21 agosto 2019

O Proletariado Benfiquista

HÁ 125 ANOS NASCEU ALBERTO RIO QUE FOI UM DOS CABOUQUEIROS, COMO FUTEBOLISTA, DO GRANDE BENFICA.

Em 2 de Novembro de 1913, no campo do adversário (SC Império) em Palhavã, na 2.ª jornada do Campeonato Regional de Lisboa, o ponta-esquerda Alberto Rio marca o terceiro golo na vitória por 3-0. Em sua perseguição um dos mais categorizados adversários do SC Império, Robert Matos 

Pouco lembrado, pelo tempo o ter feito esquecer e por "culpa própria", pois lembrou-se de fugir do Benfica, em 1918, para o Sporting CP e deste, no ano seguinte, para fundar o CF "Os Belenenses", em 23 de Setembro de 1919.

Mas não deixa de ser um dos grandes pilares dos Anos 10 do século XX
Foi nesta década que o Benfica se fez gigante conquistando oito títulos de Campeão de Lisboa, em onze temporadas, entre 1909/10 e 1919/20. Como dizia o inesquecível Macarrão. «Fomos tão "mal habituados" desde pequenos que estar três épocas sem ser campeão é passar de vermelho a negro carregado (luto)». Alberto Rio foi dos principais futebolistas nos sete primeiros títulos do Clube. No oitavo já foi adversário pelo CF "Os Belenenses". 


Em 9 de Abril de 1916, num «Dérbi de Lisboa», disputado no campo do «Glorioso», em Sete Rios, para um jogo particular, numa vitória, por 3-0, com  primeiro golo marcado por Alberto Rio. A curiosidade está no confronto directo entre o ponta-esquerda do Benfica (Alberto Rio) e o defesa... esquerdo do adversário (Jorge Vieira) 

Alberto Rio quando deixou de jogar
Era o melhor marcador do Benfica com 78 golos, em 5 de Abril de 1917 mantendo-se como tal, até 28 de Novembro de 1920, quando foi igualado por Herculano Santos que conseguiria terminar a carreira no Benfica, embora como defesa-esquerdo, com 81 golos, marcado em 11 de Junho de 1923.


Uma das mais Gloriosas Equipas na História do Clube. Época 1913/14. Campeão Regional Invicto com nove vitórias e um empate, com 41/4 em golos. No total: dezanove jogos, com 14 vitórias, dois empates e três derrotas, 57 golos marcados e 12 golos sofridos. As três derrotas foram frente a dois clubes estrangeiros - Ealing FC (Londres) e Third Lanark AC (Glasgow) - e um «Misto» com os melhores futebolistas dos restantes clubes de Lisboa. De cima para baixo. Da esquerda para a direita, com a disposição táctica em campo. Defesas (Backs): Henrique Costa, Augusto Paiva Simões e Francisco Belas; Médios (Half-Backs): Carlos Homem de Figueiredo, Cosme Damião (capitão-geral) e Artur José Pereira; Avançados (forwards): Herculano Santos, Álvaro Gaspar, José Domingos Fernandes, Francisco Pereira e Alberto Rio. Só craques em tão poucos metros quadrados! 


NOTA1: Era assim que começava (e ainda começa) o texto de hoje mas já não acaba como estava acabado e se era extenso e ilustrado. Tão extenso e ilustrado quanto o percurso notável de Alberto Rio no «Glorioso» desde 1906/07 a 1917/18, ou seja, doze temporadas desde a 3.ª categoria (17 de Fevereiro de 1907) até à 1.ª com estreia em 28 de Fevereiro de 1909, no 5.º aniversário do «Glorioso». Dos 12 temporadas, em seis e meia foi titular indiscutível como ponta-esquerda. Aliás é mais, meia-e-seis pois conseguiu a titularidade a meio da temporada de 1911/12 mantendo-a até 1917/18. 

NOTA2: Era assim e já não é. Sempre desconfiei - desde que pertenci à Comissão Instaladora do Museu do Clube, em 2012/13 - da data de nascimento fornecida pela Federação Portuguesa de Futebol (Alberto Rio foi internacional em 1922 e 1923) e validada pelo Benfica (Alberto Rio em todas as categorias disputou, no mínimo 201 jogos, marcando 154 golos, conquistando pelo Benfica onze campeonatos regionais em três categorias). E duvidava ao cruzar a informação biográfica que não tinha - nunca tenho a não ser fornecida por terceiros - com a informação da actividade desportiva que tenho por pesquisa. Ora se tem nascido em 21 de Agosto de 1894 tinha 12 anos, cinco meses e 26 dias quando se estreou na 3.ª categoria (17 de Fevereiro de 1907) e 14 anos, seis meses e uma semana na estreia pela 1.ª categoria (28 de Fevereiro de 1909) logo numa importante jornada do campeonato regional, marcando um golo! Num campeonato em que o Benfica queria impedir (sem sucesso...) os ingleses do Carcavellos Club de se sagrarem TRIcampeões de Lisboa! Era muito novo. Cosme Damião dificilmente permitiria.

NOTA3: Como tinha muitas dúvidas lembrei-me, tardiamente mas ainda a tempo, de as esclarecer com quem sabe. O dedicado leitor deste blogue Victor Carocha. A FPF junto com Rui Miguel Tovar (e o Benfica validou) afirmam o seguinte:



 NOTA4: Victor João Carocha depressa (para mim... porque ele deve ter demorado bem umas horas a pesquisar e depois encontrar no arquivo o registo de baptismo/nascimento e o assento de óbito!) descobriu que Alberto Sousa Rio nasceu, em 9 de Janeiro de 1892, e faleceu em 15 de Dezembro de 1978, com 86 anos, ao contrário de alguns (clicar) que afirmam ter sido em 1979. Assim as datas das estreias com o «Manto Sagrado» já fazem mais sentido. Sempre é dois anos e oito meses mais velho do que os dados oficializados pela FPF e pelo SLB.  

Excerto inicial do assento de óbito

NOTA5: O texto e ilustrações que estava programado para hoje foi agendado para 13 de Setembro de 2019 por motivos óbvios. Alberto Rio foi um dos resistentes à debandada de duas dezenas de futebolistas (de três categorias) do Clube para outros, com destaque para o Sporting CP. Por isso - depois da devida correcção da data - continuará assim:

«Pátria»: Belém; Ano: 1892
Em 9 de Janeiro, nascia Alberto Rio que seguiria o caminho habitual dos naturais de Belém até final dos anos 10 do século passado que queriam jogar futebol. Vestir as «flanelas vermelhas» do Sport Lisboa e Benfica. Teve que sujeitar-se à política desportiva de Cosme Damião. Começar pela 3.ª ou 4.ª categoria (quando passou a existir) ou «Grupo Infantil», ir demonstrando qualidade, pontualidade e abnegação para na primeira categoria «honrar os ases que nos honraram o passado». Em 13 de Setembro de 1908 já jogava no Sport Lisboa pois fez parte do grupo de associados que o Clube indicou aquando da junção com o Sport Clube de Benfica, ficando como associado n.º 260. 


Obrigado, Victor João Carocha!

Alberto Miguéns

NOTA FINAL: Ontem fiquei a saber mais acerca do Benfica. Com o «Glorioso» é assim estamos sempre a aprender. Victor João Carocha já conseguiu regularizar muitas datas incorrectas e até nomes. O Benfica nunca poderá esquecer que foi ele - depois de lançado neste blogue a dúvida - que mostrou inequivocamente que Cosme Damião não é nem nunca foi... Júlio!

6 comentários:

  1. Cosme Damião nuca foi Júlio?
    Ora essa,
    Se o "historiador" Serrado do çeportém, que foi escolhido por LFV para fazer a história do nosso Museu (não havia Historiadores no Benfica) o afirma...é porque foi mesmo Júlio!!!

    As luzes do nosso Presidente nunca o enganaram!!!

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  2. Alberto Rio é uma figura que merece uma evocação alongada. Neste texto o Alberto tocou já em vários pontos fundamentais e com certeza em Setembro dar-nos-à oportunidade de conhecer novos factos e números da passagem de Alberto Rio pelo Glorioso.

    O Sport Lisboa e Benfica é tão grande que teve nos seus quadros figuras que vieram a ser decisivas para a implantação (e em alguns casos a fundação) de Clubes tais como o Sporting Clube de Portugal, o Clube de Futebol "os Belenenses" e o Casa Pia Atlético Clube. Esta afirmação é historicamente e eticamente correcta.

    Tenho aprendido que há muitos factos e datas divulgadas na internet e em publicações diversas, que são erróneos. Acredito que muitas vezes explicam-se por preguiça ou por desleixo mas noutros casos também por notória incompetência como é o caso mencionado pelo Alberto. Apenas as fontes originais são fiáveis e é isso que tem permitido repor algumas verdades históricas e com isso fazer justiça a grandes figuras do nosso Clube.

    Neste blogue e noutros canais, o Alberto tem vindo a partilhar não apenas o seu imenso conhecimento sobre o que já se conhece mas também novos dados da História do Sport Lisboa e Benfica. Tenho tido a honra e o privilégio de colaborar consigo em alguns avanços no conhecimento da História do nosso Clube. É com grande satisfação que constato o facto de sabermos hoje muito mais sobre a fundação do nosso Clube, sobre as suas primeiras décadas e sobre grandes figuras que tanto honraram o nosso Clube.

    Sem a inspiração do Alberto, a sua férrea vontade de ser rigoroso na divulgação dos factos da História do Glorioso, seria pouco provável que tivesse dedicado tanto tempo a estas pesquisas. Sei que há mais pessoas que colaboram com o Alberto e que também tem contribuído para esses avanços. Essa rede de colaboradores e o conhecimento que geram é algo que só se explica pelo amor ao Clube. Este blogue é uma garantia de rigor e exemplo puro de Benfiquismo. Obrigado Alberto Miguéns!

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  3. Caro Alberto, permite-me colocar-lhe uma questão estética, a propósito de dois clubes que jogaram hoje o play-off da UCL? Acha viável o SLB algum dia usar um equipamento alternativo à Estrela Vermelha/Olympiakos? Obrigado. Pedro Paiva

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    Respostas
    1. Caro Pedro Paiva

      Eu espero que o Benfica nunca use equipamentos às riscas. Seria uma traição aos fundadores que não quiseram seguir os equipamentos do Grupo Campo Ourique (azul e branco às riscas) nem do Internacional (preto e branco às riscas) mas sim o unicromático dos ingleses de Carcavelos (todo azul escuro) e da Cruz Quebrada (todo preto).

      Agora que é viável...é! Tudo é possível na actualidade.

      Os clubes que cita têm os equipamentos às riscas como o Leixões SC ou o FC Barreirense desde a fundação. São os equipamentos desses clubes. Os principais quando querem honrar a ideia de quem os fundou e escolheu esses equipamento.

      http://www.crvenazvezdafk.com/en/sampionati

      https://el.wikipedia.org/wiki/Ολυμπιακός_Σ.Φ.Π._(ποδόσφαιρο)


      Aliás fazia pouco sentido o Benfica ter um alternativo vermelho e branco tendo de o usar para defrontar clubes de vermelho e provavelmente branco.

      Gloriosas Saudações

      Alberto Miguéns

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    2. Faria pouco sentido. Mas acho-os fascinantes. Há clubes míticos que variam muito. Olhe o FC Barcelona este ano. E o FC Bayern desde que me lembro nos anos 90.

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  4. Para mim o que faz sentido é que o equipamento alternativo do SLB seja totalmente branco.
    Quando muito com a opção de inverter as cores do calção e camisola do equipamento principal para ir de encontro ao contraste com a equipa adversária que ao que parece ser solicitado pelos regulamentos das entidades oficiais. Riscas? Nunca! Pijamas é para os outros.

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