FALECEU AOS 94 ANOS O DECANO DOS GLORIOSOS FUTEBOLISTAS.
Artur Lopes dos Santos nasceu, a 27 de Março de 1931, em Paço de Arcos, há 94 anos e cerca de três meses. Era júnior no Benfica aquando da conquista da Taça Latina. Participou num jogo da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1960/61, capitaneando a equipa. Se tem jogado a final seria ele a receber o troféu de Campeão Europeu.
Pelo Benfica (equipa de Honra) jogou 33 528 minutos, em 382 jogos, 70 a capitão. Começou como defesa-direito passando depois a defesa-central. Estreou-se no final da temporada de 1949/50, aos 19 anos e três meses (25 de Junho de 1950) fazendo o último jogo aos 30 anos e um mês (7 de Maio de 1961). A Festa de Despedida realizou-se, em 8 de Outubro de 1961, num jogo internacional na «Saudosa Catedral» entre o Benfica (categoria Reserva) e o clube suíço La Chaux-de-Fonds FC, numa vitória por 3-2. Sete futebolistas do Benfica (cinco jogaram) estavam a representar a selecção nacional, no Luxemburgo (D 2-4), no mesmo dia.
Pelo Benfica conquistou uma Taça dos Clubes Campeões Europeus (1960/61), quatro campeonatos nacionais (1954/55, 1956/57, 1959/60 e 1960/61) e cinco Taças de Portugal (1950/51, 1951/52, 1952/53, 1954/55 e 1958/59).
1949/50
Estreia-se, frente ao SL Abrantes, jogando a defesa-esquerdo, numa vitória por 10-1, no campo Pano Vermelho, em Abrantes. Ele e o guarda-redes Bastos (nascido em 17 de Outubro de 1929 e estreia na equipa de Honra, a 15 de Janeiro de 1950) eram as grandes apostas para o futuro do Glorioso Futebol.
1950/51
Novato e ambicioso, mas sempre com a cordialidade que o caracterizou até adoecer já nonagenário, foi esperando a sua oportunidade. O treinador Ted Smith continuava a apostar na dupla defensiva campeã latina: Jacinto (capitão) e Fernandes. Na primeira metade da época fez dois jogos, para o campeonato nacional como defesa-esquerdo, mas na segunda metade conquistou a titularidade como defesa-direito, jogando já a final da Taça de Portugal, com uma vitória por 5-1, frente à equipa da Associação Académica de Coimbra.
1951/52
Estava escolhido o defesa-direito do «Glorioso». Presença em 42 jogos dos 46 encontros do Benfica, apenas Félix e Corona fizeram mais três jogos. Pelo segundo ano consecutivo foi finalista na Taça de Portugal, numa vitória por 5-4, frente ao Sporting CP. Uma particularidade única em Portugal (e no Mundo, talvez). As equipas que conquistaram as Taças de Portugal, em 1950/51 (Ted Smith) e 1951/52 (Cândido Tavares) eram exactamente as mesmas, com treinadores diferentes.
1952/53
Mais uma temporada como titular, a defesa-direito, indiscutível. Foi o mais utilizado (a par de Bastos) com 44 dos 45 jogos. O Benfica treinado por António Ribeiro dos Reis conquista a terceira Taça de Portugal consecutiva, depois da vitória por 5-0, frente ao FC Porto, treinado por Cândido de Oliveira (futebolista formado no Benfica na década de 10 do século XX).
1953/54
Terceiro futebolista mais utilizado com 32 dos 40 jogos do "Glorioso" apenas Rogério e Bastos o superaram, com 35. Continuava um defesa-direito indiscutível e ainda jogava à esquerda quando necessário.
1954/55
Com a dupla Bogalho/Otto Glória o futebol do Benfica ressurge para ser hegemónico durante décadas. O treinador reformula a táctica com Artur Santos a passar a jogar como médio-centro recuado (ou defesa-central) o primeiro na Gloriosa História, se bem que Félix o fizesse no início dos Anos 50 ainda que não se designasse defesa-central. Artur Santos e Jacinto Marques (que regressou a defesa-direito) foram os mais utilizados, em 50 dos 51 encontros do "Glorioso". O Benfica conquista o título de campeão nacional e a Taça de Portugal, vencendo por 2-1, o Sporting CP.
1955/56
O futebolista é o único totalista com 35 jogos. Esteve presente e jogou integralmente os 35 encontros da temporada. O último jogo da temporada, em Milão, no estádio Arena, é o defesa-central na vitória, por 2-1, com 135 minutos (dois prolongamentos) frente ao OGC Nice, para a disputa do 3.º lugar na Taça Latina.
1956/57
Começa a temporada em grande classe - é o quinto futebolista mais utilizado - no campeonato nacional que o Clube conquista, jogando em 23 das 26 jornadas. Uma lesão afasta-o da possibilidade de estar presente nos oito jogos da Taça de Portugal, conquistada pelo «Glorioso».
1957/58
Uma temporada inconstante, em que não conseguiu atingir níveis físicos que lhe garantissem a presença em vários jogos consecutivos.
1958/59
Uma grande época. Foi totalista com 51 jogos. Não falhou um. No final da temporada mais uma conquista da Taça de Portugal, frente ao FC Porto, por 1-0, com o golo decisivo mais rápido em finais da Taça de Portugal. Doze segundos, por Cavém. Foi ele o capitão da equipa.
1959/60
Com Béla Guttmann como treinador Artur Santos faz uma temporada a grande nível. O Benfica joga 42 encontros e Artur Santos é o capitão da equipa participando em 39, tantos quantos os de José Águas. Só Cavém (41), Costa Pereira (40) e José Augusto (40) estão presentes em mais encontros. O Benfica sagra-se Campeão Nacional.
1960/61
Com a chegada de Germano, Béla Guttmann opta por colocar este futebolista a titular como defesa-central, aconselhando Artur Santos a regressar a defesa-direito onde teria mais possibilidades embora o treinador fosse utilizando nessa posição três futebolistas: Serra, Ângelo (também à esquerda) e Mário João. Artur Santos não concorda e prefere continuar a defesa-central. Joga um encontro para a Taça dos Clubes Campeões Europeus conquistada pelo Benfica, em Berna, onde esteve mas não foi utilizado. Aliás Artur Santos foi sempre um dos convocados para as quatro deslocações ao terreno dos adversários: Edimburgo, Budapeste, Aarhus e Viena. O Benfica sagrou-se campeão nacional.
A caminho dos 30 anos chegava ao final uma carreira dedicada a servir o Benfica e honrar os ases que nos honraram o passado.
Obrigado, Artur Santos
Alberto Miguéns
NOTA: Agradecimento aos dedicados leitores desde blogue: Mário Pais pelas informações relativas aos jogos internacionais e Victor João Carocha pela imagem que honra Artur Santos junto de Gloriosos que já partiram.
O decano dos nossos antigos futebolistas.
ReplyDeleteUma defesa de grande qualidade, que integrou as grandes equipas da década de 50.
Essas equipas para além de antecederem com honra, a década de 60, foram campeãs nacionais, campeã latina e fizeram digressões inesquecíveis pela América Latina.
Foi campeão europeu por uma nesga, jogando um jogo da campanha europeia de 1960-1961.
Mais tarde, seria treinador das nossas camadas jovens.
Homem de elevada correção, de excelente presença.
Com a sua morte, o decano passa a ser o Sr. Mário João.
Que descanse em Paz.
Obrigado Sr. Artur Santos.
Boa Noite, Sr.Alberto Miguéns....Mais um CAMPEÃO EUROPEU que nos deixa....até sempre Sr. Artur...Os meus sentimentos à família e ao SPORT LISBOA E BENFICA.
ReplyDeleteObrigado Artur Santos.
ReplyDeleteO SLB voltara mais cedo ou mais tarde.
RIP
Caro Consócio Alberto,
ReplyDeleteLi a notário de pesar - disponibilizada na App do Clube, ainda no dia de ontem e li agora este seu texto.
Chamou-me a atenção o Benfica referir expressamente que o nosso glorioso futebolista conquistou 4 taças de Portugal; porém, o Alberto, como é habitual, sempre muito rigoroso e honesto nos dados que nos transmite, refere que foram 5 taças….;
Naturalmente, acredito mais na informação que o Alberto disponibiliza; o que me deixa triste é o clube tratar de forma tão leviana estás coisas….; como sói dizer-se, “um clube que não conhece o seu passado é um clube sem futuro”.
Que tristeza.
Um forte abraço glorioso.
Caro Benfiquista
DeleteTrocaram os campeonatos nacionais com as Taças de Portugal. Nunca podia ter ganho 5 CN´s pois o Benfica só conquistou 4 nas temporadas em que jogou: duas com Otto Glória e duas com Béla Guttmann. Podia ter conquistado 6 TP mas em 1956/57 (dobradinha) estava lesionado. Trapalhões.
Gloriosas Saudações
Alberto Miguéns
Caro Consócio Alberto:
ReplyDeleteAqui fica a notário emitida pelo clube:
O Sport Lisboa e Benfica endereça os seus mais profundos sentimentos à família de Artur Santos, uma figura icónica da história do futebol e do Benfica.
Nascido em 1931, Artur Santos distinguiu-se como um dos melhores jogadores da sua geração, tendo também representado a Seleção Nacional por duas vezes.
Pelo Benfica, disputou 382 jogos oficiais, ao longo de 12 temporadas, venceu uma Taça dos Campeões Europeus, cinco campeonatos e quatro Taças de Portugal.
Trata-se de uma perda que toda a família benfiquista lamenta, porque Artur Santos era uma memória viva da grandeza e da vocação conquistadora do Clube.
Sócio n.° 718, filiado no Clube desde outubro de 1949, é, também, sócio de mérito do Benfica e mantinha-se como presidente do Sport Lisboa e Saudade."
SL Benfica