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20 junho 2017

Nem 8, Nem 80

20 junho 2017 0 Comentários
TORNOU-SE UM HÁBITO NOTÍCIAS ACERCA DE GRANDES MUDANÇAS NAS 17 LEIS DO FUTEBOL. ATÉ DEIXAR DE SER FUTEBOL.




Há que ter sempre alguma reserva pois não tendo acesso aos documentos originais desconfio sempre de traduções criativas que interpretam mais do que informam. As últimas datam de há dois dias, através de A Bola (clicar) e vasculhando na "rede global" um portal brasileiro dá outro tipo de mudanças mais criteriosas e por fases (clicar). 

NOTA INICIAL (feita depois de concluído o texto): Texto demasiado longo. É que um tipo não é de ferro e juntar Futebol e Glorioso entusiasma-nos em demasia! Quando se cansarem da leitura sempre podem entreter-se a apreciar os magníficos 18 desenhos do fervoroso adepto argentino Mordillo.


O Futebol é muito mais do que um jogo
Todos nós que vivemos desde que nascemos influenciados por este jogo como sendo o "desporto-rei" percebemos o porquê.
1. É um jogo simples e universal. De jogar (ainda que mais pontapé na bola que futebol) e de compreender;



2. É um jogo que faz reviver os primórdios da civilização humana. Ainda que de uma forma simbólica e "limpa". Duas tribos: uma frente a outra com as suas cores, símbolos e História gravada na Lenda, a passar de geração em geração como se fosse sempre a mesma, com estórias para os pais contarem aos filhos. Num espaço amplo, ao ar livre, sob chuva ou Sol, num campo algures no Mundo - com os incapazes de combater como espectadores nas bancadas (colinas) ao redor - em vez de mortos em combate sobram os golos (os resultados - ganhar batalhas - e os troféus - vencer guerras) para mostrar a superioridade;



3. É um jogo de beleza plástica sem paralelo. O desporto que mais se aproxima da arte. Do belo. Que poucos conseguem. Jogar com os pés quando estes é que permitem a espécie humana andar apoiado em dois pés em vez de quatro patas. E quantas vezes não nos desequilibramos, por tropeçar, sem bola para jogar! Por isso em milhões que dão pontapés na bola, escassos milhares conseguem saber dar pontapés na bola transformando-os em Futebol.



Mesmo aos pontapés na bola
Quando em jovens a jogar na Escola, percebe-se que entre todos os desportos colectivos, praticar Andebol, Basquetebol, Futsal ou Voleibol não passam de imitações, porque não se controla o tempo real e o piso não é regular nem legal. No caso do Basquetebol nem o tempo de posse de bola ou exclusões por faltas que são os alicerces da modalidade, se podem aplicar. Quando se joga Futebol (de onze) numa qualquer aldeia, tendo um de nós a fazer de árbitro com um relógio de pulso (até desregular as horas para pôr o ponteiro dos minutos no 12 como acontecia tantas vezes!) e dois que estejam impossibilitados de jogar a fazer de "bandeirinhas" está-se a jogar Futebol. Chega um campo de 100 metros por 70 metros com balizas com as medidas regulamentares (mesmo sem redes) e pelado com um terreno minimamente nivelado. Quantos jogos não fiz/vi entre a minha aldeia (Montalvão) e aldeias vizinhas incluindo internacionalizações com a aldeia vizinha Cedilho (Espanha) do outro lado do rio Sever! Ninguém fazia isto com outras modalidades. Porque não seria mais que uma imitação sem sentido visto ser impossível reproduzir os pisos impecavelmente lisos com suficiente dureza e ter uma mesa a controlar o tempo com marcadores electrónicos. Já o Futebol (mesmo jogado com dois tijolos nos pés) desde que tenha um árbitro a aplicar as 17 Leis do Jogo é Futebol.



Há muito que pode ser feito sem descaracterizar o Futebol
Não há adepto que não tenha sugestões a fazer embora o "International Board" não saiba, nem possa saber de milhões de opiniões (uma série deles vezes cada adepto do Futebol). Eu neste momento só fazia quatro alterações:
1. Os suplentes deviam ser doze (dois guarda-redes e dez jogadores de campo). Não faz sentido não poder ter o plantel todo à disposição e muito menos não ter três guarda-redes, visto poder haver uma lesão de um logo no início e expulsão do outro. Porquê não poder entrar um terceiro guarda-redes havendo ainda possibilidade por não se ter esgotado o número das substituições? Até porque são sempre três guarda-redes convocados (mesmo que só dois tenham direito a serem listados nas convocatórias). São situações episódicas e raras, mas ter 12 suplentes permite ter todo o plantel envolvido em cada jogo e o treinador dispor de todas as possibilidades oferecidas pelos plantéis;



2. As substituições deviam poder ir até cinco. Se fosse feita uma antes ou durante o intervalo, deviam poder ser feitas três no segundo tempo. Se houver prolongamento poderia ser feita a 4.ª ou 5.ª no caso de haver uma substituição antes ou ao intervalo. NOTA: Fazendo, por exemplo, duas antes ou durante o intervalo, restavam duas (e não três) no segundo tempo;



3. O tempo útil de jogo devia ser escrupulosamente cumprido pelo árbitro, parando o cronómetro a cada paragem do jogo: lesões, substituições, lançamentos laterais, marcação de livres, de pontapés de canto e de baliza. Depois daria a compensação verdadeira. Vinte minutos, se tal fosse necessário e ainda mais cinco se houvesse paragens durante os vinte minutos que os justificassem. Se houver dos árbitros tolerância zero - contabilizarem devidamente os tempos gastos que consideram excessivos em período de compensação - em pouco tempo o Futebol estaria "limpo de chico-espertices". Os futebolistas perceberiam que o "crime deixou de compensar" e passam a jogar os 45 minutos para evitarem jogar 65 ou 70 em cada parte. É só implementar a contabilização correcta do tempo de paragens no início de uma época que os jogos passarão de 90' + 45' para 90' + 4' no final da mesma!;



4. Acabava com as interpretações das grandes penalidades: bola na mão ou mão na bola. Sempre que a bola batesse na mão, antebraço e braço (desde que não estivessem à frente do corpo a proteger este ou partes deste) era marcada falta. Aumentava o número de grandes penalidades mas era para "os dois lados" e, no médio prazo, obrigava os futebolistas a terem mais cuidado no modo como usam os membros superiores e deixarem de ser "manhosos" (pelo menos neste pormenor).  NOTA: Acabava um terço das discussões acerca das arbitragens. O outro terço, a interpretação do que é falta ou não falta (empurrões e pontapés) é impossível de anular. Só inventando um "intensidadómetro". Resta o outro terço. O fora-de-jogo. Mantinha até porque é a essência do Futebol (jogar entre as duas linhas defensivas com dois defesas, de cada equipa, a compactarem o jogo). E depois Futebol sem discussão entre adeptos e sem insultar o árbitro - com os adeptos das duas equipas a considerarem que foram ambas prejudicadas - não é Futebol. O que interessa é reduzir o ruído não é acabar com ele. Por que é uma impossibilidade.



Finalmente o tema que serviu de mote para o texto de hoje
Já era tempo de chegar lá...




O que critico nestas medidas
1. Os 60 minutos (30 + 30) temporizados ao cronómetro parecem-me desnecessários, supérfluos e adulteradores da lógica do Futebol. É a futsalização da modalidade. Depois (a "porta fica aberta") vão querer substituições indeterminadas para aumentar a intensidade do jogo durante os 60 minutos. O futebol deixa de ser universal, pois só é "verdadeiramente jogado" com o cronómetro do árbitro ligado a um marcador electrónico, para que os futebolistas e os espectadores saibam quanto tempo há de jogo (e quanto falta para terminar) pois o tempo vai ser contado em lógica decrescente. Se os árbitros aplicarem com rigor, em cada 45 minutos, as paragens para "queimar tempo" isso desincentivará o anti-jogo e em pouco tempo teremos até mais de uma hora de tempo útil de jogo em 90 minutos;


2. Assim é transformar a actual grande penalidade em «pontapé da marca da ex-grande penalidade». Se nem com o vídeo-árbitro conseguem controlar a violação da grande-área parece-me mais de acordo com o "espírito do jogo" colocar todos os outros futebolistas no meio-campo contrário, alterar a regra - permitindo ao mesmo jogador tocar duas vezes na bola em caso de grande penalidade (livre directo dentro da grande-área) - para poder haver recarga vindo a bola da barra ou dos postes. A grande penalidade passará a ser um "mano-a-mano" entre o marcador e o guarda-redes. Acabar com as recargas é "matar" a emoção própria de uma defesa incompleta ou de uma bola reenviada pela baliza. Já chegam os pontapés de desempate. Lá por haver acidentes de viação não se exterminam os automóveis;


3. Pontapés de baliza com a bola a rolar? Já se faz agora...muitas vezes. Até fazer lançamentos de linha a meia-dúzia de metros do ponto da linha lateral onde a bola saiu! Ou marcar livres dez metros mais à frente do local onde houve infracção de for ainda no meio-campo defensivo;


4.  Sempre se fizeram advertências e expulsões aos futebolistas desde que o Futebol foi inventado (26 de Outubro de 1863, em Londres). Depois, na fase final do Mundial de 1970 (México) as advertências passaram a cartão amarelo e as expulsões a cartão vermelho para clarificar perante futebolistas e espectadores as decisões disciplinares dos árbitros devido a incidentes e equívocos no Mundial anterior (Inglaterra, em 1966). Desde há muito que se fazem advertências e expulsam do banco dos suplentes os treinadores. Cartões amarelos e vermelhos aos treinadores? Para ontem!;


5. Uma aberração. Um jogador poder correr com a bola depois dela estar imóvel para marcar uma "bola parada"? Isso é procurar cada vez mais dar um cunho individual ao desporto mais colectivo (talvez o Râguebi seja ainda mais colectivo que o Futebol). Primeiro: Só ia gerar mais confusão, pois até no meio-campo os árbitros teriam de andar com a "lata" a fazer marcas a 9,15 metros do local onde a bola está imobilizada. O adversário temendo que um jogador arrancasse com a bola colocavam-se em cima do futebolista que iria marcar a infracção. Segundo: Diminuiria a percentagem de golos resultantes de pontapés para junto da baliza à procura de uma cabeçada ou pontapé certeiros. Que é uma marca do Futebol e que, por isso, o distingue de todos os outros. 


Ainda bem que em 14 de Maio de 2005 não existia 
Provavelmente Petit "arrancaria", aos 84 minutos, para a grande-área em vez de colocar a bola para Luisão bater Ricardo e colocar o título de Campeão Nacional à mercê do "Glorioso". Quando o empate deixaria o Sporting CP à frente do campeonato faltando uma jornada para o seu final.


NOTA: Fico sempre a «tremer» quando há alterações às Leis do Jogo. Ainda bem que o que se falou em tempos foi, entretanto, esquecido. Acabar com as "barreiras". Lá se ia mais um momento único e um exclusivo do Futebol. Os  "enormes artistas" que depois de fazer passar a bola por cima das barreiras, conseguem fazê-la entrar junto aos postes (ou entre estes e a barra) impossibilitando as defesas dos guarda-redes. Até dos melhores do Mundo!


O Futebol só faz sentido ser Universal e universalista
Jogado em todo o lado da mesma forma e feitio. Com mais ou menos jeito. Sempre com prazer para quem o joga e com deleite (e emoção/irritação) para quem o vê!


Se querem «Real Soccer» em vez de Futebol
Ou seja, resultados de 10-9 ou 25-24 é "americanizar" o Futebol. 
Por exemplo, para 10-9 (em vez de 1-0 ou 2-1) é aumentar a dimensão da baliza: Mais um metro em altura e dois metros em largura. 
Para 25-24 é transformar os golos em pontos: Cinco pontos para um golo fora da grande-área; quatro pontos para um golo dentro da grande-área; três pontos para um golo resultante de um lance de bola parada; dois pontos para um golo na pequena-área; e um ponto para um golo obtido na transformação de uma grande penalidade.


Modernizar o Futebol não é transformá-lo noutra modalidade!

Alberto Miguéns

NOTA FINAL: Como isto já vai longo, para amanhã, deixo o «Lado B (mas necessário) na Gloriosa História» com as datas e ocorrências referentes ao Benfica:
A primeira advertência (por dedução);
A primeira expulsão;
A primeiro cartão amarelo;
O primeiro cartão vermelho

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