07 dezembro 2022

Rogério 100

COMPLETARIA HOJE 100 ANOS A GLÓRIA DO BENFICA ROGÉRIO LANTRES DE CARVALHO.



Durante anos a fio, desde que completou 90 anos, em 2012, Rogério ansiava chegar a este dia. Infelizmente faleceu, em 8 de Dezembro de 2019, a três anos, de poder celebrar o 100.º aniversário.


A minha maior final vai ser chegar aos 100 anos

Era sempre com esta frase que Rogério Lantres de Carvalho respondia quando se falava com ele acerca da dupla proeza na Taça de Portugal. O futebolista (deve ser também recorde mundial) com mais golos (15) em finais da Taça de Portugal, com cinco golos numa das finais (1943/1944) e marcou sempre golos em todas as seis finais que jogou.


UM TRIPLO RECORDE (QUASE…) IMBATÍVEL
FINAIS DA TAÇA DE PORTUGAL JOGADAS POR ROGÉRIO
Ed.
N.º
Época
Local
Adversário
Res.
Marcadores



22.ª



42/43



Salésias



Vitória FC
Setúbal



V 5-1
1-0,12’,Rogério
2-0, 23’, M. Costa
3-0, 32’, Julinho
3-1, 58’
4-1, 71’, autogolo
5-1, 88’, Julinho



23.ª



43/44



Salésias



GD Estoril Praia



V 8-0
1-0, 13’,Rogério
2-0, 15’,Julinho
3-0, 29’,Julinho
4-0, 35’,Arsénio
5-0,60’,Rogério
6-0,68’,Rogério
7-0,73’,Rogério
8-0,86’ Rogério

27.ª

48/49

E. Nacional

Atlético CP

V 2-1
1-0, 78’, Corona
2-0,76’,Rogério
2-1, 90’


28.ª


50/51


E. Nacional

Associação
Académica
Coimbra


V 5-1
1-0, 3’, Arsénio
2-0,6’,Rogério
2-1, 26’
3-1,53’,Rogério
4-1,72’,Rogério
5-1,78’,Rogério



29.ª



51/52



E. Nacional



Sporting CP



V 5-4
0-1, 9’ (GP)
1-1,24’,Rogério
2-1, 49’, Corona
2-2, 51’
2-3, 55’
3-3,69’,Rogério
3-4, 71’
4-4, 73’, J. Águas
5-4,90’,Rogério


30.ª


52/53


E. Nacional


FC Porto


V 5-0
1-0, 35’,Rogério
2-0, 38’, Arsénio
3-0, 39’, J. Águas
4-0, 58’, Arsénio
5-0, 89’, Arsénio
NOTAS: Em 1946/47 a competição não se realizou pelo alargamento da I Divisão ter sido mal programado, prolongando o campeonato até Julho de 1947; em 1949/50 a competição não se realizou pelo facto do Benfica ter como prioridade a participação na Taça Latina, prescindindo da inscrição na Taça de Portugal. A maior parte dos clubes desinteressaram-se, com a FPF a não realizar a competição


Mais uma tarde de glória. Vitória por 7-2, ao Sporting CP, na 18.ª jornada do campeonato nacional, em 28 de Abril de 1946, conquistado pelo CF "Os Belenenses". Serviu de pouco...


Ainda muito novo "agarrou" a titularidade

Sucedendo a Valadas (extremo-esquerdo) e Joaquim Teixeira (interior-esquerdo) estreando-se, em 4 de Outubro de 1942, a mais de dois meses de completar 20 anos. Jogaria doze temporadas no «Glorioso», até 1953/54, ainda com uma passagem, entre final da temporada de 1946/47 e Fevereiro de 1948 (1947/48) pelo... Brasil. Como se fosse fácil um futebolista português jogar no Brasil no final dos Anos 40 quando de avizinhava o Torneio da FIFA a disputar entre selecções nacionais, no Brasil, em 1950!



Em 1947, com 24 anos, é contratado para jogar no Brasil

No poderoso Botafogo FR (de Futebol e Regatas) do Rio de Janeiro. Quando questionado do porquê de ser ele o escolhido - pois sabia-se que o representante do clube brasileiro viu inúmeros jogos dos principais clubes portugueses e o contrato não tinha paralelo em Portugal, superando em cinco vezes o de Peyroteo e Travassos (que eram os melhores contratos em Portugal) - Rogério com a simplicidade própria de quem é pacato e respeitador afirmava: «Eles viram em mim o que se adaptaria mais rapidamente e melhor ao futebol brasileiro!» Mas não foi bem assim. O Botafogo FR queria, simplesmente, o melhor futebolista português, em 1947, por dois motivos: tentar rivalizar com o CR Vasco da Gama para conquistar adeptos portugueses para o clube e ter um futebolista estrangeiro que estivesse equiparado aos brasileiros. Isto porque Rogério era o melhor futebolista português de sempre, depois de Artur José Pereira e Vítor Silva. Pepe (CF "Os Belenenses") talvez viesse a ser superior a Vítor Silva, mas a sua morte, bem prematura e trágica, aos 23 anos e dez meses, inviabilizaram essa possibilidade. 


Foi o último futebolista a falecer, entre os 26 que o jogaram, do encontro que originou a tragédia de Superga, onde morreu o Grande Torino. Em baixo, o primeiro a contar da direita, o n.º 11 (extremo-esquerdo). Esta foi a equipa inicial do Benfica nesse jogo, realizado em 3 de Maio de 1949


Adeus Brasil, viva o Benfica

Regressou para a titularidade no Benfica no final da temporada de 1947/1948 até se despedir, em 5 de Setembro de 1954, no jogo em que se estrearam, entre outros, Costa Pereira e Coluna!



Cifras notáveis

Em doze temporadas (1942/43 a 1953/54) participou em 422 jogos, num total de 36 985 minutos, marcando 287 golos - um golo a cada 129 minutos ou 0.7 golos por jogo (7 golos a cada dez jogos) - com 14 jogos a capitão. Contribuiu para a conquista da Taça Latina (1950), três campeonatos nacionais (1942/43, 1944/45 e 1949/50) além das citadas seis Taças de Portugal. ainda é o 20.º futebolista com mais tempo a honrar o «Manto sagrado» entre... 1223! Um "fora-de-série".



Ainda me lembro

De Rogério dizer que queria comemorar os cem anos. Que se já cá não estivesse ninguém se lembraria dele, apesar de ele ser tudo menos pretensioso, mas gostava de viver a vida e ainda ser reconhecido como um génio da bola em Portugal. Adorava que nos cafés da avenida dos EUA (onde vivia) principalmente no Vá-Vá ou na avenida de Roma (ele adorava o Café Sul-américa com um enorme painel de azulejos com Copacabana em destaque) ainda o cumprimentassem e chamassem "Pipi" quando ele detestava a alcunha quando era futebolista. Disse-lhe que estava muito enganado. Uma Glória do Benfica é eterna. Viverá enquanto o Benfica existir.


O Prometido é Devido


Alberto Miguéns

6 comentários:

  1. Sr Alberto muito obrigado por manter viva a lembrança das Glórias do Benfica como foi o Grande Rogério. Seria de bom tom que o nosso Glorioso também o recordasse como ele bem merece

    ResponderEliminar
  2. Foi por causa dele que me tornei benfiquista aos 7 anos de idade, após a inolvidável final da Taça de Portugal em 1952. Quando o relato acabou (Lança Moreira ?, Artur Agostinho ?, saí para a rua aos gritos Viva o Benfica ! Os "lagartos" que dominavam a rua acorreram em molho para me darem uns calduços...e a ver se eu me calava... mas eu continuava Viva o Benfica! Viva o Benfica! até hoje. Obrigado Sr.Alberto Miguéns por me fazer reviver este episódio da minha vida.

    ResponderEliminar
  3. Boa Tarde, Sr. Alberto Miguéns....o Sr. Rogério será sempre um ícone do Sport Lisboa e Benfica e deverá para todo o sempre lembrado por todos os benfiquistas que o viram e não o viram jogar...Um Abraço Glorioso...

    ResponderEliminar
  4. Glorioso Rogério, eterno Pipi!
    Seguramente que nunca se será esquecido, não apenas por estar ligado à conquista da primeira competição internacional do nosso Clube, mas também pela classe com que sempre se apresentou, dentro e fora de campo. Um dos gigantes de sempre, uma figura símbolo do Benfiquismo.
    O Benfiquistas são sempre gratos, embora por vezes não conheçam como deviam a sua gloriosa História.
    Ainda vi uma vez o Sr. Rogério numa pastelaria no Bairro de Alvalade, curiosamente não foi na Sul-América nem no Vá-Vá, mas sim numa da Avenida da Igreja. Não tive coragem de lhe dirigir palavra, mas pelo menos uma vez na vida cruzei olhares com o Sr. Rogério.
    Glorioso Rogério, eterno Pipi, descansa em Paz.
    Obrigado!

    ResponderEliminar
  5. Rogério foi um dos nossos Grandes (com maiúscula) atletas, e jamais será esquecido. Infelizmente nunca o vi jogar, mas impressionou-me sempre a forma elogiosa e respeitosa com que as pessoas que o viram com o nosso símbolo ao peito a ele se referiam. E foi Rogério que ergueu a Taça Latina nessa tarde memorável no Estádio Nacional! Impossível esquecê-lo.

    ResponderEliminar
  6. Srº Alberto, ouvi um jornalista Brasileiro ( Luis Mendes ) que o nosso Rogério teve problemas com Heleno de Freitas, jogador que tinha ciúmes dele...por isso ele ter ficado pouco tempo. Não sei se foi o principal motivo do regresso.
    Saudações Gloriosas

    ResponderEliminar