OPINIÃO
NOTA
INICIAL (em 1 de Março de 2013): Alguns leitores do EDB colocaram, genericamente,
duas questões - porque e quando foi o Hino do Benfica "substituído"
pelo "Ser Benfiquista" - que estão - pelo menos tentei - respondidas numa NOTA
FINAL.
109
anos de Glória
39
813 dias de Lealdade
955
512 horas de Verdade Desportiva
57
330 720 minutos de Orgulho
3
439 843 200 segundos de Desportivismo
Exibido publicamente por ocasião das "Bodas de Prata" no XXV aniversário do Clube (1929) com a finalidade de ser composto como um "tema sentido" para que os atletas (em particular) os futebolistas o entoassem antes do início ou durante o intervalo dos jogos.
"Todos por um!" eis a divisa,
Do velho Clube
Campeão,Que um nobre esforço imortaliza,
Em gloriosa tradição.
Olhando altivo o seu passado,
Pode ter fé no seu futuro.
Pois conservou imaculado
Um ideal sincero e puro.
(Refrão - Repete uma vez)
Avante, avante p'lo Benfica,
Que uma aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram o passado!
Olhemos fitos essa Águia altiva,
Essa Águia heráldica e suprema,
Padrão da raça ardente e viva,
Erguendo ao alto o nosso emblema!
Com sacrifício e devoção
Com decisão serena e calma,
Dêmos-lhe o nosso coração!
Dêmos-lhe a fé, a alma!
(Refrão - Repete uma vez)
Avante, avante p'lo Benfica,
Que uma aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram o passado!
Letra: Dramaturgo Félix Bermudes
Música: Maestro Alves Coelho (pai)
Interpretação: Orfeão do Sport Lisboa e Benfica
Alberto Miguéns
NOTA FINAL: O que posso adiantar acerca deste
assunto - Hino do Benfica - é o resultado de conversas e questões colocadas,
nos anos 90, a duas pessoas: Cesina Bermudes (filha de Félix Bermudes) e Joaquim
José Macarrão (antigo futebolista do Clube nos anos 30/40 e funcionário do SLB
até 2002. A única pessoa que conheci e disse que conhecera/ falara com Cosme
Damião).
A "substituição" do Hino pelo "Ser
Benfiquista" deve-se a dois motivos, um político e outro musical.
Como
e porque surgiu o Hino em 1929
Para comemorar o 25.º aniversário do SLB, a letra
do Hino do Benfica foi escrita por Félix Bermudes, antigo futebolista,
dirigente e atleta ecléctico, figura histórica de prestígio. Dramaturgo
conceituado solicitou ao maestro Alves Coelho, que colaborava com o autor nas
operetas e peças musicais escritas a solo ou em parceria por Félix Bermudes,
que musicasse a letra, no sentido de fazer uma melodia "intimista" e
simples para os jogadores entoarem antes dos jogos ou em momentos de maior
concentração e inspiração. Durante muitos anos, praticamente até aos anos 50 e
o advento do semi-profissionalismo e profissionalismo, os futebolistas mais
novos aprendiam (decoravam) com os mais antigos a letra e melodia que entoavam,
SEMPRE, antes dos jogos, com a mão direita sobre o emblema do Clube. Ao
intervalo, quando algum jogador sentia que a exibição não estava a decorrer de
feição, também era possível que se recolhesse num canto do balneário para rezar
ou soletrar em voz baixa o Hino, para se inspirar e procurar inverter a "má
sorte". Por vezes, quando o treinador ou um dirigente, não gostavam da
atitude/ exibição durante a 1.ª parte "exigiam" que o
"onze" voltasse a entoar o Hino como se o jogo estivesse no início.
Mas, também era entoado em festas ou dias solenes na história do Clube.
Política
Nos anos 30/40 o Benfica foi "aconselhado"
- eufemismo para proibido/ é melhor não tentarem - pelas autoridades do Estado
Novo a evitar exibir o Hino em público por ter a palavra Avante, que era o
jornal do Partido Comunista Português (PCP) desde 15 de Fevereiro de 1931. A
canção "Avante Camarada" hino do PCP só surgiu em 1967, com letra e
musica do cantautor Luís Cília.
O Hino do Benfica foi sendo cada vez menos cantado
- pelos jogadores e em festas públicas - acabando por ir caindo no
esquecimento.
Musicalidade
Melodia destinada, essencialmente, a ter
significado para quem defendia os valores desportivos do Clube, com a letra a
remeter para o respeito pelo passado e galhardia no presente, honrando os
símbolos do SLB, não se pode dizer - é o que me dizem os "entendidos"
que eu tenho dificuldade em distinguir o som de um piano do barulho de um
martelo - que o Hino tivesse grande brilhantismo musical.
"Substituição"
Quando surgiu, no início dos anos 50, uma melodia vocacionada - letra e música - para a
exibição pública e interpretada pela voz brilhante de Luís Piçarra, o "Ser Benfiquista" foi
substituindo com facilidade um Hino, que pelos motivos atrás enunciados, estava
cada vez mais "ausente".
Ser Benfiquista
Em 16 de Abril de 1953, a
caminho das comemorações das "Bodas de Ouro" (1954) foi apresentado num sarau de
angariação de fundos para a construção do Estádio da Luz, no Pavilhão dos
Desportos, com a presença de cerca de 6 mil benfiquistas o tema "Ser Benfiquista" escrito por Paulino Gomes
Júnior (letra e música) e
interpretado pelo cristalino tenor Luís
Piçarra, muitas vezes tomado,
erradamente, pelo hino oficial do Clube.
Ser Benfiquista
Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.
(Refrão - Repete uma vez)
Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.
Letra: Paulino Gomes Júnior (Director do jornal "O Benfica")
Música: Paulino Gomes Júnior
Interpretação: Luís Piçarra
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.
(Refrão - Repete uma vez)
Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.
Letra: Paulino Gomes Júnior (Director do jornal "O Benfica")
Música: Paulino Gomes Júnior
Interpretação: Luís Piçarra