20 março 2024

Faleceu um Antigo Futebolista do Benfica

AOS 57 ANOS, IDADE AINDA JOVEM PARA O PADRÃO DA ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA, EM 2024.



António Manuel PACHECO Domingos nasceu em 1 de Dezembro de 1966 e faleceu, em 20 de Março de 2024, aos 57 anos e quatro meses, após uma indisposição, em 12 de Março e ter quatro dias depois (sexta-feira) ficado em "morte cerebral".



Chegou ao Benfica vindo do Portimonense SC no início da temporada de 1987/88 conjuntamente com Augusto, um ano mais velho e dizia-se que o objectivo prioritário da contratação seria Augusto (médio-centro e médio-direito) vindo Pacheco englobado numa espécie de "pacote de dois em um". O certo é que seria Pacheco a singrar no «Glorioso».



Esteve no Benfica seis temporadas, entre 1987/88 e 1992/93, estreando-se em 31 de Julho de 1987 e actuando a última vez com o «Manto Sagrado», em 30 de Maio de 1993.  



Com o «Manto Sagrado» jogou 17 826 minutos, em 269 jogos - um a capitanear de início e dois como segundo capitão - nos quais marcou 69 golos.



Em seis temporadas esteve na conquista de três títulos - dois campeonatos nacionais e uma Taça de Portugal - e um troféu oficial: Supertaça "Cândido de Oliveira", em 1989/90. Foi Campeão Nacional em 1988/89 e 1990/91 estando no plantel - não jogou na final - que conquistou a Taça de Portugal em 1992/93. 




Estreou-se como suplente utilizado, entrando, aos 53 minutos, para a saída de Valdo, no jogo de atribuição do 3.º/4.º lugar no 11.º Torneio de Berna, num empate a dois golos, frente ao BSC Young Boys, no estádio Wankdorf, em 31 de Julho de 1987, ao terceiro jogo da temporada. 



Foi um futebolista veloz, com capacidade de decidir o que fazer, para melhor desempenho colectivo, sempre em progressão, versátil como médio-ala-esquerdo (4.4.2) ou extremo-esquerdo (4.3.3).



Fisicamente não era muito regular podendo estar períodos muito longos como suplente e nem sempre utilizado. Impulsivo foi expulso cinco vezes, com duas expulsões já depois de ser suplente utilizado, com escassos minutos em campo.



Rematava com precisão quer de zonas onde não seria suposto fazê-lo, quer livres ou grandes-penalidades, embora tivesse outros grandes executantes no «Glorioso» que faziam com que ele fosse menos chamado a marcar de "bola parada". Por exemplo, no desempate por pontapés da marca de grande penalidade, em Estugarda (1987/88) frente ao PSV Eindhoven, marcou o 4-4, numa final perdida por 5-6, após 0-0 nos 120 minutos.



Em 269 encontros, foi titular em 202, com 110 jogos completos e substituído em 92 encontros, ou seja, em quase metade dos jogos como titular. Foi suplente utilizado em 67 jogos e suplente não utilizado em 57 jogos do «Glorioso».



Despediu-se como futebolista do «Glorioso» no antepenúltimo jogo da época de 1992/93, entrando para a saída de Vítor Paneira, aos 63 minutos, na 33.ª jornada  do campeonato nacional, num empate sem golos, frente ao GD Estoril Praia, no estádio António Coimbra da Mota, na Amoreira/Estoril. 



No final da temporada de 1992/93, depois da conquista da Taça de Portugal - foi suplente não utilizado - decidiu renegar o Benfica alegando incumprimento salarial, que depois se provou ser falso (no processo que se seguiu até admitiu que o Clube chegou a adiantar dinheiro quando necessitou, durante várias ocasiões nas seis temporadas com o «Manto Sagrado») - pois o que estava em causa no seu procedimento foi irritação por ter perdido a titularidade, como médio-ala/extremo-esquerdo, para outro futebolista decidindo provocar o Benfica apresentando-se no Sporting CP. Quando sentiu que estava prestes a ser dispensado optou por antecipar-se e ser ele a definir o seu futuro em vez de decidirem por ele. Decidiu assim, seguindo o seu caminho e destino. Sem sucesso individual e colectivo.





Obrigado pelo que fez enquanto profissional do «Glorioso».



Depois de retirado do "Mundo do Futebol" reaproximou-se do Clube, pois crescendo sportinguista, em Portimão, "virando as costas" ao Clube que tanto lhe deu e proporcionou durante seis épocas, para jogar no Sporting CP, foi no Benfica que passou a melhor fase da sua vida, que se agigantou como futebolista e era no «Glorioso» que tinha os melhores amigos. Morreu como Benfiquista.




Sentidos pêsames a toda a sua família enlutada, particularmente à sua filha Matilde.



Que Descanse Em Paz.


Alberto Miguéns


De pequeno, no GD Torralta (o último, em baixo, à direita), na visita à «Saudosa Catedral» pelo Portimonense SC (10 de Maio de 1987) às consagrações com a presença na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus: ao terminar a época de 1987/88, em Estugarda, no Neckar Stadium, frente ao PSV Eindhoven; e no final da temporada de 1989/90, em Viena, no estádio do Prater, frente ao AC Milan

De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Magnusson, Mozer, Dito, Rui Águas, Silvino e Álvaro; Sheu (capitão), Chiquinho, Veloso, Elzo e Pacheco

De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Magnusson, Hernâni, Ricardo Gomes, Samuel, Aldair e Silvino (capitão); Vítor Paneira, José Carlos, Thern, Valdo e Pacheco

NOTA: uma excelente entrevista onde conta a sua vida desde petiz marafado algarvio até ao ocaso como futebolista (clicar). Outra boa entrevista com fotografias de uma vida (clicar)





9 comentários:

  1. Pacheco saiu do Benfica porque queria jogar e com o Futre sabia que ia ser dificil, ele já tinha informado o Toni que queria sair muito antes da epoca acabar, no fim nem Pacheco nem Futre. Claro que na altura para sair teria que invocar alguma coisa e normalmente quando não há inventa-se, foi o que ele fez e foi a opção dele. Como o Alberto diz ele não era do Benfica, mas fez-se benfiquista graças por exemplo ao Diamante que era um grande amigo dele, e que lhe deu a injecção de benfiquismo, para aqueles que continuamente falammal do Pacheco, vão ver o que disse o Diamantino e como ele estava à pouco na CM TV. Anda Pacheco até sempre

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  2. Notícia trágica embora esperada. Condolências á família enlutada. Que descanse em paz.

    Foi um jogador de grande impacto nos seus primeiros tempos de Benfica. Rápido, habilidoso, explosivo. Foi pena que não tivesse outra postura naquele verão quente. Muitos anos depois arrependeu-se e acabou por ser recebido de volta, sendo integrado numa campanha publicitária de captação de novos sócios. Não se apaga mas pelo menos houve possibilidade de atenuar. E, no caso de Pacheco, ainda bem.

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  3. Desapareceu muito novo, sentimentos à família .

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  4. Recordo com saudade todas estas fantásticas fotos, tinha a minha idade e para mim foi sempre um Benfiquista mesmo com a "traição" de ter ido para o rival vizinho. Jogou 2 finais da TCCE, honrou sempre o manto sagrado, Grande Pacheco, descansa em paz.

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  5. Pacheco fez parte de algumas das grandes equipas do Benfica dos anos oitenta, antes do descalabro a que se assistiria a partir de 1994-95. Teve a ingrata tarefa de fazer esquecer o grande Fernando Chalana, o que naturalmente nunca conseguiu, apesar de ter dado o seu contributo. E é este que deve ser recordado por todos os nós (os que o viram jogar), não esquecendo que no seu tempo o Benfica foi a duas finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
    Saiu para o sporting a dada altura, mas não creio que alguma vez haja sido feliz nesse clube. Pelo contrário, anos mais tarde reaproximou-se do Benfica e julgo que nesse momento terá feito as pazes consigo próprio, uma vez que foi no Benfica que se realizou como jogador. E foi o Benfica que lhe deu a notoriedade que conquistou. Sinceramente, acho que morreu (muito prematuramente!) como Benfiquista e não lhe guardo mágoa alguma pela escolha que fez em determinada altura da sua vida. Todos cometemos erros e ele cometeu aí o seu.
    Morre como Benfiquista e deve ser respeitado e homenageado por todos nós como um dos nossos. Partiu demasiado cedo e está no Quarto Anel, onde descansam os que fizeram o Benfica grande. Pacheco deu a sua ajuda para isso. Devemos-lhe isso.
    Solidariedade com a família neste momento tão infeliz.

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    1. Caro é dos pouco s benfiquistas que vejo falar do Pacheco dessa forma

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  6. Sentimentos contraditórios - para Benfiquista que se preze passar por aquele Verão quente de 1993 com rescisões e tudo a correr mal – inicio da fase que chamam Vietname no Benfica, culminando com mais de 10 anos sem um campeonato conquistado.
    Herdeiro do lugar do Chalana, no lado esquerdo – um dos meus ídolos da juventude.
    Cometeu um erro como todos os humanos cometem erros mas teve o bom senso de redimir-se e corrigir-se ao contrário de outros - publicamente admitiu que errou naquele célebre e conturbado Verão...
    Não sei se houve mas eu até agora não vi nada da parte do clube que era do coração dele de inicio e que foi raptá-lo – suponho que por isso em vida, ele regressou ao Benfica pedindo perdão. Poderia entrar em suposições, mas se não fosse o despedimento do Bobby Robson e a entrada do Carlos Queiroz a história seria muito diferente.
    O Benfica fez a coisa certa, felizmente. Não se pode ir atrás de fanatismos, há coisas mais importantes. Por muito que muita malta - e eu entendo - não tenha gostado da reaproximação do Benfica ao Pacheco nos últimos anos, perante esta notícia fica o pequeno consolo de nos termos portado muito bem com ele. Porventura até melhor do que "merecia".
    Ao Pacheco, perdoei mas não esqueci, ao Paulo Sousa jamais perdoarei dado que até hoje ainda não foi capaz de reconhecer o erro, diz muito desta pessoa!

    Felizmente o tempo faz-me esquecer o que já passou há muito tempo.


    P.S. – Continue a escrever nem que seja para nos lembrar as coisas boas que (felizmente ainda) há no Benfica.

    Saudações Benfiquistas

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