O «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» FEZ UM ARTIGO INTERESSANTE ACERCA DA «CHAPELADA» DO SPORTING CP EM QUATRO CAMPEONATOS NACIONAIS!
Eu depois de ler o artigo (clicar para acesso ao original) lembrei-me logo de duas situações: uma rectificação e um lamento.
Um dos peritos contactados disse o seguinte (a propósito da Taça de Portugal ser uma continuação do campeonato de Portugal:
«Francisco Pinheiro explica que não há uma sucessão direta entre as duas provas porque "a sua estrutura e espírito eram completamente diferentes". E explica porquê: "O Campeonato de Portugal começa em 1922 com os melhores clubes dos regionais de Lisboa e Porto e depois foi-se estendendo a outras associações. Já a Taça teve o pressuposto, que ainda hoje se mantém, de incluir todas as equipas dos escalões nacionais e algumas distritais".»
Rectificação
Ora, ora, Francisco Pinheiro. A primeira edição do campeonato de Portugal (1921/22) também é completamente diferente da 17.ª edição do campeonato de Portugal. Na 1.ª edição procurou-se um local em Coimbra para fazer o jogo para apurar o campeão de Portugal entre o campeão de Lisboa (Sporting CP) e o campeão do Porto (FC Porto). Como os dois locais - campo na Ínsua dos Bentos e campo na Escola de Agricultura - não tinham condições optou-se por uma final a duas mãos. Primeiro em Lisboa e depois no Porto! Como cada um venceu a "sua" disputou-se um terceiro jogo no campo do Boavista FC em que o FC Porto venceu. O primeiro Campeonato de Portugal resumiu-se a três jogos. Mas se Coimbra tivesse campo com bancadas seria a enormidade de...um. Na 17.ª edição (1937/38) os apuramentos eram mais complexos. Participaram os oito clubes da I Liga, os seis melhores da II Liga e o representante insular, num total de 15 clubes, a jogar desde os oitavos-de-final. Na "primeira edição" da Taça de Portugal (1938/39) participaram também 15 clubes, apurados exactamente da mesma forma: os oito clubes da I Divisão, os seis melhores da II Divisão e o representante insular, num total de 15 clubes, a jogar desde os oitavos-de-final. Não é erro. O modelo do campeonato de Portugal em 1937/38 foi exactamente igual ao modelo Taça de Portugal em 1938/39. Quinze clubes. Francisco Pinheiro eram 15 clubes! Sabe quantos são em 2016/17? Um total de...155 clubes: 79 do terceiro escalão, 41 dos Distritais, 17 do segundo escalão e 18 do primeiro escalão.
Ora, ora Francisco Pinheiro, a Taça de Portugal de 1938/39 está muito mais (aliás totalmente) relacionada com o Campeonato de Portugal de 1937/38 e nada relacionada com a actual Taça de Portugal! Ou não? Chama-se evolução do Futebol, entre 1921/22 e 2016/17! Evolução numa competição a eliminar! Francisco Pinheiro falou do que não domina. É precisamente o contrário do que afirma ao DN: A estrutura e espírito do campeonato de Portugal e da Taça de Portugal eram completamente iguais. Sem tirar nem pôr! O futebol é que mudou, não foi a essência da competição disputada por eliminatórias.
A prova de que campeonato de Portugal e Taça de Portugal são uma e a mesma competição (por isso os dirigentes da FPF em 1938 estiveram certos e devem ser respeitados por serem honestos).
Apuramento dos 15 Clubes a participar no Campeonato de Portugal e depois na Taça de Portugal
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1937/38
(17.º e último CP)
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1938/39
(1.ª TP)
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1.º da I Liga/
I Divisão
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SL BENFICA
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FC Porto
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2.º da I Liga/
I Divisão
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FC Porto
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Sporting CP
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3.º da I Liga/
I Divisão
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Sporting CP
(vencedor) |
SL BENFICA
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4.º da I Liga /
I Divisão
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Carcavelinhos FC
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CF “Os Belenenses”
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5.º da I Liga /
I Divisão
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CF “Os Belenenses”
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Ass. Académica
Coimbra (vencedor)
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6.º da I Liga /
I Divisão
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As. Académica Coimbra
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FC Barreirense
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7.º da I Liga /
I Divisão
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FC Barreirense
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Académico FC
(Porto)
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8.º da I Liga /
I Divisão
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Académico FC
(Porto)
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Casa Pia AC
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1.º da II Liga /
II Divisão
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Leixões SC
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Carcavelinhos FC
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2.º da II Liga/
II Divisão
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União Futebol de
Lisboa
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SC Covilhã
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2.º da Zona Norte II Liga / II Divisão
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Boavista FC
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Vitória SC
(Guimarães)
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2.º da Zona Sul II Liga/ II Divisão
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Vitória FC (Setúbal)
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SC Farense
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3.º da Zona Norte II Liga / II Divisão
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CA Marinhense
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Vila Real SC
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3.º da Zona Sul II Liga/ II Divisão
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Marvilense FC
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Luso SC (Beja)
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Representante Insular
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CS Marítimo
(Funchal)
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CD Nacional
(Madeira)
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NOTA: Na 1.ª eliminatória jogaram-se sete jogos, para de 14 clubes apurar sete. Na 2.ª eliminatória juntava-se o "representante insular" - permitindo emparelhar oito emblemas - para nesses quartos-de-final apurar os quatro semifinalistas. Exactamente a mesma forma de apuramento e estrutura de competição apesar de ter alterado a designação de campeonato de Portugal para Taça de Portugal!
O responsável pelo excelente artigo lamenta-se:
«O DN foi à procura do rigor histórico e o primeiro passo a dar era consultar a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), entidade que sempre tutelou as competições oficiais do país. Contudo, após contacto telefónico e via email na tentativa de perceber o entendimento da FPF, ninguém se mostrou disponível para esclarecer a situação, através de documentos ou da lista oficial de vencedor de todas as provas que estão ou estiveram sob alçada da FPF. É bom referir ainda que no site oficial da FPF não existe qualquer registo histórico sobre os vencedores das competições por si tuteladas...»
Lamento
O jornal lamenta-se que não teve resposta em meia-dúzia de dias. Eu desde os anos 90 que estou à espera que a FPF me responda a três cartas que enviei, todas com o mesmo assunto (cinco questões) e todas ignoradas ou dito verbalmente que "seguiram para avaliação depois será contactado". Até hoje e pelo futuro.
As cinco questões eram (a que juntei imagens neste blogue para amenizar o texto de hoje. É que uma imagem continua a valer por mil palavras):
1. Se a FPF quando alterou o nome das competições de 1937/38 para 1938/39 informou que a Taça de Portugal era a continuação, com nova designação, do campeonato de Portugal porque insiste em afirmar que a primeira edição da Taça de Portugal data de 1938/39 ignorando as 17 edições anteriores, apesar de ter as placas dos vencedores no troféu original por ordem cronológica desde 1921/22?
2. A Supertaça é um título ou um troféu? Se a FPF não autoriza que jogos de competições que outorgam títulos nacionais sejam realizadas fora do território português (por isso recusou o pedido do SC Campomaiorense para jogar em Badajoz) então porque se pode jogar a Supertaça em Paris? É porque não é um título?
3. A Taça Latina foi organizada pela FPF em conjunto com as suas congéneres de Espanha, França e Itália com a supervisão da FIFA (pois ainda não se fundara a UEFA). A FPF considera-a uma competição oficial? Ou a FPF pode organizar competições "não oficiais"?
4. A Taça Ibérica foi entregue, em Lisboa, por um dirigente da FPF - Manuel Saraiva - ao capitão do Benfica! O troféu tem na sua tampa as letras FPF. A FPF considera-a uma competição oficial? Ou dirigentes da FPF podem entregar troféus de competições "não oficiais" tendo o troféu o nome da própria FPF inscrito na sua estrutura?
5. Primeira edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1955/56. Foi o jornal francês «L'Équipe» que convidou directamente o Sporting CP (3.º classificado no campeonato nacional em 1954/55, atrás do CF "Os Belenenses" e do SL Benfica, campeão nacional)? Ou o jornal francês solicitou à FPF que indicasse o campeão de Portugal e a FPF indicou o Sporting CP?
Estou à espera sentado! Ora não! Já tinha ficado estátua!
Alberto Miguéns
NOTA: Quando integrei a Comissão Instaladora do Museu propus que o responsável pela "Comissão", o sportinguista António Ferreira questionasse a FPF para que esta se pronunciasse. Tinha sido o MOMENTO. A FPF em função da organização de um Museu era obrigada a definir-se. Perdeu-se uma oportunidade soberana. Provavelmente nos tempos mais próximos não haverá outra! Oxalá eu esteja enganado. Nada se fez! Não quiseram ou não deixaram!
Uma vergonha o Alberto não estar ao serviço do nosso Glorioso Benfica. O que é que as pessoas que estão lá andam a fazer!!?
ResponderEliminarPois é. É melhor que a cadeira do Alberto seja confortável...
ResponderEliminarCom números e factos a coisa torna-se clara.
Esta FPF-Pilatos lavas as mãos por medo ou por calculismo? Quando a entidade responsável pelo futebol Português não tem coragem para assumir a sua história e as decisões oficiais - traduzidas em documentação - o que dizer? O que dizer de quem nem sequer cumpre o mínimo exigível que ter disponíveis para todos os números oficiais sobre as competições?
Se existem documentos oficiais que foram produzidos há uns 80 anos aquando da transição entre as provas porque não divulgar? Esconder a história. Esconder os factos? Medo de quê?
é uma vergonha!
ResponderEliminardeparei-me com isto http://comquemsporting.blogspot.pt/2016/09/o-problema-dos-4-campeonatos-de.html é um texto grande, cheio de incongruências. o que é que o Alberto tem a dizer? até por que é lá citado como sendo demasiado lampião. hehe curiosamente, todo o texto do homem demonstra o habitual complexo anti-Benfica, o típico lagarto. lendo a teoria de que os campeonatos experimentais não devem contar, deve-se então deduzir que o Barcelona só foi campeão europeu pela 1ª vez em 2006? (LC 91/92 tida como experimental)
abraço
Caro,
EliminarEu já fui acusado pelo Ricardo Serrado (quando este era funcionário do SLB) de ser demasiado Benfiquista à frente de cinco pessoas, entre elas o actual presidente da Mesa da Assembleia Geral do SLB (Luís Nazaré). Por não concordar que o Benfica fosse fundado apenas por 10 pessoas (e não por 24) e que o local fosse na Farmácia Franco (e não que "se fosse fundando" até Agosto de 1904).
Já me habituei a ser demasiado Benfiquista. Por isso é para o "lado que durmo melhor".
Neste assunto dos 18/22 penso já estar tudo dito. Agora começa a ser «redito» para ver quem faz mais barulho. Para dar a ideia que quem o conseguir é que tem razão.
A FPF tem de pronunciar-se e depois estabelece-se o contraditório com ela. De um lado ou do outro. A FPF vai é manter-se queda e muda! Venham os €€€€€€€€€€.
TRIsaudações Gloriosas
Alberto Miguéns
apenas trouxe esse artigo à baila por que apesar de estar cheio de incongruências e de o autor ter apenas usado os documentos que lhe interessavam para levar avante a sua tese (neste aspecto, roça o repugnante), também introduziu documentos interessantes, passíveis de discussão.
Eliminaré incrível como nem em semana de dupla jornada para a Selecção Nacional, houve um único jornalista que tenha metido o microfone à frente do tipo que arranjava bilhetes às deusas do araújo para lhe perguntar sobre este assunto.
o único ponto positivo do arrastar do folhetim 'temos 22 títulos' é apanhá-los em falso na questão do melhor marcador absoluto da história do Campeonato Nacional. e quão fácil é apanhá-los em contradição...
um abraço, Alberto
Caro,
ResponderEliminarEu percebi e agradeço a informação.
1. Mas são artigos de jornal e opiniões. Eu também já podia ter publicado artigos de jornal e excertos de livros a reafirmarem que a Taça de Portugal é a continuação do campeonato de Portugal. e de jornalistas (que também escreveram livros) consagrados como Ricardo Ornelas, Ribeiro dos Reis, Cândido Oliveira ou Tavares da Silva. São opiniões ou títulos de jornais e livros. O que conta é o que a entidade que organiza a competição decidiu e decide. Essa é que vale. E essa mantém-se queda e muda.
2. Se o DN estivesse realmente interessado em resolver o assunto já tinha tido oportunidade de publicamente questionar o senhor dos "bilhetes para as deusas" ou de passar a contabilizar os campeonatos de portugal como Taças de Portugal seguindo aquilo que os seus "consultores" indicaram, entre eles um insuspeito andróide João Nuno Coelho. Que até podia ter aproveitado a boleia do SCP (22 = 18 CN + 4 CP) para passar os títulos de campeão nacional do FCP para mais três (30 = 27 CN - 1 CL + 4 CP).
Eles querem é "chavasco".
TRIgloriosas Saudações
Alberto Miguéns
Sr. Alberto Miguéns
ResponderEliminarObrigado pelos seus valiosíssimos conhecimentos e esclarecimentos ao longo dos anos...
Abraço
Saudações Benfiquistas
Cá está o Miguéns com a mania do rigor.....
ResponderEliminarMas que interesse tem para a estrutura essa coisa do rigor? Isso do rigor, acaso vai dar em compras e vendas de jogadores? Isso é que tem interesse!
Não vê o Miguéns que a nossa estrutura, composta por largas dezenas de Benfiquistas, (alguns são do sportém) não viu ou não quis ver que no nosso site chegou a estar durante meses; que o Benfica foi fundado por 10 rapazes sedentos de jogarem à bola! Qual Farmácia Franco? Qual 28 de Fevereiro de 1908, Qual Cosme Damião - que o Serrado baptizou de Júlio- qual quê?
Se não fossem esses 10 rapazes (pausa para rir... faltava um, podiam chamar o gordo que ia a passar, para jogar a guarda-redes...) sedentos de jogarem à bola, éramos hoje órfãos de clube!!!