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04 setembro 2016

Sob o Signo das Primeiras Vezes (VI: Avião Fretado)

04 setembro 2016 1 Comentários
MAIS DE DEZOITO ANOS DEPOIS - 1950 . 1969 - O BENFICA DESLOCA-SE NUM AVIÃO ALUGADO MAS SEM TREINADOR.


O treinador Otto Glória tinha viajado na semana anterior para ver no fim-de-semana o adversário do Benfica a jogar para o campeonato holandês. Não teve, assim, a oportunidade de acompanhar os futebolistas numa viagem que ficaria para a história como a primeira em que o Benfica fretou um avião (ou em voo charter se preferirem português moderno). Já se escreveu acerca deste jogo, neste blogue, em 19 de Agosto de 2016, a propósito da "descoberta" desta "primeira vez" (clicar) e em 25 de Agosto de 2016, a justificar a dificuldade em fazer a estatística correcta deste jogo a que se adicionou um vídeo com os três encontros da eliminatória (clicar).


A primeira vez de avião (fretado) em 10 de Fevereiro de 1969Nos quartos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1968/69, o Benfica iniciava a eliminatória no terreno do adversário. No estádio Olímpico de Amesterdão. Um estádio de "boas recordações" pois foi nesse recinto que o "Glorioso" se sagrou Bicampeão Europeu, em 2 de Maio de 1962, ao derrotar, por 5-3 (depois de estar a perder por 0-2 e 1-3) o pentacampeão europeu (1956-1960) Real Madrid CF!


A primeira vez de avião (fretado) em 10 de Fevereiro de 1969
Após dez épocas a jogar nas competições europeias (nove na Taça os Clubes Campeões Europeus) ininterruptamente desde 1960/61, ao 28.º encontro no terreno do adversário, mais cinco em terreno neutro - embora seja mentira num caso, o da final de Milão frente ao FC Inter -  eis o "Glorioso" a alugar um avião para nos colocar, a 10 de Fevereiro de 1969, em Amesterdão para defrontar o AFC Ajax em 12 de Fevereiro de 1969. Numa jornada agradável (V 3-1) mas o pior viria depois. O adversário na segunda mão anula a vantagem do Benfica (D 1-3) e havendo ainda regulamentado um terceiro jogo de desempate em campo neutro, no prolongamento desse jogo, no estádio Colombes, em Paris, o Benfica aguenta o ímpeto dos holandeses até aos 90 minutos, mas depois cede (D 0-3) no prolongamento.


Toda a Imprensa portuguesa rejubilou
Como se a eliminatória estivesse resolvida. Mesmo os jornalistas da Imprensa holandesa e da francesa - sempre com protagonismo ou não fosse a competição criada, em 1955, pelo jornal L'Équipe  - escreveram que o Benfica foi uma equipa soberba. Para alguns a melhor que alguma vez haviam visto nas bancadas de um estádio, para outros uma das melhores equipas de sempre. Eis os destaques para um dos melhores jogos de sempre do Benfica (de depois ficou na penumbra devido ao facto de no conjunto da eliminatória esta ser favorável ao adversário). O SL Benfica foi vencer a Amesterdão o clube que seria Tricampeão Europeu, entre  1970/71 e 1972/73. E nesta temporada de 1968/69 apenas "travado" na final, em Madrid, frente ao AC Milan (D 1-4). O plantel do AFC Ajax tricampeão europeu estava praticamente reunido. Faltava a oportunidade e maturidade que chegou no início da década de 70 e que iria tocar, mais uma vez, ao Benfica, em 1971/72, desta vez nas meias-finais.


Foi a primeira vez que o AFC Ajax perdeu, em Amesterdão, para as competições europeias
Desde 1958 embora com presenças em menor número que o "Glorioso" que era com o Real Madrid CF os dois clubes com mais presenças e jogos na Taça dos Clubes Campeões Europeus. A imprensa em Portugal (e na Europa) deu o devido destaque a tal feito. Que depois...dois jogos se encarregariam de fazer do feito, desfeito! 

As 14 "cachas" da Imprensa do(s) dia(s) seguinte(s)
Para aquele que foi, possivelmente, o melhor jogo do Benfica para as competições europeias em terreno alheio. Derrotar, nos quartos-de-final, logo na primeira mão, um dos principais candidatos a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Caminho "aberto" para as meias-finais onde estariam os vencedores do AC Milan vs Celtic FC, Manchester United FC vs SK Rapid Viena, FK Spartak Trnava vs AEK Atenas FC e AFC Ajax vs SL Benfica. Nas meias-finais o AFC Ajax resolveu a eliminatória na primeira mão, em Amesterdão, com V 3-0 frente ao campeão da Checoslováquia (FK Spartak Trnava).

No entanto o jornal "O Benfica" bem avisou!
















Ainda de volta ao tal jogo que foi em campo neutro sem o ser
Em 1964/65, quatro temporadas antes desta (1968/69) o Benfica foi obrigado a jogar a final no terreno do outro finalista, o FC Inter Milão. A final estava marcada para Roma (estádio Olímpico) mas a UEFA voltou atrás e remarcou o jogo decisivo para o estádio San Siro, onde o FC Inter jogava desde que, em 10 de Dezembro de 1958, disputara o último jogo no Estádio Arena que utilizava desde os anos 30.
É inacreditável como a UEFA se deixou subornar (influenciar, se utilizarmos o politicamente correcto) por um dos finalistas.
É duplamente ridículo como é que o campeão europeu FC Inter para ser Bicampeão teve que jogar no seu estádio argumentando que o estádio Olímpico de Roma era favorável aos "portoghesi" (borlistas, em italiano).
O que o FC Inter tinha era medo. Muito medo. Dos adeptos de Roma (SS Lazio e AS Roma) que iriam apoiar o SL Benfica. E do facto do Benfica ter aplicado 5-1 ao Real Madrid CF (talvez o melhor jogo do Benfica "em casa" para as competições europeias), nos quartos-de-final dessa temporada, em 24 de Fevereiro de 1965, enquanto na final de 1963/64 (oito meses antes, em 27 de Maio de 1964) o FC Inter tinha derrotado praticamente a mesma equipa do Real Madrid CF (que seria campeão europeu na temporada seguinte...1965/66, praticamente com os mesmos futebolistas que perderam com o "Glorioso") numa final (FC Inter - Real Madrid CF) realizada em Viena, por "apenas" 3-1! O SLB aplicara 5-1!

Desde que conheço ao pormenor o que se passou em 1964/65, nem posso ver o FC Inter Milão à minha frente! Nem uma nesga de riscas azuis-e-pretas! Embora para eles isso seja... "bola"!

Resta dizer que se houve ida
Também houve regresso. o Avião fretado à KLM (companhia de aviação holandesa) só regressou a Lisboa no dia seguinte. O Benfica ficou nessa noite em Amesterdão. Invernia e neve mais as condições dos aeroportos em 1969 a isso obrigavam.


Jornal "A Bola"; 13 de Fevereiro de 1969; página 4

Glorioso Benfica! O Benfica é lindo!

Alberto Miguéns

1 comentários
  1. Talvez o mais exuberante e pitoresco festejo se sempre de um golo do Glorioso. O inesquecível bom gigante.

    Foi pena que o jogo da segunda mão não tenha corrido bem. Talvez um pouco mais de cautelas tivesse evitado essa derrota. Ainda assim uma página inesquecível da Gloriosa história.

    Obrigado pelo belo texto.

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