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03 agosto 2019

Dia 34 da Época 116: À Procura do Tempo Perdido

03 agosto 2019 0 Comentários
POUCAS VEZES O BENFICA NÃO TEM UM HISTÓRICO SUPERIOR A ADVERSÁRIOS PORTUGUESES.


Mas é o que acontece hoje e espera-se que termine do próximo domingo pelas 23:30 horas da noite, no estádio do Algarve.

NOTA INICIAL: É muito confrangedor saber ir começar um texto que irá ser estranhamente curto e limitado, mas não é possível “inventar”: o «Glorioso» tem menos um troféu (7 para 8) e no confronto directo… também (1 para 2). Vamos ver o que se arranja.



O Benfica apenas marcou quatro golos em cinco jogos, sofrendo oito (o dobro)
Regista uma vitória, um empate e três derrotas, estas nos últimos três encontros. O Benfica não vence, na Supertaça, o Sporting CP desde 29 de Outubro de… 1980. Há 38 anos, nove meses e seis dias! O «Glorioso» não marca um golo, na Supertaça, ao adversário desde (mais ou menos…) as 22:42 horas desse dia 29 de Outubro de 1980. E já se jogou depois disso, mais 270 minutos, repartidos por três jogos em que ficou a “zeros” (0-3, 0-1 e 0-1).



A primeira Supertaça entre o Benfica e o Sporting CP (a única conquistada pelo «Glorioso» a este adversário) foi organizada pelos dois emblemas
Foi um troféu disputado em duas mãos, primeiro no campo do campeão nacional de 1979/80 (Sporting CP) e a segunda mão no campo do vencedor da Taça de Portugal em 1979/80 (SL Benfica). Foram os responsáveis do Futebol dos dois clubes que elaboraram o Regulamento da competição, na prática, dois jogos de pré-temporada embora semelhante ao que estava estipulado pelo IFAB/FIFA. Jogos de 90 minutos com 18 futebolistas - mais dois que nas competições oficiais - na ficha do jogo, mas podiam jogar todos os sete suplentes ainda que após o intervalo só pudessem ser feitas três substituições. Nos jogos oficiais só eram autorizadas duas substituições - e eram 16 os futebolistas na ficha de jogo - durante os 90 ou 120 minutos. Além disso, como a competição não era oficial podiam ser utilizados futebolistas suspensos em jogos de competições oficiais (Campeonato Nacional e/ou Taça de Portugal).


Até foi o Benfica a utilizar o Regulamento “particular”
No jogo da primeira mão, no estádio sportinguista, efectuou três substituições (Botelho, Vital e José Luís) e utilizou um futebolista suspenso em jogos oficiais (Humberto Coelho). Se não têm ocorrido estes “rabos de palha” a Supertaça de 1980/81 passava bem por “oficial” (da FPF) mesmo sendo particular (organizada pelos clubes).
  
    OS 46 GLORIOSOS DAS TRÊS SUPERTAÇAS
    FRENTE AO SPORTING CP
NOTAS: Minutos jogados; TitularSuplente utilizado; Suplente não utilizado; Convocado não utilizado; Futebolista que pode repetir um jogo da Supertaça frente ao Sporting CPA – Assistências para goloG – Golos; L - Lesionado; O Benfica no jogo, em 29 de Dezembro de 1980, apenas teve no banco quatro - utilizando dois - dos sete suplentes possíveis

Até dois jogos da Supertaça, realizados “praticamente ontem” são difíceis de historiar com rigor
Agora imagine-se andar mais (Anos 60), mais (Anos 30) e mais (Anos 10) épocas para trás. Os repórteres portugueses sempre tiveram problemas oftalmológicos, incoerência e dificuldade em ter bons relógios, ou seja, falta de rigor.

MINUTOS DAS SUBSTITUIÇÕES
Titular
Suplente
DN
AB
RC
DL
SLB
SCP
Primeira mão (10 de Setembro de 1980)
Bento
Botelho
45
45
45
45
45
45
César
Vital
45
45
45
45
45
45
Chalana
José Luís
81
81
80
81
80
81
Segunda mão (29 de Outubro de 1980)
César
Joel
45
45
45
45
45
45
Alves
José Luís
72
72
71
72
72
71
NOTAS: DN – Diário de Notícias; AB – A Bola; RC – Record; DL – Diário de Lisboa; SLB – O Benfica; SCP - Sporting

MINUTOS DOS GOLOS
Resultado
Marcador
DN
AB
RC
DL
SLB
SCP
Primeira mão (10 de Setembro de 1980)
1-0
Carlos Manuel
10
12
10
10
11
12
2-0
César
42
43
42
42
44
43
Segunda mão (29 de Outubro de 1980)
1-1
Néné
42
43
43
44
SI
43
2-1
Vital
87
86
87
89
86
87
NOTAS: DN – Diário de Notícias; AB – A Bola; RC – Record; DL – Diário de Lisboa; SLB – O Benfica; SCP – Sporting; SI – Sem informação

CARTÕES AMARELOS
Eterna confusão. Na primeira mão unanimidade - tirando uma interpretação para o «Diário de Lisboa» - na admoestação a Carlos Manuel, aos 22 minutos. O segundo cartão amarelo é a real confusão. Para “A Bola” e jornal “Sporting” foi para Humberto Coelho, aos 66 minutos. Para o “Record” foi para Chalana aos 68 minutos. Para o "Diário de Lisboa" houve cartão amarelo para Chalana e o árbitro no final do encontro, informou que o de Humberto Coelho foi para Carlos Manuel! Na segunda mão, unanimidade: aos 33 minutos, para Alberto Bastos Lopes.  

Os golos são tão poucos – quatro, todos em 1980 - que há registo integral
Em fotografias publicadas na Imprensa.

Golo 1
Depois de uma falta de Zézinho sobre César, Alves marca um livre dando lateralmente para a sua direita onde surge Carlos Manuel que, de pé direito, sem preparação, fuzila Vaz.



Golo 2
Um lance habitual no “Benfica de Bento” com este a lançar um contra-ataque fatal. O guarda-redes benfiquista faz um lançamento longo, com o balanço do braço, para Néné que pela esquerda endossa a César no centro do terreno, ainda no meio-campo do Benfica. Este corre cerca de 30 ou 35 metros e perante o adiantamento de Vaz faz-lhe um "chapéu de aba larga"! Estava lá e ainda vejo o golo como se fosse hoje!



Golo 3
Depois de uma falta de Salvador sobre Carlos Manuel, Alves marca uma grande penalidade defendida por Fidalgo para a sua direita, com Néné, quase sem ângulo, a marcar um golo memorável de pé direito. Um dos melhores que vi marcar a Néné, em oportunidade, espontaneidade e precisão. E vi dezenas deles marcados (e falhados...) por Néné!


Alves perdoa, Néné não perdoa


Golo 4
Depois de uma falta de Inácio sobre Veloso (obstrução), Alves marca o livre lateralmente para José Luís que centra do lado direito para um magote de jogadores, no "coração" da área, onde surge, de rompante, a cabeça certeira de Vital. Estava conquistada a Supertaça.



Vamos começar a virar a Supertaça a nosso favor!

Alberto Miguéns


NOTAS FINAIS:
1.    A Supertaça disputada (e conquistada) em 1980/81 pelo Benfica disputou-se no âmbito de um acordo entre os dois clubes e foi por estes organizada sem a intervenção da FPF. O Benfica tem toda a legitimidade (e deve fazê-lo) para a contabilizar como troféu (amanhã escreverei sobre a diferença – pelo menos o que há alguns anos se entendia ser a diferença… - entre troféus e títulos; bem como a crescente importância da Supertaça na fulanização do Futebol);

2.   O Benfica contabilizando a Supertaça organizada por si e pelo adversário no Futebol tem de proceder de igual modo em todas as outras modalidades até porque a maior parte das Supertaças tiveram início fora do âmbito das respectivas federações. Não o fazendo é ser interesseiro. É porque considera que há o Futebol (onde vale tudo, onde conta tudo) e o resto;

3.   A Federação Portuguesa de Futebol não tem (nem pode) contabilizar as duas Supertaças iniciais nas suas listagens: em 1979/80 conquistada pelo Boavista FC frente ao FC Porto, num jogo no estádio do FC Porto; e esta em 1980/81 a duas mãos. Não deve pois não as organizou. Não pode pois não foram jogadas de acordo com o que estava regulamentado pela FIFA. Se a FIFA se interessasse por isso ia “ser o bom e o bonito”. A sorte da FPF é que a FIFA não quer saber de Portugal para nada. A FPF mete-se onde não deve e alheia-se do que deve;


4.   Quem se interessa por estes assuntos e sabe o que se passou e passa ao preferir o que dá mais jeito e agrada mais, está a prestar um mau serviço à verdade e a trair o que é justo. Deplorável.

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