DEPOIS DE UM CAMPEONATO DE EXCELÊNCIA...
Uma Taça de Portugal irrepreensível derrotando na final, por 6-2, o FC Porto.
A Taça de Portugal continuava a manter a estrutura do Campeonato de Portugal (a alteração do nome datava do início de 1938/1939)
Com o número de clubes participantes a aumentarem, desde os Anos 40, houve que colocar as primeiras eliminatórias numa fase precoce da época. Do Campeonato de Portugal mantinham-se as eliminatórias a duas mãos e a competição ser disputada depois de terminados os campeonatos a pontuar, ou seja, a partir dos oitavos-de-final (que entre 1934/1935 e 1953/1954 correspondeu à primeira eliminatória). Esta estrutura da Taça de Portugal "empurrava" a decisão final para o mês de Julho, como foi nesta edição.
30.º
CAMPEONATO NACIONAL 1963/1964
J |
RES |
S |
Adversário |
FCP |
SCP |
VSC |
Taça
de Portugal: 1/32; duas mãos |
||||||
Taça
de Portugal: 1/16; duas mãos |
||||||
01 |
V 5-2 |
C |
Vitória FC Setúbal |
= |
+ 1 |
+ 1 |
02 |
V 3-0 |
F |
SC Olhanense |
+ 1 |
+ 1 |
+ 1 |
03 |
V 3-2 |
F |
Seixal FC |
+ 1 |
+ 1 |
+ 1 |
04 |
V 3-0 |
C |
Associação
Académica Coimbra |
+ 3 |
+ 3 |
+ 3 |
05 |
V 4-2 |
F |
FC Barreirense |
+ 3 |
+ 3 |
+ 3 |
06 |
E 2-2 |
C |
FC Porto |
+ 3 |
+ 3 |
+ 4 |
07 |
E 1-1 |
F |
CF «Os Belenenses» |
+ 3 |
+ 4 |
+ 3 |
Jogo
em Dortmund (D 0-5) * |
||||||
08 |
V 2-1 |
C |
Vitória SC
Guimarães |
+ 3 |
+ 4 |
+ 5 |
09 |
D 1-3 |
F |
Sporting CP |
+ 1 |
+ 2 |
+ 3 |
10 |
V 2-0 |
C |
Lusitano GC Évora |
+ 1 |
+ 2 |
+ 3 |
11 |
V 3-0 |
F |
GD C.U.F. Barreiro |
+ 2 |
+ 2 |
+ 4 |
12 |
V 7-0 |
C |
Leixões SC |
+ 2 |
+ 4 |
+ 4 |
13 |
V 2-0 |
F |
Varzim SC |
+ 2 |
+ 4 |
+ 4 |
14 |
V 4-2 |
F |
Vitória FC Setúbal |
+ 4 |
+ 4 |
+ 6 |
15 |
V 8-1 |
C |
SC Olhanense |
+ 4 |
+ 4 |
+ 6 |
16 |
V 10-0 |
C |
Seixal FC |
+ 4 |
+ 5 |
+ 8 |
17 |
V 5-1 |
F |
Associação
Académica Coimbra |
+ 4 |
+ 6 |
+ 8 |
18 |
V 8-0 |
C |
FC Barreirense |
+ 5 |
+ 7 |
+ 8 |
19 |
E 1-1 |
F |
FC Porto |
+ 5 |
+ 6 |
+ 7 |
20 |
V 5-2 |
C |
CF «Os Belenenses» |
+ 5 |
+ 6 |
+ 9 |
21 |
V 4-1 |
F |
Vitória SC
Guimarães |
+ 5 |
+ 7 |
+ 11 |
22 |
E 2-2 |
C |
Sporting CP |
+ 4 |
+ 7 |
+ 10 |
23 |
V 3-1 |
F |
Lusitano GC Évora |
+ 5 |
+ 7 |
+ 10 |
24 |
V 2-1 |
C |
GD C.U.F. Barreiro |
+ 5 |
+ 9 |
+ 12 |
25 |
V 5-1 |
F |
Leixões SC |
+ 6 |
+ 10 |
+ 12 |
26 |
V 8-0 |
C |
Varzim SC |
+ 6 |
+ 12 |
+ 12 |
Taça
de Portugal: 1/8; duas mãos |
||||||
Taça
de Portugal: 1/4; duas mãos |
||||||
Taça
de Portugal: 1/2; duas mãos |
||||||
Taça
de Portugal: final |
Nestas questões abundantes na História do Futebol...
Os mais "perigosos" não são os mentirosos. São os que sabem a verdade e a ignoram para fazerem dos outros - leitores que deviam respeitar - ignorantes ou mal informados, como é o "caso" dos dois autores, um portista e outro sportinguista, que negam a informação correcta, necessária e merecedora aos seus leitores que lhes compram o livro.
Apuramento dos 15 clubes a participar no Campeonato de Portugal e depois na Taça de Portugal | ||
1937/38 (17.º e último como CP) | 1938/39 (1.ª como TP) | |
1.º da I Liga/ I Divisão | SL BENFICA | FC Porto |
2.º da I Liga/ I Divisão | FC Porto | Sporting CP |
3.º da I Liga/ I Divisão | Sporting CP | SL BENFICA |
4.º da I Liga / I Divisão | Carcavelinhos FC | CF “Os Belenenses” |
5.º da I Liga / I Divisão | CF “Os Belenenses” | Ass. Académica Coimbra |
6.º da I Liga / I Divisão | As. Académica Coimbra | FC Barreirense |
7.º da I Liga / I Divisão | FC Barreirense | Académico FC (Porto) |
8.º da I Liga / I Divisão | Académico FC (Porto) | Casa Pia AC |
1.º da II Liga / II Divisão | Leixões SC | Carcavelinhos FC |
2.º da II Liga/ II Divisão | União Futebol de Lisboa | SC Covilhã |
2.º da Zona Norte II Liga / II Divisão | Boavista FC | Vitória SC (Guimarães) |
2.º da Zona Sul II Liga/ II Divisão | Vitória FC (Setúbal) | SC Farense |
3.º da Zona Norte II Liga / II Divisão | CA Marinhense | Vila Real SC |
3.º da Zona Sul II Liga/ II Divisão | Marvilense FC | Luso SC (Beja) |
Representante Insular | CS Marítimo (Funchal) | CD Nacional (Madeira) |
Tal como no Campeonato de Portugal que apenas alterou a designação e a estrutura manteve-se 100 por cento igual
O Campeonato Nacional da I Divisão (desde 1938/39 com esta designação) foi a continuação do Campeonato da I Liga (1934/35 a 1937/1938) alterou-se a designação, mas manteve-se exactamente a mesma estrutura.
Apuramento dos oito clubes a participar no
Campeonato da I Liga e depois no Campeonato Nacional da I Divisão |
||
NOTA |
1937/38 (4.º e último como C.º I L) |
1938/39 (Primeiro como C.º N. I D) |
Campeão de Lisboa |
Sporting CP |
Sporting CP |
2.º class. C. R. Lisboa |
SL Benfica |
CF «Os Belenenses» |
3.º class. C. R. Lisboa |
CF «Os Belenenses» |
SL Benfica |
4.º class. C. R. Lisboa |
Carcavelinhos FC* |
Casa Pia AC |
Campeão do Porto |
FC Porto |
FC Porto |
2.º class. C. R. Porto |
Académico FC Porto |
Académico FC Porto |
Campeão de Setúbal |
FC Barreirense |
FC Barreirense |
Campeão de Coimbra |
Ass. Académica Coimbra |
Ass. Académica Coimbra |
O Benfica nesta edição da Taça de Portugal (aproveitando ter que jogar onze encontros)
Foi arrasador marcando 56 golos para nove golos sofridos, em dez vitórias e um empate (Cavém e Serafim expulsos, aos 61 e 62 minutos). O Sporting CP foi eliminado em "campo neutro" no jogo de desempate pelo Vitória FC Setúbal. Este nos quartos-de-final foi afastado pelo CF "Os Belenenses" (D 1-2, em Setúbal e D 0-2, no estádio do Restelo) que nas meias-finais foi eliminado pelo Benfica.
E pelo caminho, em 29 de Março de 1964, entre a 23.ª e 24.ª jornada
Na "Taça de Ouro da Imprensa", no estádio do Restelo, o «Glorioso» massacrou a equipa do Sporting CP, com uma vitória por 5-0, com 4-0 ao intervalo, numa exibição magistral (clicar) (clicar). Duas notas:
1. Augusto Silva (que jogou a interior-direito) conta que aquando do 5-0, aos 55 minutos, na comemoração do golo, o capitão Coluna pediu que não se marcassem mais golos, porque depois quem iria "pagar" o resultado perante os adeptos seria o seu amigo Hilário. Ainda faltavam 35 minutos para terminar o jogo;
2. A titulares na equipa adversária jogaram oito (oito!) futebolistas que conquistariam a Taça dos Clubes Vencedores das Taças, em 15 de Maio de 1964, ou seja, um mês e meio depois. Só Pedro Gomes, José Carlos e Osvaldo Silva não estiveram na equipa do Sporting CP que perdeu por 0-5, mas talvez entre os cerca de 30 mil espectadores!
Na final da Taça de Portugal, Lajos Czeizler foi genial
O Benfica só vencera o FC Porto (3-2) na Festa de Homenagem/ Despedida a José Águas, logo no dealbar da temporada. No campeonato nacional dois empates, um deles muito pela razia de lesões. O FC Porto era treinado por Otto Glória, uma Glória do Benfica, organizador (cabouqueiro) a par de Joaquim Ferreira Bogalho do Benfica Hegemónico, em Portugal (até aos Anos 80) e na Europa (anos 60). Pois Lajos Czeiler conhecendo bem o FC Porto e Otto Glória, reservou para o seu último jogo como treinador do «Glorioso» uma táctica genial.
Colocou em campo dois extremos-esquerdos, os melhores de Portuga: Simões e Serafim
Num tempo em que só se conhecia o "onze" quando as equipas entravam em campo, o capitão Coluna contou que os futebolistas do FC Porto ficaram pasmados e o defesa-direito (Festa) entrou em pânico, pois conhecia bem Simões (Campeão Europeu) e Serafim (que na temporada anterior foi seu colega de equipa). Se um já era difícil de parar... então dois! Coluna dizia que Otto Glória (responsável pela sua estreia, a par de Costa Pereira, em 1954/55, no Benfica) perguntou-lhe o que "era aquilo". Coluna disse-lhe que era um segredo do Mister guardado para este jogo! O que ninguém estava à espera era que o Benfica em vez de jogar com dois extremos-esquerdos jogasse com dois extremos-direitos: José Augusto e Simões. Este futebolista foi a surpresa passando da esquerda para a direita. Afinal quem iria sofrer era o defesa-esquerdo do FC Porto (Almeida). Além disso, Lajos Czeizler consciente do poderio do Benfica perante o FC Porto, jogou como antes da invenção do WM, com apenas dois defesas, Germano mais como médio-centro que defesa-central e Coluna a pautar o jogo. O FC Porto foi desfeito como um baralho de cartas. Ainda Otto Glória não percebera bem o que Lajos Czeizler pretendia e jé havia 2-0, aos 12 minutos! Coluna dizia que aos cinco (71 minutos) cansaram-se de marcar tanto golo! Mas depois José Torres que tanto jogara para os outros merecia, também, marcar. Táctica única, num jogo único. Seis-a-dois.
Continua...
Alberto
Miguéns
Não foi caso único, esse jogo em que o Benfica se cansou de marcar golos ao rival. O que será caso único é o Benfica fazer isso comparativamente aos rivais... Foram seis, mas pelo que se lê e vê, poderiam ter sido bastantes mais. Um pouco como um jogo recente.
ResponderEliminarA década de 60 foi mesmo brilhante entre as brilhantes. Em todas as décadas da sua história, o Glorioso tem dado grandes alegrias, mas naquela não foram somente as vitórias. Foi também a forma como se venceu e convenceu. Com brilho desportivo e elevação quer nas vitórias (muitas) quer nas derrotas (poucas).
Atletas inesquecíveis, carregados de classe. Treinadores sabedores e ambiciosos. Dirigentes honrados e competentes. Adeptos que mais do que ninguém foram justamente caracterizados por Béla Guttmann, cidadão do mundo, globetrotter do futebol. Ele viu muito em muito lado. Ele comparou e soube elogiar a grande força do Sport Lisboa e Benfica: os adeptos. Saibamos nós, hoje, honrar os Ases-adeptos que nos honraram o passado.
Viva o Benfica!