Benfiquistamente correcto…

OPINIÃO

             

Isto de se “pertencer” ao Benfica, dizendo-se simpatizante, fazendo passar-se por Benfiquista ou assumir o Clube “tem que se lhe diga”… Como não há (felizmente…)., nem foi inventado (infelizmente…) Benficómetro para medir o “Grau de Benfiquismo de cada um” há que aceitar todos, mesmo os que “deixam muitas dúvidas”. Mas há conceitos universais objectivos que nada têm a ver com o Benfiquismo ou qualquer outro clubismo, e sobre os quais se podem dar opiniões.

O que é Ser Benfiquista?

Podem existir tantas “definições” ou ideias acerca do assunto quanto o número de Benfiquistas. Para mim um Benfiquista é alguém que para além de ter simpatia pelo Clube também se PREOCUPA com ele, ou seja, com o seu desenvolvimento. Mais do que ser do Benfica é um adepto que acompanha o dia-a-dia do Clube, que procura saber por antecipação as actividades – essencialmente desportivas, mas também sociais e associativas – para depois acompanhar, se possível (e fisicamente ou monetariamente for viável) os acontecimentos, em directo ou através da televisão, rádio ou internet. É alguém que pensa no Benfica, no modo como o Clube actua e como poderá desenvolver-se no futuro. Um Benfiquista assume o seu clube, identifica-se perante terceiros e procura defendê-lo justificando (ou criticando) comportamentos próprios, mas sempre no sentido de desmascarar mentiras, contrapondo a sua versão e mostrando as virtudes do “Glorioso”. Um Benfiquista maximiza o que é positivo e minimiza o que é negativo (principalmente frente a adeptos de outros clubes), ainda que não ignorando as fragilidades ou situações menos “confortáveis”. Entre Benfiquistas discute o Clube, valorizando o passado (também o faz com “estranhos”), analisa o presente e pensa o futuro. Ou seja, é alguém que acrescenta valor (nem que seja emocional) ao emblema a que se orgulha de pertencer.

A importância de ser associado do Clube

Uma das formas de ser Benfiquista (mas não é a única) é inscrever-se como associado e manter-se sócio do Clube. O que é simples de justificar. O Benfica é um clube. Os clubes só existem porque têm associados. Se não tiveram não existem. Se deixarem de ter acabam. Mesmo que tenham tido outrora muitos. O “Cemitério do Desporto” está cheio de clubes e tem longas filas à entrada do mesmo. É fácil de comprovar. Basta pegar num jornal de há 10, 20, etc ou 100 anos para perceber como clubes que outrora foram grandes (em futebol ou noutras modalidades) na actualidade não existem ou são já residuais. E outros que não eram falados ou eram residuais hoje são mais mediáticos. Isto tem muito a ver com a quantidade, mas principalmente com a qualidade dos associados, pois é destes que têm de ser escolhidos as levas sucessivas de dirigentes.

Ser associado é desde logo uma marca de Benfiquismo, porque implica pagar para dotar o Clube de meios financeiros indispensáveis no presente e à sua evolução. Um Benfiquista é alguém que AJUDA o clube, e pagar (quotas) é uma ajuda importante. Mas a importância de um associado do Benfica vai muito para além de terem de existir (para existir o Benfica) e de ajudar, com dinheiro, o Clube. Ser associado implica estar por dentro das decisões (votações de dirigentes e assembleias gerais) e ser passível de ocupar cargos directivos. É tudo uma questão de quantidade. Quanto maior, teoricamente maior o “campo de recrutamento”, mais probabilidades de conseguir associados que sejam bons dirigentes. Para escolher ou ser escolhido é necessário ser associado Benfiquista. Quem não for associado, o que não quer dizer que não seja Benfiquista, fica dependente das decisões alheias, tendo como é óbvio, as suas decisões e opiniões, pouco ou nenhum impacto directo na gestão do Clube. Podem ter é capacidade de influenciar alguns sócios e/ou dirigentes. Os sócios justificam a existência do clube, ajudam-no financeiramente, tomam as decisões e permitem gerar dirigentes.

A diferença entre “simpatizante” e “Benfiquista”

Um simpatizante é um adepto que se identifica com o Clube, que assume ser o Benfica o emblema desportivo com que mais se identifica, mas é passivo. Espera pelas vitórias, alheia-se nos insucessos. É inconstante, porque tanto pode empenhar-se fervorosamente, como desinteressar-se por períodos prolongados. Vive muito a condição de importar-se (ou não) com o Benfica, em função da visibilidade (sucesso desportivo), ou não, do Clube. Mas, são importantes pois muitas vezes ser “apenas” adepto é uma fase de passagem rumo ao Benfiquismo e deste para associado.

Sócio: Simpatizante ou Benfiquista

Qualquer associado (a menos que o seja por interesse – praticar uma modalidade ou ter emprego no Clube ou SAD, por exemplo) – é Benfiquista (pois ninguém paga centenas de euros por ano, entre quotizações e bilhetes, não tendo interesse em ajudar o Clube). Além disto há quem tenha consciência das outras três situações referentes aos associados: o Clube existe porque existem sócios, é sócio porque quer decidir; é sócio porque pode ter responsabilidades acrescidas no sentido de que os outros os escolham para dirigir. Partindo sempre da “velha máxima dos Benfiquistas de outrora”, tendo em conta o carácter democrático e mandatos dos Órgãos Sociais, desde sempre balizados, entre eleições cujas datas são fixadas pelos Estatutos, e não quando uma Direcção ou Órgãos Sociais entendem (como acontece/ aconteceu noutros clubes) chegar a hora de mudar. No Benfica não se é dirigente, está-se dirigente.

Nunca tínhamos dado por isso. Benfiquista não é! Se for é simpatizante.Apenas simpatizante. Com "Benfiquistas" destes, preferimos os não Benfiquistas. Já simpatizante pode ser. Ainda bem. Pelo menos tem bom gosto...

Não Sócio: Simpatizante ou Benfiquista

Há Benfiquistas que não são associados – por variadíssimos motivos e motivações – mas muitas vezes também não são Benfiquistas, mas apenas simpatizantes do Clube. Há quem tenha a consciência disso, mas também há quem se queira fazer passar por aquilo que não é! Ser simpatizante é importante (mostra afinidades com o Clube), pode vir a ser Benfiquista (preocupa-se e defende o Benfica) e tornar-se associado (que pelo que isso permite) é auxiliar, de facto o Benfica, e estar preparado para servir, efectivamente, o “Glorioso”.

No Benfica, quem vier e estiver por bem, é sempre bem-vindo

Alberto Miguéns

NOTA: Eis para que serve um suposto "Benfiquista". Comer do Benfica, nem que para isso tenha de ser “comido” (ou deixar-se "comer") pelos outros paineleiros. Passivo, raras vezes não boceja e olha para o relógio. Vamos lá ver se isto acaba depressa que me vão passar o cheque.

Se há exemplo em Portugal, para o “Idiota Útil” – simpatizante influente – dirigente político ou militar - comunista num país do Terceiro Mundo - essa figura da Guerra Fria aplica-se que “nem uma luva” ao suposto “defensor do Benfica” na TVI 24 Horas. Agora percebemos o que já se imaginava. Ele está lá é a defender o “tacho”. Tachista.Uma vergonha para o Benfiquismo!

Correi da Manhã; página 44; 26 de Junho de 2012

A Bola; página 47; 1 de Julho de 2012