve que recorrer a um terceiro jogo, já que a diferença de golos
não contava para o desempate. Este realizou-se em Setúbal, no campo dos Arcos,
do Vitória FC. No final do tempo regulamentar o resultado estava em 1-1. E este
resultado manteve-se durante o primeiro prolongamento de 30 minutos. No segundo
prolongamento, aos 20 minutos, o SC Olhanense fez 2-1 e o árbitro terminou o
encontro. Estávamos eliminados, só que pelos regulamentos o árbitro havia cometido
uma ilegalidade já que o segundo período suplementar deveria ter decorrido até
ao final, ou seja faltou jogar dez minutos. O Benfica tinha razão, este
encontro foi anulado e no jogo de repetição, também em Setúbal vencemos por
2-0. Nos quartos-de-final derrotámos o Lusitano
GC, de Évora, na primeira mão por 7-0 nas Amoreiras, e na segunda mão, no campo
Estrela em Évora, por 4-2. Nas meias-finais
registámos mais duas vitórias, com o Vitória FC, de Setúbal: nas Amoreiras por
3-0 e no campo dos Arcos, em Setúbal, por 2-1. O outro finalista foi o FC
Porto.
Segunda final consecutiva
Estávamos pelo segundo ano consecutivo na final tendo ao alcance
conseguir - o feito inédito nas dez épocas de competição - de vencer em dois
anos consecutivos o troféu. Estavam em confronto os dois clubes que “à partida”
eram os mais fortes, visto os clubes de Lisboa (excepto o Benfica e o Casa Pia
AC) não terem participado na competição. Num conflito entre a AFL e a FPF o
Benfica manteve-se inflexível e coerente. Se era titular do troféu tinha de o
defender em campo. Não podia desistir da competição e entregá-lo por questões
processuais. Mesmo assim coube ao Benfica eliminar dois dos clubes considerados
candidatos ao título, para além do FC Porto – o SC Olhanense e o Vitória FC, de
Setúbal.
Mais de 10 mil espectadores. O campo do Arnado era incomparavelmente o de maior capacidade na cidade nos anos 20 e 30 |
Na final, em Coimbra, o Benfica
mostrou ao FC Porto porque é que o povo português era benfiquista. O jogo da final
disputou-se a 28 de Junho de 1931, exactamente há 84 anos, escolhendo-se pela primeira vez a cidade de
Coimbra para um embate entre representantes de Lisboa e do Porto. Jogou-se no
recinto do SC Conimbricense, o campo do Arnado, localizado perto do centro da
cidade, junto ao rio Mondego. Dos
quatro campos existentes na cidade - Arnado, Arregaça, Loreto e Santa Cruz -
era o melhor, em condições para jogar e receber espectadores. O
Benfica treinado por António Ribeiro dos Reis alinhou com: Artur Dyson; Ralf Bailão e Luís Costa; João Correia, Aníbal
José e Pedro Ferreira; Augusto Dinis, Emiliano Sampaio, Vítor Silva (cap.),
João d’ Oliveira e Manuel d’ Oliveira. O FC Porto, treinado por Joseph
Szabo, apresentou-se com: Siska; Avelino Martins e
Temudo; Filipe dos Santos, Álvaro Pereira e Anaura; Lopes Carneiro, Valdemar,
Norman Hall, Acácio Mesquita e Castro. O Benfica dominou o FC Porto conseguindo
marcar golos aos 37 minutos , por Vítor Silva e aos 44 minutos, por Augusto
Dinis. No segundo tempo, aos 65 minutos, o nosso avançado-centro Vítor Silva
fez o resultado final de 3-0!
Bicampeonato
Duas vitórias sucessivas constituíram caso
inédito no historial do Campeonato de Portugal, permitindo ao nosso clube
igualar em número de títulos os clubes com mais troféus: FC Porto e CF “Os
Belenenses”. Os outros quatro clubes detentores de troféus eram: Sporting CP,
CS Marítimo, SC Olhanense e Carcavelinhos FC. No seu regresso a Lisboa,
acompanhado por inúmeros adeptos que se deslocaram a Coimbra de comboio, a
nossa equipa teve uma recepção verdadeiramente apoteótica! Em noite de S. Pedro - tal como será a de hoje para segunda-feira - o povo cantava alegremente: Olha o Balão, Olha o arraial! Viva o Benfica –
campeão de Portugal! A nossa disciplina, ante a Federação, embora correndo o
risco de ser castigado pelos dirigentes regionais, reforçou o prestígio do
Clube e deu novo impulso à sua popularidade. As manifestações populares em
Coimbra durante a final e à chegada a Lisboa foram admiráveis de fervor
clubista e constituíram excelente compensação para atitude que assumimos.
Com o tempo tudo muda... Como o tempo tudo altera!
Tudo menos o Benfica!
SEGUNDO
Campeonato nacional da I Divisão em
1942/43
O Benfica conquistou pela quinta vez, segunda
consecutiva, o campeonato nacional de futebol. Ficámos apurados para este IX
campeonato nacional (com 10 clubes em 18 jornadas) após obtermos o 2.º lugar no
Regional de Lisboa. O Benfica conquistou o Bicampeonato após uma competição de
grandes emoções onde chegou a pairar na parte final alguma injustiça quando
tudo parecia perdido. O nosso clube dominou a primeira volta conseguindo sete
vitórias consecutivas, entre a 1.ª e a 7.ª jornada, incluindo uma espectacular
vitória, por 12-2, com o FC Porto no estádio do Campo Grande. À 8.ª jornada uma derrota, por
2-3, no estádio do Lumiar com o Sporting CP permitiu ao CF “Os Belenenses”
terminar a primeira volta empatado a 16 pontos com o Benfica. A segunda volta
foi mais irregular com uma inesperada derrota, por 1-5, à 12.ª jornada com o
Vitória SC, de Guimarães no campo do Bem-Lhe-Vai, clube que havíamos vencido, por 8-3, na
1.ª volta. Uma nova derrota, por 2-5, à 15.ª jornada com o CF “Os Belenenses”
no estádio das Salésias, relegou-nos para o terceiro lugar, quando faltavam três jornadas
para terminar a competição. Após catorze jornadas em primeiro lugar o Benfica a
três jogos do final do campeonato estava agora na 3.ª posição! O Clube fez no
entanto um final de prova sensacional com três vitórias consecutivas. No Campo
Grande a vitória por 2-1 com o líder do campeonato, o Sporting CP na 17.ª
jornada (e penúltima) permitiu regressar ao primeiro lugar com mais um ponto de
vantagem para o segundo classificado.
Eles somos nós
A
última jornada - 18.ª - em Coimbra foi mais uma grande demonstração de Benfiquismo com os adeptos a deslocarem-se em grande número ao campo de Santa
Cruz, para um apoio entusiástico onde se previa um jogo difícil. Acabámos por vencer por
4-3 um resultado feito na segunda parte, pois ao intervalo o marcador registava
0-0. O Benfica que partira com um ponto de avanço, conquistou o campeonato com
igual vantagem, dominando sempre o jogo (e o resultado) nesta última jornada:
2-0, 2-1, 3-1, 3-2, 4-2 e 4-3. Foram três os jogadores totalistas (nos 18 jogos):
Martins, Gaspar Pinto e Albino. O nosso avançado-centro Julinho foi a grande
figura do campeonato, participando em 16 jogos marcando 24 golos, sagrando-se o
melhor marcador da competição.
Tudo muda
Mas o Benfica continua Glorioso
Taças da Liga em 2010/11, 2011/12 e 2014/15
Quem não se lembra? Todos nos lembramos. Dedicado aos nossos de 1931 e 1943.
EQUIPAS DO
SL BENFICA NAS "TRÊS FINAIS DE COIMBRA"
Datas
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23.Abril.2011
|
14.Abril.2012
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29.Maio.2015
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Adversário
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FC Paços Ferreira
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Gil Vicente FC
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CS Marítimo
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Estádio
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Coimbra
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Coimbra
|
Coimbra
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|||
Resultado
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V 2-1
|
V 2-1
|
V 2-1
|
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Guarda-redes
|
Moreira
|
Eduardo
|
Júlio César
|
|||
Lateral-Direito
|
Maxi
|
Maxi
|
Maxi
|
|||
Central-Direito
|
Luisão
|
Jardel
|
Luisão
|
|||
Central-Esquerdo
|
Jardel
|
Garay
|
Jardel
|
|||
Lateral-Esquerdo
|
F. Coentrão
|
Capdevila
|
Eliseu
|
|||
Médio-Defensivo
|
Javi Garcia
|
Matic
|
Samaris
|
|||
Ala-Direito
|
60
|
C. Martins
|
81
|
Rodrigo
|
73
|
Sulejmani
|
Médio-Centro
|
89
|
Aimar
|
Witsel
|
68
|
Pizzi
|
|
Ala-Esquerdo
|
Jara
|
B. César
|
Gaitán
|
|||
Avançado
|
68
|
Saviola
|
62
|
Aimar
|
83
|
Lima
|
Ponta-de-Lança
|
Cardozo
|
45
|
N. Oliveira
|
Jonas
|
||
Suplentes
|
60
|
C. Peixoto
|
45
|
Gaitán
|
68
|
Talisca
|
68
|
Airton
|
62
|
Cardozo
|
73
|
Ola John
|
|
89
|
F. Menezes
|
81
|
Saviola
|
83
|
Fejsa
|
|
Roberto
|
Artur
|
Paulo Lopes
|
||||
Sindnei
|
Emerson
|
Sílvio
|
||||
Weldon
|
Javi Garcia
|
Lisandro
|
||||
Kardec
|
Nolito
|
Derley
|
||||
Golos
|
1-0 (17)
Jara
|
1-0 (30)
Rodrigo
|
1-0 (37)
Jonas
|
|||
2-0 (43)
J. Garcia
|
1-1 aos 78'
|
1-1 aos 55'
|
||||
2-1 aos 51'
|
2-1 (84)
Saviola
|
2-1 (80)
Ola John
|
Coimbra dos títulos e troféus
E vão cinco!
Só! Só! Só mais um!
Alberto
Miguéns
PLANO
PARA AS EDIÇÕES DURANTE ESTE MÊS E INÍCIO DE JULHO
(provisório
como é evidente)
De 29 de
Junho a 6 de Julho de 2015 (Sempre pela meia-noite)
Segunda-feira (de 28 para 29): Já cá faltava eu!;
Terça-feira (de 29 para 30): O Mais Belo e Inigualável 138
Quarta-feira (de 30 para 1): Ser bom ou mau treinador;
Quinta-feira
(de 1 para 2): Os 86 vencedores da Taça da Liga;
Sexta-feira
(de 2 para 3): Ó Incomparável;
Sábado
(de 3 para 4): Rola e enrola;
Segunda-feira
(de 4 para 5): Benfica tão brilhante que se vê no escuro;
Terça-feira (de 5 para 6): Mentiras Oficializadas by SLB;
Quarta-feira (de 6 para 7): Sinto-me tão portista!
...SR DR ALBERTO...CONTINUA O REVIVER EMOÇÕES..GLORIA...BENFIQUISMO...HISTÓRIA..."ELES SOMOS NÓS".....SIMPLESMENTE BRILHANTE...BEM HAJA...abraço
ResponderEliminarA minha cidade... Coimbra a tal de encanto!
ResponderEliminarJá nada é como antes. O campo de Sta Cruz, quantos jogos de futebol dos campeonatos universitários ali fiz... Ainda tenho uma mazela no ante-braço direito como recordação.
Tenho uma fotografia algures de um desses jogos... Campo pelado, duro para jogar... Balneários do início do século! O Jardim da Sereia ali ao lado e uma descida vertiginosa à Praça da República.
E a história do Benfica também teve brilhantes capítulos ali. Nem sabia.
Obrigado Alberto.
Saudações gloriosas
Excelente pedacinho da história do Glorioso.
ResponderEliminarO Alberto vai subtilmente dando-nos conta de locais onde ela se desenrolou.
Conhecia a fotografia da equipa de 1930/31 mas não sabia que tinha sido tirada no campo do Arnado.
E por falar nesse campo duas notas: 1) não dá mesmo a noção que levava 10 mil pessoas; 2) como mudou o local face ao tempo presente.
E esse é (mais) um detalhe que eu gosto nos seus artigos, a preocupação de localizar geograficamente esses locais relativamente ao tempo actual. Os lugares e o seu contexto são muito importantes e é importante não perder o rasto no tempo presente.
Que venham mais glórias Benfiquistas com a marca da magnífica Coimbra, uma das cidades que já foi capital de Portugal.