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27 outubro 2016

Eleição 85

27 outubro 2016 2 Comentários
AS ELEIÇÕES NO BENFICA SÃO UM DOS PILARES DA SUA EXPANSÃO E BOAS PRÁTICAS.

São 85 actos eleitorais – não contabilizando eleições intercalares para algum dos três Órgãos Sociais ou eleições parciais para recompor órgãos por recusa em tomar posse de dirigentes eleitos (as mais significativas em 1926 e 1930, por Cosme Damião e Félix Bermudes, respectivamente, não aceitarem os cargos como presidentes da Direcção). Em 85 assembleias gerais eleitorais houve grandes mudanças nestes (quase…) 113 anos. Mas a essência mantém-se. Eleições aprazadas (pelos Estatutos), democráticas, livres e universais. Ainda não conhecemos os resultados das que vão decorrer hoje e já sabemos a data das próximas: 29 (quinta-feira) ou 30 (sexta-feira) de Outubro de 2020.

Mandatos: De anual a quadrienal
O Mundo evoluiu e o Benfica acompanhou. De mandatos anuais até 1966, depois bienais (1967 a 1987), trienais (1989 a 2009) e quadrienais (depois de 2012). Mas sempre «estatutariamente» balizados em periodicidade fixa, sem ser ao sabor de decisões de órgãos intermédios, como aconteceu noutros clubes, como Conselhos (cujos cargos eram ocupados por inerência: antigos dirigentes e/ou figuras adeptas do clube e prestigiadas na sociedade portuguesa). Um Clube de e para os seus associados. Eis o Benfica!

Listas únicas, unitárias mas não monólitos
No Benfica além de não haver medo (por isso não havia limites) de listas diversas sujeitas a sufrágio que provocassem divisões internas, lutas fracturantes e divisionistas sempre se procurou o consenso. O que é notável. Sabendo-se que havia sensibilidades distintas entre associados acerca do que fazer durante o mandato, no modo de engrandecer o Clube, procurava-se uma lista única que agregasse essas sensibilidades. E para que os Órgãos Sociais funcionassem sem sobressaltos essas “sensibilidades” colocavam nos cargos associados que primavam pela lisura e diplomacia. Mesmo o irascível Bogalho sempre presente no dia-a-dia Clube nem sempre fazia parte dos Órgãos Sociais. Era seccionista ou fazia parte de comissões para algum assunto específico. Só quando tinha de resolver situações concretas se propunha a ser eleito. Ele percebia isso. Ele que era de «cortar a direito» e isso nem sempre era o melhor para a concórdia. E discórdia era algo que apequenava em vez de agigantar. Mas nada de encenações ou “faz-de-conta”. Até nisso Ferreira Bogalho é um exemplo. Em tempos este blogue já publicou a lista das eleições. Quem quiser “vê-las” sucederem-se no tempo é só (clicar)


Votações nominais
Em tantas eleições já houve três tipos de votação: nominal, por órgão e por lista (a actual, desde 2006). Quando comecei a votar (1981) era por Órgão. Por exemplo, se houvesse duas listas os associados recebiam seis cartões. Cada um com um Órgão: «dois conselhos fiscais, duas mesas da assembleia geral e duas direcções». Podia-se votar num órgão de uma lista e no órgão de outra. Por exemplo considerar que o Conselho Fiscal da Lista A merecia mais confiança que o da Lista B mas depois considerar que a Direcção da Lista B era o melhor. Cheguei a fazer isso, uma ou duas vezes! Mas o que emociona é a democracia directa até final dos anos 50. Votava-se em nomes. Ou seja, era de associado para associado. Pares entre iguais com funções diferentes. Exigentes mas estimulantes. Riscava-se quem se achava que não tinha condições para exercer determinada função. No Benfica não só não havia receio de dar liberdade para apresentar listas como se permitia escolher nome-a-nome. Alguns eram tão pouco votados, ou seja, tão riscados que mesmo eleitos, não tomavam posse por perceberem que os outros não acreditavam neles! Félix Bermudes em 1930 foi eleito presidente, mas tão riscado, não aceitou. O Benfica também é Glorioso por isto. Que clube aceitava submeter os seus dirigentes, anualmente, a este escrutínio? O Benfica! Havia votações que hoje seriam consideradas (por tanto risco) humilhações. No Benfica eram entendidas como vontade dos associados. Por isso estava intrínseco que depois de eleitos eram respeitados por todos. Tinham de ser. Eram vistos como prolongamento do universo de sócios do Clube. Tinham uma legitimidade tremenda! No final do mandato acertavam-se as contas. Havia quem fosse sucessivamente reeleito e outros que desapareciam como dirigentes. Era um Benfica que só podia singrar e agigantar-se. Mesmo com piores condições financeiras e suporte político no Poder que outros, a democracia interna – directa e anual - fazia uma espécie de “selecção natural”. Hoje já não tinha razão de ser, mas durante os anos de penúria em Portugal deu “cérebro e musculatura” ao Clube! «Esqueleto/estrutura óssea» sempre houve. Os adeptos!



Aplicando a votação nominal à lista actual. Nada de segundas intenções, pois para ilustrar teria que riscar uns e não riscar outros. Escolhi as três soluções mais básicas aproveitando a existência de três Órgãos. Não escolher nenhum (excepto um como é óbvio), excluir apenas um ou votar em todos. Etecetra e etecetra...tal a variedade de possibilidades. Podia ter riscado outros nomes. Se fosse chamado a votar nestes termos riscaria ou não outros nomes. Ou nenhum! A votação é secreta. É só para dar exemplos. No final da contagem apuravam-se os votos para cada um. Na realidade, quantos não tinham sido riscados. Por isso é que nas notícias após eleições os Benfiquistas eram informados do número de votos em cada dirigente, como exemplifico nas eleições, em 1946, com duas listas, em que venceu a da alternativa. A que se propôs à reeleição teve menos votos (os seus elementos foram mais "riscados")



Eu prefiro debate eleitoral a duas listas. Três é de…mais!
No Benfica não gosto de soluções únicas. «Cheira-me» sempre a solução final. Beco sem saída. Mas nem sempre há condições para se apresentarem duas listas. Até porque quem perde não arrisca perder duas vezes. Prefere acantonar-se e muitas vezes, dar o dito por não dito. E eu destes só gosto do Dito enquanto honrou o Manto Sagrado. O que preocupa é sentir que no Benfica, ao contrário, dos anos 60 a 80, a crítica é entendida como negativa e servir apenas para potenciar a desunião. Quando ao ser feita com rigor e honestidade é pelo contrário, enriquecedora. Sempre foi assim! E não é só no Clube. É em qualquer sociedade. Quanto mais «massa critica» mais potencialidade tem em evoluir. Criticar (com critério e fundamento) é modernidade. O futuro faz-se "criticando" (para alterar) o passado! Espero que o Benfica não se torne num clube de acéfalos. Puxa! Do tipo: Não sei o que vais dizer ou propor mas concordo contigo! Dispenso!

Que o Benfiquismo lhes ilumine o caminho
Aos eleitos. Quatro anos em que o Benfica vai ter condições específicas como nunca teve. Pinto da Costa velho e caduco octogenário desenquadrado do tempo presente e futuro (onde ele estará sempre a diminuir) mas sem que ninguém ouse contestar quem criou o FC Porto (antes dele é como se não existisse clube) e o SCP atafulhado em dívidas e dúvidas. Que os eleitos de hoje não desaproveitem as condições que o futuro deixa antever. Como ocorreu após o “Apito Dourado”!

Carrega Benfica

Alberto Miguéns


NOTA: No tal texto de há quatro anos – o tal que está à distância de um  (clicanço) - também me penitencio de termos uns Estatutos que considero os piores de sempre (comparando-os de forma relativa ao tempo em que vigoraram…claro!)
2 comentários
  1. Votei, claro está, mas com a sensação de estar em pleno regime do Estado Novo onde só havia um candidato que era o próprio presidente. Bolas, um bocadinho de oposição precisa-se e é salutar para a vida do clube. Vitórias com 95% são sempre de conformação, mais do que de aprovação.

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  2. Caro João Sousa

    Ao votar (por volta das 19 horas) ainda se acentuou mais essa estranha sensação de um vazio Benfiquista!

    É caso para dizer. Ainda bem que estamos "bem habituados eleitoralmente". Debate (por vezes a resvalar para assuntos acessórios, mas existe!), troca de ideias, indicação de possibilidades, escolha de outros caminhos ou soluções.

    Sem duas listas há um vazio que depois se acentua - porque tomamos consciência - no momento de votar: na Lista "A" ou na..."A"!Sim ou sim! A alternativa ser em branco sabe a pouco! É assim desde 1981. Sempre que há lista única parece que falta o vermelho escarlate nas nossas Eleições!

    TRIsaudações

    Alberto Miguéns

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