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04 julho 2019

Félix António Bermudes do Couto

04 julho 2019 7 Comentários
O DIA 4 DE JULHO SERÁ SEMPRE UM DIA QUE CONTEMPLARÁ DUAS DAS MAIS GLORIOSAS EFEMÉRIDES.



Em 1874 nasceu Félix Bermudes e em 1946 faleceu António do Couto. Félix Bermudes faleceu em 5 de Janeiro de 1960 e António do Couto nasceu em 8 de Abril de 1874. Eram ambos da mesma geração, com o arquitecto António do Couto três meses mais velho (!) mas depois a vida, é sempre a vida, e enquanto António do Couto faleceu com 72 anos o escritor Félix Bermudes ia a caminho dos 86 anos! A genética e os hábitos do dia-a-dia da vida tresloucada de cada um fazem a diferença!

Ambos foram muito no «Glorioso»
Os dois foram pioneiros - só não foram fundadores porque naquele radioso 28 de Fevereiro de 1904 não estavam em Belém, com Félix a dizer para a filha Cesina, por volta dos anos 30: «Pensas que ir a Belém em 1904 é como agora! E cheta?!»;
Ambos foram futebolistas;
Ambos foram capitães. Aliás António do Couto foi o primeiro capitão no primeiro jogo, em 1 de Janeiro de 1905 e Félix Bermudes era o capitão da 2.ª categoria, em 1906/07 quando uma ideia brilhante de Marcolino Bragança fez inscrever essa categoria como 1.ª categoria no campeonato de Lisboa de 1907/08, após a deserção de vários futebolistas de todas as três categorias - sete da 1.ª - para o Sporting CP.
Ambos era intelectuais do melhor que havia em Portugal. António Couto como arquitecto (Prémio Valmor com a «Casa Empis») e um dos responsáveis pelo Monumento ao Marquês de Pombal, na Rotunda, em Lisboa. Félix Bermudes escritor e dramaturgo com sucessos retumbantes até no cinema, com o argumento do filme «Leão da Estrela».


Jornal "O Benfica" n.º 79; 27 de Maio de 1944; Primeira página

Depois divergiram clubisticamente falando
Félix Bermudes manteve-se fiel ao «Glorioso» que inventou como «gloriosíssimo» para o Clube depois da célebre vitória (por isso gloriosa) sobre os ingleses do Carcavelos Club, em 10 de Fevereiro de 1907. E aliás foi ele que, em 4 de Setembro de 1908, aquando da junção do GSL com o SCB, propôs que o nome do Clube passasse a ser «Sport Lisboa e Benfica». Foi dirigente, presidente da Direcção por duas vezes (1916 e 1945), eleito três vezes, mas numa (1930) não tomou posse. Autor da letra do "Hino do Clube» para assinalar as «Bodas de Prata» em 1929. Contactou o seu amigo cenógrafo Stuart de Carvalhais, outro Benfiquista intrépido, para redesenhar o emblema, também para as «Bodas de Prata». Viu, sentiu, emocionou-se, chorou de alegria e dever cumprido, após tantos títulos e troféus serem conquistados, entre eles, a Taça Latina. Félix Bermudes foi tanto e quase tudo, entre 1904 e 1960. Até eu herdei algumas das suas seis magnificas cadeiras com a Águia! 
António do Couto que fez parte da célebre equipa que ficou "gloriosa" em 10 de Fevereiro de 1907, no Verão desse ano, decidiu ingressar no Sporting CP onde jogou e fez justiça ao seu nome, com o projecto para erguer as bancadas do estádio sportinguista no Campo Grande, para onde iria o «Glorioso» em 1941, ainda que provisoriamente. Um "provisório" que durou até 1954! Mas foram amigos toda a vida. Até que a vida permitiu (4 de Julho de 1946).


Imagem da revista «Stadium» enviada pelo dedicado leitor Victor João Carocha. NOTA: Daniel Queiroz dos Santos também foi um dos que partiu, acompanhando António do Couto, no Verão de 1907, do «Glorioso» para o Sporting CP com mais cinco futebolistas da 1.º categoria (Emílio de Carvalho, Henrique Costa, Albano dos Santos, António Rosa Rodrigues e Cândido Rosa Rodrigues) e um ex-1.ª categoria em 1905/06 entretanto retirado: José da Cruz Viegas (principal responsável pela escolha do vermelho para as camisolas de flanela). Um total de oito futebolistas ligados ao «Glorioso» então com o nome reduzido a Sport Lisboa, mas saíram mais futebolistas da 2.º e 3.ª categoria, como Januário Barreto, Raúl Empis, Francisco Santos ou José Rosa Rodrigues, só para citar alguns dos que jogando em 1906/07 na 2.ª ou 3.ª categoria já tinham feito parte dos escolhidos para jogos da 1.ª categoria, entre 1904/05 e 1905/06

Honra a Félix Bermudes
Honra a António do Couto
Que nos fez «Glorioso» antes de nos deixar (clicar para necrologia do jornal «Diário de Lisboa»).




O Benfica é como o Mundo. Gira sem parar!

Alberto Miguéns

NOTA (às 01:28 horas): Afinal não é assim. Fiei-me numa enciclopédia que  "Dicionário de Arquitectos Portugueses" cuja data de falecimento coincidia com a da Wikipédia portuguesa (clicar para esta treta) e fiquei com a data errada. Felizmente há leitores deste blogue dedicados e atentos como Victor João Carocha que rapidamente permitem repor a verdade. António José do Couto d'Abreu faleceu pelas 17 horas do dia 3 de Julho de 1946, ou seja, no dia anterior. Como se prova e comprova. Assim passará a constar das «Gloriosas Efemérides» de 3 de Julho e deixará as de 4 de Julho. Para 3 de Julho de 2020 fica prometida um texto com um texto que tentará «Honrar os ases Que Nos Honraram o Passado» (incluindo entrevistas a jornais) de um dos nossos mais significativos pioneiros, o enorme António do Couto. 






7 comentários
  1. Mas que belo naco de história...GLORIOSÍSSIMA !!!

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  2. Uma evocação excelente de duas figuras de grande prestígio da História do SLB.

    Félix Bermudes é uma figura de primeira grandeza, homem, intelectual e desportista de enormes virtudes e de grande dinamismo. Foi uma figura fundamental para o nascimento, sobrevivência, crescimento e implantação do SLB como maior Clube Português.

    António do Couto não foi uma figura de primeira grandeza porque optou pela vaidade e pelo comodismo dos banhos quentes e dos chás dançantes promovidos por José de Alvalade. Foi pena mas isso não invalida que tenha estado em alguns jogos dos primeiros anos que foram fundamentais para a popularidade e cultura ganhadora do nosso Clube.

    Por último o Alberto salienta muito a questão do erro que se detectou na data do óbito de António do Couto. Partilho consigo a importância de ser rigoroso pois é algo que é devido para homenagear os Ases do nosso passado. Ainda assim a diferença acaba por se cifrar em meia dúzia de horas... Na verdade o essencial é o que o Alberto fez, uma vez mais, de forma primorosa: honrou os Ases do nosso passado.

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    1. Seria uma curiosidade, haver alguém disposto a escrever uma história sobre os elementos que se cruzaram na vida do Benfica e do Sporting.

      Até para esclarecer aqueles sportinguistas que juram a pés juntos que Cosme Damião jogou no Sporting.

      Uma efabulação, que ouço muitas vezes, e lá tenho de explicar a história das camisolas stromp no jogo em que se tirou a celebre fotografia do nosso "Pai" a envergar a camisola do Sporting.

      Ou a do nosso presidente, que integrou os órgãos sociais do Sporting, e outras que dariam um documento interessante.

      Fica a sugestão para os estudiosos.

      Viva o Benfica!

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  3. Boa tarde, mais um texto espetacular, escrito por quem sabe.

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  4. Passou agora à hora de almoço na RTP2 um documentário sobre Cesina Bermudez, uma das filhas de Félix Bermudes, na peça um sobrinho, não sei se neto de Félix Bermudez, diz que ele fundou o Benfica e o Sporting !!! Tem algum fundamento ??

    Um abraço glorioso,
    Pedro Freire

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    1. Uma mulher da estatura de Beatriz Angelo, também ela médica, e mulher do nosso primeiro presidente.

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    2. Caro Pedro freire

      Não tem fundamento. Não faz parte da lista dos 24 do «Glorioso» (apesar de poder ter sido se estivesse em Belém (Farmácia franco) a 28 de Fevereiro de 1904, pois já acompanhava o grupo - talvez quatro dezenas de entusiastas - que fundou o Clube) nem dos 36 que fundaram o Sporting CP como está aqui descrito:

      https://www.forumscp.com/wiki/index.php?title=Os_Fundadores

      Mas foi sócio do Benfica e do SCP em simultâneo. Penso que do SCP quando foi presidente do Benfica (1945) em que fez questão de entrar para associado do SCP para mostrar boa vontade em que houvesse entendimento entre os dois clubes que estavam de "costas voltadas". Ele quis dar o exemplo.

      Gloriosíssimas Saudações

      Alberto Miguéns

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