HOMENAGEM
Uma
Vida de Pobreza
Francisco Lázaro nasceu em
Lisboa, numa modesta casinha (hoje inexistente) no bairro de Benfica, em 8 de
Janeiro de 1891. Filho de gente pobre, muito cedo – ainda criança - foi
obrigado a trabalhar.
A ficha de inscrição de Francisco Lázaro nos Jogos Olímpicos de Estocolmo |
O treino foi ir para o trabalho (a oito km) a pé…
Aprendeu o ofício de
carpinteiro conseguindo especializar-se, já no século XX, na montagem de
carroçarias de automóvel. Uma actividade em franca expansão resultante do
aumento da venda e reparação dos automóveis. Com emprego numa oficina de
carpintaria no Bairro Alto, na travessa dos Fiéis de Deus, deslocava-se
diariamente ida e volta, do seu humilde lar em Benfica para o trabalho, em
corrida, muitas vezes “desafiando” os eléctricos. Anos e anos de treino intenso
dado por um “treinador” chamado Pobreza… Dotado de excelente capacidade
atlética, resistência mental e destreza física, ingressa no Velo Club de
Lisboa, participando em corridas pedestres de resistência (actualmente de
“fundo”).
O primeiro grande triunfo em 1908
Aos 17 anos, em 1908, vence
a 2.ª Maratona Nacional, num percurso de 24 km, entre Cascais e Algés.
Participam 12 corredores de quatro clubes. O tempo fresco e ameno facilitou o
esforço dos atletas que partiram às 15 horas e 38 minutos, com Lázaro a chegar
após 1 hora e 39 minutos de corrida, deixando o 2.º classificado António
Fernandes, do GS Benfica, a cinco minutos.
Em 1909 não participou em competições atléticas devido a problemas de saúde. Regressou em 1910 para vencer a 4.ª Maratona Nacional disputada já numa distância (mal medida!) de 42,8 km registando um tempo muito bom para a época – 2 h 57’ 35’’, deixando o 2.º classificado a 15 minutos. Na maratona olímpica em Londres em 1908 (42,195 km), o vencedor John Hayes (EUA) gastou 2 h 55’ 18’’, ou seja Lázaro fizera apenas mais dois minutos… em mais 600 metros!
Em breve era o corredor mais admirado em Portugal. E mais popular ficou quando no início de 1911 ingressou no Benfica, o clube do bairro que tanto amava.
(clicar em cima das imagens para uma melhor visualização)
Em breve era o corredor mais admirado em Portugal. E mais popular ficou quando no início de 1911 ingressou no Benfica, o clube do bairro que tanto amava.
Um humilde atleta sobredotado que morreu em competição na
Olimpíada de Estocolmo, em 1912.
Alberto Miguéns
NOTA: A desenvolver nas próximas horas:
1. O “Glorioso” na vida de Francisco Lázaro
2. Muitas expectativas para Estocolmo
3. A delegação portuguesa nos 5.ºs Jogos Olímpicos
4. A certidão de óbito
5. A vida da família Lázaro depois da morte