10 abril 2024

Bem-Vindo a Tua Casa, Eriksson

ÉS UM ETERNO CAMPEÃO.



É UMA DAS GRANDES FIGURAS DO CLUBE QUE ASSEGURARÁ A SUA IMORTALIDADE.


Sven-Göran Eriksson nasceu em Sunne (Suécia) em 5 de Fevereiro de 1948. Tem 76 anos e dois meses.


Eriksson ou Ériquexe (como pronunciava Fernando Martins quase como em sueco: Êriquesôm), Fernando Martins (presidente da Direcção) e Júlio Borges (secretário para o Futebol Profissional da Direcção), em 4 de Junho de 1982


Assinou contrato como treinador do «Glorioso» em 4 de Junho de 1982, ou seja, com 34 anos e quatro meses.



1. Como a comunicação social indicou que tinha 33 anos causou espanto pois era um ano mais novo que Bento (25 de Junho de 1948). E "quase" da mesma idade de Néné (20 de Novembro de 1949) e Humberto Coelho (20 de Abril de 1950) que faziam parte do plantel. 



2. Com o início da época de 1982/83 quem tinha dúvidas depressa as desfez. Com futebol de excelente qualidade o Benfica consegue vinte vitórias consecutivas (incluindo os cinco encontros na pré-temporada) e 28 encontros invicto - 26 vitórias e dois empates - com a derrota ao 29.º jogo.



3. Com o final da temporada por ano civil na Suécia o Benfica não contrata um avançado, mas um centrocampista... Stromberg - 4.º estrangeiro no Clube e primeiro não "ponta-de-lança" (depois de Jorge Gomes, César e Filipovic). Como justificou Eriksson, para quê ter bons avançados se falta capacidade física ao meio-campo para colocar a bola durante grande parte dos 90 minutos na frente! Além disso, Stromberg apesar de mostrar muita qualidade não foi logo titular. Eriksson foi inteligente pois mostrou que não protegia um seu conterrâneo. Foi mais pela insistência dos media e adeptos que o catapultaram para titularidade indiscutível em 1983/84.



4. Com 28 jogos invicto, quando surge a primeira derrota, em 1982/83 - e foi na 14.ª jornada do campeonato nacional (seria a única) - já o Benfica com 12 vitórias e um empate estava com avanço de quatro pontos para o FC Porto e seis para o Sporting CP, numa edição com 30 jornadas e dois pontos por vitória.  



Um trio que se completava na perfeição - Eriksson (treinador), Toni (adjunto) e Fernando Martins (presidente da Direcção) - na primeira metade dos Anos 80.



5. Quando surge a polémica do FC Porto querer disputar a final da Taça de Portugal de 1982/83 no seu estádio das Antas, Eriksson não se opõe afirmando que o Benfica ia lá conquistar o troféu. E foi. Pedroto queixou-se. Perdemos porque a final já foi no início de 1983/84... se tem sido no final de 1982/83 o Benfica (12 jogos da Taça UEFA) estava cansado (mais oito jogos na Taça UEFA que o FC Porto (4), afastado de goleada (D 0-4) pelo RSC Anderlecht) e era nossa. Esperto, mais esperto não havia que Pedroto, mas Eriksson deu-lhe uma lição.




Eriksson, Jorge Castelo (pioneiro como analista dos jogos) e Eusébio no relvado da «Saudosa Catedral»


6. Com duas temporadas deslumbrantes, em 1982/83 e 1983/84, com destaque para o Bicampeonato Nacional, partiu para Itália mas nunca se esqueceu do Benfica e o Benfica muito menos se esqueceu dele. Haveria de regressar.



Um treinador que fez Escola. Entre a primeira e a segunda passagem deixou-os melhores futebolistas e encontrou-os noutras funções. Entre todos... Sheu que tem uma admiração (quase) ilimitada por Eriksson.



SEGUNDA PASSAGEM

Toni (adjunto), Eriksson (treinador), João Santos (presidente da Direcção), Jorge Brito (vice-presidente da Direcção para a gestão desportiva) e Gaspar Ramos (vice-presidente da Direcção para o Futebol)



7. Regressou no início de 1989/90 para ficar até final de 1991/92. Mais um título de campeão nacional (1990/91) e uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, logo em 1989/90.


Thern que ingressa no «Glorioso» no regresso de Eriksson em 1989/90


Uma amizade para a vida. Toni foi treinador adjunto de Eriksson, em 1982/83 e 1983/84. Depois continuou como adjunto dos que se seguiram. Em 1987/88 (a 28 de Novembro de 1987) assume o cargo interinamente passando a treinador principal com o Benfica a jogar a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Em 1988/89, com Toni, o Benfica é Campeão Nacional e Toni aceita voltar a adjunto de Eriksson com o regresso deste em 1989/90. Não sei se haverá semelhante, quanto mais igual, no Mundo e desde que o futebol foi inventado (26 de Outubro de 1863). 



8. "Respeito-o muito senhor Eriksson, mas guerra é guerra"! 28 de Abril de 1991. 34.ª jornada em 38. Estádio das Antas. O autocarro do Benfica é apedrejado perante a conivência das autoridades, obrigam o Benfica a passar entre adeptos portistas para serem insultados. Chegam ao balneário e está fechado a cadeado. Só há autorização para ser aberto uma hora antes do início do jogo. Quando abrem o balneário os primeiros a entrar saem rapidamente e avisam os outros que o cheiro é nauseabundo - litros e litros de creolina que um dia rimaria com Carolina - obrigando os futebolistas a equipar-se no corredor do túnel de acesso ao relvado. Entretanto, surge na risota o presidente do FC Porto. O senhor elegante e educado Eriksson e o traste nojento Pinto da Costa cruzam-se e este faladra: "Respeito-o muito senhor Eriksson, mas guerra é guerra"! No final do jogo o resultado foi de 2-0 a favor do «Glorioso», com dois golos do suplente utilizado... César Brito (felizmente) próximos do final do jogo, aos 82 e 85 minutos, pois se fossem no início havia formas habilidosas de passar de 2-0 para 2-3. Benfica, praticamente, campeão nacional devido ao avanço pontual de um - se o FC Porto vencesse passava a ter um ponto de vantagem - para três pontos.




Duas personalidades do Benfica e do Mundo do Futebol: um dos melhores treinadores mundiais da modalidade (Eriksson) e Eusébio, o melhor futebolista português de sempre: além de fazer assistências (sua principal função) para os avançados-centro, depois pontas-de-lança - José Águas, José Torres, Artur Jorge, Victor Batista e Jordão, entre outros que foram várias vezes os melhores marcadores das competições em que o Benfica participava - "ainda" era goleador. Notável.


Eriksson, Eusébio e Toni: que trio glorioso! O Benfica tinha mais espectadores, em muitos dos treinos no campo n.º 3, que alguns clubes da I Divisão nos seus jogos!


9. Eriksson na segunda passagem já tinha que defrontar outro tipo de adversário e adversidades. Em junho de 1982, Pinto da Costa tinha sido eleito e tomado posse como presidente da Direcção há dois meses. Em Junho de 1989 levava sete anos de impunidade e manipulação de muitas pessoas e instituições. O sucesso nunca poderia ser o mesmo pois os adversários sabia ele vencer, mas as adversidades não lhe competiam a ele eliminar... 



10. A empatia entre Eriksson e os adeptos tal como com os futebolistas era fantástica. Sabia muito bem o que queria e como conseguir lá chegar.


Álvaro e Sheu elevam o seu treinador como se fosse uma Águia

11. Eriksson é um dos melhores treinadores na «Gloriosa História» emparceirando com Cosme Damião, Janos Biri, Otto Glória, Béla Guttmann ou Jimmy Hagan, entre outros (que tiveram muita qualidade, mas só ficaram uma temporada, mesmo vencendo "dobradinhas"). Pessoalmente foi o melhor futebol que vi o Clube jogar e o treinador com mais classe que alguma vez vi no trato com elegância e distinção, pois mesmo de Jimmy Hagan ainda era muito novo, para perceber. 


Toni (ajdunto), Palhinhas (massagista), Eriksson (treinador) e Diamantino Ferreira (guarda-redes suplente) em "teste" de pré-temporada


Que o tempo passe lento e os médicos também se enganam...


Alberto Miguéns


NOTA: agradecimento ao dedicado leitor Victor João Carocha que permitiu compor o texto com imagens sugestivas que ilustram bem a passagem que ficará para a eternidade de Sven-Göran Eriksson pelo «Glorioso»



























9 comentários:

  1. Enorme treinador, para sempre gratos.

    MP

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  2. Obrigado Caríssimos, já imprimi para guardar estas fantásticas fotos e prosa exemplar. Eriksson fez-nos sonhar e voar bem alto, jogar da mesma maneira quer na Luz ou fora, eu percebia mais o Srº Fernando Martins dizer, "..bem vê, o Eriksso.....", a campanha da taça uefa, Bétis, Lokeren, Zurique, Roma, U.Caraiova e depois o Anderlecht, na altura...a melhor equipa da Europa!!! era a selecção Belga em peso. Estive lá na 2ª mão, no Inferno da LUZ, OBRIGADO PARA SEMPRE AO SENHOR SVEN-GORAN ERIKSSON!

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  3. Belíssimo memorial ! Espero o melhor para o nosso Eriksson , e tenho uma esperan¢a
    de que possamos oferecer e dedicar-lhe uma alegria com um brilharete `a Benfica frente ao
    Marselha , em nome dos velhos tempos !

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  4. Há sempre mais Benfica nesta canto da internet!
    Obrigado!

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  5. Seja bem-reaparecido, os benfiquistas agradecem!
    E não demore muito a aparecer outra vez!

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  6. Finalmente a homenagem a um grande treinador!!!! Para um miúdo, como eu, na altura em que chegou ao nosso Benfica, será hoje uma emoção ver essa homenagem merecida a este homem....que esteve quase, mas quase a nos dar uma Taça UEFA e uma Taça dos Campeões Europeus, teve azar!!!...Só nos calhou em sorte as melhores equipas na altura, o Anderlecht, em 1983 e o AC Milan, em 1990...Que seja uma noite de emoções que só o nosso Benfica sabe proporcionar aqueles que nos representaram e defenderam...OBRIGADO POR TUDO MISTER SVEN GORAN ERIKSSON e UM GRANDE ABRAÇO GLORIOSO....SERÀ SEMPRE UM DOS NOSSOS.

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  7. Obrigado caro Miguéns, por me ter proporcionado um regresso à infância. Foi nesta altura que despertei para o futebol e para o Benfica em gloriosas tardes radiofónicas. Na companhia do meu pai (benfiquista "moderado") e de um meu tio sportinguista ferrenho, ambos já noutro sítio melhor. Enfim, outros tempos, outro futebol e outro ambiente. Abç.

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  8. Eriksson. Ele era o amor de todos os benfiquistas, respeitado, até pelos fdp como o pdc do fcp.
    Aqui e agora, uma viagem de nostalgia da minha infância e juventude. Naqueles tempos o Benfica ainda era o nosso Benfica mágico, místico, apaixonante e Glorioso.
    Os tempos hoje são outros. Bem diferentes, não para melhor. Fica a memória afectiva a quem passou por aquelas décadas de sonho.
    Obrigado Alberto Miguéns. Sabe sempre bem vir aqui e sentir esta brisa que convoca a Chama Imensa que vive no nosso coração. Na eterna Luz. O Benfica estará sempre na alma de Sven-Goran. E vice-versa.
    O lugar do Benfica não é nem pode ser outro que o primeiro, disse o Mister.
    Que o Pai o ajude a vencer esta batalha. OBRIGADO POR TUDO, MISTER ERIKSSON! VOLTE SEMPRE.

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