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25 junho 2015

Nunca Vi Nada Assim

25 junho 2015 9 Comentários
PASSAM HOJE DEZ ANOS DO MAIOR LOGRO QUE VI NUM CAMPO DE FUTEBOL. PROTAGONISTA? O ÁRBITRO JOÃO CAPELA.


NOTA: A descrição que faço a seguir baseia-se em apontamentos que escrevi após chegar a casa, no dia 25 de Junho de 2005. Excepto os minutos das ocorrências que adicionei após consulta aos jornais do dia seguinte.

Na tarde de domingo, em 25 de Junho de 2005, jogava-se em Odivelas, terreno utilizado pelo Benfica para os jogos como visitado um jogo decisivo. Era o encontro que decidia o título no campeonato nacional de juniores. Antes desta sexta jornada (última da competição em 2004/05) o Benfica liderava a classificação com nove pontos, mais um que os oito do Sporting CP. Na primeira volta registara-se um empate (a um golo) no recinto do adversário. Por tudo isto, o Benfica era amplamente favorito. Chegava-lhe um empate.

Quando cheguei ao campo deparei-me com algo surreal
Afinal o jogo disputava-se no campo anexo, com bancadas diminutas, aliás bancada, pois apenas tinha uma. Num dos topos o balneário. O resto era via pública, com uma rede a separar o jogo dos transeuntes. Inolvidável. O melhor estava para acontecer.

Pela meia-hora o Benfica colocava uma mão-e-meia no título.
Como o jogo estava a começar fiquei logo no primeiro local público que encontrei após perceber que nunca conseguiria entrar para a bancada. Desci uma escadaria pública (letra A na foto) e fiquei atrás da baliza do Benfica, defendida por Rui Nereu. De onde estava podia puxar as redes da baliza! Foi deste local (letra B na foto) que vi o capitão Luís Zambujo marcar o primeiro golo aos 30 minutos na conversão de uma grande penalidade. Chegava o empate e o Benfica já estava a vencer, por 1-0. Como o caudal ofensivo do Benfica era avassalador decidi deslocar-me para a linha lateral no meio-campo defendido pelo Sporting CP.

Dois golos legais reduzidos a um por um (ou dois) imbecis
Em boa hora o fiz pois por volta dos 33 minutos o árbitro assinala bem um pontapé livre directo junto à grande-área do Sporting CP. O avançado Ricardo Nunes marca com classe ao segundo poste fazendo a bola entrar e bater na rede lateral da baliza do adversário. Estava feito o segundo golo. O guarda-redes do Sporting CP (Mário Felgueiras) na tentativa de defender caiu dentro da baliza com a bola a bater no seu peito depois de ressaltar na rede lateral por dentro da baliza. Quando sente a bola a tocar no corpo (cerca de um metro dentro da baliza) empurra-a para fora.

De hilariante a abominável
Todos pensaram que era uma rábula tirar uma bola cerca de um metro dentro da baliza! Mas não! O jogo continuou! Inexplicavelmente! Perante a estupefacção geral. Eu onde estava, mesmo no enfiamento do limite da grande-área do Sporting CP, olhei para o árbitro  (letras JC na foto) que tinha de ver a legalidade do golo e o gesto antidesportivo do guarda-redes, mas não! João Capela limitou-se a fitar-me (que não era para mim, mas para o árbitro auxiliar que estava mesmo à minha frente - letras AA na foto - a cerca de três/quatro metros, e que tinha a cabeça baixa a fixar o relvado - à procura da vergonha? - não dando qualquer indicação). Nem queria acreditar. Nunca tinha visto nada igual, ao vivo, num campo de futebol, nem voltei a ver. E provavelmente nunca mais vou ver. Um roubo descarado de um golo, o 2-0, próximo do intervalo, para um clube que necessitava de empatar para se sagrar campeão. O capitão Luís Zambujo protestou e levou com o cartão amarelo da ordem. Logro (parte I). Por todo o recinto sentia-se o que se passara. Os Benfiquistas vociferavam com João Capela, eu questionava o árbitro auxiliar se estava cego (ainda que momentaneamente) enquanto os sportinguistas se encolhiam perante tamanho desfalque.

Na segunda parte continuou a "brincadeira" (parte I aos 65 minutos)
O Benfica não se intimidou, continuando a dominar o jogo. Nem com o roubo do golo a equipa ficou afectada. João Capela voltou a jogar pelo SCP. Cerca dos vinte minutos da segunda parte Zezinando que andava à procura de confusão, desde o final (pelo menos) da primeira parte, agarra Brezovacki. Este para se libertar empurra o adversário. João Capela corre para o local, mostra cartão vermelho ao futebolista do Benfica e amarelo a quem tinha criado a confusão. Logro (parte II). O Benfica continuou a cerrar os dentes, mas com menos um jogador, a ser empurrado pelo árbitro e a ter vantagem no marcador (chegando o empate) deixou de atacar passando a tentar o contra-ataque.

Na segunda parte continuou a "brincadeira" (parte II aos 75 minutos)
Eis que João Capela volta a entrar em cena. A um quarto-de-hora do final do campeonato nacional de juniores, com o Benfica em vantagem no jogo (1-0) e no campeonato (12 pontos tendo o SCP menos quatro, oito) dá-se o golpe final. Numa jogada junto à grande-área do Benfica, Tiago Gomes (penso que foi ele) tira a bola a Nani. Este atira-se para o chão simulando uma falta inexistente. O árbitro corre tresloucado para o local onde a simulação foi feita e, em vez de punir Nani por simulação, assinala um livre frontal do qual resultaria o golo do empate. Logro (parte III). A equipa fica destroçada. Cinco minutos depois, o SCP coloca-se em vantagem no jogo e no campeonato. A partir daqui o Benfica com menos um jogador, de rastos emocionalmente procura, desesperadamente, o golo do empate que permitiria conquistar o campeonato. João Capela passa a fazer uma excelente arbitragem (como fizera até ao 1-0) e o SCP em contra-ataque faz mais dois golos.

Assim se perdeu (foi desviado) mais um título ao "Glorioso" na Formação
Não foi fácil tirar o título ao Benfica tal a capacidade da nossa equipa. Foram necessárias três investidas, aos 34, 67 e 75 minutos. Foi obra! Mas resultou. Em 25 de Junho de 2005 e para sempre. Somos tão bem enganados em Portugal!

O que disse a imprensa "especializada"

"A Bola" viu outro jogo
Não há qualquer referência aos "acontecimentos" atrás descritos. Para o escriba de "A Bola" e para os leitores (nessa segunda-feira, pois já se esqueceram tantas são as notícias depois desse dia há dez anos/ 3654 dias) o que atrás ficou escrito por mim foi inventado ou aumentado/dramatizado. Nada disso aconteceu para "A Bola". E se aconteceu não teve relevância por isso não mereceu destaque na crónica de uma página.



Manipularam (omitindo) as declarações do treinador do Benfica pois não acredito que no jornal "O Jogo" (ver última digitalização) tenham inventado uma frase «há um golo não assinalado» antes de Rui Vitória afirmar «no lance do primeiro golo (do SCP) não existe qualquer falta»

O Record viu mais do que o que devia
Para outro escriba houve incidências. Só que este escriba tem poderes sobrenaturais. Ele viu que o árbitro não viu! Terceira coluna na primeira digitalização.



O Jogo foi digno
Disse o que tinha de ser dito. Não branqueou, não inventou, não manipulou. Descreveu que é isso que um jornalista deve fazer. Reportar factos, em vez de teorizar acerca deles ou esconder por "interesseirismo"!



Três jogos...afinal...ao mesmo tempo no mesmo local...

Uma televisão (penso que a RTP) atabalhoou
Depois de ver o que ocorrera nessa tarde de domingo passei os noticiários das oito da noite a correr de uns para outros. Penso que foi na RTP que vi um resumo mal filmado (naquelas condições talvez não fosse possível fazer melhor) mas onde se viam "as três ocorrências roubadas". De memória (devia ter apontado e não o fiz) tenho a ideia que o comentário foi do tipo. O Benfica teve pouca sorte no jogo desta tarde com as decisões do árbitro!

Rui Vitória e os "braços cruzados"
Aos 34/35 minutos não gostei de ver o treinador do meu clube de braços cruzados, embora de pé, ali mesmo à minha frente nem no final o "ar de aceitação/resignação". Pior fiquei quando li no dia seguinte as declarações dele (deve ter sido em A Bola) onde não falava do golo, seria o segundo, mal anulado ao Benfica (mas percebo agora, aliás percebi há cerca de dois meses quando comprei as três digitalizações na Biblioteca Nacional de Lisboa que fui enganado por esse jornal, pois ele falou disso!). Na temporada seguinte - 2005/06 - acompanhei o descalabro do plantel dos juniores que na 1.ª fase (eram apurados os dois primeiros) ficou - segundo os meus apontamentos - em 4.º lugar com 53 pontos (30 jogos, 16 vitórias, 5 empates e 9 (nove!) derrotas, com 58/33 em golos: a 23 pontos do Sporting CP (apurado), a sete do GD Estoril Praia (apurado) e a seis do CF "Os Belenenses" (não apurado).
Espero que esteja mais activo. Sei que está porque depois acompanhei os jogos que fez como adversário do "Glorioso" no FC Paços de Ferreira e no Vitória SC Guimarães. Oxalá que o tempo dos "braços cruzados" tenha ficado para trás naquela tarde em Odivelas e a incompetência morrido naquela temporada desastrada nos juniores que, certamente (foi isso que pensei no final de 2005/06), levou à sua saída do Benfica! 

Um chavasco este João Capela. Há uma década!

Alberto Miguéns

PLANO PARA AS EDIÇÕES DURANTE ESTE MÊS E INÍCIO DE JULHO
(provisório como é evidente)
De 26 de Junho a 6 de Julho de 2015 (Sempre pela meia-noite)
Sexta-feira (de 25 para 26): Carrega no Bilhar;
Sábado (de 26 para 27): Sinto-me tão portista!;
Domingo (de 27 para 28): A Gloriosa Coimbra dos cinco troféus;
Segunda-feira (de 28 para 29): Já cá faltava eu!;
Terça-feira (de 29 para 30): O Mais Belo e Inigualável 138
Quarta-feira (de 30 para 1): Ser bom ou mau treinador;
Quinta-feira (de 1 para 2): Os 86 vencedores da Taça da Liga;
Sexta-feira (de 2 para 3): Ó Incomparável;
Sábado (de 3 para 4): Rola e enrola;
Segunda-feira (de 4 para 5): Benfica tão brilhante que se vê no escuro;

Terça-feira (de 5 para 6): Mentiras Oficializadas by SLB
9 comentários
  1. Calculo que nos últimos tempos não seja um chavasco João Capela!
    Nem João (pode ser) Ferreira!
    Entre outros!
    Agora fiquei curioso em relação á sua opinião relativamente á inenarrável arbitragem deste mesmo João Capela no Benfica vs Sporting de 2012/2013!
    Creio que do seu ponto de vista tenha sido uma excelente arbitragem!
    Limpinha Limpinha!!

    Cumprimentos

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    1. Nem que vivesse 100 anos pagaria o que fez em 2005!

      Alberto Miguéns

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    2. O Miguens tem razão. Nada apagará a VERGONHA DESSE JOGO DE 2005, NADA!

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  2. Deduzo que então o SLB tenha que continuar a ser beneficiado por João Capela por causa deste jogo!
    Curioso ou talvez não desde que é arbitro da 1ª categoria o SLB nunca tenha sofrido sequer 1 golo com este arbitro! 1 golo sequer! Arrisco dizer que é algo histórico no futebol Português para não dizer mundial!
    São os "juros"
    O pior é não ser o único...

    cumprimentos!

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    1. Caro Fernando Reis

      O azar do Benfica é que ele não vai fazer isso!

      Ai de algum jogador com o "Manto Sagrado" que se lembre de fazer de Cardozo, ou seja, bater com a mão no relvado.

      Leva vermelho e vai tomar banho mais cedo! Toma lá para aprenderes a não dar murros em relvados verdes!

      Saudações

      Alberto Miguéns

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  3. Foi segundo amarelo! E apesar de ser exagerado a atitude do arbitro aceita-se e já se viram imensos cartões por atitudes semelhantes!
    Agora 3 penaltys, 2 deles claros num jogo é obra!
    Nem 1 golo sofrido com esse arbitro a apitar é histórico!

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    1. Para mim houve duas grandes penalidades (apenas uma inequívoca). Nos restantes jogos, perante aqueles adversários e locais dos jogos, a notícia seria o Benfica sofrer golos!

      Saudações

      Alberto Miguéns

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  4. Caro Miguéns,

    era precisamente a este jogo que me referia quando há uns tempos lhe perguntava sobre Rui Vitória. Na altura que li essa história (e não era post, era nota de rodapé) não mais me esqueci dos nomes Capela e Vitória. Aliás, como o amigo gosta de fundamentar bem as suas opiniões, tomo-as como seguríssimas, e não tendo estado presente já tinha contado esta "final" de juniores a muita gente.

    E como lhe havia dito, era muito por aquele post (da altura de um Paços - Benfica) que tinha má opinião de Vitória. Não é que a de hoje seja boa, mas a partir do momento em que nos representa...só tenho de apoiar (mesmo não sendo minha primeira, segunda ou terceira opção).

    Muito obrigado por avivar memórias a todos nós. Grande abraço

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    1. Caro,

      Acreditar naquilo que escrevo, tomando-as por seguríssimas, é um risco que obriga a que seja ainda mais responsável.

      Espero nunca o desiludir. Se ou quando isso acontecer, agradecia que me dissesse. Para reflectir.

      Alberto Miguéns

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