HOMENAGEM
Finalmente… os Jogos Olímpicos
Passaram quatro Jogos Olímpicos: Atenas (1896), Paris (1900), São Luís
(1904) e Londres (1908) sem que Portugal tivesse qualquer atleta em competição.
Quando terminaram os Jogos de Londres (31 de Outubro de 1908) começou a 5.ª
Olimpíada que iria culminar nos Jogos Olímpicos de Estocolmo. E reiniciou-se em
Portugal um ténue debate acerca de ir ou não ir aos Jogos de Estocolmo. Em
Portugal nem sequer havia competições desportivas “devidamente organizadas”
quanto mais pensar em ir competir com países que fazia do desporto um prazer e
uma necessidade!
Criação do COP (Comité Olímpico de
Portugal)
Em 1910, antes da implantação da República foi criado o COP e organizada
uma competição desportiva, denominada Jogos Olímpicos Nacionais, para
“preparar”, “observar” e “apoiar” atletas com vista a perceber da sua qualidade
para estarem presentes. O problema era arranjar dinheiro para suportar os
custos das morosas deslocações, entre um país periférico e as cidades do centro
da Europa. Com a implantação do novo regime, em 5 de Outubro de 1910,
reacendeu-se a ideia de Portugal ser tão bom como os outros. Se os outros iam
aos Jogos, nós também íamos!
Falta de dinheiro, delegação reduzida
Nem as três edições dos “Jogos Olímpicos Nacionais”, em 1910, 1911 e 1912
pareciam tornar possível o sonho de estar em Estocolmo. Depois tudo se
precipitou. Em 30 de Abril reúnem-se, em plenário, na sede do Centro Nacional
de Esgrima, os “carolas” do olimpismo que pretendem dar um safanão no desporto
português. Em 10 de Maio tomam posse, no mesmo local, os dirigentes do COP, que
seis dias depois tomam a decisão “histórica”: Portugal teriam representação
olímpica em Estocolmo, cujos Jogos Olímpicos decorreriam, entre 6 e 22
de Julho de 1912. Em 23 de Maio foi anunciada a delegação de atletas, composta
por 14 elementos. O dinheiro é que não chegava. Acabou em seis: Armando
Cortesão, António Stromp e Francisco Lázaro, no atletismo; Joaquim Vital e
António Pereira, na luta; e Fernando Correia (chefe da missão), na Esgrima.
Viagem de cinco dias
A delegação portuguesa partiu para Estocolmo a bordo do vapor “Astúrias”,
Mala Real Inglesa, rumo ao sul de Inglaterra. Só quando o navio largou do Cais
das Colunas é que muitos acreditaram que Portugal estaria nos Jogos Olímpicos.
E lá dentro os seis “heróis” entre todos o favorito ao “ouro da maratona”
Francisco Lázaro, com um tempo espectacular (e a ter “de no último quilómetro de subir
a caçada de Carriche”) de 2 horas, 52 minutos e 8 segundos, melhor que
qualquer das quatro maratonas olímpicas entretanto realizadas.
TEMPO DOS VENCEDORES DAS MARATONAS
OLÍMPICAS
Ano
|
Cidade
|
Dist.
|
Vencedor
|
Tempo
|
|
1896
|
Atenas
|
40.000 m
|
Spiridon Louis
|
GRÉ
|
02:58;50
|
1900
|
Paris
|
40.260 m
|
Michel Théato
|
FRA
|
02:59;45
|
1904
|
São Luís
|
40.000 m
|
Thomas Hicks
|
EUA
|
03:28;53
|
1908
|
Londres
|
41.860 m
|
Johny Hayes
|
EUA
|
02:55;18
|
Chegada a 1 de Julho
A delegação portuguesa chegou a Estocolmo, depois de uma viagem de barco (3
dias), comboio entre Southampton e Harwich, barco (24 horas) entre Harwich e
Esberj (Dinamarca), Comboio/barco, entre Esberj e Copenhaga e entre a capital
dinamarquesa e Estocolmo, um dia de comboio.
Lázaro estreia no estrangeiro a nova
bandeira portuguesa
Na cerimónia de abertura, com a delegação lusitana a desfilar entre a
Noruega e a Rússia, Lázaro “mostrou ao Mundo” a bandeira verde-e-branca (que
substituíra a azul-e-branca), com Joaquim Vital a empunhar a placa “PORTUGAL”.
Ao som do hino nacional “antigo” (o da Carta) pois A Portuguesa ainda não
chegara ao conhecimento (pelo menos…) da Escandinávia.
Francisco Lázaro seria o último a
competir. Mais “uma responsabilidade”.
Alberto Miguéns
NOTA: A desenvolver nas próximas horas:
1. A preparação para a fatal corrida
2. A certidão de óbito
3. A vida da família Lázaro depois da morte
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