SEMANADA: ÚLTIMOS 7 ARTIGOS

04 junho 2014

Centenário da FPF Desperdiçado?!

04 junho 2014 3 Comentários
«MUITA PARRA POUCA UVA» PARECE SER O LEMA DOS 100 ANOS DA FPF



É que continuam a ser os adeptos a fazerem pesquisas por vezes com muita dificuldade, pelas "armadilhas" que essa pesquisa encerra! E também pelas dificuldades próprias de um Portugal muito diferente do actual!

Tempo (e dinheiro) desaproveitado
Podiam ter aproveitado os Cem Anos da Federação para publicar (e oficializar) todos os resultados e classificações dos campeonatos - pelo menos os de seniores - organizados pela FPF: Campeonato de Portugal/ Taça de Portugal, Campeonato da I Liga/ Campeonato da I Divisão, Campeonato da II Liga/ Campeonato Nacional da II Divisão, Campeonato Nacional da II Liga, Campeonato Nacional da II Divisão B, Campeonato Nacional da III Divisão, Campeonato Nacional de Seniores e Taça da F.P.F., entre outras  competições como a Taça Ribeiro dos Reis, por exemplo.

O capitão Valadas recebe a réplica da Taça de Portugal em 7 de Julho de 1940, no estádio do Lumiar, alugado ao Sporting CP desde 1937, após a vitória por 3-1 frente ao CF  "Os Belenenses". O troféu original, do tempo do Campeonato de Portugal, era entregue depois de homologados os resultados, para ficar no Sede do clube detentor do título durante a temporada seguinte

Esforço de cada um para o serviço de todos
A propósito dos textos que fiz acerca da equivalência entre Campeonato de Portugal e da Taça de Portugal, e dos comentários que houve, é que se percebe o esforço que vai sendo feito pelos adeptos que querem conhecer a História do Futebol Português e das dificuldades que enfrentam por não existirem dados oficializados pelas entidades competentes. Num blogue "Universo Benfica" encontrei este texto, que mostra o interesse pelo passado do futebol, mas também pode revelar as dificuldades em perceber o que se passou nos anos 20.

«Andei a fazer uma pesquisa assim a modos que superficial sobre a história da nossa Liga e da Taça de Portugal. Parece que a primeira prova oficial em Portugal foi o Campeonato de Portugal, que teve inicio em 1921. Nesta prova participavam todos os campeões regionais, era jogada por eliminatórias e o vencedor era considerado o Campeão Nacional. O primeiro vencedor desta competição foi o FC Porto que venceu o Sporting por 3-1 após prolongamento
Do Blogue "Universo Benfica"

Campeonato de Portugal
De facto o Campeonato de Portugal foi a primeira competição oficial de âmbito nacional existente em Portugal, pois os campeonatos regionais também eram (e são) oficiais. Não é possível fazer neste blogue - por não ser esse o tema do Em Defesa do Benfica - a história do Campeonato de Portugal. Mas é possível clarificar dois aspectos do texto que encontrei no blogue citado, até porque ilustram a necessidade de valorizar uma competição que por estar indevidamente descontinuada fazendo parte da História deixou de fazer parte da memória.

A Primeira edição do Campeonato de Portugal
Apesar do Campeonato de Portugal estar reservado aos Campeões Regionais, em 1921/22 só participaram dois: o de Lisboa (Sporting CP) e o do Porto (FC Porto). Apesar de existirem mais dois - apenas mais dois! - campeões regionais: SC Olhanense (AF Algarve) e CS Marítimo (AF Funchal). O modelo competitivo (exclusivo para esta edição inicial) era uma decisão a duas mãos só para Lisboa e Porto! Em 4 de Junho de 1922, no campo da Constituição, na 1.ª mão, o FC Porto venceu  por 2-1; na 2.ª mão, em 11 de Junho de 1922, o Sporting CP venceu por 2-0, no seu estádio do Campo Grande. Houve necessidade de fazer uma finalíssima (nesse tempo chamado "bela"), em 18 de Junho de 1922, sendo por sorteio escolhido um campo na cidade do Porto (chegou-se a falar fazê-la em Coimbra), o campo do Bessa, do Boavista FC, com vitória do FC Porto, por 3-1, após prolongamento, com 1-1 no final dos 90 minutos. Assim, o FC Porto venceu em 1922, o Campeonato de Portugal, em três jogos (VDV) frente a apenas um adversário (Sporting CP).

Evolução natural da competição
O número de clubes foi aumentando à medida que o interesse pela competição aumentava:

CAMPEONATO DE PORTUGAL
Época
N.º
Campeões Regionais
1921/22
2
Sporting CP (AF Lisboa); FC Porto (AF Porto)

1922/23

6
Sporting CP (AF Lisboa); FC Porto (AF Porto);
SC Braga (AF Braga); As. Académica Coimbra (AF Coimbra); Lusitano FC VRSA (AF Algarve); CS Marítimo (AF Funchal)

1923/24

9
Vitória FC Setúbal (AF Lisboa); FC Porto (AF Porto);
SC Braga (AF Braga); As. Académica Coimbra (AF Coimbra); SC Olhanense (AF Algarve); CS Marítimo (AF Funchal); SC Vianense (AF Viana do Castelo); SC Tomar (AF Santarém); Sel. Portalegre (AF Portalegre)

1924/25

10
Sporting CP (AF Lisboa); FC Porto (AF Porto);
SC Braga (AF Braga); As. Académica Coimbra (AF Coimbra); SC Olhanense (AF Algarve); CS Marítimo (AF Funchal); SC Vianense (AF Viana do Castelo); SC Espinho (AF Aveiro); Sel. Santarém (AF Santarém); Alentejo FC (AF Portalegre);


1925/26


12
CF "Os Belenenses" (AF Lisboa); FC Porto (AF Porto);
SC Braga (AF Braga); União FC Coimbra (AF Coimbra);
SC Olhanense (AF Algarve); CS Marítimo (AF Funchal);
SC Vianense (AF Viana do Castelo); SC Espinho (AF Aveiro); SGS "Os Leões" (AF Santarém); SC Estrela (AF Portalegre); Luso Sporting Clube   (AF Beja); Vila Real SC (AF Vila Real)

NOTA: Em 1923/24 aconteceu um modelo competitivo que para nós, nos dias de hoje, é algo que não imaginávamos poder ser possível. Como não havia Distrito de Setúbal, os clubes da margem sul do rio Tejo até ao rio Sado jogavam na AF Lisboa, pois essas localidades faziam parte do distrito de Lisboa. Nessa época o Campeonato Regional de Lisboa estava dividido em três divisões (I, II e Promoção). O vencedor da divisão inferior para ser promovido tinha de vencer, num jogo, denominado "jogo de competência", em campo neutro, o último classificado da divisão superior. O Vitória FC Setúbal venceu a II Divisão. Para assegurar a promoção à I Divisão venceu, por 2-1, o Império LC. Assim assegurou a promoção e o Império LC foi despromovido à II Divisão. Mas... o Campeão de Lisboa teria de ser decidido, numa final, entre o vencedor da I Divisão e o da II Divisão. Assim, o Vitória FC Setúbal depois de assegurar a promoção ainda foi vencer, por 3-1, o vencedor da I Divisão (Casa Pia AC) e sagrar-se Campeão Regional. E mais! Passou a ser o representante de Lisboa no Campeonato de Portugal, acabando eliminado pelo SC Olhanense que venceu a competição.

Em 1926/27 o Campeonato de Portugal foi "aberto" a mais clubes
Para dar mais "expressão e competitividade à prova" em 1926/27 o Campeonato de Portugal passou a contar com um maior número de emblemas, entre os quais o SL Benfica que passou a competir ininterruptamente desde 1926/27 (a estreia) até 2013/14. O modelo competitivo foi mudando, mas estabilizou nos 15 clubes com a criação da I Liga (8 clubes) e II Liga (6 clubes) mais o representante insular (Açores/Madeira). E assim continuou mesmo quando as competições alteraram a designação para Taça de Portugal e Campeonatos Nacionais da I e II Divisão. Em relação aos jogos necessários para conquistar a competição, por exemplo, em 2013/14 o Benfica fez sete. Recuando no tempo em 1942/43 (já com a designação de Taça de Portugal) foram necessários quatro, mas em 1929/30 e 1930/31 (ainda com o nome de Campeonato de Portugal) foram necessários nove em cada uma das duas edições que deram dois títulos consecutivos ao "Glorioso". Não era fácil! Nem no número de jogos, nem nas condições em que se jogavam ou como chegar para jogar!

O que mais custa com a descontinuidade!
É ignorar as dificuldades de uma competição a eliminar num Portugal onde deslocar equipas/ delegações no País e programar jogos era muito difícil. O facto de não cumprir a decisão de 1938 (equiparar Taça de Portugal ao Campeonato de Portugal) permite que os 17 vencedores, os 17 vencidos e todos os participantes nessas 17 edições iniciais sejam varridos da memória colectiva dos adeptos por não terem visibilidade. A FPF faz um folheto (até bem elaborado e com qualidade gráfica), que distribui aquando das finais da Taça de Portugal, com os clubes vencedores e vencidos, mas nem se digna enumerar os 17 iniciais. Mesmo que distinguisse (indevidamente) as competições, devia honrar os 17 vencedores iniciais, entre 1921/22 e 1937/38, listando essas 17 finais que foram organizadas pela FPF. Assim o Campeonato de Portugal é uma competição esquecida e escondida que só emerge quando Rui Santos decide mostrar aquela "tonteria" onde compara FCP e SLB no número de títulos conquistados, fazendo equiparar as Supertaças portuguesas às Ligas dos Campeões! Como se conquistar títulos, em competições longas e exigentes, fosse o mesmo que conquistar um troféu num jogo que não dá a titularidade desse troféu ao vencedor, que até pode não ter vencido nada na temporada anterior! Pode ter sido finalista vencido da Taça de Portugal na temporada anterior.


1929/30

Campeonato de Portugal (1929/30). Equipa da final, em 1 de Junho de 1930, no estádio do Campo Grande, do Sporting CP (V 3-1) treinada por Artur John, frente ao FC Barreirense: Artur Dyson; António Pinho e Jorge Teixeira; Aníbal José (1 golo no total), João Oliveira e Vítor Hugo; Augusto Dinis (1 golo, 4 no total), Mário Carvalho (1 golo, 1 no total), Jorge Tavares (capitão, 4 golos no total), Guedes Gonçalves (1 golo, 5 no total) e Manuel Oliveira (1 golo, 3 no total)
Jogaram ainda: Artur Travaços, Pedro Silva (5 golos), Ralf Bailão, Vítor Silva (4 golos), Francisco Sousa (1 golo), António Coelho, António Belo, Luís Costa, António Nunes e Mário Rodrigues. 28 golos no total

                                                 1930/31


Campeonato de Portugal (1930/31). Equipa da final, em 28 de Junho de 1931, em Coimbra, no estádio do Arnado, do SC Conimbricense (V 3-0) treinada por António Ribeiro dos Reis, frente ao FC Porto: Artur Dyson; Ralf Bailão (1 golo no total) e Luís Costa; João Correia, Aníbal José (1 golo no total) e Pedro Ferreira; Augusto Dinis (1 golo, 2 no total), Emiliano Sampaio (3 golos no total), Vítor Silva (capitão, 2 golos, 9 no total), João Oliveira (4 golos no total) e Manuel Oliveira (6 golos no total)
Jogaram ainda: Pedro Silva (1 golo), Francisco Gatinho, Alberto Cardoso (3 golos), António Belo (1 golo) Eugénio Salvador (3 golos), Jorge Tavares e Artur Travaços. 34 golos no total

                                                1934/35

Campeonato de Portugal (1934/35). Equipa da final, em 30 de Junho de 1935, em Lisboa, no estádio do Lumiar, alugado ao FC Barreirense (V 2-1) treinada por António Ribeiro dos Reis, frente ao Sporting CP: Augusto Amaro; Francisco Gatinho e Gustavo Teixeira (capitão, 1 golo no total); Albino, Lucas (1 golo, 1 no total) e Gaspar Pinto; Fernando Cardoso (4 golos no total), Luís Xavier (4 golos no total), Carlos Torres (2 golos no total), Rogério de Sousa (2 golos no total) e Valadas (1 golo, 5 no total)
Jogaram ainda: Vítor Silva (6 golos no total), João Correia e Francisco Costa. 25 golos no total


Aqui ficaram para "Honrar os ases que nos honraram o passado" as três equipas que conquistaram para o "Glorioso" os três Campeonatos de Portugal (e que deveriam constar da actual lista dos vencedores da Taça de Portugal)

Alberto Miguéns

NOTA: De há uns anos para cá, há também a habilidade de considerar que a Supertaça "Cândido de Oliveira" conquistada no início de uma temporada "pertence" à temporada anterior. Uma originalidade. As competições pertencem" à época" em que são conquistadas, com as datas, os futebolistas e os treinadores dessa época e não da anterior. Por exemplo, não se pode aceitar que o Benfica tenha conquistado a sua primeira Supertaça no início da temporada de 1980/81, em dois jogos, com duas equipas orientadas por Lajos Baroti, mas a Supertaça seja incluída nas conquistas da temporada anterior, em 1979/80 quando o treinador era Mário Wilson. E alguns futebolistas ainda nem pertenciam ao Benfica! Eu admito que a Supertaça possa ser denominada Supertaça 1979/80 por estar relacionada com as conquistas dessa temporada. Mas então a Liga dos Campeões e Liga Europa também deviam ser remetidas para a temporada anterior porque os clubes conquistam os troféus na época seguinte, mas apuram-se para essas edições pelas classificações obtidas na época anterior. Por exemplo, a Liga dos Campeões 2013/14 jogou-se entre clubes apurados para a disputar pelas suas classificações na temporada anterior, em 2012/13. Deslocalizar as Supertaças conquistadas numa temporada para a época anterior é só para criar confusão!

Plano para Junho
(Previsão sempre à meia-noite)
De 04 para 05: Tanta e Tanta Glória (O golo onze mil);
De 05 para 06: Centenário da FPF desperdiçado?! (Parte II);
De 06 para 07: Centenário da Gloriosa Natação;
De 07 para 08: Hóquei em Patins: SLB vs FC Porto
De 08 para 09: Álvaro Gaspar (1913/14 - A Glória Final);
De 09 para 10: Atenção ao "Futeluso - versão 2015";
De 10 para 11: Eu Benfiquista no Museu do FCP by BMG (parte II);

De 11 para 12: Gostava Tanto Que..;

3 comentários
  1. Tenho uma pergunta talvez estranha mas gostava de ser esclarecido porque li em um blog sportinguista que o SPORT LISBOA E BENFICA tinha apenas 30 campeonatos.Qual e a verdade 30 ou 33?Queria tambem dar os parabens por este exelente blog e tambem dizer que o Sr.Alberto Minguens e que devia ser o autor do Almanaque do SPORT LISBOA E BENFICA.

    ResponderEliminar
  2. Excelente!
    A última nota sobre a Supertaça é tudo aquilo que eu penso desde o início da prova. Até parece que tivemos uma conversa, sobre o assunto, mas não nos conhecemos.
    O exemplo de 1979-80 Mário Wilson, 19880-81 Lagos Baroti é magnífico. O mesmo sucede com o exemplo da Liga dos Campeões. Quem é que não percebe isto? É tão básico! Como é que uma prova conquista por uma equipa numa época aparece no historial da FPF (oficial!!!) como sendo conquistada na época anterior. Das duas uma, ou é ignorância…ou malvadez. Tenho que levar o meu filho (que anda na primária) à Federação para que lhe expliquem. A maioria dos livros, revistas e jornais também alinham pelas “épocas trocadas da FPF”. É o caso de, pelo menos, 1 livro de João Malheiro.
    E a épocas em que a Supertaça ficou para jogar/desempatar na época seguinte… e depois jogaram 2 Supertaças na mesma época. Competições ao estilo das Recopas Sul-Americanas. Porque não previam as datas e as regras de desempate. A de 1993-94 jogou-se em 1994-95, mas para FPF e alguma rapaziada dos jornais o FCP conquistou-a em 1992-93. Ora bolas! Isto é vergonhoso…
    Saudações Benfiquistas
    Jorge Gomes

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Jorge Gomes

      Nem mais. Disse tudo e até melhor do que eu!

      Essa estorieta de conquistar numa época mas pertencer à anterior é ridículo. Há dezenas de exemplos que mostram como não faz sentido. O treinador Ronald Koeman conquistou a Supertaça em 13 de Agosto de 2005 ou seja na temporada de 2005/06. Mas as mentes brilhantes dizem que essa Supertaça "pertence" à época de 2004/05, ou seja, aquela em que o treinador era Giovanni Trapattoni! Trapattoni treinou o SLB durante toda a temporada de 2004/05 (17 de Julho de 2004 a 31 de Maio de 2005) mas não foi ele que conquistou a Supertaça, apesar da Supertaça "pertencer" a essa época! As MENTES brilhantes querem é confusão! A Supertaça, tal como todas as competições, "pertencem" à época em que são conquistadas. Excepto se é uma competição que teve a decisão marcada para uma data dessa época, mas por vários motivos teve de ser adiada para o início da época seguinte (exemplo a final da Taça de Portugal em 1982/83 que passou de 10 de Junho de 1983 para 21 de Agosto de 1983). Mas é sempre uma excepção - e deve ser referido que a Taça de Portugal de 1982/83 foi conquistada na época seguinte - mas nunca é a regra! As competições pertencem às temporadas em que se disputam, pelos intervenientes que as disputam e não indexadas a terceiros. O futebol pode jogar-se com os pés, mas deve pensar-se com a cabeça!

      Gloriosas Saudações Benfiquistas

      Alberto Miguéns

      Eliminar

Artigos Aleatórios

Apoio de: