19 dezembro 2022

Manuel Arons de Carvalho

FIQUEI A SABER HÁ POUCOS MINUTOS QUE FALECEU O ATLETA, JORNALISTA E BENFIQUISTA ARONS DE CARVALHO.



Ainda há cerca de dois meses - mais ou menos o tempo em que ia contactando com ele - tinha tido uma breve conversa pelo telemóvel.


Tinha 75 anos, nove meses e dois dias. Gostaria de saber as horas, minutos, segundos e até décimos ou décimas de segundo. Isto porque ele especializou-se em "Estatísticas do Atletismo" deixando um portal de grande qualidade (clicar).


Galardoado com o prémio "Centenário" instituído pela FPA - Federação Portuguesa de Atletismo

Entrou para associado do Clube, em 23 de Abril de 1960, ou seja, pouco mais de um mês depois de completar 13 anos. 


Fez atletismo no «Glorioso» - bons resultados no meio-fundo, em particular nos 800 metros - enveredando depois pelo jornalismo, creio que se estreando no extinto "Mundo Desportivo". Mas foi no jornal «Record» que exerceu a profissão durante tempo - uns 35 anos dos 55 no jornalismo desportivo/atletismo - e foi lá que se reformou.


Distinguido, em final de 2013 (21 de Dezembro, há nove anos), com a medalha "Record de Ouro" do jornal diário desportivo «Record»

Foi ainda jornalista em "O Benfica" onde o conheci por me ter feito uma entrevista de duas páginas (6 e 7) publicada, em 22 de Dezembro de 1993, "O Benfica" n.º 2671, depois do presidente Jorge Brito me ter convidado a colaborar, obsequiosamente, com o Clube "tentando aproveitar a História do Clube para conseguir algumas verbas de modo a aligeirar os problemas financeiros".


Depois fomos contactando, sempre com alguma regularidade (1993/2022), até há dois meses.


Colaborador regular no jornal «O Benfica» deixou de o fazer quando foi censurado pelo director (José Nuno Martins) e pelo seu bobby (Pedro Guerra) que não publicaram um texto onde justificava que a Taça de Portugal era a continuação do Campeonato de Portugal (1921/22 a 1937/38). A curiosidade - que ilustra a sua personalidade - foi que ele disse sempre quando lhe pediam um novo texto, afirmando: «têm lá um para publicar, não farei outro, estando esse para ser publicado». Isto deve ter sido em 2014 ou 2015. 


Prestou inexcedíveis serviços, mas não me posso esquecer o modo enérgico - ele que até era pouco de fazer roturas - como reagiu quando quiseram alterar a data e o modo de fundação do Clube - escrevendo três cartas - uma para cada um dos presidentes dos três Órgãos Sociais - indignando-se com o revisionismo histórico que estava escrito no portal do Clube, da responsabilidade de três estarolas (Ricardo Serrado, Luís Lapão e António Ferreira) e que era este:



Até Sempre, Arons!


Alberto Miguéns

7 comentários:

  1. Faleceu um Benfiquista de valor. Deixou obra a múltiplos níveis, dentro e fora do Clube.
    E, como o Alberto deixou evidente, tinha carácter e princípios dos quais não abdicava.
    É muito triste ver partir um dos nossos.

    Condolências para a família e amigos enlutados.
    Que descanse em paz.

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  2. Já lá vão 29 anos mas lembro-me bem dessa entrevista no jornal do Benfica.

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  3. Caro Sr. Alberto Miguéns...Mais um grande benfiquista que nos deixa, neste caso o Sr. Manuel Arons de Carvalho...Devido ao meu pai ser uma pessoa ligada ao Atletismo, conhecia a obra do Sr. Arons relativa a este desporto que sempre acarinhou...Os meus sentimentos à sua família...

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  4. Conheci o Arons desde que me lembro de mim. Foi grande amigo do meu pai, que em 1970 o convidou a estrear-se nas lides jornalísticas. Tinha uma série enorme de qualidades raríssimas: dedicação ilimitada às suas duas paixões - o Benfica e o Atletismo -, enorme capacidade de trabalho, competência exercida com total sobriedade e discrição e desinteresse dos valores materiais e de qualquer forma de gratificação. Isto é: fazia o que a sua consciência de benfiquista e jornalista lhe ditava. Assim era o Arons. Não vai haver outro como ele.

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  5. Lembro-me do Arons desde que me lembro de mim próprio, desde que o meu pai começou a levar-me ao atletismo, onde estava o Arons a correr os seus 800 metros - onde foi recordista de juniores com 1.54,7, como sempre me lembrava, a sorrir, o meu pai. E foi o meu pai, que por ele tinha enorme amizade e admiração, que o convidou em 1970 a substituí-lo na Capital, onde assegurava a rubrica de atletismo. Dedicou-se sem limites as suas duas grandes paixões: o Benfica e o Atletismo. Ambos beneficiaram das suas excepcionais qualidades: capacidade de trabalho, competência, luta pelas suas convicções, tudo conjugado com uma atitude discreta, sóbria e totalmente alheia aos interesses materiais. No Benfica e no Atletismo - onde o seu trabalho como estatístico será infelizmente descontinuado - não teremos pessoa igual. Ficam a sua memória e o seu exemplo excepcional. Amanhã lá estarei no funeral para uma última homenagem, como o estarão tantas e tantas pessoas do nosso atletismo.

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    1. Notícia muito triste. Partiu um enorme Benfiquista. O Clube e o Atletismo do Clube (se não estou em erro, a nossa segunda modalidade mais antiga) devem-lhe muito. Felizmente conseguiu assitir ao inédito feito nacional: a conquista do 12º Campeonato Nacional consecutivo. Obrigado, caros Alberto Miguéns e Francisco Sequeira Andrade, pelas vossas palavras.

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