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14 October 2020

Emblema Legal: Ainda Existe no Clube

14 October 2020 5 Comentários

COMO COMPROVA ESTE NUMA FOTOGRAFIA OBTIDA HOJE.


Na entrega das assinaturas para tornar viável a candidatura do actual presidente da Direcção ao sexto mandato (depois de 2003, 2006, 2009, 2012 e 2016) para 2020/2024 o seu mandatário nacional, Carlos Móia, entregou ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, em exercício, as assinaturas (dez mil votos ou mais) que a tornam possível.

Eis uma das bandeiras que o Benfica tem - conheço três que existem nas instalações do Clube - que estão de acordo com os Estatutos e Regulamento Geral do Clube. Como se pode ver este é o emblema que continua em vigor enquanto os associados do Clube não o revogarem e substituírem por outro. Qualquer emblema que não seja este é ilegal pois são os associados que têm o poder para o alterar.

Eis a assembleia geral que o definiu:



Eis os Estatutos (2010) que o definem:


E o Regulamento Geral que o descreve:



O ponto 5. do artigo 7.º é explicito. E corresponde ao que Félix Bermudes escreveu na letra do Hino:
«Essa Águia heráldica e suprema... Erguendo ao alto o nosso emblema». A simbologia da Águia com as garras na flâmula com o lema e as asas abertas, como se estivesse a iniciar voo - tem esse objectivo. Dar dinâmica - elevar para o Céu - o que é estático.


Mas o emblema do Benfica é imutável? Claro que não! Já foi alterado em 1908, 1911, 1929 e 1966. 

Não pode é ser alterado sem o consentimento dos associados e isso foi feito em 1997/98. À socapa. E mantido ilegal até ultrapassando para lá das marcas do bom senso (se este existe na ilegalidade) com os "monocromáticos" que até são bicromáticos ou tricromáticos!

As Direcções do SL Benfica querem alterar os símbolos? Têm direito a isso! Levem a proposta a alguma das duas assembleias ordinárias que o Clube tem estabelecidas estatutariamente e os associados pronunciam-se. Ou convoquem uma assembleia geral extraordinária.

Alterar o símbolo nas "costas dos associados" como se não existisse Clube mas apenas uma empresa é transformar um símbolo que foi criado com propósitos e objectivos nobres apenas num "logo comercial" baseado em questões de gosto de alguém.

Os símbolos do Benfica pertencem aos associados não estão ao serviço de interesses comerciais, a menos que os sócios aceitem. E são soberanos.

Alberto Miguéns  


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08 January 2020

BenficArte

08 January 2020 8 Comentários
COMO É QUE OS CRIADORES DE ARTE PORTUGUESES SENTEM O BENFICA?



A propósito de um texto eis o pretexto para colocar neste blogue o que não foi possível fazer aquando do Centenário do Clube.

O Benfica é o Clube do Povo
Mas é muito mais do que isso. É um clube agregador, abrangente, dinâmico, ardente e consequente que tem tido durante a sua existência alguns dos maiores protagonistas da Cultura Portuguesa a terem pelo «Glorioso» tanta simpatia como a mais analfabeto e inculto entre os portugueses. O Benfica é de todos.

Quando pensas em Benfica pensas em quê?
Como é que um artista, enquanto criador de Arte, sente o Benfica no imediato. Como o sublima em Música, Pintura, Desenho, Escrita, Cinema ou Fotografia? O que é para um criador “Sentir-se Benfiquista”.

Esta era uma das Ideias que tive aquando do Centenário do Clube no plano que fiz «100 Anos, 100 Ideias» e que nunca foi feito
Por responsabilidade de Seara Cardoso se bem que este dissesse que foi de Luís Filipe Vieira (embora o presidente da Direcção fosse Manuel Vilarinho), tal como Fialho Gouveia que dizia que a “culpa” era dos dois. De Seara Cardoso porque criticara Luís Filipe Vieira e deste que não respeitava o Benfica! A "Comissão do Centenário» (composta por associados do Clube sem qualquer remuneração, nem um tostão - e bem - para custear despesas) foi empossada pelo presidente Manuel Vilarinho pelas onze da manhã e às três da tarde já estava dissolvida! Isto em Abril de 2003, a menos de um ano do Clube comemorar o seu centenário! Inacreditável! Tudo porque foram almoçar - eu não fui pois trabalhava de tarde - e quando voltei às instalações do Benfica - então em Cabo Ruivo - não vi ninguém para a primeira reunião que estava marcada para as 19 horas logo desse primeiro dia. Telefonei ao saudoso Fialho Gouveia (que me tinha convidado para a Comissão) e ele diz: Então não lhe disseram? Disseram o quê, senhor Fialho Gouveia. Não lhe disseram que já não há Comissão? Como assim, então fomos empossados ao final da manhã de hoje! Pois, mas desentenderam-se ao almoço e o Luís Filipe Vieira acabou com a Comissão porque o Seara Cardoso - que é portuense e Benfiquista - foi criticá-lo por festejar golos do FC Porto ao Benfica no Estádio das Antas. Chegou aos ouvidos de Luís Filipe Vieira e este mandou o Vilarinho dissolver a Comissão! Veja lá! Um calhau com dois olhos que nem cargos tem no Benfica e conseguiu acabar com a Comissão de Um Centenário de um Clube como o Benfica! Miguéns tente junto do Seara Cardoso fazer com que o seu projecto vá para a frente!» Pois, pois... eu bem tentei, mas está bem, está... Foi-se! Mas isso agora não interessa para nada. Vamos ao que interessa.

Stuart Carvalhais I
Ando há algum tempo à procura de informação para assinalar os 59 anos do seu falecimento (2 de Março de 1961) ou comemorar os 133 anos do seu nascimento (7 de Março de 1887). A escolha do dia 2 (segunda-feira) ou do dia 7 (sábado) depende dos jogos do Benfica. Terá que ser em alternativa. O Benfica terá o encontro para a 23.ª jornada da Liga NOS nesse fim-de-semana jogando na quinta-feira anterior (27 de Fevereiro) a segunda-mão dos dezasseis-avos-de-final da Liga Europa na «Catedral» por isso o jogo frente ao Moreirense FC, também, na «Catedral» será muito provavelmente no domingo. O jogo da 24.ª jornada do campeonato nacional, em Setúbal, frente ao Vitória FC, será no fim-de-semana (6 a 9 de Março) pois vai depender da passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa, cuja primeira-mão está marcada para 12 de Março. Há que preparar o texto e lustrações para depois escolher a data mais interessante para assinalar a efeméride de um dos mais ilustres artistas (desenhador) do Benfica.


Stuart Carvalhais II
Considero que o mestre Stuart Carvalhais ainda tem hoje o emblema do «Glorioso» melhor conseguido e data de 1929, quando trabalhava em parceria – era cenógrafo – com Félix Bermudes na organização das peças de teatro deste. Aquando das Bodas de Prata (25 anos), em 28 de Fevereiro de 1929, Félix Bermudes fez a letra, pediu ao maestro Alves Coelho (pai) para musicar a letra do Hino do Clube e solicitou a Stuart Carvalhais que “redesenhasse e modernizasse” o Glorioso Emblema. E assim foi. Um emblema que obedece aos propósitos e ideais dos nossos fundadores – Félix Bermudes não cedia um milímetro – em termos de cores e simbologia. As garras da Águia bem assentes na flâmula nacional onde estava escrito o lema do Clube tendo a Águia as asas abertas como que dando uma ideia dinâmica de elevar para o Céu o lema, ou seja, o Clube e as nobres intenções dos Fundadores. Félix Bermudes na letra da Hino é inequívoco.



Stuart Carvalhais III
As pesquisas acerca de Stuart Carvalhais “levaram-me” até junto de familiares. E não é que um deles (que não mostrou interesse em que o seu nome seja revelado) deu-me um original do trabalho do notável desenhador Benfiquista! Que é a digitalização que ilustra o texto de hoje! Foi este o pretexto para não só fazer o texto para hoje como criar uma espécie de secção – que ficará disponível na barra horizontal vermelha de assuntos do blogue – onde vou procurar colocar Arte relacionada com o Benfica. Como sentes na tua sensibilidade de artista o Benfica? Se disser Benfica como expressarias o Ideal? Vou tentar, não sei se conseguirei.   

Há muito Benfica entre os Artistas que criam a Arte Portuguesa
Vou procurar ter, essencialmente, obras de artistas contemporâneos, ou seja, que eles "façam Benfica a meu pedido" mas para os que já estão no «Quarto Anel» (como Stuart Carvalhais ou o poeta António Boto) serão publicadas “obras” onde esteja o Benfica (como é hoje o exemplo de Stuart Carvalhais) pois apesar de ter o original feito por ele, em 1953, num desenho a tinta-da-china sobre cartão branco, o trabalho não é inédito pois até sei onde está publicado.

Há muitos Benfiquistas entre os grandes nomes da Arte em Portugal
Abrangendo todas as gerações e todas as áreas. Eis alguns contemporâneos que vou tentar contactar.

Arquitectura
Procurarei esboços/esquiços de Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Manuel Salgado e Tomás Taveira, entre outros de que não me lembro o nome ou não sei que são Benfiquistas.

Banda Desenhada
Conheço poucos, mas tentarei contactar José Carlos Fernandes, Luís Louro e Marco Mendes.

Cinema
Quem sabe se será possível ter uns segundos/minutos de imagens criadas por António-Pedro Vasconcelos, Edgar Pêra, Leonel Vieira, João Botelho, João Canijo, Joaquim Leitão e Ricardo Costa, entre outros.

Fotografia
Contactar Alfredo Cunha e Eduardo Gageiro. Há mais, mas não quero arriscar errar!

Literatura
São quase todos do Benfica, desde António Lobo Antunes, António Mega Ferreira, João de Melo e José Rodrigues dos Santos até José Luís Peixoto, Pedro Mexia e Rodrigo Guedes de Carvalho.

Música
Com tantos tão bons nem faço listagens de nomes pois a maior parte ficaria fora da lista. Até arrisco duas listas com três nomes, cada, de muitos mais. Dos mais experientes: Carlos Alberto Moniz, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho. Dos mais recentes: Ana Bacalhau, António Zambujo e Mariza Liz.

Pintura
Com o amigo Manoel Barbosa, actualmente a expor na «Galeria Zé dos Bois» (clicar) não deve ser difícil que alguns possam trazer o seu Benfica, o Benfica de todos nós, visto pelo olhar crítico e acutilância artística, dos pintores Benfiquistas, para este blogue. NOTA: Como muito bem lembrou, em 9 de Janeiro, um dedicado leitor do blogue, Paula Rego tem ascendência e "linhagem" Benfiquista, no Sport Clube de Benfica!

Vamos ver no que isto vai dar…

Alberto Miguéns

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13 September 2018

13 de Setembro de 1908: Dia da Benficaligência

13 September 2018 3 Comentários
HÁ 110 ANOS OS DIRIGENTES DE DOIS CLUBES PERCEBENDO QUE ERAM COMPLEMENTARES FORAM INTELIGENTES DECIDINDO TIRAR BENEFÍCIOS DESSA COMPLEMENTARIDADE. 



E grande parte dos associados de ambos os clubes - Sport Lisboa e Sport Clube de Benfica - aprovaram em assembleias gerais realizadas, em 13 de Setembro de 1908, há precisamente 110 anos essa junção. Havia mesmo alguns (poucos) futebolistas do Sport Lisboa que já eram associados do clube de Benfica. Cosme Damião entrou para associado, com o número 81, em 27 de Outubro de 1907 e Marcolino Bragança, com o número 100, em 1 de Janeiro de 1908. Félix Bermudes entrou para associado pouco antes da junção. 

NOTA EM FORMA DE AVISO (às 23:55): Acabei de concluir o texto e ficou exageradamente grande. Só para quem tiver tempo e paciência.

Na documentação escrita para efectivar a junção
Impressiona o modo como os dois clubes conheciam as potencialidades um do outro. Sabe-se que não existiam muitos clubes na cidade de Lisboa e arredores nesses anos da primeira década do século XX mas o conhecimento mútuo era elevado. O Sport Lisboa era um clube que tinha no Futebol a sua principal actividade e era um dos melhores a fazê-lo. Havia depois futebolistas com aptidão para outras modalidades como Félix Bermudes (pedestrianismo/Atletismo) e Fortunato Levy (velocipedismo/Ciclismo). O Sport Benfica não conseguindo ter bons futebolistas não se inscrevia em competições. Mas tinha especialistas em velocipedismo e pedestrianismo, principalmente nas corridas de fundo. Os clubes nunca foram adversários, no Futebol, no Ciclismo ou no Atletismo. Aliás o Sport Benfica era essencialmente organizador de festivais nas suas instalações competindo os seus associados entre si. Há no entanto bons registos, no Atletismo, frente a outros emblemas.


Uma das inúmeras provas lúdicas que o GSB organizava nas suas instalações na Quinta da Feiteira, as corridas de sacos. Mas também existiam as outras provas consideradas clássicas no Atletismo: corridas, saltos e lançamentos. Digitalização da página 86, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; edição de autor; Lisboa; 1954

Também é bem significativa a consideração que aquele que teoricamente seria mais poderoso, o clube de Benfica tem pelo Sport Lisboa
O que ilustra a importância que o Futebol tinha quando ainda dava as primeiras passadas sustentadas em Portugal. Eis as palavras de um dos seus mais destacados dirigentes:



O Sport Lisboa detinha uma super-estrutura fenomenal
Capaz de vencer os invencíveis ingleses do Carcavellos Club, como ocorrera na Quinta Nova, em Carcavelos, a 10 de Fevereiro de 1907 (clicar para a página 13 e 14 da revista "Tiro e Sport" n.º 349). Além disso tinha uma segunda categoria praticamente invencível. Foi a classe e consistência deste plantel reservista, em 1906/07, que possibilitou a sobrevivência, em 1907/08, do Sport Lisboa depois da deserção dos melhores futebolistas: oito para o Sporting CP e ainda mais um (pelo menos) para o Football Cruz Negra. Além de três que emigraram. Mas ficou o aviso. E os Gloriosos Pioneiros souberam interpretá-lo na perfeição. Eles gostavam era de jogar. Mas um clube para sobreviver, singrar e engrandecer necessita muito mais do que apenas vontade, perícia e gosto em jogar Futebol.


A 2.ª categoria em 1906/07. Uma equipa fortíssima. Foi fundamental para responder à deserção de uma dezena e abandono forçado de três "Gloriosos": Manuel Móra (Argentina/Brasil), Fortunato Levy (Cabo Verde) e Marcial e Costa (Moçambique), em Maio (Verão) de 1907. Foi inscrita como 1.ª categoria em 1907/08. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Alinhados com a táctica do jogo. Em cima, os dois defesas e o guarda-redes: Henrique Teixeira, João Persónio e José Netto; Ao centro, os cinco avançados: Félix Bermudes (cap.), Eduardo Corga, Leopoldo Mocho, António Meireles e Carlos França; Na frente, os três meio-defesas ou médios: Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança. Fotografia digitalizada da página 51, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; edição de autor; Lisboa; 1954

O Sport Clube de Benfica tinha as infra-estruturas (parte I)
Fundado em 26 de Julho de 1906 como Grupo Sport de Bemfica (GSB) alterou a designação depois do Regicídio (1 de Fevereiro de 1908) para Sport Clube Bemfica (SCB) quando passou a usufruir de uma espaçosa e bem equipada Sede onde se efectuaram as reuniões para a junção entre os representantes dos dois clubes. Entretanto em 26 de Maio de 1907 tomou posse de um terreno arrendado na Quinta da Feiteira ao comendador César José de Figueiredo que foi inaugurado em 14 de Julho de 1907 e oficialmente em 23 de Julho de 1907 integrado nas comemorações do primeiro aniversário. Espaço de excelência este terreno foi o grande chamariz para um clube - Sport Lisboa, em Belém - dotado de excelentes futebolistas mas com dificuldade em assentar num espaço que permitisse o seu desenvolvimento à semelhança dos outros clubes da cidade. O GSB/SCB era um clube que procurava desesperadamente ter uma equipa de Futebol que pudesse defrontar os melhores clubes, única forma de sobreviver. 


A inauguração oficial do campo na Quinta da Feiteira. Digitalização da página 69, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; edição de autor; Lisboa; 1954

O Sport Clube de Benfica tinha as infra-estruturas (parte II) 
No Verão de 1907, os dirigentes do GSB tentaram que a "falada" extinção do Sport Lisboa pudesse finalmente concretizar tal desejo, mas a teimosia de Marcolino Bragança, Félix Bermudes e Cosme Damião, entre outros, como Silvestre Silva, fez gorar tal possibilidade. Silvestre Silva - para espanto geral - inscreveu a segunda categoria de 1906/07 no campeonato da primeira categoria em 1907/08 organizada pela mesma entidade, a Liga de Football Association. O Sport Lisboa resistia. O GSB aproveitando o amplo espaço na Quinta da Feiteira organizava muitas festas lúdicas e desportivas praticando essencialmente corridas e velocipedia. Também jogos de futebol entre associados chegando a nomear capitães-gerais (Jorge Ribeiro, por exemplo) e escolher os capitães da 2.ª categoria e da 3.ª categoria, respectivamente, Germano Vasconcelos e José Augusto de Brito. Tudo não passou de intenções e nem se atreveram a tentar ter uma 1.ª categoria. Mas para os outros clubes era evidente a capacidade disponibilizada pelo clube de Benfica ao nível das instalações e também dos dirigentes, com muitos associados com origem na burguesia comercial local e aristocracia rural de Benfica. A nível desportivo o GSB chegou a ter uma excelente equipa de atletas que venceram a I Maratona Nacional, disputada em 20 de Outubro de 1907 que foi amplamente divulgada na Imprensa da época (clicar para a revista "Tiro e Sport" n.º 365; páginas 1 a 9). Depois com o Velo Club de Lisboa a contar com Francisco Lázaro, além de José Mascarenhas e José de Brito, o GSB perdeu a possibilidade de conquistar a II Maratona Nacional, realizada em 3 de Maio de 1908 (clicar para a revista "Tiro e Sport" n.º 383; páginas 5 a 8) classificando-se em segundo lugar. É sempre agradável referir que Francisco Lázaro representou, em 1911, o Sport Lisboa e Benfica. Quando faleceu em 1912 na Maratona Olímpica, em Estocolmo, era atleta do Lisboa Sporting Club, emblema criado para lhe optimizar as condições para obter um bom resultado na Suécia. 


A equipa que conquistou, colectivamente, pelo Grupo Sport de Benfica, a I Maratona Nacional, em 1907, com oito pontos. Da esquerda para a direita: António Fernandes (2.º), Carlos Marques (vencedor individual) e Augusto Jorge (5.º) Digitalização da página 79, do volume I, da História do SL Benfica 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; edição de autor; 1954

O Sport Clube de Benfica tinha as infra-estruturas (parte III) 
Em Belém, ao Sport Lisboa não passavam despercebidas as boas condições do Sport Benfica bem como os desejos dos dirigentes do clube de Benfica. O que os associados do Sport Lisboa queriam era jogar à bola. Burocracias, papeladas e andar em busca de melhores instalações para Sedes ou de amplos espaços para construir Campos Atléticos (para treinar e jogar) era algo que os transcendia. A aproximação do Sport Lisboa ao Sport Benfica intensifica-se com a inscrição de alguns futebolistas de Belém no clube de Benfica e o pedido para a realização de treinos o que era desde logo atendido. Até a autorização para o Sport Lisboa receber, na Quinta da Feiteira, um dos adversários mais fortes daquele tempo, o Internacional/CIF, em 24 de Novembro de 1907, para o campeonato de Lisboa, numa vitória por 1-0, golo de Eduardo Corga, favorável ao Sport Lisboa (clicar para a página 7 da revista "Tiro e Sport" n.º 367). Pouco tempo depois, em 13 de Setembro de 1908, os futebolistas do Sport Lisboa poderiam utilizar o campo sem ser necessária autorização...



O respeito de um significou a independência de outro
Depois de reuniões nas Sedes dos dois clubes e com dois representantes do Sport Lisboa - Cosme Damião e Félix Bermudes - em reuniões com dirigentes do Sport Benfica na Sede deste a junção efectivou-se com o Sport Lisboa a conseguir o que queria: manter intocável a estrutura do Futebol no Clube. Pela primeira vez, em 1908/09, não houve qualquer entrada para o plantel mas Cosme Damião/Manuel Gourlade permitiram que alguns associados do Sport Clube Benfica sendo "os futebolistas de Benfica com mais capacidade para jogar" integrassem a 2.ª e 3.ª categoria. Foi o caso de Germano Vasconcelos que chegaria, em 1909/10, à 1.ª categoria. Foi uma junção com muito propósito e bem a propósito em inteligência. Esta efeméride já foi abordada, neste blogue, em 13 de Janeiro de 2017: 1904 Não é 1908: Vocês Sabem Do Que Eu Estou a Falar (clicar).



Não se tratando de uma fusão
Não houve necessidade de fazer um novo emblema ou criar um novo equipamento, ou equipe, como na época se dizia. Justapôs-se o emblema do Sport Lisboa ao do Sport Benfica num trabalho equilibrado com bom gosto elaborado por Luís Carlos Faria Leal e aceitou-se o equipamento do gloriosíssimo Sport Lisboa. O nome apesar de inicialmente proposto pelos dirigentes do Sport Benfica, denominando-o Sport Clube de Lisboa (proposta do secretário, Faria Leal) ou Sport Clube de Lisboa e Benfica (proposta do vice-presidente Alfredo Silva) terminou na sábia interpretação de um dos representantes do Sport Lisboa, com Félix Bermudes a simplificar (o que no que envolve o Futebol por vezes é o mais complexo): Sport Lisboa e Benfica. Não havendo fusão, mas integração do plantel de Futebol (quase aquilo a que se resumia o Sport Lisboa) com autonomia de "gestão dos futebolistas" por Manuel Gourlade/Cosme Damião, após a junção nem houve eleições. Mantiveram-se os Corpos Gerentes do Sport Clube de Benfica eleitos, em 28 de Junho de 1908, esperando até às novas eleições anuais, em 26 de Fevereiro de 1909, para integrar (e efectivar) a autonomia do Futebol com a eleição de dois vogais - depois passaria a um vice-presidente - do Sport Lisboa para reportar o modo como o Futebol estava a ser gerido dentro do Clube. 



Os números indexados a cada nome correspondem ao número de associados do Sport Clube de Benfica continuando a numeração como Sport Lisboa e Benfica

Durante anos e anos continuou a ser o vice-presidente o "gestor" para o Futebol
Era um preceito que teve origem na decisão, a 13 de Setembro de 1908, em ter o Futebol dependente dos futebolistas que provinham de Belém e não dos dirigentes (presidente) que era de Benfica. Depois o tempo fez esquecer a origem desta forma de gerir o Glorioso Futebol. Cosme Damião ainda sentiu "na pele" esta decisão, em 1926, que curiosamente ele havia tomado (a par de Félix Bermudes) em 1908! Já se escreveu neste blogue acerca desse acontecimento, em 8 de Agosto de 2016: Isto É Tão Benfica! (clicar


A acta de 4 de Setembro de 1908 que acaba por ser "A Magna" mostra como os dois representantes do Sport Lisboa souberam transformar o Sport Lisboa e Benfica na continuidade do Sport Lisboa. Escolheram não só o nome pelo qual o clube continuaria como ao modificarem o artigo 2.º e 8.º deram ao SLB o cunho do SL. Artigo segundo: os futebolistas do SLB organizavam o Glorioso Futebol segundo o entendimento do SL e os dirigentes do SLB organizavam o Clube segundo o entendimento do SCB. Artigo oitavo: Os equipamentos do SLB eram os do SL 


Do efémero ao eterno
Na actualidade esta predisposição do artigo 2.º das Bases de Junção para pensar que podia haver uma secção de Futebol com autonomia total (os dois grupos de sport não perderão a sua individualidade, passando a denominar-se SPORT LISBOA E BENFICA)  parece um anacronismo porque sabemos que estamos a escrever e a viver um facto 110 anos depois. Os de 1908 é que não sabiam se ia durar uma semana, um ano, uma década ou mais. Eles queriam era usufruir enquanto jogassem dessa circunstância. «Serem os futebolistas a orientarem o Futebol» e não dirigentes que pouco ou nada percebiam do assunto. Hoje sabemos que o que ocorreu em 13 de Setembro de 1908 no seguimento de 28 de Fevereiro de 1904 foi para a Eternidade.


13 de Setembro. Uma espécie de Dia da Inteligência (Benfiquista)

Alberto Miguéns

NOTA: O emblema do Sport Benfica é uma incógnita pois não há registos a cores nem alguém que o descrevesse. Mas há sempre esperança que se descubra. No Benfica nunca nada pode estar dado como perdido! Apesar de ser muito simples falta saber o colorido, apesar de haver a noção que a sigla GSL/SCB seria amarelo-dourado (embora sem a certeza absoluta que é indispensável para certificar correctamente) por indicação de Joaquim Macarrão que a ouviu de dois antigos sócios/atletas, respectivamente associados número 10 e 3 do Grupo Sport de Bemfica/Sport Clube Bemfica: Luís Joaquim Gato e José Augusto de Brito. Aliás, essencialmente, até da filha deste com quem Macarrão viveu até perto da idade em que faleceu. 



Com o emblema do Sport Lisboa tudo é diferente. Também mais complexo. Houve quem o descrevesse, quer em significado (Félix Bermudes) quer no seu aspecto gráfico bem como a sua evolução (Raul Empis, um dos 24 fundadores). Ficando para mais tarde, neste blogue, uma descrição da evolução do emblema até ao dos 25 anos, o das «Bodas de Prata», em 1929, da autoria de Stuart Carvalhais, eis a descrição do primeiro de todos tendo por base Félix Bermudes e Raul Empis.



O emblema do Sport Lisboa é simples mais cheio de simbolismo.

1. O escudo é bipartido com as cores vermelho-e-branco. O vermelho significa alegria, expressão garrida (colorido) e vivacidade, como base de entusiasmo na luta pelo Desporto. Visa facilitar a comunicação entre quem está em campo a jogar e captar a atenção de quem passa pelo local (NOTA: O Sport Lisboa jogava, até 1908, em terrenos públicos); 
2. Ao centro do escudo uma Bola de Futebol - o principal objecto do jogo - com a configuração da primeira década do século XX;
3. Em cima da bola um Listão ou Faixa com as cores - castanho claro/amarelo escuro - precisamente os tons dos terrenos nas Terras do Desembargador, às Salésias, onde se disputava a bola. Terrenos públicos que o Clube utilizava para treinar, desafiar ou lançar reptos e aceitar desforras com outros clubes;
4. Em cima do listão simbólico do terreno de jogo, a sigla S.L. (Sport Lisboa) a vermelho, cor base do Clube;
5. Por cima do escudo uma Flâmula com as cores nacionais (até 1911 a bandeira portuguesa era bipartida a azul-e-branco) tendo inscrita a Divisa ou Lema do Clube em latim significando (para eles) Todos Por Um (como Félix Bermudes que acompanhou, em 1904, a elaboração e escolha dos símbolos depois, em 1929, escreveu no Hino do Clube). Legenda admirável como apologia da união e espírito de família entre todos os associados;  
6. A encimar o emblema e a agarrar a flâmula e lema elevando-os para o alto/Céu (bem como a todo o emblema/Clube) com as garras nela cravadas uma Águia amarelo-dourada de asas abertas com onze rémiges (penas de voo) de cada lado (o clube foi fundado, em 28 de Fevereiro de 1904, para jogar Futebol). Águia como elevação de propósitos e objectivos, tendo largo espírito de iniciativa e anseio em subir o mais alto possível.  







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